Nicolas Cage e Nicholas Hoult dividem as atenções como o conde Drácula e seu assistente comedor de insetos (Fotos: Universal Studios)
Maristela Bretas
Um banho de sangue e violência do início ao fim. E apesar de ser um filme de terror que cumpre o que propõe, "Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe" é também uma boa comédia com muita ação que estreia nesta quinta-feira nos cinemas.
O diretor Chris McKay ("Lego Batman: O Filme" - 2017) entrega uma boa produção para os apreciadores do gênero e a carnificina é tanta que vai faltar tinta vermelha para os próximos filmes do gênero.
Membros decepados, cabeças cortadas, paredes tingidas com os corpos das vítimas do vilão. Ninguém menos que o famoso Conde Drácula (interpretado pelo vencedor do Oscar, Nicolas Cage) que conta com a ajuda de seu assistente Renfield (Nicholas Hoult, de "X-Men: Apocalipse" - 2016).
Cage arrasa no papel e conta com um trabalho de maquiagem perfeito, acompanhando a transformação do famoso vampiro, de um quase cidadão de roupas e comportamento estranhos para o monstro assassino.
Hoult também tem seus momentos de mudança, do jovem com aparência "quase inocente" para o serviçal sanguinário que escolhe as vítimas a serem servidas como um banquete para seu chefe.
A história é contada a partir dessa relação de dependência tóxica e poder. Renfield é o narrador e desabafa sobre seus problemas durante uma sessão coletiva com pessoas que querem deixar seus parceiros ou chefes abusivos.
O longa mostra como Renfield se torna um assistente e, ao mesmo tempo, dependente de Drácula. Como um viciado, ele precisa se alimentar de insetos para adquirir poderes especiais e força descomunal. Mas a vida de assassino e delivery de corpos começa a desagradar o jovem.
Durante uma de suas caçadas noturnas pelo banquete humano, Renfield conhece a incorruptível policial Rebecca Quincy (interpretada por Awkwafina, de "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" - 2021).
Ele a ajuda a combater uma família de traficantes chefiada por Teddy Lobo (Ben Schwartz) e a mãe dele, Eita (Shohreh Aghdashloo) que matou o pai de Rebecca e domina a cidade e a polícia.
O jovem passa a questionar os desejos e a insanidade daquele que chama de mestre e descobre que existe uma vida "normal" entre os humanos.
Renfield decide deixar de ser um vilão e Drácula não fica nada satisfeito. Para puni-lo, vai deixando um rastro de mortes de pessoas ligadas a seu agora ex-ajudante.
O diretor Chris McKay soube usar bem o sarcasmo e a comicidade para mostrar o que seria um relacionamento abusivo entre um chefe e seu subordinado (quem nunca passou por isso?).
Toda essa matança conta com efeitos visuais excelentes, um ponto forte do filme, além das ótimas interpretações de Cage, Hoult e Awkwafina. O ritmo ágil do filme não deixa o expectador se sentir confortável por muito tempo na cadeira do cinema.
"Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe" é um filme para pessoas de estômago forte, mesmo tendo um lado cômico. Mas vale a pena conferir, especialmente por Nicolas Cage, que durante entrevista classificou o enredo como algo “corajoso, original e peculiar”.
Ficha técnica:
Direção: Chris McKay Produção: Skybound Entertainment e Universal Pictures Distribuição: Universal Pictures Exibição: nos cinemas Duração: 1h32 Classificação: 18 anos País: EUA Gêneros: terror, ação e comédia
George MacKay entrega uma boa interpretação do fora da lei
mais famoso da Austrália no século XIX (Fotos: A2 Filmes/Divulgação0
Maristela Bretas
Tenso, instigante e com locações que completam todo o clima
que o enredo de "A Verdadeira História de Ned Kelly" ("True
History Of Kelly Gang") exigia. Inspirado no romance best-seller de Peter
Carey, “A História do Bando de Kelly”, o filme é narrado pelo próprio Ned Kelly
(muito bem interpretado por George MacKay, de "1917") que, por meio de cartas endereçadas
ao filho, resolve contar a sua versão do mito criado em torno de seu nome que o
colocou como o mais famoso fora da lei ("bushranger") da história da
Austrália.
Descendente de irlandeses, filho de um pai expulso do país e
levado pelos ingleses para a colônia britânica de Victoria, o jovem Ned, de 12
anos (papel de Orlando Schwerdt), viveu a infância e adolescência tendo que
assumir o lugar de "homem da casa" após o pai ser preso. Dominado
pela mãe Ellie Kelly (Essie Davis), numa relação que beira o incesto, ele é
obrigado a conviver com a constante troca de parceiros dela por dinheiro.
Do sargento O'Neill (Charlie Hunnam) ao ladrão de cavalos e
procurado pela polícia Harry Power (Russell Crowe), para quem ele é vendido
pela mãe para que amadureça como homem, Ned vai passando da infância para a
adolescência vivendo uma realidade distorcida e cada vez mais violenta. Poucas
coisas fizeram com que ele se sentisse humano. Uma delas é o filho
recém-nascido, para quem ele escreve cartas, contando como foi sua trajetória,
nem sempre violenta e de crimes, de forma que ele saiba quem foi
realmente.
Diferente dos demais bandidos da década de 1870 (quando se
passa a história), o bando de rebeldes recrutados por Ned Kelly ficou conhecido
por usar vestidos em seus crimes. Mas o chefe do grupo foi além e criou uma
armadura de ferro para o peito e a cabeça com apenas espaço para os olhos,
capaz de defendê-los das balas da polícia. E foi assim que escreveu sua
história, como lhe ensinou Harry Power: "Sempre se certifique de que você
é o autor de sua própria história, porque os ingleses sempre pegam e estragam
tudo".
Com narração mais lenta em várias partes, o diretor Justin
Kurzel apresenta um Ned Kelly que gera dúvida no público - afinal ele foi um
cruel fora da lei ou uma vítima do preconceito contra os irlandeses levados
para a Austrália que acabou se tornando o bandido da lenda? Difícil dizer quem
é do bem e quem é do mal. Polícia e bandidos se comportavam de maneira
semelhante. Uma cena que choca é a do policial Fitzpatrick (papel de Nicholas
Hoult) ameaçando um bebê com um revólver.
Além do elenco que entrega boas interpretações, "A
Verdadeira História de Ned Kelly" ainda conta com ótimas locações que
ajudam a criar um clima sombrio, especialmente na floresta de Meulborne Gaol e
a neve do inverno australiano em Marysville, além da State Library,
Wangarratta, Dandengong Ranges, Glenrowan e uma bela e antiga fazenda chamada Mintaro.
Também a trilha sonora cumpre seu papel e ajuda a compor essa nova versão da
história de Ned Kelly.
A volta dos cinemas
Em cartaz de algumas cidades brasileiras que retomaram suas
exibições, "A Verdadeira História de Ned Kelly" poderá ser conferido
a partir do dia 31 de outubro em Belo Horizonte, quando as salas de cinema
serão reabertas. Segundo o Sindicato das Empresas Exibidoras de Minas Gerais
(Seecine-MG), todas as medidas de segurança sanitária serão tomadas e o
funcionamento será de 50% da capacidade.
Ficha técnica Direção: Justin Kurzel Roteiro: Shaun Grant Distribuição: A2 Filmes Duração: 2h05 Países: Austrália / França / Reino Unido Gêneros: Drama / Ação Classificação: 16 anos Nota: 3,5 (0 a 5)