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Keanu Reeves retoma o papel de Neo, um homem vivendo isolado do mundo, como se não pertencesse a ele (Fotos: Warner Bros Entertainment)
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Wallace Graciano
Em qualquer lista de melhores filmes da história, certamente
você encontrará "Matrix". Afinal, aquela obra revolucionária, lançada
em 1999, bagunçou a cabeça de qualquer telespectador, com ideias sobre
manipulação e realidade, fazendo com que o diálogo entre presente e futuro
distópico fosse bem mais próximo do que se imaginava. Não à toa, ainda que com
mais de 20 anos de lançamento, ainda tem um roteiro que envelheceu bem e traz
impacto.
Sua sequência, "Matrix Reloaded”, trouxe um roteiro
mais confuso, mas com diálogos mais intensos e lutas melhores coreografadas, o
que aumentou o sentimento catártico dos fãs, que viam uma boa sequência para um
filme inovador.
Já em “Matrix Revolutions”, a trilogia teve um aparente fim
digno, fechando respostas que ficaram nos roteiros anteriores. Eis, então, que
vinha a dúvida: por que lançar um novo após tão grande hiato?
“Matriz Resurrections”, que estreia nesta quarta-feira, 22
de dezembro, é mais um filme que segue a onda sem criatividade de Hollywood,
que lota salas de cinema com remakes e reboots, apostando na nostalgia e
memória afetiva como chamariz para uma indústria em dúvidas de como se
reconstruir.
A obra, que fique claro, é totalmente distinta da trilogia
original já pela paleta de cores. Os tons escuros e esverdeados são deixados de
lado, aliados à fotografia mais viva. Isso tudo contando a uma narrativa
conduzida com humor descontraído e até mesmo com uma certa pitada de autoironia,
como em uma das lutas que Neo (Keanu Reeves) terá de encarar durante a trama.
Ele, por sinal, está na Matrix como um desenvolvedor de
jogos famoso, que perde sua vida social para trazer a sequência do que deu
status de ícone da cultura pop. Ao mesmo tempo, sente-se isolado do mundo, como
se não pertencesse a ele.
Eis que, para
acalmar seus anseios, Neo volta a seguir um coelho branco, fazendo referência
aos seus antecessores e revivendo a memória afetiva da trilogia. Bom, o
desenrolar, vocês já devem imaginar, certo?!
Após várias idas e vindas da Matrix, o filme se desenrola
até em um ritmo constante, sem cansar muito o espectador. Porém, é sem o
impacto de outrora, ainda que com uma atuação intensa e destacada de Carrie
Anne-Moss (no papel de Trinity/Tiffany), que rouba o protagonismo da obra. Em
suma, “Resurrections” é apenas mais um fan-service que vem para acalmar os
anseios de uma galera envelhecida.
Por isso, vá ao cinema sem muitas expectativas, apenas
buscando se divertir. Ou então sairá como os membros do grupo Gangrena Gasosa,
que têm como um de seus sucessos a música “Eu não entendi Matrix”. Não por não
compreender o roteiro, que é mais raso que os de outrora, mas, sim, entender o
porquê de terem feito essa sequência. Um alerta: tem cena pós-créditos.
Direção: Lana Wachowski
Produção: Warner Bros. Pictures / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: Somente nos cinemas
Duração: 2h28
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ficção / Ação