História é contada em três épocas distintas, empregando os mesmos atores principais - Joana de Verona e Diogo Amaral (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação) |
Jean Piter Miranda
Paixão que nem o tempo separa. Essa é a história de “Pedro e
Inês, O Amor Não Descansa”, coprodução entre Portugal, França e Brasil que entrou em cartaz nos
cinemas nessa semana em várias cidades brasileiras (exceto Belo Horizonte). O
longa conta a história do casal que luta para ficar junto em três épocas
distintas - passado, presente e futuro. A obra, uma adaptação do romance “A
Trança de Inês”, de Rosa Lobato Faria, foi a mais vista pelos portugueses este
ano.
Para começar a entender é bom recorrer a uma história real
muito conhecida em Portugal sobre Dom Pedro I. Ele tinha uma amante, Inês de
Castro, com quem não pode se casar, quando ainda era príncipe. Ao assumir o
trono, o rei ordenou que Inês, já morta, fosse desenterrada e, postumamente,
colocada no trono e coroada rainha.
A história de Dom Pedro I, passada na Idade Média, é uma das
que são contadas no filme. A outra, embora futurista, é ambientada em uma
pequena comunidade cheia de regras rígidas. E a narrativa vivida no presente é
bem urbana e pode se dizer que se passa nos dias atuais. Em todas elas, Pedro e
Inês se encontram, se apaixonam, mas não podem ficar juntos.
Ou melhor. Eles podem ficar juntos. Não sem problemas. Não
sem enfrentarem as consequências. As leis, os costumes, a família e,
principalmente, o fato de que Pedro sempre está de certa forma comprometido.
Ele nunca está livre quando encontra com Inês. E a separação trágica parece sempre inevitável, por mais que
se tente fugir disso. Destino? Predestinação?
O ponto de destaque do filme é que, nas três histórias, os
atores são os mesmos - Diogo Amaral (Pedro) e Joana de Verona (Inês). Mudam os
cenários, as roupas e as falas. Mas os rostos são mantidos. Isso facilita a
ligação. Há um Pedro narrador, sempre melancólico, fazendo reflexões sobre sua
vida, suas dores e sua amada.
Uma narrativa poética acompanhada de fundos musicais que dão
uma ambientação especial a cada cena. E sim, as imagens são muito bonitas. O
filme foi rodado no verão de 2017 em quatro concelhos do distrito de Coimbra
(Cantanhede, Montemor-o-Velho, Lousã e Coimbra), em Portugal.
As cenas são quase todas em ambientes fechados. E as
histórias vão se intercalando, caminhando para o desfecho. Tem um pouco daquela
lenda japonesa, do cordão vermelho que liga duas pessoas. Que faz com que, mais
cedo ou mais tarde, elas se encontrem. Em "Pedro e Inês" é como se essa ligação
ultrapassasse vidas.
É um filme, de certa forma lento. Se considerarmos o quão
acelerado está o mundo. Em tempos de tuites e textos curtos. De fazer tudo ao
mesmo tempo. Logo, parar por duas horas para ver uma história de amor é poesia
e pode ser uma experiência que cause estranhamento a muitos. Mas é uma obra
necessária, que chega na hora certa. Quem quiser tirar um tempo, vai ver que
vale a pena.
Direção e Roteiro: António Ferreira
Produção: Persona Non Grata Pictures
Países: Portugal, Brasil e França
Distribuição: Pandora Filmes
Duração: 2 horas
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)