Mostrando postagens com marcador #RedaKateb. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #RedaKateb. Mostrar todas as postagens

01 março 2023

Com roteiro confuso, “Belas Promessas” apresenta ideias rasas sobre política e democracia

Longa é protagonizado por Isabelle Huppert, que interpreta uma prefeita em crise
(Fotos: Pandora Filmes)


Larissa Figueiredo


Exibido pela primeira vez no Festival de Veneza em 2021 e também no Festival do Rio no mesmo ano, o drama francês “Belas Promessas” ("Les Promesses") chega nas salas de cinema nesta quinta-feira, 2 de março. 

A trama é ambientada num cenário brutalmente real que retrata a desigualdade social e a crise habitacional e imigratória nos arredores de Paris. 


Sob essa perspectiva, Clémence Collombet (Isabelle Huppert), uma ex-médica e prefeita de uma cidade no subúrbio da capital francesa, luta para garantir dignidade aos moradores do complexo habitacional Bernardins, antes que seu mandato acabe e ela encerre de vez sua vida na política. 

Quando a trama parece estar caminhando, um convite para atuar em um cargo alto no ministério francês a fará repensar suas concepções em relação à vida pública. A personagem de Huppert precisará se encontrar dentro de um perigoso embate entre liberdade e poder. 


Apesar de seguir uma narrativa linear (e maçante), por diversas vezes é possível se perder pela falta de clareza nas informações apresentadas no decorrer do longa. 

Os personagens parecem ter “caído de paraquedas” na obra, sem qualquer tipo de ambientação para cativar quem está do outro lado da telona. 

Até mesmo o braço direito de Clémence, Yazid Jabbi (Reda Kateb), que foi morador de Bernardins, passa boa parte do filme deslocado no enredo. 


Mesmo com um roteiro fraco e cansativo, “Belas Promessas” é bem intencionado ao trazer as mazelas sociais e os melindres da engrenagem política. 

É possível captar mensagens sutis que, no entanto, poderiam e deveriam ser mais potentes. 

O longa é utilizado, em sua essência, para escancarar falhas do liberalismo em seu próprio berço e a negligência estatal em “estender o braço” ao cidadão.


Ficha técnica:
Direção: Thomas Kruithof
Produção: France 2 Cinéma, 24 25 Films,
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h38
Classificação: 14 anos
País: França
Gênero: drama
Nota: 2,5 (0 a 5)

25 fevereiro 2021

"Mais Que Especiais" propõe um debate sobre o tratamento do autismo severo

Reda Kateb e Vincent Cassel são responsáveis por duas organizações sem fins lucrativos que cuidam de jovens autistas (Fotos: Carole Bethuel/California Filmes)

Jean Piter Miranda


É bem possível que hoje em dia todo mundo conheça ao menos uma pessoa autista. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro autista (TEA). Mas, talvez, poucas pessoas saibam que os autistas não são todos iguais. Eles podem apresentar dificuldades de comunicação e de socialização, em maior ou menor grau, entre outras características. Muitos filmes já abordaram esse tema. E o mais novo que chega nesta quinta-feira (25) aos cinemas é o francês “Mais que Especiais” ("Hors Normes").

 
O filme conta a história de Bruno (Vincent Cassel) e Malik (Reda Kateb). Eles são responsáveis por duas organizações sem fins lucrativos que cuidam de jovens autistas que foram recusados por outras instituições, por terem comportamento extremamente agressivo. A obra é baseada em uma história real, passada na França, que mostra o belo trabalho social desenvolvido pela dupla e todas as dificuldades que eles enfrentam.
 


 Bruno e Malik lidam diretamente com os jovens autistas de forma afetiva, mostrando que entendem o que estão fazendo. Ao mesmo tempo, eles têm que fazer de tudo um pouco: cuidar da parte administrativa, pagar funcionários, correr atrás de dinheiro, treinar cuidadores, lidar com a burocracia do governo, entre outras coisas. Sem contar que, pra agravar ainda mais a situação, os autistas que eles cuidam são de famílias carentes. É drama em cima de drama.
 

 
Ao longo do filme, vemos a luta de Bruno e Malik para dar qualidade de vida aos autistas que eles cuidam. Eles tentam de tudo para socializar os jovens, com tratamento bem humanizado. O que contrasta com a terapia oferecida pelas instituições tradicionais, baseada em isolamento e medicamentos sedativos. E nisso vemos também a principal preocupação dos pais: “O que vai ser do meu filho quando eu morrer? Quem vai cuidar dele?”.


"Mais que Especiais" é bem dramático. Tem cenas fortes, que mostram os jovens tendo crises, de Bruno e Malik rodando a cidade, correndo a procura de autistas que ficaram perdidos pelas ruas. Além da fiscalização dos órgãos do governo, que cobram muito e praticamente não oferecem ajuda. É um filme que traz um olhar bem diferente sobre o autismo, como talvez nunca tenha sido mostrado.
 

 
Vincent Cassel está maravilhoso, como sempre. E isso conta muito. O filme é dos diretores Olivier Nakache e Éric Toledano, os mesmo que fizeram “Intocáveis” (2011). "Mais que Especiais" propõe muitas reflexões. Apresenta uma realidade da França, mas que certamente tem muitas semelhanças com o que é vivido em várias partes do mundo. Não é uma história de superação, nem bonitinha. É uma história de dores, de renúncia e, principalmente, de amor a uma causa. É uma obra necessária que merece ser vista.
 


Ficha técnica:
Direção:
Olivier Nakache e Éric Toledano
Distribuição: Califórnia Filmes
Exibição: Nos cinemas
Duração: 1h54
País: França
Gênero: Comédia
Nota: 3,5 (de 0 a 5)