Elenco feminino é o destaque da produção que foca em espionagem (Fotos: Netflix)
Jean Piter Miranda
Já está disponível no catálogo da Netflix o filme de ação e espionagem “Agente Stone” ("Heart of Stone"), com direção do britânico Tom Harper (da série de TV "Peaky Blinders"). O longa tem Gal Gadot (de "Mulher Maravilha" - 2017) como Rachel Stone, agente secreta de uma agência internacional que tem o nome de “A Carta”.
A organização possui uma arma chamada “Coração”, que é uma inteligência artificial capaz de acessar e controlar qualquer sistema no planeta. Esse recurso é utilizado para combater o crime. Mas, se cair em mãos erradas, pode se tornar uma ameaça para a segurança de todo o mundo.
O filme começa com Rachel em uma missão nos Alpes italianos para prender um contrabandista internacional de armas. Ela está infiltrada em uma equipe do serviço secreto de inteligência do Reino Unido, o MI6.
Durante a operação, a hacker Keya Dhawan (Alia Bhatt) invade o sistema de comunicação dos agentes. É aí que eles percebem que estão sendo vigiados e que correm perigo. Nesse momento começa a ação.
A princípio, parece uma boa sacada. Uma agente tão boa, de uma superagência, que foi capaz de se infiltrar no MI6, um dos serviços de inteligência mais respeitados do mundo.
Seria a ponta de um roteiro aprofundado, cheio de mistérios e reviravoltas. Desses em que é preciso ficar atento a todos os detalhes, para ir ligando os pontos e juntar tudo no final. Mas não. É tudo superficial e fica só nisso mesmo. Uma mistura de "Missão Impossível" com "007" com destaque para o elenco feminino.
Stone usa um comunicador para falar com a sede da “Carta”, onde os outros agentes vão passando informações e instruções. Só que é meio confuso. A tal inteligência artificial chamada “Coração” tem recursos que não convencem.
Por exemplo, conseguem saber quantas pessoas estão em um determinado lugar, que armas usam, distância em que estão, etc. Como fazem isso? Satélites? Câmeras? Drones? Nada é explicado. Parece mais magia que tecnologia.
As cenas de ação também deixam muito a desejar. Perseguições na neve e em estradas, explosões, saltos de paraquedas, colisões de automóveis... Tudo com cenas curtas, muito rápidas e com cortes bruscos. Tiroteios em que os bandidos só acertam tiros no chão, nas paredes e nos carros. É tudo muito embolado, tumultuado e não consegue empolgar.
Outro ponto negativo são as cenas de lutas. Falta beleza plástica nos movimentos, velocidade e técnica. Ingredientes que poderiam dar mais realismo aos combates.
A boa atriz chinesa Jing Lusi (de "Podres de Ricos" - 2018), que interpreta a agente Yang, do MI6, tem pouco tempo de tela. Ela deveria ter sido melhor aproveitada, principalmente nesses casos.
Jamie Dornan ("50 Tons de Cinza" - 2015), como Parker, outro agente do MI6, desempenha um papel importante na trama, mas falta carisma. E carisma é um problema da maior parte do elenco. Tirando Gal Gadot, Alia Bhatt e a pequena participação de Jing Lusi, do restante não salva ninguém.
Não que sejam atores ruins. O roteiro é superficial, previsível e cheio de clichês. Repete tudo que já foi visto, uma mistura de "007" com "Missão: Impossível". Não inova em nada e até desperdiça as breves aparições da brilhante Glenn Close.
Filmes de ação e de espionagem com mulheres protagonistas têm sido uma aposta dos estúdios nas últimas décadas. Jennifer Lawrence estrelou "Operação Red Sparrow" (2018), Angelina Jolie fez "Salt" (2010) e Charlize Theron protagonizou "Atômica" (2017).
Recentemente tivemos Jessica Chastain em "Ava" (2020) e Ana de Armas, em "Ghosted: Sem Resposta" (2023). Grandes produções que só trocaram o protagonista homem por uma mulher, repetindo as mesmas tramas e os mesmo clichês. Por isso, não conseguiram emplacar.
Gal Gadot tem carisma de sobra e agradou muito ao público no papel de Mulher Maravilha. Mesmo em filmes da DC considerados ruins ou fracos. Ela também protagonizou "Alerta Vermelho" (2021), da Netflix, ao lado Ryan Reynolds e Dwayne Johnson, uma boa combinação de comédia e ação que se tornou o maior sucesso de audiência da plataforma, mesmo com avaliações ruins da crítica especializada.
Seguindo esta linha, a mesma plataforma de streaming fez "Agente Oculto" (2022) com Ryan Gosling e Chris Evans. Ação, comédia, rostos bonitos e muitos clichês. Fórmulas prontas que dão bons resultados de público e de arrecadação. E ao que tudo indica, outras produções desse tipo virão em breve.
Mesmo sendo mais do mais mesmo, "Agente Stone" é o tipo de entretenimento que agrada ao público e, ao que tudo indica, terá boa aceitação. O filme termina com abertura para a criação de uma sequência. Se assim for, em breve, veremos Gal Gadot novamente como uma superagente secreta.
Ficha técnica:
Direção: Tom Harper Produção: Netflix e Skydance Productions Exibição: Netflix Duração: 2h02 Classificação: 14 anos País: EUA Gêneros: ação, espionagem
Ryan Reynolds, Dwayne Johnson e Gal Gadot esbanjam carisma e simpatia em comédia de ação (Fotos: Netflix/Divulgação)
Jean Piter Miranda
O melhor agente especial do FBI, John Hartley (Dwayne Johnson), recebe a missão de prender um dos criminosos mais procurados do planeta: "O Bispo" (Gal Gadot), a maior ladra de obras de arte da história. Mas, para chegar até ela será preciso contar com a ajuda de Nolan Booth (Ryan Reynolds), um cara que busca se tornar o ladrão mais famoso do mundo.
Essa é a história de “Alerta Vermelho” ("Red Notice"), filme de ação disponível na Netflix e também o projeto mais caro do serviço de streaming - teria custado em torno de US$ 200 milhões.
Tudo começa quando uma peça é roubada de um museu em Roma: um dos três ovos de Cleópatra, uma joia de valor inestimável. O item vai parar nas mãos do Bispo. Hartley e Booth levam a culpa e vão presos. E é aí que a aventura se inicia. Eles precisam fugir da prisão, recuperar o ovo e prender o Bispo. Tarefa que não será fácil. Ainda mais porque, nesse mundo do crime, ninguém confia em ninguém.
É bom encarar o filme como uma comédia. Tem muita ação, mas acima de tudo é uma comédia. São várias piadas, referências a filmes e à cultura nerd, e muitas cenas engraçadas e inteligentes. Podemos dizer que são boas sacadas. E em tudo isso o trio funciona muito bem. Ryan Reynolds, Gal Gadot e Dwayne Johnson esbanjam carisma e simpatia, a ponto de o espectador torcer pelos três ao mesmo tempo.
Reynolds mandou muito bem em "Deadpool", de 2016. Um filme da Marvel com uma pegada de humor, sem perder a ação e sem cair no besteirol. Agora ele acerta de novo, dosando bem as cenas e os diálogos engraçados em "Alerta Vermelho". Dwayne Johnson não destoa e, mesmo fazendo um papel praticamente repetido, consegue ser original. E Gal Gadot rouba toda a atenção quando entra em cena. É daqueles casos em que a gente gosta mais do vilão que do mocinho.
As cenas de ação são muito boas. Tem tiros, perseguição de carros, brigas, reviravoltas. Os cenários são lindos. O filme foi gravado em vários países. As cenas em plano sequência são bem utilizadas, assim como outros efeitos especiais. É um filme bom se ver. Não gasta cérebro. É leve, divertido e engraçado. É uma boa pedida pra quem gosta do gênero.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Rawson Marshall Thurber Exibição: Netflix Duração: 1h58 Classificação: 14 anos País: EUA Gêneros: Ação / Comédia / Policial Nota: 3,5 (de 0 a 5)
Gal Gadot retorna a seu papel de super-heroína e entrega
outra grande produção (Fotos: Clay Enos/ DC Comics)
Maristela Bretas
Patty Jenkins e Gal Gadot provam mais uma vez que duas
mulheres inteligentes e engajadas fazem a diferença. "Mulher-Maravilha
1984" não é mais um filme de super-heroína, mesmo com toda a ação, efeitos
visuais fantásticos, ótimas batalhas e grandes vilões. A famosa personagem que
usa um maiô dourado, vermelho e azul entrega um filme que explora sentimentos,
medos e, principalmente, desejos. Coisas comuns dos seres humanos, mas que agora
atingem uma das maiores guerreiras de Themyscira.
A esperada produção apresenta um equilíbrio pouco visto nos
demais personagens da DC Comics, com a Mulher-Maravilha novamente interpretada
pela bela e carismática Gal Gadot, dividindo o espaço quase que em igualdade
com seus dois arqui-inimigos: Mulher-Leopardo (Kristen Wiig) e Max Lord (Pedro
Pascal). Difícil dizer quem está melhor.
Não espere ver apenas lutas da heroína contra os excelentes
vilões. O forte de todo o enredo é o desejo, para o bem ou para o mal, que move
o ser humano. Diana Prince, mesmo sendo uma semideusa não escapa de sucumbir a
seu mais profundo desejo - o de ter de volta seu grande amor, Steve Trevor
(Chris Pine), morto na 1ª Grande Guerra ("Mulher-Maravilha”- 2017).
E é assim que os fãs vão poder ver o belo e apaixonado casal
junto novamente. Mas como Superman, Trevor é a criptonita de Diana. O público
vai conhecer também a mulher fragilizada e quase sem poderes, capaz de sangrar
e de se ferir, mas nunca de deixar de amar seu piloto e a humanidade, por pior
que ela seja.
Se uma guerreira não resiste a ter um desejo realizado, não
seriam os pobres mortais como Bárbara Minerva (Kristen Wiig) e Maxwell Lord
(Pedro Pascal) que ficariam ilesos. E tudo isso graças a uma misteriosa pedra
do passado. E não só eles, mas todos que são expostos a ela.
Wiig (de "Perdido em Marte" - 2015 e
"Caça-Fantasmas" - 2016) arrasa na transformação de Bárbara, uma
pesquisadora desleixada e quase invisível ao mundo numa poderosa e atraente
mulher, mas sem sentimentos. Para depois se tornar a Mulher-Leopardo, com
poderes semelhantes aos da Mulher Maravilha. Ela está demais, sem ser caricata.
Mas é em Pascal que estão concentradas todas as ações do
filme e ele entrega um vilão excelente, sem ser caricato. O ator, conhecido por
papéis em sucessos como as séries "Narcos" (2015 a 2017), da
@Netflix, e "The Mandalorian", em exibição na @Disney+, interpreta o
empresário de boa lábia, mas falido que se torna o homem mais poderoso do
mundo. Ele muda comportamento e feições, sem alterar sua aparência ou usar
fantasia, como acontece com muitos vilões dos quadrinhos. Seu mal é interior,
faz parte da essência dos seres humanos - a ganância.
O filme traz de volta também duas grandes atrizes do
primeiro filme - Robin Wright, como Antíope, e Connie Nielsen, a rainha
Hippolyta, mãe de Diana. Apesar da participação apenas no início, elas
representam os valores que vão guiar Diana por toda a sua vida e fazer a
diferença na luta contra os inimigos.
Mas e os efeitos visuais? Claro que estão bem presentes e
como era esperado, excelentes e com muita destruição, mas sem matança e sangue
jorrando. Uma característica da Mulher-Maravilha que, como ela mesma diz, não
gosta de armas. O laço dourado é seu aliado contra os bandidos. Tudo se resolve
com charme, um sorriso, uma piscada ou uma boa briga. Tem também perseguição
com tanque, só para ficar diferente.
A ótima trilha sonora foi acertadamente entregue ao grande
Hans Zimmer, responsável por sucessos como "Batman vs Superman - A Origem
da Justiça" (2016), que conta também com a Mulher-Maravilha no elenco,
"Dunkirk" (2017), "O Rei Leão" (2019) e outros inúmeros
sucessos para o cinema. Não poderia ficar de fora a música tema.
Gal Gadot está mais madura, segura de seu papel como super-heroína
e símbolo da força das mulheres. E encontrou em Jenkins, também roteirista do
filme, a parceira ideal para apresentar esta personagem inspiradas nos quadrinhos
da DC Comics. As duas também são produtoras do filme, juntamente com Zack e
Deborah Snyder e Charles Roven.
"Mulher-Maravilha 1984", assim como a primeira, é
outra grande produção e merece ser assistida no cinema, tomando as devidas
medidas de segurança: use máscara durante toda a exibição e não esqueça o
álcool gel antes e depois da sessão.
Ficha técnica: Direção: Patty Jenkins Distribuição: Warner Bros. Pictures Duração: 2h30 Classificação: 14 anos País: EUA Gêneros: Ação / Aventura /Fantasia Nota: 5 (de 0 a 5)