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21 novembro 2024

"A Linha da Extinção" traz suspense, ação e fragilidade no protagonismo

Longa tem como protagonistas Anthony Mackie e Morena Baccarin e lembra outros filmes sobre ataques de monstros extraterrestres (Fotos: Divulgação)


Eduardo Jr.


O diretor norte-americano George Nolfi ("The Banker" - 2020) volta à cena. Desta vez, com o filme "A Linha da Extinção" ("Elevation"). A produção estrelada por Anthony Mackie (que trabalhou com Nolfi em"The Banker"e participou de "Capitão América 2: O Soldado Invernal" - 2014) e Morena Baccarin ("Deadpool" - 2016), chega às telonas nesta quinta-feira (21), distribuído pela Paris Filmes.    

Na trama, 95% da população mundial foi exterminada quando crateras se abriram em todo o mundo, e dela emergiram criaturas que matam os humanos. 

A única forma de se proteger foi buscar locais acima de 2.400 metros de altitude. Nas montanhas, Will (Mackie) cuida sozinho do filho Hunter, vivido pelo pequeno Danny Boyd Jr. (da série "Watchmen" - 2019). 


Os problemas respiratórios do garoto e o iminente término dos remédios dele obrigam Will a descer a montanha para tentar pegar medicamentos no que sobrou do hospital da cidade. 

A jornada de Will é compartilhada com Nina, vivida por Morena Baccarin, e Katie, interpretada por Maddie Hasson (da série "The Finder"- 2012). E aí começam os problemas. A personagem de Anthony Mackie tem um arco dramático fraco. 

Tão fraco que o espectador pode criar mais interesse e curiosidade pela personagem de Morena Baccarin, a cientista que procura uma forma de matar os monstros e que tem camadas e trajetória mais ricas. 


A proposta de um mundo destruído após o ataque de criaturas estranhas não é inédita. As notícias de ataques contra humanos são noticiadas em rádios e TVs. A origem das criaturas é desconhecida e a sobrevivência depende de um afastamento de determinadas áreas. 

Elementos que remetem à série "The Last of Us" (HBO - 2023). E como "A Linha da Extinção" conta com os mesmos produtores de "Um Lugar Silencioso" (2018), também é possível ver pontos de semelhança entre essas duas obras. 

O longa teve orçamento de US$ 18 milhões. Mesmo com cenas aéreas valorizando a paisagem das montanhas e ampliando a sensação de isolamento, ainda é possível tecer críticas sobre aspectos técnicos da obra de George Nolfi. 


Em certos momentos, a edição de som derrapa ao trazer ruídos que podem prenunciar um perigo (que demora um pouco a surgir) e que não representam a passagem por um ambiente hospitalar em ruínas, por exemplo. Há também momentos de ação onde a tela escurece e a movimentação da câmera confunde o espectador. 

Os diálogos também são rasos. O melhor do texto fica para a cientista Nina. Mas no meio disso tudo, o desenho das criaturas do mal é interessante. O suspense entretém na sua uma hora e meia de exibição. 

Fica a expectativa de uma continuação de "A Linha da Extinção" que explique por que os 2.400 metros de altura garantem a salvação e revele a origem e motivação dos monstros destruidores de humanos. De zero a dez, nota 6 para o filme. 


Ficha técnica:
Direção: George Nolfi
Produção: North.Five.Six
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense

04 novembro 2024

Suspense "Não Solte!" propõe metáfora sobre a fé e traz o mal para a luz do dia

Halle Berry é a mãe que protege os filhos de uma entidade maligna que destruiu o mundo exterior e agora os persegue (Fotos: Lionsgate)


Eduardo Jr.


"A corda é sua linha da vida". Este é o mote do longa "Não Solte!" ("Never Let Go"), do diretor Alexandre Aja. O filme chega às telonas nesta quinta-feira (7), com distribuição da Paris Filmes. Na trama, uma mãe tenta proteger os filhos da entidade maligna que destruiu o mundo exterior e espreita a casa que os protege no meio da floresta. 

No elenco, a ganhadora do Oscar, Halle Berry ("John Wick 3: Parabellum" - 2019) é a protagonista June, mãe dos gêmeos Samuel e Nolan (vividos por Anthony B. Jenkins e Percy Daggs IV, respectivamente). Os três precisam se manter conectados à casa. Para sair, só com o uso de uma corda. Se soltarem a corda e forem tocados pelo mal, a tragédia é certa. 


A história vem dividida em três atos, e começa sendo narrada por um dos filhos. Só a mãe enxerga a ameaça sobrenatural, e reforça para os filhos que o mundo lá fora acabou, ao ser consumido pela maldade. A família, unida, obedece a um ritual religioso de proteção. Mas tudo começa a mudar quando um dos gêmeos questiona aquelas verdades. Quando esse elo familiar se enfraquece, começam os problemas. 

Aí está um dos méritos de Alexandre Aja. O diretor traz a representação do mal para a luz do dia. A tensão, que em muitos filmes se apoia em cenas escuras e sustos, aqui é representada nas aparições de criaturas sob formas humanas em ambientes abertos e claros. 


O diretor parece propor uma metáfora sobre a fé, onde duvidar é sinônimo de abrir a porta para que o mal se instale e domine o mundo. Por mais inovadora que seja a proposta, o desenvolvimento deixa questões em aberto. Talvez uma continuação traga as respostas. Em resumo, "Não Solte!" não é exatamente um filme de terror, mas um bom suspense, que aborda crença e dúvida, com um final interessante.


Ficha técnica
Direção: Alexandre Aja
Produção: Lionsgate e 21 Laps Entertainment
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

22 agosto 2024

Com estética vibrante, "Os Inseparáveis" discute mudança de rumo e o valor do companheirismo

Don, o palhaço marionete, e o cachorro DJ, Doggie Dog, vivem uma aventura com mensagem positiva e momentos de humor
(Fotos: nWave Pictures - Contracorriente Films)


Silvana Monteiro


Quando o público vai embora e a encenação termina é hora de os personagens viverem as próprias aventuras e terem ate mesmo uma crise de identidade. É neste mundo de fantasia que se passa "Os Inseparáveis" ("The Inseparables"), animação em cartaz nos cinemas que nos transporta para um local onde brinquedos e objetos de cena ganham uma nova vida após o fechamento das cortinas de um antigo teatro no Central Park, em Nova York. 


Produzido pelos mesmos roteiristas de "Toy Story" (1995), Joel Cohen e Alec Sokolow, o filme nos remete às mudanças de rumo, ao valor da amizade e à superação dos desafios e limites ao lado de quem confiamos. Don (voz de Éric Judor) é um palhaço, um tipo de bobo da corte. 

Embora sua função seja bem desempenhada, ele não quer se limitar a isso e decide sair para viver "sua própria vida". Fora do teatro, ele encontra outro grande sonhador, Doggie Dog (voz do DJ Jean-Pascal Zadi), o cachorro que quer ser rapper e DJ. 

O ponto alto são as cenas nas ruas e parques. Entre árvores, arranha-céus e personagens típicos de uma metrópole, a estética da obra se faz sublime e impactante e os personagens vivem a vida, tão perigosa e desafiadora como ela é.


A qualidade da animação é impressionante. Os detalhes visuais são meticulosamente trabalhados, criando um ambiente vibrante e envolvente que captura a atenção do público. O grande diferencial é quando a cena se torna a extensão da imaginação de Don, dando vida até mesmo ao mais simples cenário da cidade. 

O filme apresenta humor que agrada tanto crianças quanto adultos, equilibrando piadas sutis com momentos de leveza. A trilha sonora complementa a narrativa, proporcionando uma sonoplastia que intensifica as emoções das cenas.


Embora a história seja envolvente, alguns arcos narrativos são previsíveis e seguem fórmulas conhecidas, sobretudo, aquelas que focam na resignificação de brinquedos e objetos. Quanto aos personagens (a maioria muito boa por sinal), alguns não recebem o desenvolvimento necessário, fazendo com que pareçam unidimensionais e menos impactantes.

Em certos momentos, o ritmo da narrativa oscila, com cenas que se arrastam e outras que parecem apressadas, prejudicando a fluidez da história. "Os Inseparáveis" é uma animação visualmente deslumbrante, com uma mensagem positiva e momentos de humor eficazes. É um filme que, vale a pena assistir, especialmente para aqueles que já apreciam o estilo dos criadores. Indicado para um público dos 8 aos 80 anos.


Ficha técnica
Direção: Jerémie Degruson
Roteiro: Joel Cohen e Alec Sokolow 
Produção: nWave Pictures e Octopolis em associação com Contracorriente Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das rede Cineart e Cinemark
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: aventura, animação, comédia, família

16 junho 2024

“Os Estranhos: Capítulo 1” decepciona como terror slasher

A brutalidade e violência mencionadas ficam por conta dos mascarados assassinos, que aparecem poucas vezes (Fotos: Lionsgate)


Marcos Tadeu


Aqueles que aguardavam um remake nos moldes de “Os Estranhos”, do clássico de 2008, “Os Estranhos: Capítulo 1” (The Strangers: Chapter 1), podem não sair muito satisfeitos do cinema com o filme dirigido e roteirizado por Bryan Bertin.

Enquanto o primeiro longa conseguiu ser um bom terror slasher, apesar do ritmo lento, e entregar uma tensão que agrada, a nova versão, estrelada por Madelaine Petsch e Froy Gutierrez, é decepcionante. O filme está em exibição em apenas uma sala do Cinemark BH Shopping, com sessão às 21h10.

No início do filme, somos informados sobre o aumento de crimes brutais e como essa história é uma trama violenta. Na narrativa, acompanhamos o casal Maya e Ryan realizando uma viagem romântica, mas tudo é interrompido por estranhos assassinos que tentam matá-los.


A brutalidade e violência mencionadas no início do longa não se concretizam. Os mascarados assassinos aparecem poucas vezes, e as cenas de tensão são escassas - o grande erro da produção. Em nenhum momento há uma explicação sobre a relação dos estranhos com o casal e o motivo pelo qual se tornaram alvo.

Apesar da estética bonita, falta desenvolvimento dos antagonistas. Se a história inicial promete brutalidade, ao longo do filme, parece haver um certo vazio. 

Outro ponto negativo são as ações irracionais do casal protagonista, uma conveniência de roteiro que facilita o trabalho dos vilões, mas que acaba sendo superficial e sem emoção.


Apesar de seus mais de 100 minutos de duração, o ritmo é lento e arrastado. Muitas vezes, olhei no relógio esperando que o tempo passasse. Tudo indica que será uma trilogia, mas a questão é: se a bilheteria desta versão não for satisfatória, valeria à pena produzir outras duas sequências?

“Os Estranhos: Capítulo 1” tenta ser bom como o original, mas o resultado é um filme mal feito e sem emoção, que não consegue convencer o espectador a continuar assistindo.


Ficha técnica:
Direção: Renny Harlin
Distribuição: Paris Filmes
Produção: Lionsgate
Exibição: Cinemark BH Shopping, sessão 21h10
Duração: 1h45
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, terror

06 junho 2024

"Grande Sertão" não perde em nada para produções hollywoodianas

Luísa Arraes e Caio Blat interpretam Diadorim e Riobaldo, os protagonistas na adaptação da obra literária de Guimarães Rosa (Foto: Helena Barreto)


Larissa Figueiredo 


Com ares de distopia cyberpunk, o filme "Grande Sertão", de Guel Arraes, estreia nos cinemas nesta quinta-feira (6). Adaptação do romance homônimo de Guimarães Rosa, "Grande Sertão: Veredas”, a produção é protagonizada por Luísa Arraes, como Diadorim, e Caio Blat, na pele de Riobaldo. 

O tempo da narrativa oscila entre o passado e o presente de Riobaldo. O roteiro e a montagem preservam as divagações do protagonista sobre o certo e o errado, Deus e o diabo, amor e ódio, e todas as dicotomias que moldam o desenrolar da história. 

Foto: Ricardo Brajterman/Divulgação

É nessas cenas que Blat “encarna” o jagunço, ora louco, ora lúcido, e mostra um total domínio do texto dinâmico, melódico e lírico, assim como na obra literária. 

Já Luisa Arraes, em sua primeira vez sendo dirigida pelo pai, não soou natural como Blat ao adentrar o universo da obra. A complexa personagem Diadorim é a força motriz do enredo e demanda uma profundidade que Arraes não correspondeu, entregando uma performance carregada de artificialidade. 

Intencionalmente ou não, a atriz também atribuiu à personagem trejeitos cômicos e exagerados que decepcionam o público que conheceu Diadorim no romance literário de Guimarães Rosa. 

Foto: Paris Filmes/Divulgação

A interpretação de Eduardo Sterblitch é uma das grandes surpresas do longa de Arraes. O ator e humorista encarou o desafio de trazer Hermógenes às telas. O personagem impiedoso e sinistro que tem pacto com o diabo ganhou um carisma assustadoramente único. Em "Grande Sertão", ele mostra sua genialidade e prova ao grande público sua versatilidade. 

A história se passa numa grande comunidade da periferia brasileira chamada “Grande Sertão”. A luta entre policiais e bandidos assume ares de guerra e traz à tona questões como lealdade, vida e morte, amor e coragem, Deus e o diabo. 

Riobaldo entra para o crime por amor a Diadorim, mas não tem coragem de revelar sua paixão. A identidade de Diadorim é um mistério constante para Riobaldo, que lida com escolhas morais e dilemas éticos, enquanto busca entender seu lugar no mundo e sua própria natureza. 

Foto: Helena Barreto/Divulgação

De forma geral, além do texto lírico, a obra remonta às origens do cinema e traz forte contribuição do teatro. Todos os personagens são hiperbólicos em seus movimentos, falas e expressões. 

O cenário de "Grande Sertão", que na adaptação é uma favela, não perde em nada para produções hollywoodianas, assim como a fotografia e a montagem, altamente coerentes esteticamente com a proposta da adaptação. 

Foto: Helena Barreto/Divulgação

As cenas de ação são extensas na medida certa entre o extraordinário e cansativo, mas bem coreografadas. Elas abordam com profundidade a estrutura das milícias nas comunidades e a retroalimentação do ciclo da violência na “luta” entre bandidos e policiais. 

"Grande Sertão" veio em boa hora. A adaptação é fiel ao livro e renova as discussões elaboradas por Guimarães Rosa em 1956. Por fim, é inegável dizer que o filme pode cativar tanto o público que leu o romance, quanto o que não conhece a obra. 


Ficha técnica:
Direção: Guel Arraes
Roteiro: Guel Arraes e Jorge Furtado
Produção: Paranoid Filmes, coprodução Globo Filmes
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h48
Classificação: 18 anos
País: Brasil
Gêneros: ação, drama
Nota: 4 (0 a 5)

21 maio 2024

"Morando com o Crush", uma comédia romântica para se apaixonar

Uma peça pregada pelo destino coloca Luana e Hugo morando sob o mesmo teto como irmãos; agora eles precisam esconder sua paixão  (Fotos: Paris Filmes)


Filipe Matheus

Com uma narrativa doce, abordando a experiência e o amor na adolescência, chega aos cinemas nesta quinta-feira a comédia romântica "Morando com o Crush" que promete entregar humor e muita nostalgia.

Na história, Luana (Giulia Benite, de "Turma da Mônica - Lições", 2021) e Hugo (o estreante no cinema, Vitor Figueiredo) são apaixonados desde a infância. Quando seus pais começam a namorar e decidem aceitar uma proposta de emprego e morar juntos na mesma casa, em uma cidade no interior. 


As mudanças complicam a relação dos jovens. Eles agora precisam aprender a conviver e lidar com a nova dinâmica familiar, escondendo os sentimentos que têm um pelo outro. 

O relacionamento dos pais acabou provocando uma situação delicada: agora eles são considerados praticamente "irmãos” e fazem parte de uma única família.


Fábio (Marcos Pasquim, de "Juntos e Enrolados" - 2022) e Antônia (Carina Sacchelli) interpretam o pai de Luana e a mãe de Hugo, tornando a trama mais divertida e dinâmica. Se não fosse por eles, o amor e o amadurecimento dos filhos não seriam possíveis. 

Juliana Alves ("O Sequestro do Voo 375" - 2023) desempenha um bom papel como Karina, diretora da escola. A atriz poderia ter mais tempo de tela, o que deixaria o roteiro mais interessante e divertido.


A trilha sonora, composta por Silvio Marques, é perfeita, variando de "Coisa Linda", de Tiago Iorc, a "Toda Forma de Amor", de Lulu Santos. Isso faz com que o espectador se apaixone ainda mais e se envolva profundamente na narrativa do filme.

Com bom humor e uma mensagem positiva, "Morando com o Crush" entrega um diálogo simples e um roteiro com muitos clichês de filmes de romance. Indicado para todas as idades, é um convite para que o público embarque nessa aventura. 


Ficha técnica:
Direção: Hsu Chien
Roteiro: Sylvio Gonçalves
Produção: Paris Entretenimento, coprodução Paramount Pictures e Simba Content e apoio Telecine
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: Brasil
Gêneros: romance, comédia

28 abril 2024

"Férias Trocadas" - uma comédia nacional de sessão da tarde

Edmilson Filho interpreta dois personagens completamente opostos que irão se encontrar em uma viagem à Cartagena, na Colômbia (Fotos: Tico Argulo/Divulgação)


Maristela Bretas


O ano de 2024 começou com comédias nacionais boas e outras nem tanto, mas que atraíram o público para os cinemas. Um bom exemplo é "Minha Irmã e Eu", de 2023, mas que estreou em janeiro, Na sequência, tivemos "Dois É Demais em Orlando" e "Os Farofeiros 2", em março; "Licença para Enlouquecer" e "Evidências do Amor", este mês, além de outras bem aguardadas até o final do ano, como "O Alto da Compadecida 2".

Seguindo o estilo muito barulho e história já explorada em outras produções, estreia nesta quinta-feira (2 de maio) o longa "Férias Trocadas", comédia nacional protagonizada por Edmilson Filho ("Loucas Pra Casar" - 2014, o filme "Cine Holliúdy" - 2013 e a série de mesmo nome, em exibição no canal Globoplay). Filmada em Cartagena, na Colômbia, a produção é dirigida por Bruno Barreto, responsável por sucessos como o belíssimo "Flores Raras", de 2013 (que pode ser conferido no Netflix).


Em "Férias Trocadas", conhecemos José Eduardo, o Zé (Edmilson Filho), que ganha uma rifa e consegue uma viagem com a família para Cartagena. Dono de uma escolinha de futebol, é casado com Suellen (Aline Campos, de "Um Dia Cinco Estrelas" - 2023, "Os Farofeiros" - 2018 e "Os Farofeiros 2") e pai da blogueirinha Rô (Klara Castanho, de "Tudo por um Pop Star" - 2018 e a série "Bom Dia, Verônica" - 2022 e 2024, da Globoplay). A família parte animada para a primeira viagem de férias internacional. 

Viajando para o mesmo destino temos José Eduardo, conhecido como Edu (Edmilson Filho), um empresário preconceituoso que viaja com a esposa Renata (Carol Castro, de "Eike - Tudo ou Nada" - 2021) e o filho tiktoker João (Matheus Costa, de "Cinderela Pop" - 2018). O que os dois José Eduardo não esperavam era que a troca dos endereços de hospedagens iria acabar numa grande dor de cabeça e colocá-los frente a frente.


Nada de novo no enredo, rostos conhecidos de outras comédias. O personagem "Zé" (o pobre) é bem mais simpático, até mesmo quando está fazendo bobagem, ao contrário de Edu (o rico), que exagera tanto em seu preconceito que chega a ficar antipático, melhorando só no final, como esperado. 

O restante do elenco cumpre bem o papel, especialmente Aline Campos e Carol Castro. A produção perdeu a oportunidade de explorar mais o visual das praias do paraíso colombiano, que são lindas, entregando belas imagens que seriam um diferencial do filme. Entre brigas, reconciliações, situações constrangedoras e romances, "Férias Trocadas" consegue fazer o público rir e é uma distração de sessão da tarde.


Ficha técnica
Direção: Bruno Barreto
Produção: Paris Entretenimento
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h25
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: comédia

30 março 2024

"The Chosen: Os Escolhidos" - 4ª temporada eleva o nível em qualidade e narrativa

Os dois primeiros episódios da série religiosa estão em primeira exibição somente nos cinemas
(Fotos: Divulgação)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Provando ser um sucesso, de crítica e público, é visível como a série norte-americana "The Chosen: Os Escolhidos" ("The Chosen") tem ganhado mais popularidade e está no catálogo da Netflix com suas três temporadas. 

Este sucesso, inspirado nos Evangelhos dos discípulos de Jesus, chegou também aos cinemas com os dois primeiros episódios da quarta temporada disponíveis nas salas do Cinemark Pátio Savassi e Cinépolis Estação BH.

A série é notável por ser financiada por meio de crowdfunding e por ter um modelo de distribuição incomum, sendo lançada diretamente em aplicativos móveis e plataformas de streaming. 


"The Chosen" ganhou uma base de fãs significativa, com muitos elogiando sua representação única e emocional da vida de Jesus Cristo. Alcançou milhões de visualizações em todo o mundo e recebeu opiniões positivas de espectadores e críticos. 

Antes do início da 4ª temporada recebemos um aviso de seu criador da série, Dallas Jenkins, que nos situa que o nível de zelo, maestria, cenários e principalmente história, está em um nível maior de qualidade. 

Se na 3ª temporada Jesus chamava todos que estavam cansados e sobrecarregados, nessa é ele quem está cansado e toma decisões importantes frente aos seus discípulos.


Somos contextualizados com João Batista, que batizou Jesus, anunciando a chegada de Cristo, com costumes estranhos de alimentação de mel silvestre e gafanhotos. Como a narrativa faz isso de forma poética, destaque para a montagem que muito me lembra “This Is Us”, destacando momentos desde o seu nascimento até a sua morte.

Outro destaque da temporada é a tensão entre Jesus e o Império Romano que começa a questionar seus feitos e milagres. Não é bem visto pelos nobres que o chamado Filho de Deus venha e ande entre os pobres. Os romanos esperavam uma figura divina de pompa e força e não um cara simples e humilde. 


Sem dúvida, o destaque vai para Jonathan Roumie que interpreta Jesus de Nazaré em uma figura 'gente como a gente', um homem simples de família humilde, filho de carpinteiro. Ele transmite paz, mas que também consegue arrancar risos no público em sua relação com os discípulos.

Judas Iscariotes, interpretado por Luke Dimyan, também é outro que chama atenção. Se na temporada anterior, ele era um discípulo que admirava Jesus, agora começa a questionar seus feitos, sua presença na Terra e seu propósito. São os primeiros sinais de que irá trair o Mestre.


Deixa a desejar talvez a falta de mais tensão e ritmo para prender os espectadores no cinema. As cenas e os conteúdos são muito belos, porém se houvesse mais ação durante os acontecimentos, a temporada teria mais fôlego. Vale lembrar que ainda estamos no íncio, as coisas podem mudar e ficar mais agitadas.

“The Chosen” começa bem nesta nova temporada e por estar chegando nas redes de cinema e sendo melhor distribuído, mais pessoas terão acesso à produção sobre a vida de Jesus. 

Sem dúvida é indicado para quem nunca se aprofundou na história do Filho de Deus e também para quem a conhece. É, sem dúvida, um material feito com zelo e muito carinho, de um projeto religioso que começou pequeno e cresceu bastante.


Ficha técnica:
Criador, diretor e roteirista: Dallas Jenkins
Produção: Angel Studio
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: salas do Cinemark Patio Savassi (21h30), Cinépolis Estação BH (21h45). As temporadas 1, 2 e 3 estão disponíveis legendadas e gratuitas no site https://watch.thechosen.tv/, no aplicativo "The Chosen", encontrado na Apple Store e Play Store, e também na Netflix.
Duração: 2h21 (os dois primeiros episódios da 4ª Temporada)
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: drama épico, série, histórico

14 março 2024

“Imaginário: Brinquedo Diabólico” comprova que o cinema não precisava de outro brinquedo assassino

Na trama, um ursinho de pelúcia atormenta a família de sua antiga dona que o abandonou na infância quando se mudou da casa (Fotos: Lionsgate/Divulgação)


Larissa Figueiredo

Estreando nesta quinta-feira nos cinemas, o terror "Imaginário: Brinquedo Diabólico" ("Imaginary") traz a aposta de um novo brinquedo assassino repleto de lugares comuns do gênero do terror misturado a um humor que permeia o “trash”. A nova produção da Blumhouse, em parceria com a Lionsgate, é dirigida por Jeff Wadlow. 

A trama narra o dilema de Jessica (DeWanda Wise, que também é produtora executiva do filme), uma ilustradora recém-casada que decide retornar à sua antiga casa da infância com o marido Max (Tom Payne) e as duas filhas dele. 

Quando chegam ao local, a mais jovem, Alice (Pyper Braun), fica apegada a Chauncey, um ursinho de pelúcia que ela encontra no porão. Apesar de a interação parecer divertida no início, não demora muito para as coisas ficarem sinistras. 


O brinquedo desafia a menina em um jogo de caça tesouros macabro que é a chave para um mundo de imaginação, literalmente. Segredos sobre a infância de Jessica começam a vir à tona quando ela percebe que o amigo imaginário de sua enteada é o mesmo que a acompanhou em sua infância e que se tornou muito infeliz por ter sido abandonado.

A produção, apesar de fazer parte do leque de apostas da Blumhouse, passou longe do sucesso de “M3gan” (2022), "Telefone Preto" (2022), "O Homem Invisível" (2019), o clássico “Corra!” (2017) e o recente “Five Nights At Freddy’s” (2023). Os efeitos visuais, além de não impactarem e não cumprirem sua função enquanto parte do gênero terror, perdem o “timing” em cena. Eles permanecem em tela para além da finalidade do susto propriamente dito, fazendo com que o espectador se acostume com o que deveria ser extraordinário. 


O filme deixa a desejar também nas cenas de ação. Não há luta pela sobrevivência nem grandes doses de violência. Tudo se resolve na força do roteiro e no superpoder da amizade entre as protagonistas, que evadem de situações complexas sem muitas explicações. Aliás, o roteiro deixa a desejar no quesito originalidade, não há nada de inovador em "Imaginário: Brinquedo Diabólico". 

Fora o clímax do longa, todo o resto caminha em um ritmo lento, repleto de informações dispensáveis que não são explicadas no desenrolar da obra, como o paradeiro da mãe das enteadas de Jesus. O que aconteceu com ela antes que as meninas se mudassem? Será que havia relação com o brinquedo? O filme não esclarece, apenas deixa indícios de que ela teria enlouquecido. 

Dois plot twists interessantes definitivamente salvaram o longa da monotonia total e trazem certa emoção e curiosidade à obra.


Ficha técnica
Direção: Jeff Wadlow
Produção: Blumhouse, Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das redes Cineart e Cinemark e no Cinépolis Estação BH
Duração: 1h45
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

09 janeiro 2024

"Chama a Bebel" convoca o público para uma transformação social

Produção infanto-juvenil estrelada por Giulia Benite usa história comum para conscientizar sobre combate ao preconceito e preservação da natureza (Fotos: Paris Filmes)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Dirigido por Paulo Nascimento e protagonizado por Giulia Benite (a Mônica, de "Turma da Mônica - Laços" - 2019 e "Turma da Mônica - Lições" - 2021), "Chama a Bebel" chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (11) contando a história de uma adolescente preocupada com causas ambientais e sociais. O filme é uma narrativa inteligente com uma mensagem positiva, direcionada especialmente ao público adolescente.

Na trama, conhecemos Bebel (Giulia Benite), uma garota linda e brilhante, cadeirante, que precisa sair do interior com sua mãe e avó para viver na cidade grande com a tia. Nossa protagonista é confiante e sincera, sem medo do perigo, que conquista o público desde a primeira cena. 

Enfrentando um ambiente novo e desconhecido, desafia até mesmo a garota mais popular do colégio e um empresário da cidade que faz testes laboratoriais em animais para defender as causas em que acredita.  


Mariana, a mãe de Bebel, interpretada por Larissa Maciel, e Seu João, o avô vivido por José Rubens Chachá, são doces em atuações graciosas e leves. Os garotos Antônio Zeni e Gustavo Coelho também formam um time de coadjuvantes brilhantes, dando suporte significativo aos personagens Beto e Zico.

Algumas figuras antagônicas, como a tia Marieta, interpretada por Flávia Garrafa, conseguem criar personagens que despertam prazer em ser odiada. A atriz dá um show de atuação, entregando uma pessoa com postura tão arrogante, mesquinha e sempre preconceituosa com a sobrinha que faz o espectador sentir raiva dela. 


Outra odiada até no time dos vilões é Roxxane ou Rox, papel de Sofia Cordeiro. Chata e enjoada, a jovem é a típica patricinha mimada, filha de um magnata importante da cidade. Apesar do personagem estereotipado, a atriz consegue transmitir bem essa característica antipática, embora, em alguns momentos, pareça robótica em seu texto. 

A temática é outro ponto importante a mencionar. Bebel transmite uma mensagem sobre vencer o preconceito, preservar a natureza, cuidar dos animais e criar formas sustentáveis de viver na cidade. 

Ela é a típica mocinha dos filmes, no sentido literal da palavra, defensora da moral e dos bons costumes. Isso incomoda quem é oposto a essas causas, mas também desperta curiosidade. O papel da jovem é gerar transformação em todos ao seu redor e também no público. 


O filme ajuda a colaborar para a conscientização das pessoas sobre a importância em preservar o meio ambiente e a sustentabilidade. Mas a insistência no tema também pode afastar alguns espectadores que vão achar a "protagonista chata" e faz com que os conflitos pessoais dos protagonistas sejam pouco explorados. O longa até termina de maneira interessante, mas poderia entrar mais na história da personagem principal. Não direi muito para não entrar em "spoilers".

"Chama a Bebel" é uma daquelas produções "surpresa" que você não espera nada, mas sai com uma mensagem positiva da sala de cinema. Indico para todos os públicos por abordar a necessidade de inclusão, tanto racial quanto de Pessoas Com Deficiência (PCDs). É bem direcionada e isso, sem dúvida, é mérito do diretor. Um longa para ser visto por toda a família, que leva à reflexão sobre temas que não devem ser deixados de lado em 2024.


Ficha Técnica:
Direção e roteiro: Paulo Nascimento
Produção: Accorde Filmes
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h30
Classificação: 14 anos
Exibição: nos cinemas
País: Brasil
Gêneros: aventura, infanto-juvenil, família

01 janeiro 2024

Tatá Werneck e Ingrid Guimarães têm a química perfeita do humor em "Minha Irmã e Eu"

Longa dirigido por Susana Garcia é muito divertido, tem emoção e ainda atores e cantores tarimbados do passado e do presente
(Fotos: Paris Filmes)


Maristela Bretas


Garantia de boas gargalhadas e também momentos de emoção. Ingrid Guimarães e Tatá Werneck têm a química perfeita para divertir o público na comédia "Minha Irmã e Eu", em cartaz nos cinemas. São quase duas horas de trapalhadas, diálogos escrachados, com duplo e até triplo sentido e situações tão ridículas que fica impossível não rir (e muito).

A diretora Susana Garcia ("Minha Mãe é Uma Peça 3" - 2019, "Minha Vida em Marte" - 2018) acertou novamente na escolha do elenco e do roteiro, entregando um longa que deixa a gente leve quando sai do cinema, especialmente pela interpretação das duas comediantes protagonistas. 


Tatá interpreta Mirelly, a irmã caçula, que mora no Rio de Janeiro, se passa por descolada, amiga de famosos, vivendo de luxo e glamour. Puro "fake". 

Mentirosa compulsiva, mora num "apertamento", vive de bicos pra se sustentar e faz postagens arranjadas para se dar bem nas redes sociais. Ela é a mais doida das duas, mas também a que entrega as cenas e diálogos mais divertidos do filme.

Ingrid é Mirian, a mais velha, que nunca saiu de Rio Verde no interior de Goiás, vive para o lar, é casada com Jayme (Márcio Vito), tem dois filhos - Jayme Jr. e Marcelly - e cuida da mãe Dona Márcia, a tarimbada Arlete Salles. 


Mirian representa bem a esposa certinha, mas insatisfeita, que gostaria de ter a vida da irmã, apesar de estar sempre às turras com ela. E para desilusão de Dona Márcia, as filhas nunca realizaram seu sonho de formarem uma dupla sertaneja.

As duas quase não se encontram, até que uma discussão no lugar errado e na hora errada entre as irmãs leva Dona Márcia a desaparecer. Começa aí o Road movie de Miriam e Mirelly.


Em busca da mãe perdida, a dupla vai percorrer as estradas de Goiás de carro, a pé, de bicicleta, em caminhão pau-de-arara, o transporte que aparecer na hora. E por onde passam, vão deixando um rastro de boas risadas.

Bastariam as duas atrizes para o filme ter tudo para ser bom, mas o elenco ainda ganha peso com a participação de Lázaro Ramos e Taís Araújo, no papel deles mesmos, o grande Antônio Pedro, que infelizmente morreu em março deste ano, além de Leandro Lima, que faz o papel do cowboy sarado, e o colunista Hugo Gloss. 


Na parte musical, como participações especiais, estão a cantora Iza e a dupla Chitãozinho e Xororó, que tem uma história passada com Dona Márcia.

Durante sua jornada, a partir do Rio de Janeiro, de onde Mirelly agora precisa fugir por uns tempos, as duas irmãs vão conhecendo e encontrando personagens, retomando a amizade de infância e descobrindo uma nova realidade.


Além das belas locações da região Centro-Oeste do pais, "Minha Irmã e Eu" foi muito bem dirigido por Susana Garcia a partir de um roteiro leve e cativante. Como se os roteiristas estivessem contando suas próprias experiências familiares. 

Ele é isso, um filme produzido para divertir toda a família, falando sobre a relação entre mães e filhos e, especialmente, entre irmãs, com direito a brigas, picuinhas e acertos. Mas não mexa com uma delas, porque com certeza vai arranjar problema com a família toda. Não perca nos cinemas, vale muito a pena.


Ficha técnica:
Direção: Susana Garcia
Ideia original: Ingrid Guimarães e Tatá Werneck
Roteiro: Célio Porto, Ingrid Guimarães, Veronica Debom, Leandro Muniz
Produção: Paris Entretenimento, com coprodução da Paramount Pictures, Telecine, Simba e Globo Filmes
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h52
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: comédia nacional
Nota: 4 (0 a 5)