Filme conta a história das Agojie que defenderam o Reino do Daomé, na África, contra a escravidão (Fotos: CTMG/Divulgação) |
Maristela Bretas
Espetacular em todos os quesitos e imperdível. Estou falando de "A Mulher Rei" ("The Woman King"), produção que estreia nesta quinta-feira (22), trazendo Viola Davis ("A Voz Suprema do Blues" - 2020, "Um Limite Entre Nós" - 2017, que lhe valeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante) como protagonista e um elenco que a acompanhou à altura.
Isso sem falar na direção de Gina Prince-Bythewood ("The Old Guard" - 2020), que divide o ótimo roteiro com Dana Stevens. As mulheres negras são o brilho, a força, o poder e a emoção da história, que foi inspirada em fatos reais.
Viola é a general Nanisca, comandante das Agojie, uma unidade de guerreiras africanas composta apenas por mulheres com habilidades e força diferenciadas. Elas protegeram o Reino do Daomé do final de 1600 até o final dos anos 1800 contra a escravidão, defendendo o rei Ghezo. Nanisca, enquanto treinava uma nova geração de recrutas, se preparava para a batalha contra um poderoso inimigo.
A cultura Daomé valorizava a significância das mulheres, contava com uma organização social única e progressiva para a época. Todos os cargos oficiais eram ocupados tanto por um homem quanto por uma mulher, que recebia do monarca o título de "Kpojito", ou Mulher Rei, com quem dividia o reinado.
E sim, as Agojie existiram e a última faleceu em 1979 e recebeu como homenagem no filme a personagem Nawi, interpretada pela atriz sul-africana Thuso Mbedu, que apesar de seus 31 anos, tem cara e corpo de uma menina de 15. Dividir as cenas com a veterana foi um desafio, muito bem cumprido, a jovem brilhou.
Nawi é uma jovem órfã que resistiu a todas as tentativas de seu pai adotivo de casá-la, até ser entregue por ele ao palácio para se tornar uma guerreira.
Em entrevista, Viola Davis diz que sempre sonhou em atuar em um filme como “A Mulher Rei”. Seu personagem envolve o público, provocando raiva e empatia pela mulher que não pode demonstrar emoção e luta por uma causa justa.
“Senti que "A Mulher Rei" era uma história importante, porque me vi nela. Eu vi a minha feminilidade nela. Vi a minha escuridão nela. Vi uma parte muito importante da história nela. Eu sempre digo que qualquer parte da história é importante, mesmo as menores partes". A atriz se encantou tanto com a proposta do filme que também é uma das produtoras.
“Nesta história, temos a capacidade de redefinir o que significa ser mulher. Nós nunca vimos isso antes. Adoro histórias que podem reformular o que significa ser mulher, reformular a feminilidade, reformular seus poderes. Estas são mulheres reais que fizeram algo sobre-humano, mas não eram super-heroínas. Eu precisava levar essas mulheres às telas”, disse a diretora Gina Prince-Bythewood.
São quase 2h30 de filme que passam sem que o público perceba. As lutas das guerreiras são memoráveis, mais parecem uma dança, apesar da violência exposta na tela. A diretora carrega o peso na mão ao mostrar o sangue e os abusos sofridos por mulheres e homens africanos nos anos de 1800.
E como as Agojie tratavam seus inimigos, a maioria homens de outras aldeias, que viviam do tráfico de escravos negros para os colonizadores.
No elenco de guerreiras, que deixam muito "Vingador" no chinelo, destaque também para a britânica Lashana Lynch (“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" – 2022, "007 - Sem Tempo Para Morrer" - 2021 e "Capitã Marvel" - 2019), como a poderosa Izogie, a mais valente e forte depois de Nanisca. E a atriz ugandense/britânica Sheila Atim, que trabalhou com Lashana em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". Em "A Mulher Rei, ela faz o papel de Amenza que, além de brigar muito, é a guia espiritual da tribo e confidente de Nanisca.
John Boyega ("Star Wars: A Ascensão Skywalke" - 2019) foi contemplado com o papel do rei Ghezo, uma figura histórica real que teve grande parte da sua história no filme extraída de acontecimentos verídicos.
Não bastasse a boa escolha do elenco, a diretora Gina Prince-Bythewood ainda abusou nas belas locações, explorando a beleza, a cultura e os costumes dos povos africanos. O figurino e a reconstituição de época também foram tratados com carinho especial, além do roteiro, baseado numa longa pesquisa da produtora Maria Bello em suas viagens à África Ocidental.
Quando você acha que já viu tudo, surge uma novidade que pode mudar o contexto. Imperdível, merece levar o Oscar em várias categorias. Na minha opinião, o melhor filme do ano até o momento.
Ficha técnica:
Direção: Gina Prince-BythewoodRoteiro: Gina Prince-Bythewood e Dana Stevens
Produção: TriStarPictures / JuVee Productions
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h24
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, histórico
Produção: TriStarPictures / JuVee Productions
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h24
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, histórico