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02 fevereiro 2025

Semana do Cinema está de volta com ingressos a R$ 10



Maristela Bretas


A campanha Semana do Cinema está de volta para sua primeira edição do ano! De 6 a 12 de fevereiro, as salas de cinema estarão com ingressos a preço único promocional de R$ 10,00. E a campanha não para por ai. Neste período, os combos de pipoca e bebida também estarão com preços diferenciados. 

A campanha é idealizada pela Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (FENEEC), com apoio da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex - @abraplex) e @ingressocom. As 65 salas da rede @cineart_oficial em Minas participam da ação.

A promoção é válida para todas as sessões, em todos os horários, incluindo finais de semana - exceto pré-estreias e exibições especiais. Confira abaixo o que está em cartaz e os lançamentos durante a Semana do Cinema. Clicando nos links você ainda confere as críticas postadas no @cinemanoescurinho.

"Moana 2" (Disney Studios)

Em cartaz:
- Ainda Estou Aqui (drama nacional concorrendo ao Oscar) - 
- Conclave (drama/suspense) 
- Covil de Ladrões 2 (policial/ação)  
- O Auto da Compadecida 2 (comédia dramática nacional) 
- Viva a Vida (drama) 
- O Homem do Saco (terror)
- Moana 2 (animação) 
- O Maravilhoso Mágico de Oz - parte 1 (animação/fantasia)
- Nosferatu (terror) 
- A Verdadeira Dor (drama concorrendo ao Oscar)
- Mufasa: O Rei Leão (animação live-action) 
- Paddington: Uma Aventura na Floresta (aventura/comédia)
- Sonic 3: O Filme (animação/aventura)
- Anora (drama) 
- Babygirl (drama)
- Maria Callas (drama/musical)

Lançamentos:
- Acompanhante Perfeita (suspense)
- Blindado (filme de ação com Sylvester Stallone)
- Emília Perez (drama musical concorrendo ao Oscar)
- Dragon Ball Daima - Especial (animação/ação/aventura)
- Os Sapos (comédia/drama)


Agora não tem mais desculpa para deixar de ir ao cinema.


23 janeiro 2025

Indicações de Fernanda Torres e "Ainda Estou Aqui" ao Oscar 2025 levam redes sociais ao delírio



Maristela Bretas


Com três indicações ao Oscar 2025, o filme brasileiro "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, entra na maior disputa do cinema mundial concorrendo às estatuetas de Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e a grande consagração, Melhor Atriz, para Fernanda Torres. 

O anúncio dos indicados à 97ª edição do Oscar aconteceu na manhã dessa quinta-feira (23) e provocou uma explosão de euforia nas redes sociais pelo Brasil, que recebe a primeira indicação na categoria Melhor Filme.

"Ainda Estou Aqui"A (Foto: Alile Dara Onawale)

As redes sociais foram à loucura com o anúncio do filme brasileiro entre os concorrentes e a Fernanda Torres agradeceu em vídeo pelo apoio de todos aqueles que assistiram o longa e torceram por ela e pela produção. 

No início deste mês, Fernandinha, como passou a ser chamada carinhosamente por muitos brasileiros, conquistou o Globo de Ouro na mesma categoria com sua interpretação de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, morto pela ditadura militar no Brasil.

Fernanda Torres, em cena de "Ainda Estou Aqui"
(Foto: Alile Dara Onawale)


A última vez que o país teve um representante entre os indicados foi em 1999, com Fernanda Montenegro e “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles. Agora é esperar até o dia 2 de março quando acontece a cerimônia de entrega dos Oscar 2025 em Los Angeles, com apresentação de Conan O´Brien.

Os demais candidatos à premiação são os longas "Emilia Perez", com 13 indicações, seguido por "Wicked" e "O Brutalista", cada um com dez. "Conclave" e "Um Completo Desconhecido" receberam oito indicações cada. 

"Conclave" (Foto: Diamond Films)

Confira abaixo a lista completa:

Melhor filme
"Anora"
"O Brutalista"
"Um Completo Desconhecido"
"Conclave"
"Duna: Parte 2"
"Emilia Pérez"
"Ainda Estou Aqui"
"Nickel Boys"
"A Substância"
"Wicked"

Melhor Direção
Sean Baker - "Anora"
Brady Corbet - "O Brutalista"
James Mangold - "Um Completo Desconhecido"
Jacques Audiard - "Emilia Pérez"
Coralie Fargeat - "A Substância"

"A Substância (Foto: Universal Pictures)

Melhor Ator
Adrien Brody - "O Brutalista"
Timothée Chalamet - "Um Completo Desconhecido"
Colman Domingo - "Sing Sing"
Ralph Fiennes - "Conclave"
Sebastian Stan - "O Aprendiz"

Melhor Atriz
Cynthia Erivo - "Wicked"
Karla Sofía Gascón - "Emilia Pérez"
Mikey Madison - "Anora"
Demi Moore - "A Substância"
Fernanda Torres - "Ainda Estou Aqui"

"Wicked" (Foto: Universal Pictures)

Melhor Ator Coadjuvante
Yura Borisov - "Anora"
Kieran Culkin - "A Verdadeira Dor"
Edward Norton - "Um Completo Desconhecido"
Guy Pierce - "O Brutalista"
Jeremy Strong - "O Aprendiz"

Melhor Atriz Coadjuvante
Monica Barbaro - "Um Completo Desconhecido"
Ariana Grande - "Wicked"
Felicity Jones - "O Brutalista"
Isabella Rossellini - "Conclave"
Zoe Saldaña - "Emilia Pérez"

"A Semente do Fruto Sagrado" (Foto: Mares Filmes)

Melhor Filme Internacional
"Ainda Estou Aqui" - Brasil
"A Garota da Agulha" - Dinamarca
"Emilia Pérez" - França
"A Semente do Fruto Sagrado" - Alemanha
"Flow" - Letônia

Melhor Roteiro Adaptado
"Um Completo Desconhecido"
"Conclave"
"Emilia Pérez"
"Nickel Boys"
"Sing Sing"

Melhor Roteiro Original
"Anora"
"O Brutalista"
"A Verdadeira Dor"
"Setembro 5"
"A Substância"

"Gladiador 2" (Foto: Paramount Pictures)

Melhor Figurino
"Um Completo Desconhecido"
"Conclave"
"Gladiador 2"
"Nosferatu"
"Wicked"

Melhor Maquiagem e Cabelo
'Um homem diferente'
"Emilia Pérez"
"Nosferatu"
"A Substância"
"Wicked"

Melhor Trilha sonora
"O Brutalista"
"Conclave"
"Emilia Pérez"
"Wicked"
"O Robô Selvagem"

"Nosferatu" (Foto: Universal Pictures)

Melhor Canção Original
"El Mal" - "Emilia Pérez"
"The journey" - do filme "The Six Triple "Eight"
"Like a Bird" - "Sing Sing"
"Mi camino" - "Emilia Pérez"
"Never Too Late" - documentário "Elton John: Never Too Late"

Melhor Curta-metragem Com Atores
''A Lien"
"Anuja"
"I'm Not a Robot"
"The Last Ranger"
'"The Man Who Could Not Remain Silent"

Melhor Curta-metragem Animado
"Beautiful Men"
"In the Shadow of Cypress"
"Magic Candies"
"Wander to Wonder"
"Yuck!"

"O Robô Selvagem" (Foto: DreamWorks Animation)

Melhor Documentário
"Black Box Diaries"
"No Other Land"
"Porcelain War"
"Trilha Sonora Para um Golpe de Estado"
"Sugarcane"

Melhor Documentário de Curta-Metragem
'Death by Numbers"
"I am ready, warden"
"Incident"
"Instruments of a Beating Heart"
"The Only Girl in the Orchestra"

Melhor Animação
"Flow"
"Divertida Mente 2"
"Memórias de um Caracol"
"Wallace & Gromit: Avengança"
"O Robô Selvagem"


"Duna - Parte 2" (Foto: Warner Bros. Pictures)

Melhor Direção de Arte
"O Brutalista"
"Conclave"
"Duna: Parte 2"
"Nosferatu"
"Wicked"

Melhor Montagem
"Anora"
"O Brutalista"
"Conclave"
"Emilia Pérez"
"Wicked"

Melhor Som
"Um Completo Desconhecido"
"Duna: Parte 2"
"Emilia Pérez"
"Wicked"
"O Robô Selvagem"

"Emília Perez" (Foto: Paris Filmes)

Melhores Efeitos visuais
"Alien: Romulus"
"Better Man: A História de Robbie Williams"
"Duna: Parte 2"
"Planeta dos Macacos: O Reinado"
"Wicked"

Melhor Fotografia
"O Brutalista"
"Duna: Parte 2"
"Emilia Pérez"
"Maria Callas"
"Nosferatu"


"O Brutalista" (Foto: Universal Pictures)

12 janeiro 2025

"Maria Callas": da grandiosidade à solidão de uma estrela

Angelina Jolie protagoniza a icônica soprano com uma atuação poderosa e intensa (Fotos: Filmnation Entertainment)


Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


"Maria Callas" ("Maria") chega aos cinemas brasileiros em 16 de janeiro, sob a direção de Pablo Larraín, com Angelina Jolie interpretando a icônica soprano greco-americana. O filme, que foca nos últimos dias da artista em Paris durante a década de 1970, desponta como um forte concorrente ao Oscar 2025.

Angelina Jolie entrega uma atuação poderosa. Apesar de um período distante do cinema, ela encarna com intensidade a complexidade de Callas, uma figura grandiosa no palco, mas profundamente solitária em sua vida privada. 


Em cena, Maria é cercada apenas por seu mordomo e governanta (papeis de Pierfrancesco Favino e Alba Rohrwacher), que formam o núcleo mais próximo de sua rotina. Jolie impressiona ao interpretar as performances vocais da soprano, trazendo força e precisão, embora em alguns momentos o sincronismo entre a voz e os movimentos labiais pareça levemente desajustado.

No aspecto técnico, "Maria Callas" é uma obra-prima visual. A cinematografia de Edward Lachman se destaca ao alternar ângulos e planos que capturam tanto a exuberância da soprano nos palcos quanto sua simplicidade no cotidiano. 


O filme quase se assemelha a um ensaio fotográfico, com um apelo estético notável. Os figurinos, projetados por Guy Hendrix Dyas, são um elemento narrativo à parte, refletindo a dualidade entre os momentos de glória e os dias pacatos de Maria. A montagem, alternando entre cenas de seu auge e sua vulnerabilidade, reforça a narrativa de contraste entre fama e isolamento.

No entanto, o filme peca por enfatizar demais o lado melancólico da artista, deixando de explorar outros aspectos de sua vida e conquistas. A repetição de momentos de solidão e sacrifícios tende a ser angustiante e, em alguns pontos, exaustiva, ao reforçar excessivamente a carga dramática. Ainda assim, esses detalhes servem para evidenciar os altos custos emocionais da fama.


"Maria Callas" tem todos os elementos de um típico concorrente ao Oscar: narrativa impactante, apuro técnico e uma linguagem cinematográfica que pode agradar à Academia. Apesar de ainda não ter garantido estatuetas, o filme tem potencial para surpreender nas premiações.

Trilogia feminina

Com esta produção, o diretor chileno Pablo Larraín encerra sua trilogia de mulheres icônicas iniciada com o premiado "Jackie" (2016), protagonizado por Natalie Portman como Jacqueline Kennedy, pouco antes do assassinato do marido John Kennedy. O filme está para aluguel na plataforma Prime Video. 

Na sequência, em 2021, Larraín dirigiu o também premiado "Spencer", com Kristen Stewart vivendo o papel da Princesa Diana no início de seu divórcio do Príncipe Charles. Disponível na Prime Vídeo e Max para assinantes.


Ficha técnica:
Direção: Pablo Larraín
Roteiro: Steven Knight
Produção: Fabula Productions, Komplitzen Films, Filmnation Entertainment
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h03
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, musical

07 janeiro 2025

A histórica e inédita conquista do Globo de Ouro 2025

Elenco e diretor do filme na cerimônia de entrega do Globo de Ouro (Fotos: Globo de Ouro - Shayan Asgharnia)


Silvana Monteiro

Em 1986, Fernanda Torres alcançou um feito histórico ao conquistar o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, tornando-se a atriz brasileira mais jovem a receber essa honraria. Sua performance visceral no filme 'Eu Sei Que Vou Te Amar", dirigido por Arnaldo Jabor, conquistou não apenas o coração dos jurados, mas também deixou uma marca indelével no cenário do cinema internacional. 

Quase quatro décadas depois, em 2025, Fernanda adicionou outro marco memorável à sua história ao vencer o Globo de Ouro. No domingo, 5 de janeiro de 2025, a atriz foi consagrada como Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro por sua interpretação de Eunice Paiva em "Ainda Estou Aqui". 

                  

Único filme nacional entre o top 10, com mais de 3 milhões de ingressos vendidos, fechou 2024 como a quinta maior bilheteria do ano. Leia a crítica no blog clicando aqui.

Essa conquista histórica foi celebrada com ares de festa nacional e gerou especulações imediatas sobre sua possível inclusão na lista de indicados ao Oscar. 

Embora o Globo de Ouro tenha perdido parte de sua relevância como termômetro para o Oscar - ultrapassado pelas premiações dos sindicatos de atores, produtores, roteiristas e diretores -, é inegável que a vitória trouxe visibilidade global para a atriz brasileira.

Fotos do filme "Ainda Estou Aqui": Alile Dara Onawale

A caminho do Oscar?

Historicamente, apenas duas vencedoras de Melhor Atriz em Filme Dramático no Globo de Ouro ficaram fora da lista final do Oscar: Shirley MacLaine por "Madame Sousatzka" (1989) e Kate Winslet por "Foi Apenas Um Sonho" (2009). 

No entanto, a ausência de Fernanda Torres nas indicações ao Critics Choice Awards e na pré-lista do BAFTA lança uma dúvida sobre sua presença na cerimônia da Academia de Hollywood. Ainda assim, sua atuação em "Ainda Estou Aqui" é amplamente reconhecida como uma das mais impactantes do ano. 


Uma carreira repleta de marcos

Filha das lendas da dramaturgia brasileira Fernanda Montenegro e Fernando Torres, Fernanda cresceu imersa em um ambiente artístico. Desde cedo, demonstrou que o talento corria em suas veias. Sua estreia no cinema aconteceu com "A Marvada Carne" (1985), obra que já evidenciava sua habilidade em interpretar personagens complexos e autênticos.

Foi em "Eu Sei Que Vou Te Amar", porém, que Fernanda consolidou seu lugar entre os grandes nomes do cinema mundial. Contracenando com Thales Pan Chacon, deu vida a uma mulher que revisita sua relação amorosa em uma narrativa crua e intensa. Sua atuação, cheia de nuances, encantou audiências e críticos, rendendo comparativos com grandes estrelas do cinema europeu.

"Eu Sei Que Vou Te Amar" (Divulgação)

Conexão pessoal com o Globo de Ouro

A vitória de Fernandinha no Globo de Ouro por "Ainda Estou Aqui" é um testemunho de sua versatilidade e habilidade de transitar entre gêneros como drama, comédia e teatro.

Além disso, a conquista carrega um simbolismo especial: 25 anos atrás, sua mãe, Fernanda Montenegro, esteve entre as indicadas ao mesmo prêmio por Central do Brasil, mas não levou a estatueta. Agora, a filha fecha esse ciclo com uma memorável vitória.

Walter Salles e Fernanda Torres

Multifacetada e inquieta

Ao longo de sua trajetória, Fernanda Torres acumulou experiências que vão além da atuação. Seja na TV, no teatro ou no cinema, ela continua sendo uma referência para novas gerações de artistas. Recentemente, também tem se destacado como escritora, trazendo ao público textos que combinam humor e reflexão sobre a sociedade contemporânea.

Se o Globo de Ouro celebra trajetórias icônicas e talentos únicos, Fernanda Torres representa exatamente isso. Com a estatueta agora em sua prateleira, sua experiência, respaldada pela conquista, de fato transcenderá o tempo e as fronteiras.


O valor histórico e social de "Ainda Estou Aqui"

Adaptado do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, "Ainda Estou Aqui" é uma obra que resgata a importância da memória, da família e da resiliência. Mesclando autobiografia e biografia, o filme retrata a história de Eunice Paiva, mãe do autor, enquanto reflete sobre o contexto histórico e social brasileiro.

A narrativa relembra os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil, expondo o impacto pessoal e familiar da repressão. Eunice enfrentou a perda do marido, Rubens Paiva, um político torturado e desaparecido pelo regime militar. 

Mesmo diante dessa tragédia, ela mostrou coragem ao criar os filhos sozinha e lutar por justiça. A história ressalta o papel das mulheres na resistência e reconstrução social.


O filme também explora a relação de Marcelo com sua mãe durante sua batalha contra o Alzheimer, sensibilizando o público para a importância do cuidado com idosos e da empatia diante de doenças neurodegenerativas.  

Além disso, faz um apelo pela busca da verdade e reparação em relação aos desaparecidos políticos, reforçando a importância de manter viva a memória histórica para evitar a repetição de erros no futuro.

"Ainda Estou Aqui" transcende sua condição de uma história íntima e se torna um retrato do Brasil, da luta por direitos humanos e da capacidade de seguir em frente mesmo nas situações mais adversas.


06 janeiro 2025

Fernanda Torres é eleita melhor atriz dramática no Globo de Ouro 2025

Protagonista do filme "Ainda Estou Aqui", do diretor Walter Salles, foi a primeira brasileira a faturar
a estatueta (Montagem com reprodução TNT)


Maristela Bretas


A torcida foi grande e desta vez o prêmio saiu para a brasileira Fernanda Torres, que conquistou a estatueta de Melhor Atriz de Drama no Globo de Ouro 2025, por seu protagonismo no filme "Ainda Estou Aqui", do diretor Walter Salles.

Fernanda Torres entrou na disputa com estrelas premiadas e famosas de Hollywood, como Angelina Jolie, Tilda Swinton, Nicole Kidman, Kate Winslet e Pamela Anderson. Ela é a primeira brasileira a vencer o Globo de Ouro, que já foi disputado por Sônia Braga e por sua mãe, Fernanda Montenegro.

"Ainda Estou Aqui" (Foto: Alile Dara Onawale)

A atriz dedicou o prêmio a ela, que em 1999 disputou na mesma categoria e perdeu para Cate Blanchett. "Quero agradecer Walter Salles, meu parceiro, meu amigo. Que história, Walter! Quero dedicar isso para a minha mãe. Ela estava aqui 25 anos atrás. Isso é a prova de que a arte ultrapassa gerações. (...) Esse é um filme que nos ensina a sobreviver em tempos como esses”, discursou Fernanda Torres. 

Também agradeceu ao marido Andrucha Waddington e a seus filhos, a Selton Mello e a todo o elenco de "Ainda Estou Aqui" que, infelizmente, perdeu para a produção "Emília Pérez" na categoria de Melhor Filme em Língua Não-Inglesa. O longa brasileiro volta a disputar premiação de Melhor Filme Estrangeiro no próximo domingo (12), no 30º Critics Choise 2025.

"O Brutalista" (Foto: Universal Pictures)

Na edição do Globo de Ouro deste ano, realizada no Hotel Hilton, em Los Angeles, o filme "Emilia Pérez" levou outras três estatuetas. O segundo lugar ficou para "O Brutalista", com três premiações, e a série dramática "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" faturou quatro. 

A atriz Viola Davis e o ator Ted Danson receberam prêmios especiais por suas carreiras de sucesso no cinema e na TV. Confira a lista dos vencedores abaixo.

MELHOR FILME DRAMA - "O Brutalista"

MELHOR FILME COMÉDIA OU MUSICAL - "Emília Pérez"

MELHOR SÉRIE DRAMA - "Xógum"

MELHOR SÉRIE COMÉDIA OU MUSICAL - "Hacks"

MELHOR MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - "Bebê Rena"

MELHOR DIREÇÃO DE FILME - Brady Corbet ("O Brutalista")

MELHOR ATRIZ FILME DE DRAMA - Fernanda Torres ("Ainda Estou Aqui")

MELHOR ATOR FILME DE DRAMA - Adrien Brody ("O Brutalista")

MELHOR ATRIZ FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL - Demi Moore ("A Substância")

MELHOR ATOR FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL - Sebastian Stan ("Um Homem Diferente")

"Emilia Pérez" (Foto: Pathè Films)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE - Zoe Saldaña ("Emilia Pérez")

MELHOR ATOR COADJUVANTE DE FILME - Kieran Culkin ("A Verdadeira Dor")

MELHOR FILME EM LÍNGUA NÃO-INGLESA - "Emilia Pérez" (França)

MELHOR ANIMAÇÃO LONGA-METRAGEM - "Flow"

MELHOR ROTEIRO DE FILME - "Conclave"

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL DE FILME - "Rivais"

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL DE FILME - "El Mal" ("Emilia Pérez")

CONQUISTA CINEMATOGRÁFICA E DE BILHETERIA - "Wicked"

MELHOR ATOR SÉRIE DE DRAMA - Hiroyuki Sanada ("Xógum")

MELHOR ATOR SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL - Jeremy Allen White ("O Urso")

"Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" (Foto: FX)

MELHOR ATRIZ SÉRIE DE DRAMA - Anna Sawai ("Xógum")

MELHOR ATRIZ SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL - Jean Smart ("Hacks")

MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - Colin Farrell ("Pinguim")

MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - Jodie Foster ("True Detective: Terra Noturna")

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE - Tadanobu Asano ("Xógum")

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE - Jessica Gunning ("Bebê Rena")

MELHOR PERFORMANCE EM STAND-UP - Ali Wong ("Single Lady")

01 janeiro 2025

“Encontro com o Ditador” mistura drama, suspense e documentário para disputar o Oscar 2025

Obra é mais uma na filmografia do diretor Rithy Pahn para não deixar esquecer um período de sofrimento
da história do Camboja (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


O diretor cambojano Rithy Pahn traz aos cinemas seu mais novo longa, “Encontro com o Ditador” (“Rendez-Vous Avec Pol Pot”, 2024). Situado entre o suspense político e o documentário, a obra é mais uma na filmografia de Pahn a esmiuçar e combater o esquecimento de um período da história do Camboja. A estreia acontece nesta quinta-feira (2), com distribuição da Pandora Filmes. 

O filme é parcialmente inspirado no livro de não-ficção da jornalista norte-americana Elizabeth Becker, intitulado “When the War Was Over”. No longa, três jornalistas franceses são convidados para reportar ao Ocidente as maravilhosas mudanças políticas do Camboja no final dos anos 1970, período em que vigorava o Khmer Vermelho, a ditadura implantada por Pol Pot. 


Nas incursões por acampamentos e espaços públicos, guiadas pelos agentes do ditador (que apresentam cenários fabricados e delimitam o que pode ou não ser filmado), vai ficando mais evidente o incômodo e o perigo de se aproximar das verdades omitidas pelo regime do líder cambojano.   

O tirano foi o responsável por levar, à força, moradores de áreas urbanas para trabalhos no campo, visando implantar uma espécie de agrossocialismo. O dinheiro foi abolido e os inimigos do regime, assassinados. 


A desnutrição também colaborou para inúmeros óbitos nesse período. Aproximadamente um quarto da população do Camboja morreu, entre 1975 e 1979. 

Um genocídio ocultado pelo discurso de uma sociedade igualitária. Até faz lembrar os tempos atuais, onde a maldade se disfarça de moral cristã, e o ódio é praticado em nome de deus, pátria e família. 

No grupo dos visitantes está o fotojornalista Paul Thomás (interpretado por Cyril GueÏ), a repórter Lise Delbo (Ìrene Jacob) e o intelectual Alain Cariou (Grégoire Colin), que estudou na faculdade com o ditador e manteve essa amizade se correspondendo com ele por meio de cartas. 


O espectador é desafiado a não se enfurecer com a passividade de Alain, que parece ignorar as evidências das atrocidades cometidas para não desagradar o velho conhecido. Uma boa atuação.  

Paul e Lise também não são personagens com histórias profundas, mas expõem o suficiente de suas personalidades para aquele contexto. Um mais explosivo e a outra mais dissimulada para “jogar o jogo” e, assim, obter relatos e fotografias que capturem o que realmente acontece no país. 

A direção consegue imprimir também sensações intimidatórias e quase claustrofóbicas. Em diversos momentos a tela é recheada de elementos, figuras armadas, em constante clima de ameaça. A tensão de um regime ditatorial fica quase palpável. E frequentemente a imagem do ditador compõe a cena, observando tudo. 


A direção opta por um jogo de luz e sombras para não revelar o ator que dá vida a Pol Pot. Cabe ao espectador captar os fragmentos, os atos cometidos por ele e criar a imagem daquele homem. 

Assim como a personificação do ditador é poupada, a violência explicita também. Não há sangue e carnificina na tela, mas o horror se faz presente.     

Vale destacar o desenvolvimento da história por meio de bonecos. Pahn adiciona ao filme cenários e personagens em miniatura, para ilustrar algumas situações. Mas não se trata de um stop-motion

É a câmera que se desloca e traz movimento (e apreensão) à cena. Um recurso criativo que casa bem com a narrativa, em alguns momentos. Em outros, são dispensáveis. 


Outro elemento a engrossar esse caldo é a trilha sonora. Os sons - e a ausência dele também - dão o recado na medida e levam o espectador por diálogos que ficam sem resposta e mesmo assim dizem muito. E por cenas mais longas (e tensas), que desembocam em um desfecho nada pacificador. 

O longa está selecionado como representante do Camboja no Oscar 2025. Mais um reconhecimento para um diretor que dedicou uma vida a filmar seu país e recebeu o prêmio Un Certain Regard, em Cannes, por “A Imagem que Falta” e o Urso de Ouro de melhor contribuição artística por “Everything Will Be Ok”. 


Ficha técnica:
Direção: Rithy Panh
Roteiro: Pierre Erwan Guillaume e Rithy Panh
Produção: CDP e Anupheap, TAICCA, Doha Film Institute, TRT Sinema, LHBx An Attitude, Obala Centar
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: Cinemark Pátio Savassi e Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 1h52
Classificação: 14 anos
Países: Camboja, Catar e Taiwan
Gêneros: documentário, drama


06 novembro 2024

"Ainda Estou Aqui" - um filme sobre resiliência, coragem e tempos sombrios

O aguardado longa de Walter Salles entra em cartaz nos cinemas de BH e promete cativar o público
(Fotos: Alile Dara Onawale/Divulgação)


Eduardo Jr.


Estreia nesta quinta-feira (7/11), o longa "Ainda Estou Aqui", novo trabalho do diretor Walter Salles, distribuído pela Sony Pictures. Coincidência ou não, no mesmo dia da morte de Evandro Teixeira, fotojornalista que clicou momentos icônicos do combate à ditadura no Brasil, a equipe do Cinema no Escurinho foi convidada para acompanhar a pré-estreia deste que se configura como mais um resgate memorável desse triste período da história. 

O buzz em torno do filme, após a exibição no Festival de Veneza, tem tudo para se justificar em terras brasileiras. Adaptado do livro homônimo do jornalista Marcelo Rubens Paiva, o longa conta a história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo e mulher do ex-deputado Rubens Paiva, que é levado de casa por policiais, nos anos 1970, dando início ao drama.


Aliás, o termo "drama" se aplica mais ao segundo ato da obra, que inicia com a apresentação das personagens e com um suspense, canalizado na presença dos caminhões com militares, que passam pelas ruas e provocam um incômodo na protagonista, em contraste com o cotidiano festivo do casal e seus cinco filhos. 

Walter Salles é inteligente ao mostrar Rubens Paiva (Selton Mello) com uma rotina familiar e depois sua prisão sem motivos claros. Imprime a percepção de que, na ditadura, qualquer coisa era motivo para violar direitos. 

Deixa no espectador o vazio da falta daquele personagem (talvez uma espécie de simulacro da falta que um ente desaparecido deixa nos familiares). É aí que o cotidiano solar e colorido da família começa a se transformar.  

(Foto: Lais Catalano Aranha/Divulgação)

A entrada dos milicos é digna de "O Poderoso Chefão" (1972), com sujeitos mal-intencionados emergindo das sombras. A fotografia faz questão de escurecer a tela. A maldade do regime consegue causar impacto no espectador sem apelar para arroubos cinematográficos ou de emoção. E nem precisa. 

A câmera nos faz enxergar a Eunice criada por Fernanda Torres, uma escolha visual que se mostra acertadíssima! A protagonista começa uma mulher de classe média alta, muda para dona de casa sem privilégios, se reinventa como advogada, e comunica tudo com uma atuação e expressões impecáveis, entregando melancolia e força até nos gestos mais sutis. 

Além de Fernanda, todo o elenco parece ter entendido que menos é mais. O filme traz atuações precisas e bem sintonizadas entre atores que dão vida aos personagens na 1ª fase e os que assumem após a passagem de tempo. 


Ponto positivo também para a excelente trilha sonora, com músicas da época muito condizentes com a mensagem e com o momento (de ontem e o atual, embora o filme seja também sobre memória). 

Uma dessas pautas da atualidade já era parte da biografia de Eunice. Após a tragédia familiar, ela voltou a estudar, se formou em Direito e passou a atuar em prol das causas indígenas (que voltaram aos noticiários, recentemente) e violações dos Direitos Humanos. 

Se assim podemos dizer, uma das vitórias foi a dela própria, ao obter a certidão de óbito do marido. Eunice recebe o documento como sempre fez, sorrindo. Por ordem dela, não era permitido à família Paiva chorar ou sofrer frente às câmeras, pois essa seria uma vitória dos assassinos que destruíram tantas outras famílias brasileiras. 


Eunice morreu em dezembro de 2018, com 86 anos, em decorrência do Mal de Alzheimer. Está representada nessa fase final por Fernanda Montenegro. E com a mesma força expressiva que a filha deu à personagem no início e meio do longa. 

No final deste filme, de tamanho refinamento técnico que mal se percebe o passar das duas horas de exibição, o espectador observa algo que pode ser interpretado como o que essas famílias experimentam: a busca de uma completude que nunca mais existirá. O que fica, é memória. Filme imperdível! 

"Ainda Estou Aqui" é a produção brasileira escolhida para integrar a lista de possíveis indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025. A prévia dos finalistas sai no dia 17 de dezembro e a lista com os cinco escolhidos será divulgada no dia 17 de janeiro. 


Ficha técnica:
Direção: Walter Salles
Roteiro: Murilo Hauser e Heitor Lorega
Produção: Mact Productions, VideoFilmes, Arte France, RT Features
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h15
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: drama, suspense