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23 junho 2022

"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" é sobre a beleza e o multiverso das relações familiares

Michelle Yeoh é a protagonista desta comédia visionária, que beira o absurdo, capaz de prender do início ao fim (Fotos: Diamond Films)


Marcos Tadeu
blog Narrativa Cinematográfica


Daqueles filmes que você não espera nada e sai extasiado. Pois essa é a definição de "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" ("Everything Everywhere All at Once"), que estreia oficialmente nos cinemas nesta quinta-feira. Aclamado pela crítica com um alto índice de aprovação no Rotten Tomatoes de 96%, o longa é dirigido por Daniel Kwan e Daniel Scheinert, com produção dos irmãos Joe e Antony Russo ("Vingadores: Ultimato" - 2019) e da A24.


Na história conhecemos Evelyn Wang (Michelle Yeoh), dona de uma lavanderia com vários problemas financeiros e familiares - um pai intransigente e doente (o experiente James Hong), uma filha rebelde e um marido acomodado (Ke Huy Quan). Até ser surpreendida por uma situação que envolve multiversos e ameaças que podem explicar quem realmente ela é e as escolhas que tem feito.


Os dramas dos personagens funcionam de maneira orgânica, a começar pela protagonista e todos que estão a sua volta. A trama é dividida em três capítulos que conseguem dar profundidade aos personagens. O tempo de tela é suficiente para que desenvolvam seus conflitos, principalmente os do núcleo de Evelyn, permitindo também que se entenda o porquê de determinadas atitudes.


O filme é um espetáculo gráfico que vale a pena ser contemplado. As direções de arte, de fotografia e de efeitos visuais fazem uma junção perfeita que funciona bem em todos os formatos de exibição da maneira mais criativa possível. A Marvel pode até ter começado a discutir multiversos, mas "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" apresenta um diálogo profundo e inovador sobre a proposta de realidades paralelas.



A montagem é muito bem trabalhada e feita com carinho, o que dá a sensação de um ritmo frenético, mas harmônico, com a preocupação em juntar todas as peças do quebra-cabeça para o telespectador. 

Destaco as atuações de Michelle Yeoh, a nossa heroína que é o ponto chave da narrativa, além de Stephanie Hsu que faz o contraponto, interpretando a filha Joy/Jobu. Menção honrosa para Jamie Lee Curtis como Deirdre Beaubeirdra, o elo que guia toda a história.


"Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" é uma experiência para ser vivida no cinema. Apesar de toda a sua loucura, existe uma sobriedade no enredo que nos confronta como seres humanos em nossos núcleos familiares. 

Me marcaram os temas presentes no filme: a questão da rejeição, o amor próprio, a vida conjugal, tudo isso se resume em um único fim: família. Evelyn sofreu com a rejeição de seu pai e repetiu isso com Joy, ao mesmo tempo em que vê o marido como um cara inútil e sem valor. 


Nesse quesito, a narrativa se preocupa em criar um fio condutor linear e uma conexão para que esses personagens e suas viradas aconteçam. Toda essa jornada da protagonista enfatiza que é possível mudar relações e romper paradigmas. E o principal: é preciso começar a enxergar o outro e aprender a ouvir.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Daniel Scheinert e Daniel Kwan
Produção: IAC Films e A24
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h19
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação / ficção científica / fantasia

17 dezembro 2019

"Entre Facas e Segredos", uma trama no melhor estilo Agatha Christie

Com grande elenco, filme reúne todos os ingredientes de um ótimo policial (Fotos: Metropolitan Film/Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor Rian Johnson entrega uma grande trama, digna de Agatha Christie, na produção “Entre Facas e Segredos” (“Knives Out”), em exibição nos cinemas. Reunindo diversos ingredientes encontrados nos romances policiais da excelente escritora, o filme esbanja em charme no figurino, roteiro redondo, elenco na medida e trilha sonora impecável. Essas qualidades garantiram diversas indicações a prêmios, inclusive de Melhores Ator e Atriz, além de Melhor Filme Comédia no Globo de Ouro, Critics Choice Award e Satellite Award.


O roteiro remete claramente a um dos maiores sucessos literários da escritora - “Assassinato no Expresso do Oriente” -, que recebeu uma fiel versão cinematográfica em 2017, com Kennetth Branagh e elenco também estrelado. Mas Rian Johnson não ficou pra traz e deixou o suspense pairar no ar, mesclado com pitadas de comédia. Três atores se destacam na história, mesmo com a ótima atuação de todo o elenco: Daniel Craig, Ana de Armas e Christopher Plummer.


Daniel Craig ("007 Contra Spectre" - 2015) ficou muito a vontade interpretando o detetive particular Benoit Blanc, uma versão britânica do famoso Hercule Poirot, com a mesma classe, perspicácia e objetividade. Com muito charme, ele se diverte com a produção e se deixa levar pelo personagem. O resultado é uma excelente atuação, que lhe valeu a indicação de Melhor Ator em Comédia no Globo de Ouro e Satellite Award.


Já Ana de Armas ("Blade Runner 2049" - 2017), no papel de Marta Carrera, a cuidadora do escritor milionário Harlan Thrombey, joga com as pessoas, ao mesmo tempo em que paga pra ver o que vai dar na disputa pela herança de seu cliente. E por sua atuação foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz em Comédia no Globo de Ouro e Satellite Award 2020. Além deste papel ele vai voltar a contracenar com Daniel Craig em "007 - Sem Tempo Para Morrer", que estreia em abril de 2020. Christopher Plummer ("Todo o Dinheiro do Mundo" - 2017) é Harlan Thrombey, o morto que vai ditar todo o rumo da história. Como sempre, entrega uma ótima atuação.


Além deste trio, outras grandes participações garantiram ao filme a indicação ao prêmio de Melhor Elenco na disputa do Critics Choice Award 2020. Os personagens interpretados pela ótima Jamie Lee Curtis ("Halloween" - 2018), Michael Shannon ("Animais Noturnos" - 2017), Toni Collette ("Hereditário" - 2018), Don Johnson (muito bom como o genro puxa saco que só quer a grana do sogro) e o gatíssimo Chris Evans ("Vingadores: Ultimato" - 2019) foram fundamentais para o desenrolar da trama.


Ganância, ódio, vingança foram os sentimentos predominantes e ajudaram a montar a atmosfera de mistério que envolve "Entre Facas e Segredos". O diretor Rian Johnson, responsável por sucessos como "Star Wars: Os Últimos Jedi" (2017) e "A Ponta de um Crime", também rejuvenesceu a história (um diferencial da obra de Agatha Christie), incluindo rostos jovens, mas conhecidos do público - Jaeden Martell ("It: A Coisa" -2017) e Katherine Langford ("Com Amor, Simon" - 2018).


A história gira em torno do milionário romancista Harlan Thrombey, patriarca da família e bem-sucedido proprietário de uma renomada editora, que aparece morto logo após sua festa de aniversário de 85 anos. Filhos, noras, netos e empregados, que estavam presentes no evento se tornam suspeitos. E motivos não faltaram. Cabe ao charmoso e irônico detetive particular Benoit Blanc descobrir quem está por trás desta morte misteriosa. Teria sido um homicídio ou suicídio?


O maior entrave do investigador é a rede de mentiras que envolve toda a família e a relação tortuosa deles com o morto. Chris Evans, que interpreta Ramson, o neto rebelde do milionário, definiu bem a história em uma entrevista sobre o filme: "Quando há uma reunião, como as de muitas famílias, todos perdem um tanto a cabeça e as farpas acabam por voar, desgovernadamente”.

‘Entre Facas e Segredos’ é uma história de mistério à moda antiga, com humor e suspense bem utilizados, que prende o espectador até um final inesperado, mesmo depois de o autor do crime se revelado. As reviravoltas são muitas, o que o torna ainda mais interessante. Sem contar o figurino, a ambientação. Um filme imperdível e merecedor de vários prêmios.


Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Rian Johnson
Produção: MRC / Ram Bergman Productions / Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 2h10
Gêneros: Suspense/ Comédia / Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: #EntreFacasESegredos, #ChristopherPlummer, #JamieLeeCurtis, #DanielCraig, #AnaDeArmas, #ParisFilmes, #suspense, #comédia, #drama, @cinemescurinho, @cinemanoescurinho

25 outubro 2018

"Halloween" é uma homenagem ao filme original com pitadas de atualidade

Jamie Lee Curtis volta a enfrentar seu maior medo após 40 anos (Fotos: Jessica Quinalha /NBCUniversal)

Carol Cassese


Quarenta anos depois do clássico que ainda é uma das principais referências do gênero terror, o assassino Michael Myers retoma suas atividades, após escapar da prisão justamente na noite de Halloween. O primeiro filme, "Halloween - A Noite do Terror", lançado em 1978, passou por diversos reboots, remakes e sequências (como as partes as partes IV, V e VI). 


Dirigido por David Gordon Green, o novo "Halloween", que chega hoje aos cinemas, ignora todas essas continuações e se diferencia delas por trabalhar melhor os personagens e a cidade de Haddonfield. O filme traz também o criador do personagem, John Carpenter, como um dos produtores executivos e consultor criativo, além da participação especial de Nick Castle, o primeiro Michael Myers.


Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), a mulher que sobreviveu a noite de 1978, é a personificação do trauma. Vive isolada, em uma casa repleta de grades e armas, e se mostra completamente paranoica com a segurança de sua filha e de sua neta. Quando Lauren descobre que Myers está solto na sua cidade, sente certo alívio por finalmente estar legitimada a sentir medo. E agora ela quer fazer justiça com as próprias mãos. Lee Curtis retorna ao seu papel com maestria indiscutível e Andi Matichak, que interpreta a jovem Allyson, também não decepciona.


 Paralelamente, o espectador também acompanha Myers fazendo suas vítimas. As cenas, com o auxílio de uma trilha sonora impecável, criam uma atmosfera de tensão crescente para a narrativa. Myers é como uma sombra. Em muitos momentos do longa não sabemos exatamente onde ele está. Os sustos não são óbvios, mas sim contundentes. 

O final conta com uma sequência de cenas apreensivas (um espectador mais sensível certamente irá fechar os olhos) e dá gancho para uma possível continuação. Fica a sensação de que o filme é, sem dúvidas, uma bela homenagem ao original, contando com inúmeras referências, maior desenvolvimento e pitadas de atualidade. 



Ficha técnica:
Direção e roteiro: David Gordon Green
Produção: Trancas International Films / Blumhouse Productions / Miramax Films / Rough House Pictures / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures 
Duração: 1h49
Gêneros: Terror / Suspense
País: EUA
Classificação: 16 anos

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