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25 agosto 2023

"A Chamada" é uma repetição de outros filmes de ação de Liam Neeson

Longa traz ameaças por telefone, perseguições da polícia e um roteiro bem fraco  (Fotos: StudioCanal)


Maristela Bretas


De agente num avião ("Sem Escalas" - 2014) para um policial no trem ("O Passageiro" - 2018) e agora um executivo do setor financeiro que não dá atenção à família dentro de um carro. O formato que marcou estes filmes de ação de Liam Neeson se repete em "A Chamada" ("Retribution"), novamente com mensagens e ligações telefônicas ameaçadoras. A nova produção, em cartaz nos cinemas, é mais do mesmo.

Tudo é bem previsível, das falas ao vilão. O roteiro é preguiçoso, quase um CONTROL C/CONTROL V. Poderia ter explorado a experiência do ator principal, que já fez produções melhores do gênero. Desde o primeiro momento é possível saber o que vai acontecer e como será a reação do empresário Matt Turner, papel de Neeson.


O elenco secundário também faz o básico e acrescenta muito pouco, especialmente os atores Lilly Aspell, Jack Champion e Embeth Davidtz, que interpretam os filhos e a esposa de Turner. 

A agente da Europol, Angela Brickmann (Noma Dumezweni), está lá para cumprir tabela. Afinal é necessário alguém da polícia para caçar o homem que ameaça os filhos com uma bomba. Até mesmo o experiente Matthew Modine, como Anders, sócio de Turner, é mal aproveitado.


O longa é uma corrida contra o relógio para Matt Turner. Numa manhã quando levava os filhos à escola, ele recebe uma ligação de um desconhecido que diz que há uma bomba sob os assentos e que ninguém pode deixar o carro. 

O executivo terá de seguir as ordens do terrorista ou o veiculo será explodido com todos os ocupantes. Para quem não se importava muito com a família e só pensava nos negócios, ele agora tem de voltar sua atenção para salvar os filhos do homem que os está ameaçando.


"A Chamada" tem pontos positivos, como as imagens nas ruas de Berlim. Mesmo com cenas rápidas de perseguição é possível ver locais bem interessantes da cidade alemã. A ação predomina durante todo o longa, mas não apresenta nada de novo do que já foi visto em outros filmes do gênero. 

A trilha sonora composta por Harry Gregson-Williams, responsável por "Megatubarão 2" (2023), "Mulan" (2020) e "A Casa de Gucci" (2021), é boa e ajuda a dar um clima mais dinâmico às cenas de ação. 

Para os fãs do ator, "A Chamada" pode ser uma opção que agrade - eu mesma fui assistir por gostar dos filmes de Liam Neeson -, mas não espere novidades. Acredito que o longa vá bem rápido para o streaming.


Ficha técnica:
Direção: Nimród Antal
Produção: StudioCanal, Vaca Films Studio, Ombra Films
Distribuição: Paris Filmes, Telecine
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h31
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, ação

13 junho 2022

"Assassino Sem Rastro" só faz o espectador esquecer da experiência de ver um bom filme

Liam Neeson volta às telas como um assassino de aluguel que está com Alzheimer e quer aposentar (Fotos: Diamond Filmes/Divulgação)



Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Existem filmes incríveis e filmes medianos. "Assassino Sem Rastro" ("Memory"), em cartaz nos cinemas, entra nessa segunda categoria. Confesso que fui conferir porque gosto de Liam Neeson desde "Busca Implacável" (2008), mas do ano desse icônico filme até hoje foram poucas as produções em que o ator entregou algo novo ou diferente.


Na história conhecemos Alex Lewis (Liam Neeson), um assassino de aluguel que quer aposentar sua vida de crimes mas que antes precisa de fazer um último serviço que lhe renderá uma boa grana. Porém, ele descobre que nessa troca de favores com gente do crime terá de executar uma criança. Ao recusar a proposta, passa a ser perseguido por uma rede de corrupção maior do que poderia imaginar.


Nos primeiros minutos do longa, a trama parece ter fôlego suficiente para se sustentar até o final. Principalmente porque o protagonista manda bala e faz justiça com as próprias mãos (apesar de ser clichê, a opção ainda funciona em muitos filmes de ação).

Os carismáticos policiais Vincent Serra (Guy Pearce) e Linda Amistead (Taj Atwal) são o ponto alto da narrativa. Dá para sentir empatia pela dupla, apesar de nosso vilão/protagonista conseguir passá-los para trás.


A trama também aborda a questão do abuso infantil e dos cartéis do narcotráfico. Quem carrega esse papel é Monica Bellucci como a empresária Davana Sealman. Mas na narrativa essas abordagens são tão caricatas que praticamente soam de maneira desconexa perto do restante do filme.

As cenas de ação, a maioria com Alex dando muitos tiros em seus adversários, são até boas. Isso é um dos poucos elementos positivos que Neeson faz e faz bem. O problema maior é na execução do roteiro. Me incomodou as muitas conveniências do roteiro e, principalmente, as atuações.


Quando acrescentamos o ingrediente do Mal de Alzheimer sofrido pelo protagonista, a trama fica em um vai e vem sem fim. Ao mesmo tempo em que Liam Neeson é vilão, a doença o deixa frágil e toda sua construção acaba indo meio que pelos ares.

Algumas vezes, esse artifício do roteiro faz com que o próprio ator soe forçado em seu papel. Existe até uma reviravolta, quase como uma maneira desesperada de fisgar a audiência, mas é tão nos 45 segundos do segundo tempo que faltou um maior desenvolvimento do personagem. "Assassino Sem Rastro" é um filme facilmente esquecível, tanto pelo roteiro fraco quanto por tudo o que o ator tentou entregar.


Ficha técnica:
Direção: Martin Campbell
Produção: Black Bear Pictures, STX Films, Welle Entertainment
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h54
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, ação

14 março 2019

Liam Neeson ficará mais marcado por polêmica do que por “Vingança a Sangue-Frio”

Pacato e exemplar limpador de neve muda de comportamento e sai caçando os responsáveis pela morte do único filho (Fotos Doane Gregory/Studiocanal)

Wallace Graciano


Era fevereiro e Liam Neeson vivia a expectativa pela estreia de “Vingança a Sangue-Frio” ("Cold Pursuit"), seu mais recente longa, que ele promete ser seu último no gênero de ação, e é um remake do norueguês “Cidadão do Ano” (“Kraftidioten”), de 2014, também dirigido por Hans Petter Moland. Porém, bastou uma declaração polêmica, na qual ele tentou fazer uma associação ao filme ao qual é protagonista, para sua carreira ser colocada em xeque e a obra ser adiada por quase um mês, chegando às telonas somente nesta quinta-feira (14). 

Em entrevista ao jornal inglês The Independent, Neeson disse que há cerca de 40 anos uma amiga lhe contou ter sido estuprada por um negro. Sedento por vingança, assim como o personagem ao qual dá vida no longa, ele vagou por dez dias com uma barra de ferro por bairros onde negros moravam, procurando arrumar confusão com qualquer um, tudo por conta de sua “necessidade primária de atacar”. Acusado de racismo, Neeson viu o longa ser colocado em xeque. Não à toa, a première em Nova York foi cancelada após o episódio e a Paris Filme, distribuidora da película no Brasil, optou por “esperar a poeira baixar”.

Deixando de lado as controvérsias, “a necessidade primária de atacar” dita em sua resposta remete bem à história de Nels Coxman, personagem a quem dá vida na película. Pai de uma família em um subúrbio pacato, ele vê sua vida tomar outro rumo após seu filho ser morto por um poderoso chefão das drogas da região. Tomado pelo ódio, ele passa eliminar um a um os intermediários, buscando chegar no cabeça da gangue, um dos narcotraficantes mais preocupado do país que chama a atenção por sua dieta macrobiótica. 

Porém, nesse ínterim, Nels vira um personagem impulsivo, com ações exageradas e frenéticas em meio a uma tentativa de que um roteiro de suspense fosse criado. Dessa forma, o longa se transforma em uma comédia trash, carregada de humor negro, com final previsível, que tem como ponto central um protagonista sem carisma que consegue fisgar o público. Paralelamente, personagens secundários são desenvolvidos exaustivamente, sem a mínima necessidade, o que torna a narrativa cansativa.

Apesar disso, a trama entrega ao fã amante do gênero um bom filme, com toques “tarantinianos”, abusando da hiper-violência marcada por piadas, músicas cômicas e uma fotografia impactante.  No fim das contas, Neeson ficará mais marcado pela polêmica do que pelo remake. Porém, a película não é das piores e entretêm os amantes do gênero que buscam um “quê” de ação com doses de humor negro.
Duração: 1h59
Distribuição: Paris Filmes
Classificação: 16 anos



Tags: #VingançaASangueFrio, #ColdPursuit, #LiamNeeson, #drama, #acao, #humornegro, #comedia, @ParisFilmes, #cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

18 março 2018

O bom "O Passageiro" é o novo do mesmo, no estilo Liam Neeson

Tensão toma conta de passageiros de um trem ameaçados por uma organização criminosa (Fotos: StudioCanal/Divulgação)

Maristela Bretas


O diretor Jaume Collet-Serra não estava com muita disposição de criar algo novo e aproveitou a linha de suspense e ação, incluindo todos os clichês, de "Sem Escalas" (2014) para fazer "O Passageiro" ("The Commuter"), o novo filme que tem Liam Nesson como protagonista. O ator, novamente um ex-policial,  sai de um avião e da companhia de Julianne Moore e vai para os vagões de um trem suburbano ao lado de Vera Farmiga.

A trama é boa, graças a Neeson, que já trabalhou com Collet-Serra também "Noite sem Fim" (2015). O ator conhece bem o gênero policial, que tem garantido um público fiel aos seus filmes, como a trilogia "Busca Implacável" (2008, 2012 e 2015) e "Caçada Mortal" (2014). A bilheteria de "O Passageiro" deverá ser boa também, apesar da pouca divulgação.

"O Passageiro" conta ainda no elenco com outros nomes conhecidos, como Sam Neill e Elizabeth McGovern, que estão lá para serem meros coadjuvantes. Destaque para Jonathan Banks e Patrick Wilson, cujos personagens poderiam ter sido mais bem explorados por causa da importância que têm no filme. Mas no conjunto, todos fazem a sua parte para entregarem os louros para Liam Neeson, este sim, a verdadeira estrela.

Na história, o vendedor de seguros e ex-policial Michael Mac Cauley (Liam Neeson) faz diariamente o mesmo trecho de casa para o trabalho num trem suburbano até conhecer uma estranha mulher, Joanna (Vera Farmiga). Ela propõe pagar a ele uma grande quantia de dinheiro para que descubra a identidade de um dos passageiros do trem antes da última parada. Michael acaba envolvido numa grande conspiração criminosa que coloca a vida dele e dos demais passageiros em risco.

"O Passageiro" se passa quase todo entre os vagões do trem, mas dá dicas claras desde o início de quem são os vilões e os mocinhos. É um bom suspense, com muita ação, que vale conferir por quem gosta dos trabalhos do ator.



Ficha técnica:
Direção: Jaume Collet-Serra
Produção: Lionsgate / Ombra Films / StudioCanal UK / Gold Circle Films
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h44
Gêneros: Suspense / Ação
Países: EUA / França / Reino Unido
Classificação: 14 anos
Nota: 3,7 (0 a 5)

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