Leonardo Medeiros é o protagonista desta biografia ambientada em Paris a partir de 1857 (Fotos: Daniel Behr / Conspiração Filmes) |
Maristela Bretas
Ótima fotografia, cenários e figurinos bem elaborados e uma
reconstituição de época muito bem feita, além da interpretação sob medida de
Leonardo Medeiros garantem a "Kardec" uma boa recomendação. O filme
explora a vida do grande codificador do espiritismo, Allan Kardec, focando mais
a partir de 1857, quando Hypolite Leon Denizard Rivail já estava com 53 anos,
atuando como educador de um Liceu em Paris para depois se tornar Allan Kardec. Em
muitos momentos a produção se torna monótona, mas também tem pressa em contar
como o protagonista se tornou Allan Kardec, abraçando a doutrina espírita.
Do professor descrente, que só aceitava as situações que a
ciência podia provar, ao homem que dedicou o resto de sua vida a escrever e
explicar o espiritismo, o filme pincela alguns detalhes, como a perseguição da
Igreja Católica, a maior inimiga da doutrina na época. Ou a caça às bruxas
incentivada por bispos após a publicação de seu maior sucesso "O Livro dos
Espíritos". Pregar a doutrina significou para Kardec conquistar seguidores
e ferrenhos inimigos, despertou inveja, ganância, medo e também admiração e
respeito.
Leonardo Medeiros é Allan Kardec e Sandra Corveloni faz o
papel da esposa Amélie-Gabrielle Boudet, uma mulher que amava o marido e
abraçou sua causa. Eles dividem o elenco com nomes como Guilherme Piva
(Didier), Genézio de Barros (Padre Boutin), Guida Vianna (Madame De
Plainemaison), Julia Konrad (Ruth-Celine), Charles Fricks (Charles Baudin),
Licurgo Espinola (Sr. Babinet), Letícia Braga (Julie), Julia Svacina
(Caroline), Dalton Vigh (Sr. Dufaux) e Louise D’Tuani (Ermance Dufaux).
Com roteiro de L.G. Bayão (“Irmã Dulce”, “Heleno” e “Minha Fama de Mau”) e direção de Wagner de Assis, o longa acompanha a trajetória de Kardec desde o
período em que atuava como educador, com mais de 20 livros didáticos
publicados, passando pela investigação dos fenômenos, pelo processo de
codificação da doutrina espírita, até a publicação e repercussão de “O Livro
dos Espíritos”, quando adotou o nome de Allan Kardec, que também é explicado no
enredo.
O tempo de projeção é pouco para abordar a vida e obra deste
grande homem, que foi perseguido, desacreditado, mas que soube ser ouvido e
respeitado por gerações até os dias de hoje. A narrativa é leve, permite ao
mais leigo entender o filme, baseado em fatos reais. Apresentar as médiuns
Ermance De La Jonchére Dufaux e as jovens irmãs Caroline e Julie Boudin, que ajudaram
Kardec em seu primeiro livro também foi um dos pontos positivos do drama de
Wagner de Assis. Ajudou a entender o que fez aquele professor tão cético se
voltar para um mundo espiritual.
"Kardec" é uma produção nacional muito bem feita,
os atores cumprem bem seus papéis e a condução permite entender um pouco a
história do protagonista, sem aprofundar muito. Fica a desejar na explicação do
que realmente é o espiritismo e o que prega a obra literária. Os ambientes
iluminados por velas (como na época), ajudam a criar o clima ideal para as
manifestações dos espíritos, dando um gás na narração, que também ficava
arrastada, assim como algumas cenas.
Ficha técnica:
Direção: Wagner de Assis
Produção: Conspiração Films
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h50
Gêneros: Drama / Biografia
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)
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