Nanni Moretti interpreta um diretor de cinema com dificuldades para concluir seu filme sobre o partido comunista italiano (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação) |
Eduardo Jr.
Se a realidade é dura, no cinema é possível encontrar a satisfação. Essa pode ser uma das conclusões do filme "O Melhor Está Por Vir" ("Il Sol dell’Avvenire"). Nanni Moretti dirige, colabora no roteiro e é o protagonista do longa, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4), distribuído pela Pandora Filmes.
Moretti encarna o diretor de cinema Giovanni, que deseja fazer um filme ambientado na Roma dos anos 1950 sobre a posição do partido comunista da Itália durante a invasão da Hungria pela União Soviética. No entanto, a obra tem dificuldades para ser finalizada porque o diretor controla o set, mas não algumas situações da vida real.
Para concluir seu longa-metragem, Giovanni precisa lidar com questões financeiras, com um mundo que não se importa com o passado histórico retratado na obra, uma atriz que tem outra visão sobre o filme, as transformações do mercado de audiovisual e o fim do seu casamento.
Se na vida particular ele é controlador e não se atenta aos sentimentos nem às relações, no filme dentro do filme o romance também é sufocado. O protagonista (que leva o mesmo nome do diretor) é focado em seu trabalho no jornal, ignorando o interesse da mulher recém-chegada que se torna integrante da equipe.
As histórias vão se alternando na tela. Embora estejam bem separadas, parecem conter elementos uma da outra, como a arte imitando a vida. Soa até biográfico em alguns momentos (até porque o nome de Nanni Moretti também é Giovanni). É uma homenagem à sétima arte e também um relato confessional.
As críticas contidas no longa parecem pessoais. Como, por exemplo, as colocações do protagonista sobre a violência no cinema moderno. A autocrítica também se apresenta, por meio da arrogância no ambiente majoritariamente masculino do set, pela ousadia de querer dar palpite, interferir nas escolhas profissionais de outras pessoas.
Ainda assim, o longa é uma comédia com tom sentimental. Não oferta muitas expectativas ou reviravoltas, mas apresenta momentos divertidos. A cena do protagonista cantando no carro e dos demais atores fazendo um coro alegra a obra.
Também explicam um pouco do que a trama apresenta. Se o longa realmente merece os elogios recebidos desde sua estreia em Cannes, só indo ao cinema pra tirar suas conclusões.
Ficha técnica:
Direção: Nanni MorettiProdução: Rai Cinema, France 3 Cinema, Fandango, Sacher Film, Le Pacte
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nas salas do UNA Cine Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos
Países: Itália e França
Gêneros: comédia, drama