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03 fevereiro 2025

"Emília Pérez" estreia nos cinemas brasileiros carregado de polêmicas

Considerado um dos favoritos ao Oscar 2025, filme recebeu 13 indicações e tem no elenco Karla Sofía 
Gascón e Zoe Sandaña  (Fotos: Paris Filmes)


Jean Piter Miranda


Nas últimas décadas, muitos criminosos ligados ao tráfico de drogas fizeram cirurgias plásticas para mudar de rosto e de identidade. São muitas histórias que ocorreram em diversos países. Tudo para poder driblar a polícia e a justiça. Sumir do mapa e começar uma nova vida em outro lugar. 

Parece roteiro de cinema e agora se torna a trama central de “Emília Pérez”, filme que recebeu 13 indicações ao Oscar 2025 e estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (6). 

O traficante mexicano Manitas Del Monte (Karla Sofía Gascón) procura a ajuda da advogada Rita (Zoe Saldaña). Ele quer fazer uma cirurgia de mudança de sexo, trocar de identidade e abandonar o mundo do crime. 


Manitas, chefe do cartel Juan Del Monte, vira Emília Pérez. Mas há um preço a pagar por isso. Não apenas em dinheiro. Para começar uma nova vida, é preciso deixar tudo para trás. É preciso ter um bom plano e seguir tudo à risca. 

Rita, a advogada, vive frustrada com sua profissão. Por ganhar pouco e, principalmente, por sentir que não atua em favor da justiça. Ela então recebe a proposta para fazer todos os trâmites para que Manitas faça a troca de gênero. 

Pesquisar clínicas, preços, conversar com médicos, ver questões bancárias, entre outras coisas. Claro, para isso, vai receber uma boa grana. 


Os procedimentos são feitos. Rita segue sua nova vida. Emília também. Mas elas se cruzam novamente. Não por acaso. Mais uma vez, Emília quer a ajuda de Rita. Agora para recuperar parte do que era importante para ela, de quando ainda era Manitas. Aí as coisas começam a se complicar. 

A trama é bem envolvente. Emília tem que lidar com um novo mundo a sua volta, com a nova aparência, sua sexualidade, seus afetos, amores, paixões. E isso traz muitos conflitos, muitos dilemas. Inclusive para Rita.

Vale destacar que "Emília Pérez" é um musical. Ou talvez seja um “meio musical”. Diferente de obras em que são feitas quase totalmente em canções e coreografias, o longa tem apenas algumas poucas cenas cantadas. Com o desenrolar da história, a gente até esquece que se trata de um musical. 


Além dos conflitos pessoais e familiares dos personagens, o filme também aborda brevemente questões que são caras para os mexicanos. A busca pelas milhares de pessoas desaparecidas por conta do tráfico de drogas e o drama das famílias que sofrem sem saber se um dia serão encontradas ou se foram mortas. 

O filme teve ótima aceitação pelos festivais e recebeu boas críticas por onde passou. Exceto no México. Por lá, os espectadores e a imprensa especializada vêm detonando o longa. Eles alegam que o filme é superficial e carregado de clichês e estereótipos que não retratam a cultura mexicana. 

Também reclamam do fato de o elenco ser composto por estrangeiros. Karla é espanhola, Zoe e Selena são estadunidenses. Edgar Ramirez é venezuelano e apenas Adriana Paz é mexicana. Isso sem falar que o diretor, Jacques Audiard, é francês. 


Selena Gomez, embora tenha ascendência mexicana, vem recebido muitas críticas por não falar o espanhol fluente e por ter um sotaque “americanizado”. Algo que só é perceptivo para os mexicanos. É como se pegássemos a maravilhosa argentina Eva de Dominici para interpretar uma brasileira. Certamente, faria sucesso mundo afora, mas, o público brasileiro nunca iria engolir. 

Karla Sofía é a primeira mulher trans a ser nomeada para o Oscar. Ela e Zoe Saldaña estão ótimas. Não por menos, foram indicadas aos prêmios de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Edgar Ramirez e Adriana Paz também têm atuações muito boas. 


O longa também concorre nas principais categorias do Oscar: Melhor Filme, Filme Internacional e Direção. Além disso, está na disputa de Melhor Roteiro Adaptado, Canção Original ("Mi Camino" e "El Mal"), Trilha Sonora Original, Edição, Som, Fotografia e Cabelo e Maquiagem. 

São 13 indicações ao Oscar! Isso faz de Emília Pérez o filme de língua não-inglesa a conseguir o maior número de indicações na premiação. O recorde anterior era de “O Tigre e o Dragão” (2000) e “Roma” (2018), ambos com 10. 

Em meio a polêmicas, "Emília Pérez" já faz história e chega como favorito ao Oscar 2025. Uma narrativa diferente, quase um gênero novo, que conta bem a história que propõe. Vale a pena ver na telona. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Jacques Audiard
Produção: Pathé Films, France 2 Cinéma, Saind Laurent Productions, Page 114, Why Not Productions, Pimenta Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 16 anos
País: França
Gêneros: musical, comédia, drama