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30 junho 2024

"Um Lugar Silencioso: Dia Um" entrega uma boa produção para explicar como tudo começou

Atuações de Lupita Nyong'o e Joseph Quinn e ótimos efeitos visuais e sonoros ampliaram o suspense
(Fotos: Paramount Pictures)


Maristela Bretas


Uma boa indicação de filme em cartaz nos cinemas é "Um Lugar Silencioso: Dia Um" ("A Quiet Place: Day One"). O spin-off amplia a tensão dos filmes anteriores ao explicar os eventos que deram início à franquia a partir do primeiro dia da invasão alienígena à Terra e a destruição das cidades (no caso, Nova York). 

O elenco também muda, contando agora com as ótimas atuações de Lupita Nyong'o e Joseph Quinn, além de efeitos visuais e sonoros que reforçam o suspense e o terror da trama.


Do caos diário de uma das cidades mais barulhentas do mundo ao silêncio completo, a trama tem em Sam (Lupita Nyong'o, de "Nós" - 2019 e "Pantera Negra" - 2018) seu maior destaque. Ela é uma pessoa amarga e descrente, com doença em fase terminal, que passa a lutar por sua vida para sobreviver às criaturas. As cenas dramáticas e de tensão e, em especial as finais, com a atriz são dignas de uma vencedora do Oscar.

Em seu caminho, ela conhece o estudante de Direito Eric (Joseph Quinn, o Eddie, de "Stranger Things"), um jovem que terá de aprender como vencer seus medos, contando com a ajuda de Sam, e assumir o silêncio como uma arma para sua sobrevivência. Especialmente nos momentos em que a dupla se vê frente a frente com os invasores. 


A parceria com Lupita funciona bem, tanto nas cenas de tensão quanto nas que os dois se permitem falar, com o som abafado pelo barulho da chuva. Este é um dos pontos inclusive que remete a "Um Lugar Silencioso" (2018) - quando Lee Abbott (John Krasinski) solta fogos para abafar os gritos da esposa Evelyn (Emily Blunt) durante o parto de seu bebê.  

A tensão provocada pelo possível ataque dos invasores predomina por toda a trama. Um caco de vidro quebrado ou o simples rasgar de uma roupa desencadeia momentos de pânico e terror, seguidos de um completo massacre. O diretor e roteirista Michael Sarnoski soube empregar bem os efeitos visuais e sonoros nestas situações.


Sarnoski também surpreende o público com um novo personagem, o gato Frodo, que acompanha Sam por toda parte e a coloca em algumas enrascadas. O bichano fofinho (na verdade, são dois intérpretes felinos - Nico e Schnitzel) tem papel fundamental na história, inclusive ajudando a revelar o motivo da invasão.

Outro ator que tem a origem de seu personagem explicada na franquia é Djimon Hounsou, como Henri. Ele é um pai que está tentando salvar a família após a invasão. 

O personagem apareceu pela primeira vez em "Um Lugar Silencioso - Parte II" (2021) como o homem da ilha que abriga Evelyn, os filhos e Emmett (Cillian Murphy) na comunidade criada pelos sobreviventes. Ainda no elenco estão Alex Wolff e Deni O'Hare.


O terceiro filme pode não provocar o mesmo impacto dos anteriores, mas ajuda muito a esclarecer alguns pontos, como foi o dia da invasão alienígena, o massacre inicial, a adaptação inicial ao silêncio e a fuga de algumas pessoas das áreas ocupadas pelos alienígenas. 

A produção merece ser conferida no cinema para aproveitar melhor a parte técnica. Se não assistiu os dois primeiros filmes, não perca, eles estão disponíveis nas plataformas de streaming Prime Vídeo, Apple TV+ e Google Play.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Michael Sarnoski
Produção e distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, suspense, terror

21 maio 2024

"Morando com o Crush", uma comédia romântica para se apaixonar

Uma peça pregada pelo destino coloca Luana e Hugo morando sob o mesmo teto como irmãos; agora eles precisam esconder sua paixão  (Fotos: Paris Filmes)


Filipe Matheus

Com uma narrativa doce, abordando a experiência e o amor na adolescência, chega aos cinemas nesta quinta-feira a comédia romântica "Morando com o Crush" que promete entregar humor e muita nostalgia.

Na história, Luana (Giulia Benite, de "Turma da Mônica - Lições", 2021) e Hugo (o estreante no cinema, Vitor Figueiredo) são apaixonados desde a infância. Quando seus pais começam a namorar e decidem aceitar uma proposta de emprego e morar juntos na mesma casa, em uma cidade no interior. 


As mudanças complicam a relação dos jovens. Eles agora precisam aprender a conviver e lidar com a nova dinâmica familiar, escondendo os sentimentos que têm um pelo outro. 

O relacionamento dos pais acabou provocando uma situação delicada: agora eles são considerados praticamente "irmãos” e fazem parte de uma única família.


Fábio (Marcos Pasquim, de "Juntos e Enrolados" - 2022) e Antônia (Carina Sacchelli) interpretam o pai de Luana e a mãe de Hugo, tornando a trama mais divertida e dinâmica. Se não fosse por eles, o amor e o amadurecimento dos filhos não seriam possíveis. 

Juliana Alves ("O Sequestro do Voo 375" - 2023) desempenha um bom papel como Karina, diretora da escola. A atriz poderia ter mais tempo de tela, o que deixaria o roteiro mais interessante e divertido.


A trilha sonora, composta por Silvio Marques, é perfeita, variando de "Coisa Linda", de Tiago Iorc, a "Toda Forma de Amor", de Lulu Santos. Isso faz com que o espectador se apaixone ainda mais e se envolva profundamente na narrativa do filme.

Com bom humor e uma mensagem positiva, "Morando com o Crush" entrega um diálogo simples e um roteiro com muitos clichês de filmes de romance. Indicado para todas as idades, é um convite para que o público embarque nessa aventura. 


Ficha técnica:
Direção: Hsu Chien
Roteiro: Sylvio Gonçalves
Produção: Paris Entretenimento, coprodução Paramount Pictures e Simba Content e apoio Telecine
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: Brasil
Gêneros: romance, comédia

20 maio 2024

"Amigos Imaginários" é o reencontro com as emoções da infância que faz a gente chorar

Longa tem roteiro simples e bem conduzido, que remete a um mundo de fantasia (Fotos: Paramount Pictures)


Maristela Bretas


Se a intenção do diretor, roteirista e produtor John Krasinski era fazer com que uma história simples levasse às lágrimas apenas explorando as emoções e a imaginação, ele conseguiu bem demais. Impossível não tirar o lencinho da bolsa e ficar imune ao longa "Amigos Imaginários" ("If"), em cartaz nos cinemas.

O filme demora para entrar no mundo da fantasia dos personagens que um dia ocuparam a vida de milhões de crianças. Mas a partir do momento que surge o mais fofo deles - Blue (que é roxo), não tem como não se envolver com a história. 


Krasinski também tem importante papel no longa, como o pai da adolescente Bea (Cailey Fleming). Ele e a esposa criaram a filha mostrando que a fantasia e a imaginação são importantes na vida, especialmente nos momentos difíceis. 

Tudo começa quando a jovem precisa se mudar para a casa da avó (a veterana atriz Fiona Shaw) onde passou a infância com os pais. Após a morte da mãe e a doença do pai, Bea se sente deslocada e é incentivada pelo pai a reencontrar sua criatividade. 


Sem perceber o que estava acontecendo, ela começa a ver e interagir com os "migs", que só podem ser vistos por quem abre seu coração para as lembranças e emoções do passado. O encontro com Cal, que tem a aparência humana, vai mudar sua vida e a de todos à sua volta.

Ryan Reynolds está muito bem no papel de Cal, um cara que guarda mágoas do passado, mas que tenta ajudar os migs a reencontrarem seus amigos. O ator deixa de lado a ironia de "Deadpool" para apresentar um personagem que tenta recuperar a alegria de um dia ter sido amado por alguém. A presença de Bea faz com que ele deixe de ser o adulto antipático e mal-humorado para voltar a ficar de bem com a vida.


Destaque para Cailey Fleming, que entrega uma Bea abalada com a perda da mãe e a doença do pai. Mas que reencontra a felicidade ao ajudar os novos amigos diferentões. A jovem atriz (que interpretou a personagem Rey quando menina em "Star Wars: A Ascenção Skywalker" - 2019) se sai muito bem e vai conquistando o público ao longo da trama.

Mas as estrelas da produção são realmente os "Amigos Imaginários". Cada um, com sua história, só quer voltar a ser feliz junto com suas crianças, que agora cresceram e não se lembram mais deles. 

As personalidades são as mais diversas, reproduzindo o que cada uma de suas crianças sentia na época - alegres, faladoras, tímidas, medrosas, ousadas, histéricas, atrapalhadas, mas, acima de tudo, confiantes em seus migs.


O filme é colorido, vibrante, especialmente por causa dos personagens do mundo da fantasia. Enquanto os migs com suas trapalhadas encantam as crianças na plateia, é a pureza das boas lembranças do passado e os reencontros com seus antigos amigos que fazem os adultos se emocionarem e as lágrimas brotarem nos olhos.

Na versão dublada, a voz de Blue é do ator Murilo Benício, enquanto a boneca bailarina Blossom é dublada por Giovanna Antonelli. Até o filho do casal, Pietro, tem participação dando voz ao amigo Fantasma.

Na legendada, grandes nomes do cinema emprestam suas vozes aos "Amigos Imaginários": Emily Blunt (Unicórnio); Matt Damon (Sully); Steve Carell (o fofíssimo e engraçado Blue); Phoebe Waller-Bridge (a boneca Blossom), além de Brad Pitt, Bradley Cooper, George Clooney, Awkwafina, Sam Rockwell, Maya Rudolph, e muitos outros. 


A trilha sonora ganhou a batuta de Michael Giacchino, responsável por sucessos como as franquias "Jurassic World" (2015 a 2022), "Homem-Aranha" (2017 a 2021), "Planeta dos Macacos" (2014 a 2017), "Star Trek" (2009 e 2016), "Missão Impossível" (2006 a 2011), além de animações como "Divertida Mente" (2015), "Ratatouille" (2007) e "Viva - A Vida é Uma Festa"(2017) e dezenas de trilhas de outras obras cinematográficas.

Fica um alerta: após todos os créditos há uma homenagem especial ao ator Louis Gossett Jr., que faleceu em março deste ano, e fez a voz do sábio urso de pelúcia Lewis. 

Não perca a oportunidade de se emocionar e até lembrar de seu Amigo Imaginário da infância. Ah, não se esqueça de levar um lencinho. E se alguém descobrir quem foi a criança de Lewis, me conte, por favor.


Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: John Krasinski
Produção e Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: família, fantasia, comédia, aventura

11 março 2024

"Oppenheimer" vence como Melhor Filme e conquista outras seis estatuetas do Oscar

Filme que conta a história do pai da bomba atômica já havia conquistado cinco Globos de Ouro, sete Bafta, oito Critics'Choice Awards e várias outras premiações internacionais (Foto: Universal Pictures)

Maristela Bretas


"Oppenheimer", como era previsto, foi o grande vencedor da 96ª edição do Oscar, realizada neste domingo no Dolby Theatre, em Los Angeles. Das 13 indicações, o longa, dirigido por Christopher Nolan, ficou com sete premiações, incluindo a principal de Melhor Filme, além de Melhor Diretor, Melhor Ator (Cillian Murphy), Melhor Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.), Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Montagem.

"Oppenheimer", que conta a história do pai da bomba atômica, já havia conquistado cinco Globo de Ouro (dois nas mesmas categorias), sete Bafta, oito Critics'Choice Awards, além de outros prêmios internacionais em várias categorias. "Pobres Criaturas", que estava com 11 indicações, ficou com quatro estatuetas, seguido por "Zona de Interesse", com duas.

"Os Rejeitados" (Foto: Universal Pictures)

A cerimônia, que teve duração de mais de três horas, foi apresentada novamente pelo comediante a apresentador Jimmy Kimmel, como ocorreu em 2023 e nos anos de 2017 e 2018. O primeiro prêmio anunciado foi de Melhor Atriz Coadjuvante, entregue a Da’Vine Joy Randolph por sua atuação em "Os Rejeitados". 

Na sequência, Chris Hemsworth e Anya Taylor-Joy anunciaram "O Menino e a Garça" como Melhor Animação. Na categoria de Melhor Curta de Animação, venceu "War Is Over!". Melissa McCarthy e Octavia Spencer entregaram as estatuetas para os vencedores de Melhor Roteiro Original, que ficou para "Anatomia de uma Queda", e Melhor Roteiro Adaptado, para "Ficção Americana".

"O Menino e a Garça" (Foto: Studio Ghibli)

Michael Keaton e Kathleen O'Hara, que retornam este ano em "Beetlejuice 2", anunciaram os vencedores de Melhor Maquiagem e Penteado e Direção de Arte. "Pobres Criaturas" faturou os dois prêmios. Na sequência, o diretor do filme também recebeu das mãos de John Cena, que entrou no palco inicialmente pelado e depois enrolado numa cortina rosa, a estatueta de Melhor Figurino.

"Zona de Interesse", do Reino Unido, venceu como Melhor Filme Internacional. Na sequência, Emily Blunt, de "Oppenheimer" e Ryan Grosling, de "Barbie". fizeram uma homenagem aos dublês de Hollywood.

"Pobres Criaturas" (Foto: Searchlight Pictures)

Como na premiação feminina, a categoria de Melhor Ator Coadjuvante também foi anunciada por cinco vencedores de premiações passadas. O vencedor, como já era esperado, foi Robert Downey Jr., por sua atuação em "Oppenheimer".

Anos depois os "Irmãos Gêmeos" (1988), Arnold Schwarzenegger e Danny de Vito lembraram os bons tempos como inimigos do Batman - Sr. Freeze e Pinguim. A dupla também anunciou o vencedor de Melhores Efeitos Visuais e entregou o prêmio aos diretores do longa japonês "Godzilla Minus One". 

Oppenheimer (Foto: Universal Pictures) 

Kate Macannon e America Ferrera, do elenco de "Barbie", entregaram os prêmios de Melhor Documentário em Curta-Metragem para "A Última Loja de Consertos" e de Melhor Documentário em Longa-Metragem para "20 Days in Mariupol". 

O diretor e jornalista ucraniano Mstyslav Chernov, em seu discurso fez um protesto e afirmou que "preferia ter trocado o prêmio por não ter sua cidade atacada pela Rússia. E que as pessoas de Mariupol nunca sejam esquecidas". Ele foi aplaudido de pé pelas pessoas na plateia.

Zendaya apresentou o prêmio de Melhor Fotografia, vencido por Hoyte van Hoytema por "Oppenheimer". Já a estatueta de melhor Curta-Metragem ficou para "A Incrível História de Henry Sugar", de Wes Anderson. 

Um momento descontraído foi a performance de Ryan Gosling subindo ao palco, todo de rosa, para cantar a música “I’m Just Ken”, de Mark Ronson and Andrew Wyatt, feita para seu personagem Ken, no filme "Barbie”. 

Logo depois, foram entregues as estatuetas de Melhor Trilha Sonora Original para Ludwig Göransson, pelo trabalho em "Oppenheimer" e de Melhor Canção Original para “What Was I Made For?”, composta por Billie Eilish e Finneas o'Connell especialmente para "Barbie”.

Barbie (Foto: Warner Bros. Pictures)

Na reta final da premiação, Cillian Murphy ficou com a estatueta de Melhor Ator por seu protagonismo em "Oppenheimer". Steven Spielberg, comemorando 50 anos do filme "A Lista de Schindler" (1993) anunciou o ganhador de Melhor Direção e entregou o Oscar para Christopher Nolan por "Oppenheimer".

Encerrando a cerimônia do Oscar 2024, o prêmio de Melhor Atriz ficou para Emma Stone, por seu papel em "Pobres Criaturas". Na sequência, Al Pacino foi chamado em homenagem aos 50 anos de "O Poderoso Chefão 2" (1974). Após ser aplaudido de pé, entregou o Oscar de Melhor Filme para "Oppenheimer".

Subiram também ao palco para anunciar os vencedores das categorias Jamie Lee Curtis, Lupita Nyong'o, Ke Huy Quan, Mahershala Ali, Sam Rockwell, Dwayne Johnson, Jennifer Lawrence, Nicolas Cage, Michelle Yeoh, Brendan Fraser, Michelle Pfeiffer, Charlize Theron, Jessica Lange, Sally Field, Ben Kingsley e Matthew McConaughey.

Confira a lista dos vencedores do Oscar 2024

MELHOR FILME
Oppenheimer

MELHOR ATRIZ
Emma Stone – Pobres Criaturas

MELHOR ATOR
Cillian Murphy – Oppenheimer

MELHOR DIREÇÃO
Christopher Nolan – Oppenheimer

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Robert Downey Jr. – Oppenheimer

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Da’Vine Joy Randolph – Os Rejeitados

Anatomia de uma Queda (Foto: Diamond Films)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Anatomia de uma Queda

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Ficção Americana

MELHOR FILME INTERNACIONAL
Zona de Interesse – Reino Unido

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
O Menino e a Garça


Ficção Americana (Foto: Prime Vídeo)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“What Was I Made For?” - Billie Eilish and Finneas o'Connell (“Barbie”)

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
Ludwig Göransson – "Oppenheimer"

MELHOR FIGURINO
Holly Waddington – "Pobres Criaturas"

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
Pobres Criaturas


Godzilla Minus One (Foto: Sato Company)

MELHOR FOTOGRAFIA
Hoyte van Hoytema – "Oppenheimer"

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Godzilla Minus One

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
War Is Over!

MELHOR CURTA-METRAGEM EM LIVE-ACTION
A Incrível História de Henry Sugar, de Wes Anderson


Zona de Interesse (Foto: A24 Films)

MELHOR SOM
Zona de Interesse

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM LONGA-METRAGEM
"20 Days in Mariupol"

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
A Última Loja de Consertos

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
Pobres Criaturas

MELHOR MONTAGEM
Oppenheimer



28 agosto 2023

As Tartarugas Ninja voltam às telas atualizada com menções a memes e TikTok

Animação é uma versão que tenta dialogar com as novas gerações (Fotos: Paramount Pictures)


Eduardo Jr.    


Quem viveu os anos 1980 e 1990 certamente ouviu falar ou se divertiu com as aventuras de Leonardo, Donatello, Raphael e Michelangelo. Agora, uma nova animação tenta refrescar um dos desenhos mais populares do século passado. 

Com distribuição da Paramount e da Nickelodeon, “As Tartarugas Ninja - Caos Mutante” ("Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem"), do diretor Jeff Rowe, estreia nos cinemas nesta quinta-feira (31). Para apresentar - e atualizar - a história do quarteto mutante às novas gerações, o longa vem recheado de referências pop. 


As quatro tartarugas adolescentes vivem nos esgotos com seu pai, Splinter, um homem-rato, que impede que os filhos se aproximem dos humanos para não serem maltratados e ordenhados por eles (sim, ordenhados). A única permissão é sair para “fazer as compras da casa”. 

Mas como adolescentes criam suas próprias regras, as tartarugas fazem da sua obrigação um ‘rolê’ animado, ao som de hip-hop e filmagens com celular. Em uma das escapadas para a superfície se metem em uma aventura que se transforma em missão para salvar Nova Iorque. 


A animação de Rowe traz algumas modificações em relação aos desenhos orginais. A começar pela presença de April O’Neil, que era uma jornalista ruiva, e agora é uma estudante negra aspirante a jornalista. 

O inimigo do grupo de heróis também é outro. E não há menção à organização ninja Clã do Pé, como havia na versão de 1980. 

Aqui, o pai e mestre Splinter aprendeu artes marciais em filmes e vídeos (fazer o quê, né, se as novas gerações aprendem tudo no YouTube, por que não vamos engolir essa?). 

Aliás, o nome do homem-rato é pouco mencionado na trama. Corre o risco de os mais jovens saírem do cinema sem nem lembrar qual o nome do pai das tartarugas ninja.   


O termo ‘mutante’ é a deixa para observarmos uma semelhança entre este filme e a consagrada franquia X-Men. Assim como os personagens da Marvel, as tartarugas também enfrentam outros mutantes e batalham para serem aceitas entre os humanos. 

As semelhanças não param por aí. O traço dos personagens se parece com rascunhos de desenhos, lembrando o estilo utilizado em “Homem Aranha no Aranhaverso” (2018). Fica claro que há na proposta estética uma intenção de suavizar os heróis, enquanto o vilão é poluído, com traços mais grosseiros. 


Ainda assim, a obra derrapa nos gráficos em certos momentos. A mistura de traços imperfeitos somada à agilidade das cenas de ação pode deixar o espectador sem captar um detalhe ou outro do que passou na tela. 

A apresentação de alguns personagens também fica a desejar. A vilã Cynthia Utrom aparece na trama, mas não se sabe de onde ela veio ou qual a sua motivação. 

Situação similar a do vilão Supermosca, que não tem sua origem bem explicada. Resta ao espectador aguardar por uma continuação para ter as respostas (e esperar também as cenas pós-crédito, porque TEM). 


O longa acerta na abordagem da cultura pop, na discussão de pautas como bullying e preconceito, e no vocabulário dos personagens. Uma curiosidade interessante é que as vozes das tartarugas são de atores adolescentes, o que confere maior fidelidade ao que está sendo dito. 

A produção tem como roteiristas Seth Rogen e Evan Goldberg, que já criaram juntos vários roteiros de comédias, como "A Entrevista" (2014), "Vizinhos 2" (2016), e "Festa da Salsicha (2016). A dupla também produtora executiva do terror "Toc Toc Toc - Ecos do Além", que estreia nesta quinta-feira (31) nos cinemas.

No geral, o resgate de um desenho considerado clássico por alguns consegue divertir, explora a graça da adolescência, mas “As Tartarugas Ninja - Caos Mutante” poderia ser mais bem trabalhado.


Ficha técnica:
Direção: Jeff Rowe
Produção: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h19
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: animação, comédia, aventura, ação

13 julho 2023

“Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1” mostra que a franquia está mais viva do que nunca

Tom Cruise volta ao papel de Ethan Hunt em filme com roteiro atual e cenas de tirar o fôlego
(Fotos: Paramount Pictures)


Eduardo Jr.


Pense em um filme que não te dá 20 segundos de paz pra relaxar na poltrona. Assim é “Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1”, que estreia nesta quinta-feira (13) nos cinemas. A experiência é ainda maior e melhor se assistido na sala Imax, do Cineart.

O sétimo filme da franquia encabeçada pelo astro Tom Cruise é o terceiro dirigido por Christopher McQuarrie e distribuído pela Paramount Pictures. E chega às telonas com as credenciais de ser o mais longo da franquia, o mais caro da série, e provavelmente um dos mais bem realizados - eu juro! Palavra de fã!


A despeito dos clichês de promover a busca de um objeto que pode salvar a humanidade, levar o protagonista a tomar medidas que podem torná-lo um inimigo do seu próprio governo e colocar frente a frente os laços de amizade e a necessidade de desapegar das emoções pra fazer o que precisa ser feito, o longa ganha frescor ao se antenar com pautas da atualidade. 


Se nós, meros mortais, que não temos Aston-Martin’s com metralhadoras já estamos aqui discutindo sobre Chat GPT, por que o mundo da espionagem não há de enfrentar uma ameaça sem rosto, adaptável, como uma inteligência artificial que ganha consciência?  

Esta é a grande sacada do filme: discutir algo que é ficção, mas que é muito real e crível a todos nós. Mesmo sendo apenas a primeira parte (a continuação está prevista para junho de 2024), o espectador sai do cinema sem a sensação de que a trama foi cortada ao meio. 


O longa é bem feito, mas não perfeito, pois há uma cena ou outra que dura mais do que o necessário. O thriller une espionagem e ação, e dá pra dizer que homenageia os capítulos anteriores. 

As cenas de perseguição estão lá, os flashbacks do passado também. No entanto, mesmo com tudo bem explicadinho, talvez alguns desses resgates tenham sido guardados para o desfecho, no ano que vem. 


E o elenco de “Acerto de Contas Parte 1” está garantido para a continuação. Ving Rhames (Luther) e Simon Pegg (Benji) seguem com o entrosamento e apoio necessário ao incansável Ethan Hunt (Tom Cruise). 

Esai Morales é o vilão Gabriel, e apresenta aquilo que se espera. Tem seu charme, falta de limites e poucas expressões, sem muitas nuances. 

Destaque para o time feminino: a Viúva Branca (Vanessa Kirby) e a misteriosa espiã Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) estão de volta. A novidade é a personagem Grace (Hayley Atwell), que brilha na tela. Parece fazer parte da franquia desde o início, de tão natural e bem ambientada. 


Enquanto algumas sequências sofrem com o estigma de que "deveriam ter acabado no terceiro filme", a equipe da IMF (Impossible Mission Force) parece se renovar na energia do protagonista. A franquia "Missão: Impossível" está aí desde 1996. 

E Tom Cruise segue dispensando dublês e executando cenas de ação de tirar o fôlego (eu já disse que nesse filme a gente não tem nem 20 segundos de sossego?). Confira neste link algumas cenas de bastidores da gravação em Roma.


Aliado a isso, o posicionamento das câmeras coloca o espectador dentro da cena - e a gente prende a respiração junto. Talvez por isso tenham sido gastos 290 milhões de dólares na produção, gravada durante a pandemia de Covid-19. Veja como foi feita a gravação do voo de velocidade de Tom Cruise clicando aqui.

São duas horas e meia de um filme que se recusa a ser um monte de sequências de perseguição, tiros e bombas. Tem emoção, tensão, alívio cômico e a gente nem percebe o tempo passar. 


Falando em tempo, vale entregar aqui um pouquinho do filme pra melhorar a experiência do espectador. Se na telona a ameaça é digital e a saída é se apoiar em ferramentas analógicas, recomendo que, ao assistir “Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte 1”, você também se desligue das tecnologias. Vale cada segundo ligar o modo Tom Cruise e saltar de cabeça nessa experiência audiovisual. 


Ficha técnica:
Direção: Christopher McQuarrie
Produção: Paramount Pictures e Skydance
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h35
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, suspense

08 junho 2023

Com ótimas batalhas, "Transformers - O Despertar das Feras" é uma boa pedida no cinema

O longa mantém as características da franquia, explorando o lado emocional de humanos e máquinas
(Fotos: Paramount Pictures)


Maristela Bretas


Com seis filmes, sendo um spin-off, a franquia "Transformers" estreia mais um longa nesta quinta-feira e pode agradar aos fãs. "Transformers - O Despertar das Feras" ("Transformers: Rise Of The Beasts") vem com ótimas batalhas entre as máquinas, grandes efeitos visuais e muito CGI, diversidade no elenco e belas locações, especialmente as imagens feitas no Peru.


Saindo das carinhas carimbadas de Hollywood, o sétimo filme da franquia aposta em novos rostos no blockbuster para serem os protagonistas. É o caso do norte-americano com ascendência porto-riquenha Anthony Ramos ("Nasce uma Estrela" - 2018). 

Ele entrega uma interpretação muito boa e carismática de Noah Diaz, um jovem de origem latina, que vive com a mãe e o irmão que sofre de uma doença incapacitante. Depois de alguns sufocos, Noah se torna amigo dos Autobots, papel que já foi vivido por Shia LaBeouf e Mark Wahlberg nos longas passados.


A parceira dele é a pesquisadora de objetos antigos e escrita arcaica, Elena Wallace, interpretada pela talentosa Dominique Fishback ("Power" – 2020 e o premiado “Judas – O Messias Negro” - 2021), que dá conta do recado e é bem simpática.

Já as máquinas receberam vozes originais de conhecidos atores/dubladores, como Peter Dinklage (o vilão Scourge), Ron Perlman (o gorila Optimus Primal), Michelle Yeoh (a águia Airazor), Pete Davidson (o autobot Mirage), Peter Cullen (Optimus Prime), John DiMaggio (o avião Stratosphere), Colman Domingo (Unicron, líder dos vilões), entre outros.


Na versão dublada para o português brilham Guilherme Briggs, novamente fazendo a voz de Optimus Prime, Douglas Silva, que dá ginga e diverte como Mirage, e Fernanda Paes Leme, como Arcee (a moto-robô).

O longa se passa em 1994 e mantém as características da franquia, explorando o lado emocional dos humanos e humanizando também as máquinas. Dos demais filmes da franquia, o longa é quase uma sequência do grande sucesso "Bumblebee" (2018). 


Também remete a outros filmes conhecidos como "Power Rangers" (2017) e a franquia "G.I. Joe" que, assim como os Transformers, tem brinquedos fabricados pela Hasbro. 

Os fãs da cultura geek vão perceber referências a games e blockbusters da época. Quem acompanhou estas produções vai entender o que estou dizendo.


Após 16 anos da estreia da franquia, "Despertar das Feras" explica um pouco da origem dos Autobots, porque vieram parar na Terra e a união com os humanos para defender o planeta de Unicron e seus seguidores Predacons e Terrorcons.

Apresenta também os Maximals, uma versão animal das máquinas, que também se transformam em veículos e guerreiros e vieram de Cybertron, mesmo planeta dos Autobots.


E são eles que dão início a esta nova história, a partir da destruição de seu planeta por Unicron. Os Maximals conseguem escapar levando um objeto que pode dar mais poder ao vilão alienígena. 

Pelo lado humano, temos Noah tentando ajudar no sustento da casa e no tratamento do irmão, mas que acaba se envolvendo no roubo de um carro diferente (Mirage). Após alguns sustos, ele se une aos Autobots e Maximals para tentar recuperar o tal objeto e salvar a Terra. 


Curiosidades da franquia

Shia LaBeouf estrelou os três primeiros filmes da franquia: "Transformers" (2007), "Transformers: A Vingança dos Derrotados" (2009) e "Tranformers: O Lado Oculto Da Lua" (2011). A partir de 2014, com "Transformers: A Era da Extinção" e "Tranformers: O Último Cavaleiro" (2017), Mark Wahlberg assume o papel principal.

Todos foram dirigidos por Michael Bay, que usou e abusou do IMAX nas quatro últimas produções, mas acabou desgastando a franquia e se tornando o mais do mesmo.


Quando os Transformers pareciam ter esgotado suas forças, especialmente após a produção de 2017, eis que a franquia ressurge sob a direção de Travis Knight e nos apresenta, um ano depois, "Bumblebee".

Protagonizado por Hailee Steinfeld, o longa superou quase todos os filmes anteriores e agrada tanto quanto o primeiro, de 2007.

Pena que Bumblebee, o mais carismático dos Autobots, tenha sido pouco aproveitado no novo longa. O diretor Steven Caple Jr. ("Creed II" - 2019) deixou o destaque para Optimus Prime, o gorila Optimus Primal e a águia Airazor.


Agora, o grande desafio de "Transformers: Despertar das Feras" é ser igual ou melhor que seu antecessor e manter a boa bilheteria da franquia, que arrecadou mundialmente cerca de US$ 4,8 bilhões entre 2007 e 2018. 

A produção é de alta qualidade, com locações em Cuzco, Machu Pichu, Tarapoto (Peru), Quebec e Montreal, Nova York, Los Angeles, Novo México, Londres e Islândia. Além de muita ação do início ao fim. Vale a pena ser conferida no cinema para aproveitar melhor os efeitos.


Ficha técnica:
Direção: Steven Caple Jr.
Produção: Paramount Pictures / Bay Films / Di Bonaventura Pictures / Skydance Productions
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h07
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação / ficção