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31 março 2025

"Girassol Vermelho": um exagero de estranhezas, metáforas e absurdos que cansam o espectador

Protagonista, interpretado na medida por Chico Díaz, tenta fugir do seu passado entrando num trem misterioso (Fotos: Pandora Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


É possível imaginar, mesmo sem nunca ter dirigido um filme, que retratar a obra de Murilo Rubião no cinema é tarefa difícil, quase impossível, mesmo que seja apenas uma homenagem. 

Ao que parece, Eder Santos tentou fazer isso, mesmo caindo na tentação de realizar um longa pesado, até certo ponto incompreensível, obscuro e misterioso, muitas vezes pecando pelo excesso de metáforas. 


Definitivamente, "Girassol Vermelho", livremente inspirado no mineiro Rubião, considerado o precursor do realismo fantástico, não é um filme fácil de assistir. O longa poderá ser conferido a partir do dia 3 de abril nos cinemas.

Se alguém se der ao trabalho de ler a sinopse do filme antes de vê-lo, vai ficar sabendo que Romeu, personagem interpretado na medida por Chico Díaz, tenta fugir do seu passado, entra num trem misterioso, mas para em algum lugar onde, desde o início, é questionado, maltratado e torturado por um sistema opressor que o espectador imagina - apenas imagina - qual seja. Um governo autoritário? A própria consciência de Romeu? Realidade ou pesadelo?


Os personagens vão entrando na história - que não é história - aos poucos. Da mulher de vermelho interpretada por Luiza Lemmertz que faz a dama fatal que atrai o homem para uma armadilha, até uma espécie de Grande Irmão, feito por Daniel Oliveira e que só aparece numa tela. 

Até os indefectíveis homens e mulheres da lei - interpretados por Bárbara Paz, Renato Parara e outros. Também não faltam cenas que parecem ser julgamentos, em que as testemunhas acusam Romeu de ser o homem que pergunta, que questiona, que quer saber.


Saliente-se que o calvário do personagem central se passa em um mesmo local, uma espécie de galpão industrial, constantemente envolto em fumaça - ou seria névoa? 

Com cara de filme experimental, "Girassol Vermelho" parece pecar pelas cenas longas, como a de um jantar onde todos estão sufocados dentro de sacos plásticos, menos Romeu, enquanto garçons servem e retiram pratos e copos. 


Se o objetivo era causar estranheza, o filme codirigido por Thiago Villas Boas atinge sua meta com louvor. Mas dificilmente vai conseguir conquistar o público médio de cinema. 

Mesmo reconhecendo que não se pode esperar algo verossímil a partir da obra de Murilo Rubião, que encantou e encanta leitores mundo afora com seus contos ao mesmo tempo belos e absurdos. No caso do longa, sobraram absurdos, faltou beleza.

PS: há uma única menção ao conto "A Casa do Girassol Vermelho", de Murilo Rubião, bem no início do filme, quando uma mulher lê um primeiro parágrafo para Romeu, assim que ele entra no trem.


Ficha técnica:
Direção: Eder Santos e codireção de Thiago Villas Boas
Roteiro: Mônica Cerqueira
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gênero: drama

25 março 2025

"Quando Chega o Outono" explora a complexidade das relações humanas e seus segredos

François Ozon volta às telonas com um drama para prender o público com mistérios intrigantes
(Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


No outono caem as folhas que mascaram as árvores, e o clima festivo e solar do verão começa a esmaecer. Em "Quando Chega o Outono" ("Quand Vint L'Automne") novo filme de François Ozon, essa metáfora nos provoca sobre as máscaras de cada personagem e a opção por não jogar luz sobre determinados atos. O longa chega aos cinemas brasileiros dia 27 de março, com distribuição da Pandora Filmes. 

O diretor francês, que já filmou comédias, suspenses e musicais, agora oferece um drama que se debruça sobre a complexidade das relações humanas, promovendo um jogo sobre os segredos, traumas e atitudes de cada um perante determinadas situações. Destaque também para a bela fotografia, que explora muito bem as paisagens e cores fortes do Outono.


Na trama, as histórias de duas famílias se entrelaçam por conta de acontecimentos que deixam o público em suspense. De um lado está Michelle (personagem da ótima Hélène Vincent). Moradora de um vilarejo da Borgonha, ela está ansiosa para passar alguns dias na companhia do neto, Lucas (Garlan Erlos). 

Quem vai levar o garoto para a casa da avó é a mãe dele, Valérie (Ludivine Sagnier, que trabalhou com Ozon em "Swimming Pool - À Beira da Piscina" - 2003). Na casa próxima está Marie Claude (Josiane Balasko), melhor amiga de Michelle, que a ajuda a colher cogumelos para o almoço das visitas. 


A relação entre Michelle e Valérie não é nada boa, e piora quando a filha vai parar num hospital após acidentalmente comer cogumelos envenenados na casa da mãe. Quem apoia a avó de Lucas neste episódio é Marie-Claude, cujo filho acaba de sair da prisão, o misterioso Vincent (Pierre Lottin), personagem central no andamento da trama. 

Vincent conhece Valérie desde a infância e vai atrás dela para tentar ajudar Michelle, que o acolheu e ofereceu trabalho ao ex-presidiário. Mas o encontro entre os dois é o ponto que vai movimentar a vida de todas as personagens.


Por que mãe e filha têm uma relação tão difícil? Existe de fato um culpado nos eventos do filme? Será que as consequências foram todas planejadas ou são apenas frutos do destino? Proteger alguém é algo que se faz naturalmente ou por interesse? Será que a inocência das pessoas apenas parece estar presente ou é genuína? Ozon provoca o espectador a refletir sobre os mistérios ali contidos, questionar, duvidar - e até julgar, afinal, é o que todos fazemos. 


Atos do passado, culpa, solidão, amizade, manipulação, crime, segredos, velhice, afeto, redenção... Tudo isso compõe o pacote de reflexões que François Ozon nos lança nesta obra. E as respostas podem estar não no fim, mas no início do filme (fica a dica). 

Assim como na estação em que as folhas caem, reduzindo a sombra da copa das árvores, em "Quando Chega o Outono" resta aos personagens aceitar que não há sombra que os impeça de encarar seus próprios segredos.


Ficha Técnica:
Direção: François Ozon
Roteiro: François Ozon e Philippe Piazzo
Duração: 1h42
Produção: Foz
Distribuição: Pandora Filmes
Classificação: 14 anos
País: França
Gêneros: drama, suspense

11 março 2025

“Máquina do Tempo” promete prender o público com viagens temporais e Segunda Guerra Mundial

Com imagens em preto e branco, longa aborda a criação, por duas irmãs, de um dispositivo que permite obter informações do futuro (Fotos: Pandora Filmes)



Eduardo Jr.


Estreia no dia 13 de março o longa “Máquina do Tempo” ("Lola", 2022), dirigido por Andrew Legge e distribuído pela Pandora Filmes. A obra aborda a criação de uma máquina que permite obter informações do futuro e, com isso, é utilizada por suas descobridoras para interferir na Segunda Guerra Mundial. 

A estética pode ser lida como ponto positivo ou negativo da obra. A filmagem no estilo “found footage” (ou “filmagem encontrada”, traduzindo do inglês) está presente em cenas que simulam gravações feitas pelas protagonistas, as irmãs Thomasina (Emma Appleton) e Martha (Stefanie Martini). 


O longa foi realizado com câmeras e lentes autênticas da década de 1930 e processado em um tanque de revelação de 16mm da era soviética. Por isso as imagens em preto e branco, granuladas – e, por vezes, escuras demais, impactando a leitura das cenas pelo espectador. 

Na trama, as duas irmãs constroem uma máquina que intercepta transmissões de rádio e TV do futuro. Após o fascínio com a produção cultural que ainda surgiria (entre as descobertas estão The Kinks e David Bowie), vem a ideia de utilizar a tecnologia como elemento transformador do cenário provocado pela Segunda Guerra, ocorrida entre 1939 e 1945. 


O espectador pode se lembrar de alguns títulos do passado diante da proposta de “Máquina do Tempo”: conhecer canções que não existem naquele mundo pode remeter a “Yesterday” (2019), filme em que o protagonista se torna ‘autor’ de clássicos dos Beatles, já que ninguém conhecia os quatro rapazes de Liverpool. 

Ver o futuro e intervir no que está para acontecer pode lembrar “Minority Report” (2002). Já a temática de alterar a realidade sem pensar nas consequências disso no futuro pode trazer à tona memórias de “Efeito Borboleta” (2004). 


É interessante ver na tela duas mulheres se colocando como donas do jogo, acompanhar o romance que se põe no fundo, e mais ainda, ser apresentado a cenários hipotéticos acerca do conflito entre a Alemanha de Hitler e o restante da Europa. Mas para além do resultado da guerra, todo mundo sai perdendo - afinal, o que seria de um mundo em que não há um David Bowie? 

Esta ficção científica é uma provocativa produção irlandês-britânica, que vem chamando a atenção. O filme, que é a estreia de Andrew Legge na direção de longas, foi indicado ao prêmio Swatch de Melhor Primeiro Filme no Festival de Locarno em 2022. 

Se podemos dar alguma dica sobre este filme, lá vai: não perca, pois não dá pra voltar no tempo e rever essa obra tão interessante. 


Ficha técnica:
Direção: Andrew Legge
Roteiro: Andrew Legge e Angeli Macfarlane
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h19
Classificação: 14 anos
Países: Irlanda, Reino Unido
Gêneros: Ficção científica, guerra, drama

11 fevereiro 2025

"Aos Pedaços" estreia com a promessa de melhor fotografia que você verá este ano

Diretor Ruy Guerra ousa ao criar um jogo de suspenses e paranoias entre protagonistas (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


O cineasta Ruy Guerra está de volta aos cinemas. Aos 93 anos, ele estreia nesta quinta-feira (13/02) “Aos Pedaços”, longa finalizado em 2020 em que luz e sombra emolduram magistralmente um thriller psicológico ousado. A distribuição é da Pandora Filmes. O filme está em exibição no UNA Cine Belas Artes.

Na trama, Eurico Cruz (personagem vivido por Emilio de Mello) se divide entre duas mulheres, com o mesmo nome. Ana (Simone Spoladore) mora em uma casa na praia, enquanto Anna (Christiana Ubach), mora em uma casa idêntica, em uma área deserta.


Ao receber um bilhete anunciando sua morte, assinado por “A”, a paranoia do protagonista se intensifica. Mais ainda diante da presença de Eleno (Julio Adrião). A presença de uma garrafa nas mãos do trôpego Eurico faz o espectador pensar em delírios, e depois, duvidar das alucinações. 

Aí está uma das ousadias do diretor: neste jogo de suspenses e paranoias, ele deixa aberta a possibilidade de uma vingança das duas por saberem que não são únicas na vida de Eurico. Estariam as duas mulheres cientes da existência uma da outra?


A relação do protagonista com uma delas é mais misteriosa. Com outra, provocativa. E as duas atrizes vão desenrolando na tela possíveis motivações para tramar contra o marido. E a Eurico cabe transitar entre a passividade e o desespero, até solucionar sua angústia. 

As interpretações mais teatralizadas podem agradar ou não ao espectador, mas sustentam o aspecto artístico, experimental e atrevido de Ruy Guerra.   


Para além da trama, está a fotografia. Pablo Baião apresenta um preto e branco em enquadramentos hipnotizantes. A música de Fracktura, narração de Arnaldo Antunes e desenho de som de Bernardo Uzeda completam o pacote. 

Não por acaso o filme foi premiado no Festival de Gramado com Kikitos de Melhor Fotografia, Melhor Som e Melhor Diretor. 

Este não é um filme que se resume em uma palavra. É uma grande viagem, é instigante, é bonito, questiona a realidade, e talvez seja ainda mais, a depender da experiência do espectador. Mas além de tudo, é a oportunidade de valorizar mais um grande talento do cinema brasileiro.  


Ficha técnica:
Direção: Ruy Guerra
Roteiro: Ruy Guerra e Luciana Mazzotti
Produção: Kinossauros Filmes, Tacacá Filmes
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: UNA Cine Belas Artes - sala 1, sessão das 18h30
Duração: 1h33
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: thriller psicológico, drama

29 janeiro 2025

"Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado" mistura jazz, colonialismo e muita criatividade

Documentário chega aos cinemas brasileiros após conquistar vários prêmios em festivais internacionais
e é forte candidato ao Oscar 2025 (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


Sem os mesmos holofotes de obras como “Ainda Estou Aqui”, “Emília Perez” ou “Wicked”, o longa “Trilha Sonora Para um Golpe de Estado” ("Soundtrack To a Coup D’Etat"), indicado ao Oscar 2025 para o prêmio de Melhor Documentário, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (30) e promete agradar bastante ao público. 

Dirigido pelo cineasta belga Johan Grimonprez, o longa costura de forma genial o colonialismo da Bélgica sobre o Congo, o interesse internacional no país que buscava ser independente e a produção musical do jazz norte-americano entre as décadas de 1950 e 1960. A distribuição fica a cargo da Pandora Filmes. 


O documentário chama a atenção não só por reunir nomes como Malcolm X, Nina Simone e Thelonious Monk, mas porque, desde a estreia no Festival de Sundance em 2024, vem conquistando prêmios como o Especial do Júri por Inovação Cinematográfica, Prêmio de Melhor Roteiro e de Melhor Montagem pela Associação Internacional de Documentários. 

Tudo começa com a apresentação dos artistas Abbey Lincoln e Max Roach, que entraram em uma assembleia da ONU para denunciar o assassinato do líder congolês Patrice Lumumba. 

Este, que pode parecer um spoiler, é apenas o primeiro passo para uma trilha investigativa sobre tudo o que foi arquitetado para que Bélgica e Estados Unidos mantivessem seus planos imperialistas sobre o país africano. 


E como o jazz se funde a essa trama? A frase de Max Roach pode ser vista como resposta: “Nós usamos a música como uma arma contra a desumanidade do homem contra o homem”. A linguagem universal da música foi o suporte para contar partes dessa história. 

No desenrolar do documentário o espectador vai descobrindo como os Estados Unidos tentaram se aproveitar do talento de artistas como Dizzy Gillespie e Louis Armstrong, como a Bélgica se comportava no papel de colonizadora e como a ONU foi usada nesta trama. Tudo isso costurado com maestria na edição de Rik Chaubet e no design de som de Ranko Paukovic. 


A excelente produção de arquivo de Sara Skrodzka entrega entrevistas, discursos políticos da época e apresentações musicais que aderem perfeitamente à obra, construindo uma narrativa que impressiona. 

Grimonprez, além de dirigir, roteiriza uma obra que tem força para se manter na memória, tamanha inventividade colocada na tela. Trata-se de uma visão anti-imperialista, criativa e educativa, posto que tal capítulo da história mundial não se ensina nas escolas (eu, pelo menos, não tive uma aula tão esclarecedora sobre esse golpe). E certamente, as aulas que tive foram mais exaustivas, enquanto as duas horas e meia do documentário desfilaram hipnotizando meu olhar. 

E parece jazz. Dá a impressão de certa desordem em alguns instantes, provoca tensão, mas no final tudo se harmoniza e você se pega até sorrindo com a genialidade da obra. 

Tal qual um show de blues, pode ser um documentário apresentado em um palco à meia luz, mas no final, aposto que você aplaudir. Confira e me conte. 


Ficha Técnica:
Direção: Johan Grimonprez
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h30
Classificação: 14 anos
Países: Bélgica, França, Holanda
Gênero: documentário

14 janeiro 2025

Sensível e perturbador, "Redenção" trata da difícil arte de perdoar

Blanca Portillo tem atuação irretocável como a viúva que precisa se encontrar com os assassinos de seu marido (Fotos: Epicentre Films)


Mirtes Helena Scalioni


São sempre reveladores, emotivos e repletos de convites à reflexão, filmes que tratam da ingerência do terrorismo - seja ele do Estado ou não - na vida do cidadão. Exemplo típico é "Ainda Estou Aqui", que mostra como o governo ditatorial transformou para sempre a vida de uma família típica carioca no início dos Anos 1970. 

Programado para entrar em cartaz em todo o país a partir do dia 16 de janeiro, o espanhol "Redenção" faz parte desse time de longas, ao contar a história real de Maixabel Lasa, cujo marido foi barbaramente assassinado por integrantes do ETA, grupo separatista basco que aterrorizou a Espanha entre 1950 e 2010.


E, neste caso, a diretora e roteirista Icíar Bollain vai além, ao refazer o encontro da viúva com algozes do seu marido. O resultado é emoção pura.

Há momentos em que "Redenção" parece mais um documentário, apesar de absurdo. Por ser baseado em fatos, o drama exala realidade ao retratar a violência do terrorismo, a quase inocência dos jovens militantes que aceitavam matar sem justificativas, apenas obedecendo suas lideranças. 

Foi num episódio desses que três homens mataram, praticamente à queima-roupa, Juan Mari, o marido de Maixabel. 


Como se não bastasse tanto absurdo, dez anos depois, a viúva é convidada a se encontrar com os assassinos e, quem sabe, perdoá-los, numa espécie de programa de reconciliação. 

É preciso salientar aqui a atuação irretocável de Blanca Portillo no papel da protagonista, que imprime uma pesada carga emocional ao filme, sem, contudo, torná-lo insuportável. 

Pelo contrário, a personagem, apesar de forte, é humanizada brilhantemente pela atriz, experiente e muito premiada. Um dos prêmios mais importantes ela recebeu em Cannes, em 2006, por "Volver", obra-prima de Pedro Almodóvar.  


O título original do filme, inclusive, é "Maixabel", já que o longa se concentra primordialmente nessa mulher que se tornou líder de uma entidade internacional, a Associação das Vítimas de Terrorismo.

Na verdade, todo o elenco de "Redenção" parece ter sido escolhido com muito critério. Luiz Tosar como Ibon, e Urko Olazabal como Luiz Carrasco, dois dos matadores, estão corretíssimos como militantes perdidos em meio a tanta violência, se perguntando por que escolheram a vida de clandestinos, mas esperançosos de poder tentar reescrever as próprias vidas. 


Destaque também para Maria Cerezuela como a jovem Maria, filha de Maixabel, que se viu órfã da noite para o dia, e Maria Jesus Hoyos, como a mãe do atormentado Ibon. 

Pode ter sido uma jogada de mestre fazer a versão do titulo do filme de Icíar Bollain para "Redenção", em vez de manter o título original. Em tempos de tanta violência e polarização, uma obra que trata da possibilidade do perdão como alternativa de resgatar a paz pode ser exemplarmente bem-vinda.


Ficha técnica:
Direção: Icíar Bollain
Roteiro: Isa Campo e Icíar Bollaín
Produção: Kowalski Films e Feelgood Films
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h56
Classificação: 12 anos
País: Espanha
Gêneros: drama

01 janeiro 2025

“Encontro com o Ditador” mistura drama, suspense e documentário para disputar o Oscar 2025

Obra é mais uma na filmografia do diretor Rithy Pahn para não deixar esquecer um período de sofrimento
da história do Camboja (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


O diretor cambojano Rithy Pahn traz aos cinemas seu mais novo longa, “Encontro com o Ditador” (“Rendez-Vous Avec Pol Pot”, 2024). Situado entre o suspense político e o documentário, a obra é mais uma na filmografia de Pahn a esmiuçar e combater o esquecimento de um período da história do Camboja. A estreia acontece nesta quinta-feira (2), com distribuição da Pandora Filmes. 

O filme é parcialmente inspirado no livro de não-ficção da jornalista norte-americana Elizabeth Becker, intitulado “When the War Was Over”. No longa, três jornalistas franceses são convidados para reportar ao Ocidente as maravilhosas mudanças políticas do Camboja no final dos anos 1970, período em que vigorava o Khmer Vermelho, a ditadura implantada por Pol Pot. 


Nas incursões por acampamentos e espaços públicos, guiadas pelos agentes do ditador (que apresentam cenários fabricados e delimitam o que pode ou não ser filmado), vai ficando mais evidente o incômodo e o perigo de se aproximar das verdades omitidas pelo regime do líder cambojano.   

O tirano foi o responsável por levar, à força, moradores de áreas urbanas para trabalhos no campo, visando implantar uma espécie de agrossocialismo. O dinheiro foi abolido e os inimigos do regime, assassinados. 


A desnutrição também colaborou para inúmeros óbitos nesse período. Aproximadamente um quarto da população do Camboja morreu, entre 1975 e 1979. 

Um genocídio ocultado pelo discurso de uma sociedade igualitária. Até faz lembrar os tempos atuais, onde a maldade se disfarça de moral cristã, e o ódio é praticado em nome de deus, pátria e família. 

No grupo dos visitantes está o fotojornalista Paul Thomás (interpretado por Cyril GueÏ), a repórter Lise Delbo (Ìrene Jacob) e o intelectual Alain Cariou (Grégoire Colin), que estudou na faculdade com o ditador e manteve essa amizade se correspondendo com ele por meio de cartas. 


O espectador é desafiado a não se enfurecer com a passividade de Alain, que parece ignorar as evidências das atrocidades cometidas para não desagradar o velho conhecido. Uma boa atuação.  

Paul e Lise também não são personagens com histórias profundas, mas expõem o suficiente de suas personalidades para aquele contexto. Um mais explosivo e a outra mais dissimulada para “jogar o jogo” e, assim, obter relatos e fotografias que capturem o que realmente acontece no país. 

A direção consegue imprimir também sensações intimidatórias e quase claustrofóbicas. Em diversos momentos a tela é recheada de elementos, figuras armadas, em constante clima de ameaça. A tensão de um regime ditatorial fica quase palpável. E frequentemente a imagem do ditador compõe a cena, observando tudo. 


A direção opta por um jogo de luz e sombras para não revelar o ator que dá vida a Pol Pot. Cabe ao espectador captar os fragmentos, os atos cometidos por ele e criar a imagem daquele homem. 

Assim como a personificação do ditador é poupada, a violência explicita também. Não há sangue e carnificina na tela, mas o horror se faz presente.     

Vale destacar o desenvolvimento da história por meio de bonecos. Pahn adiciona ao filme cenários e personagens em miniatura, para ilustrar algumas situações. Mas não se trata de um stop-motion

É a câmera que se desloca e traz movimento (e apreensão) à cena. Um recurso criativo que casa bem com a narrativa, em alguns momentos. Em outros, são dispensáveis. 


Outro elemento a engrossar esse caldo é a trilha sonora. Os sons - e a ausência dele também - dão o recado na medida e levam o espectador por diálogos que ficam sem resposta e mesmo assim dizem muito. E por cenas mais longas (e tensas), que desembocam em um desfecho nada pacificador. 

O longa está selecionado como representante do Camboja no Oscar 2025. Mais um reconhecimento para um diretor que dedicou uma vida a filmar seu país e recebeu o prêmio Un Certain Regard, em Cannes, por “A Imagem que Falta” e o Urso de Ouro de melhor contribuição artística por “Everything Will Be Ok”. 


Ficha técnica:
Direção: Rithy Panh
Roteiro: Pierre Erwan Guillaume e Rithy Panh
Produção: CDP e Anupheap, TAICCA, Doha Film Institute, TRT Sinema, LHBx An Attitude, Obala Centar
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: Cinemark Pátio Savassi e Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 1h52
Classificação: 14 anos
Países: Camboja, Catar e Taiwan
Gêneros: documentário, drama


06 dezembro 2024

Em tempos de crise climática, assistir “Os Sonhos de Pepe” é uma obrigação

O ex-presidente do Uruguai é o narrador deste documentário que é um alerta à humanidade (Fotos: Pablo Trobo)


Jean Piter Miranda


Enchentes no Rio Grande do Sul e na região de Valência, na Espanha, e o furacão Milton, nos Estados Unidos. O que tudo isso tem em comum? São efeitos do aquecimento global, provocado pela poluição gerada pelos humanos. Um cenário que está se agravando a cada dia e que acende um alerta: precisamos fazer algo urgente para salvar o mundo! Nesse caso, para salvarmos nós mesmos e as próximas gerações. 

Essa é a essência de “Os Sonhos de Pepe” ("Los Sueños de Pepe – Movimiento 2052"), documentário sobre as ideias do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, que está em cartaz no Cine UNA Belas Artes, em Belo Horizonte, e em vários outros cinemas pelo Brasil. 


Com cerca de uma hora e meia de duração, o documentário acompanha algumas viagens que Mujica fez pelo mundo durante o período em que presidiu o Uruguai, entre 2010 e 2015. Passou por Estados Unidos, Japão e Europa, em compromissos oficiais, onde foi recebido por autoridades. 

Entre uma viagem e outra, Mujica, narrador do documentário, compartilha suas reflexões. Faz críticas ao capitalismo predatório que tem sobrecarregado o planeta com o excesso de produção, ao modo de vida estadunidense, baseado no consumismo, e à gigantesca produção de lixo, que está comprometendo nossa própria sobrevivência. 


Os discursos de Mujica são endossados pelo seu exemplo. Embora não se trate de uma biografia, o documentário conta parte de sua vida. Dos tempos de guerrilha, da luta contra a ditadura, o período de 12 anos de prisão e a chegada à presidência do Uruguai. 

Entretanto, o destaque é para o modo de vida simples que Pepe leva com sua inseparável esposa, Lucía Topolansky. O casal vive em uma chácara numa área rural nos arredores de Montevidéu. Uma moradia simples, por escolha deles. Mujica foi presidente e senador do Uruguai. Sua esposa também foi senadora. Eles poderiam ter uma vida diferente, mas optaram pela austeridade. Mais do que palavras, o exemplo. 


"Os Sonhos de Pepe" faz parte um da trilogia dirigida pelo uruguaio Pablo Trobo. A fotografia é um dos destaque do documentário. A escolha das imagens que cobrem as reflexões de Mujica são muito bem casadas. É prazeroso de se ver. 

Outro ponto que chama a atenção é a popularidade de Pepe. Em todos os lugares em que passa, ele arrasta multidões de admiradores, principalmente jovens. Todos querem ouvir suas ideias. 

“Os Sonhos de Pepe” chega em um momento importante. Como o próprio Mujica diz, o tempo está se acabando. Mais do que refletir, é preciso agir com urgência. Começar assistindo esse documentário é uma boa pedida. 


Ficha técnica
Direção, montagem, produção e fotografia: Pablo Trobo
Produção: Atlantida Studios e Tangerina Films
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: Cine Una Belas Artes - sala 2 – sessão às 19 horas
Duração: 1h26
Classificação: 10 anos
País: Uruguai
Gênero: documentário

18 novembro 2024

"Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" - imersão poético sensorial nas vivências de uma mulher negra

A personagem Mackenzie é interpretada por quatro atrizes diferentes que vão representá-la em cada fase da vida (Fotos: A24/Divulgação) 


Silvana Monteiro


A chegada de "Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" ("All Dirt Roads Taste of Salt") aos cinemas de Belo Horizonte em 21 de novembro não poderia ser mais oportuna. No mês da Consciência Negra e um dia após o feriado nacional que celebra a luta, resistência e o valor ancestral do povo negro, o filme, dirigido por Raven Jackson, apresenta uma narrativa visual e poética que retrata com profunda sensibilidade a trajetória de uma mulher negra no Mississippi ao longo de décadas. 

Com momentos singelos e intensos, a obra se torna um tributo à força, memória e histórias que moldam a identidade da protagonista. Adotando uma estratégia narrativa de poucos diálogos e focando-se nos sons e nas imagens captadas em 35mm, o filme evoca uma conexão profunda com a natureza e o ambiente rural dos anos sessenta, conferindo um significado diferenciado a cada cena. 


O drama, produzido pela A24 e distribuído pela Pandora Filmes, estreou no Festival de Sundance em 2023 ´é uma homenagem à riqueza das emoções humanas e às experiências que moldam uma personalidade.  

Destaque para a abordagem poética e sensorial, oferecendo uma experiência cinematográfica que foge do convencional. Dirigido com uma sensibilidade rara, o filme convida a uma imersão nas camadas da memória e da identidade negra no sul dos Estados Unidos , através da vivência de sua protagonista.

O longa acompanha a vida de Mackenzie, uma mulher negra no Mississippi, desde a sua infância até a idade adulta, revelando suas alegrias, dores e o impacto do tempo, do espaço e das relações. 

A personagem é interpretada por quatro atrizes diferentes para representá-la em cada fase da vida. São elas Mylee Shannon, Kaylee Nicole Johnson, Charleen McClure e Zainab Jah. 


A narrativa é construída como um mosaico, uma coleção de memórias, que se entrelaçam para formar um retrato da vida da protagonista. Os diálogos, minimalistas e precisos, funcionam como complemento à atmosfera, mais do que como condutores da história.

Cada palavra é cuidadosamente escolhida, carregando uma profundidade que ressoa com a experiência vivida. Esse estilo narrativo privilegia o silêncio como uma linguagem própria da obra, onde os gestos, toques e olhares dizem mais que qualquer discurso.


A fotografia é um dos pontos mais fortes do filme. A câmera capta a textura da terra, da pele, dos cabelos; o timbre aveludado das vozes em conversas íntimas; o brilho do sol filtrado pelas árvores e os tons quentes que dominam a paleta visual, ecoando a estética negra que embeleza seus personagens. 

Cada cena é cuidadosamente composta, quase como uma pintura, refletindo a conexão visceral entre a protagonista e sua terra. A forma como a luz é utilizada para destacar os detalhes dos rostos e das paisagens cria uma intimidade visual que aproxima o espectador da experiência intimista dos acontecimentos.

O design de som é outro destaque especial. A trilha sonora, composta majoritariamente por sons ambientes e mínimas músicas instrumentais, cria uma atmosfera imersiva. O espectador é transportado para cada ação desenvolvida pelos personagens, desde o ato de pescar até o manuseio do solo.

Os sons da natureza - o vento passando pelas folhas, o murmúrio de um riacho distante, os grilos - são integrados para intensificar o senso de pertencimento e nostalgia.


A diretora, que também é poeta e fotógrafa, utiliza sua sensibilidade para construir uma ode à ancestralidade e aos momentos que nos moldam de maneira quase invisível. Nesse sentido, a obra se assemelha a "Dias Perfeitos" (2024), em que o simples se torna extraordinário, e o retrato do cotidiano se revela grandioso e vivaz.

"Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" é uma obra de arte que desafia as convenções narrativas e visuais do cinema tradicional. É uma experiência que exige paciência e contemplação do espectador, recompensando-o com uma profundidade emocional rara. 

Ao capturar a essência negra com tanto respeito e autenticidade, o filme se estabelece como uma raridade. É, sem dúvida, uma obra que merece ser vista e sentida.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Raven Jackson
Produção: A24
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: no Centro Cutural Unimed BH-Minas
Duração: 1h18
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, ficção

15 julho 2024

“O Sequestro do Papa” busca fato do passado para falar de fundamentalismo e intolerância religiosa

Atual e sensível, filme é baseado em uma história verídica que chocou a Itália no século XIX
(Fotos: Pandora Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém se engane. Embora o título possa induzir, “O Sequestro do Papa” ("Rapito") não é uma comédia. Ao contrário, trata-se de um filme denso, sério, questionador e, acima de tudo, atual. 

Com uma reconstituição perfeita do século XIX, conta a história do garoto Edgardo Mortara, que, aos seis anos, foi raptado de sua casa em Bolonha, para ser criado num seminário em Roma. O longa entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira (18).


Com muita coragem e um elenco afiado, o diretor Marco Bellocchio coloca o dedo na ferida, relembrando um tempo em que Estado e religião se misturavam. 

Na época em que se passa o filme, em 1858, a Itália era comandada com mãos de ferro por Pio IX e, apesar da carolice, faltava compaixão e sobrava a arrogância típica dos donos da verdade.


No auge da autoridade do Papado, a família judia de Momolo Mortara é surpreendida um dia com a chegada dos agentes do Estado/Igreja para levar Edgardo, um de seus oito filhos. 

O menino é retirado à força dos braços dos pais em cumprimento a uma denúncia de que ele havia sido batizado. De acordo com a lei vigente, cristãos não podiam ser criados por judeus pagãos.


A partir desse sequestro, o espectador acompanha a luta de Marianna e Momolo Mortara para reaver o filho, enfrentando viagens a Roma, humilhações e processos até o julgamento do caso, em 1860. A história deles revela um capítulo sombrio da tirania histórica na Igreja tendo como pano de fundo uma nação à beira da revolução. 

Cabe ressaltar a atuação, convincente e comovente, do menino Enea Sala como Edgardo. Aliás, todo o elenco merece aplausos: Leonardo Maltese como Edgardo adulto, Paolo Pierobon como o arrogante Papa Pio IX, Filippo Timi como o cardeal Giacomo Antonelli, Fabrizio Gifuni como o advogado Jussi, Anna Morisi como a babá, Bárbara Ronchi como a mãe Marianna Padovani, Fausto Russo Alesi como Momolo Mortara e outros.


Enfim, “O Sequestro do Papa” é, antes de tudo, um filme político como outros de Marco Bellocchio, que antes dirigiu, por exemplo, “Bom Dia, Noite” (2003).

O longa tem tudo para prender a atenção do público e é uma ótima oportunidade de reflexão para esses tempos de moralismo, lavagem cerebral, intolerância religiosa, investidas fundamentalistas e perigosas misturas de religião e Estado.


Ficha técnica:
Direção: Marco Bellocchio
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h14
Classificação: 12 anos
Países: Itália, França, Alemanha
Gêneros: drama, história

27 junho 2024

Lento e arrastado, “Salamandra” é confuso, mal contado e não prende o espectador

Drama estrelado pela atriz francesa Marina Foïs e o brasileiro Maicon Rodrigues se passa em Olinda e Recife (Fotos: Pandora Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


É possível arriscar que apenas as pessoas que leram o romance do mesmo nome são capazes de entender – e gostar – do filme “Salamandra”, primeiro longa do diretor Alex Carvalho, que estreia no Centro Cultural Unimed BH - Minas. 

A começar pelo lugar onde se passa a história, nada é muito claro no drama estrelado pela atriz francesa Marina Foïs. Não fosse o apoio da Secretaria de Cultura de Pernambuco explícito no início da projeção, o que leva o espectador a deduzir que tudo acontece em Olinda e Recife, sequer a locação estaria clara.


A sinopse do filme, baseado no romance "La Salamandre", de Jean-Christophe Rufin, diz que a história trata da vinda de Catherine (Marina Foïs) para o Brasil, após a morte do pai. 

Aqui, ela pretenderia se reconectar com a irmã, vivida por Anna Mouglalis e casada com Ricardo (Bruno Garcia). Mas logo nos primeiros dias se apaixona pelo jovem Gilberto, interpretado por Maicon Rodrigues, apesar de todas as censuras e desigualdades entre os dois.


A começar pelo título, “Salamandra” deixa muitas pontas soltas, levando o espectador a um verdadeiro jogo de adivinhação. Aos poucos, vai-se descobrindo que o jovem negro Gilberto é uma espécie de rato de praia, vivendo de pequenos trambiques. 

Mas nada abala a paixão da francesa, que se entrega ao romance, apesar das diferenças entre eles. Quem se interessar em pesquisar, vai descobrir que salamandra é um anfíbio semelhante a um lagarto, cuja imagem é associada ao fogo e, com algum esforço, à paixão.


Com duração de cerca de quase duas horas, o filme se arrasta em cenas longas e lentas, inclusive as de sexo entre Catherine e Gil, evidenciando a diferença dos corpos e da cor da pele dos dois. Os demais atores, como Bruno Garcia, Attan Souza Lima (como Pachá, ex-patrão de Gil) e outros, apenas gravitam em torno dos dois protagonistas sem interferência ou vida própria.

Com alguma boa vontade, é possível enxergar algum discurso antirracista e até alguma referência às desigualdades sociais e aos relacionamentos em que a mulher é mais velha do que o homem. Mas é preciso muita boa vontade para gostar de uma história tão mal contada, tão sem pé nem cabeça. Haja paciência pra buscar significados e metáforas.


Ficha técnica
Direção e roteiro:
Alex Carvalho
Produção: NFilmes, Cinenovo, Scope Pictures, coprodução Canal Brasil e Telecine
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas, sala 2, sessão 20h10, somente nos dias 27 e 30 de junho e 2 de julho
Duração: 1h56
Classificação: 18 anos
Países: Brasil, França, Alemanha e Bélgica
Gênero: drama