A brasileira Leona Cavalli e o argentino Roberto Birindelli estão no elenco desta coprodução multinacional (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação) |
Maristela Bretas
Longas sequências e ótimas imagens aéreas como fundo para um assassinato a ser desvendado são os primeiros atrativos de "Águas Selvagens", coprodução entre Brasil e Argentina que estreou nesta quinta-feira no Una Cine Belas Artes. A região escolhida para locação do filme foi o Sul do Brasil, na fronteira com Argentina e Paraguai. E já seria um ótimo cartão de visitas para o filme, dirigido pelo argentino Roly Santos, baseado no livro "El Muertito", do escritor Oscar Tabernise.
O longa conta a história do investigador particular e ex-policial Lúcio Gualtieri (o argentino radicalizado no Brasil Roberto Birindelli) contratato para solucionar o assassinato de um morador influente numa pequena cidade argentina, na fronteira com o Brasil e Paraguai. Durante a investigação, ele acaba se envolvendo com uma rede de prostituição, tráfico de bebês e abuso sexual de crianças. Passa então a ser perseguido pela organização criminosa, colocando a sua vida e a das vítimas em perigo.
Contando assim, parece um filme eletrizante e o trailer também leva o espectador a essa conclusão. Mas "Águas Selvagens" é o contrário disso. Tem uma narrativa arrastada, com pouca ação para um filme que se classifica como policial - a primeira das duas cenas com tiros acontece após 1h23 e a segunda 26 minutos depois. E só.
A trama explora mais a investigação, mas mesmo essa é cheia de furos mal explicados. O investigador Gualtieri, do nada, consegue uma pista de um fato que ele nem estava investigando. Não há uma explicação de como essa pista surgiu e assim como veio é esquecida ou a história não aprofunda. São vários crimes levantados, mas apenas um é tratado até o final, mesmo assim de uma maneira bem fraca.
Apesar de ter uma boa proposta, especialmente por reunir atores de três países, o longa peca também nos poucos e curtos diálogos, intercalados com legendas em português para as falas dos intérpretes argentinos e uruguaios que dividem o elenco com alguns brasileiros.
Entre eles estão Mayana Neiva (a misteriosa Rita Benitez, com quem Gualtieri se envolve), Leona Cavalli (que interpreta muito bem a prostituta Débora Shuster), Allana Lopes (a jovem prostituta Blanca), Luiz Guilherme (como o empresário Dalmácio Quiroga, que contrata Gualtieri para investigar a morte do irmão), entre outros.
Do lado argentino, além de Roberto Birindelli, destaque para Juan Manuel Tellategui, como o garçom Fábian, muito importante na trama, e Daniel Valenzuela, como Fabro, um policial argentino corrupto. Por mais que o elenco se esforce, a trama não consegue causar impacto.
As cenas de lutas e de crimes também deixam muito a desejar. "Águas Selvagens" poderia ter focado em um tema e explorado melhor o assunto e o talento dos protagonistas, mas isso não aconteceu. Uma pena.
Ficha técnica:
Direção: Roly SantosProdução: Laz Audiovisual / Romana Audiovisual / De La Tierra Produtora
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: Una Cine Belas Artes - Rua Gonçalves Dias, 1581 - Lourdes - sessões 16h20 e 18h20
Duração: 1h43
Classificação: 16 anos
Países: Argentina e Brasil
Gêneros: drama / policial