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27 junho 2024

Lento e arrastado, “Salamandra” é confuso, mal contado e não prende o espectador

Drama estrelado pela atriz francesa Marina Foïs e o brasileiro Maicon Rodrigues se passa em Olinda e Recife (Fotos: Pandora Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


É possível arriscar que apenas as pessoas que leram o romance do mesmo nome são capazes de entender – e gostar – do filme “Salamandra”, primeiro longa do diretor Alex Carvalho, que estreia no Centro Cultural Unimed BH - Minas. 

A começar pelo lugar onde se passa a história, nada é muito claro no drama estrelado pela atriz francesa Marina Foïs. Não fosse o apoio da Secretaria de Cultura de Pernambuco explícito no início da projeção, o que leva o espectador a deduzir que tudo acontece em Olinda e Recife, sequer a locação estaria clara.


A sinopse do filme, baseado no romance "La Salamandre", de Jean-Christophe Rufin, diz que a história trata da vinda de Catherine (Marina Foïs) para o Brasil, após a morte do pai. 

Aqui, ela pretenderia se reconectar com a irmã, vivida por Anna Mouglalis e casada com Ricardo (Bruno Garcia). Mas logo nos primeiros dias se apaixona pelo jovem Gilberto, interpretado por Maicon Rodrigues, apesar de todas as censuras e desigualdades entre os dois.


A começar pelo título, “Salamandra” deixa muitas pontas soltas, levando o espectador a um verdadeiro jogo de adivinhação. Aos poucos, vai-se descobrindo que o jovem negro Gilberto é uma espécie de rato de praia, vivendo de pequenos trambiques. 

Mas nada abala a paixão da francesa, que se entrega ao romance, apesar das diferenças entre eles. Quem se interessar em pesquisar, vai descobrir que salamandra é um anfíbio semelhante a um lagarto, cuja imagem é associada ao fogo e, com algum esforço, à paixão.


Com duração de cerca de quase duas horas, o filme se arrasta em cenas longas e lentas, inclusive as de sexo entre Catherine e Gil, evidenciando a diferença dos corpos e da cor da pele dos dois. Os demais atores, como Bruno Garcia, Attan Souza Lima (como Pachá, ex-patrão de Gil) e outros, apenas gravitam em torno dos dois protagonistas sem interferência ou vida própria.

Com alguma boa vontade, é possível enxergar algum discurso antirracista e até alguma referência às desigualdades sociais e aos relacionamentos em que a mulher é mais velha do que o homem. Mas é preciso muita boa vontade para gostar de uma história tão mal contada, tão sem pé nem cabeça. Haja paciência pra buscar significados e metáforas.


Ficha técnica
Direção e roteiro:
Alex Carvalho
Produção: NFilmes, Cinenovo, Scope Pictures, coprodução Canal Brasil e Telecine
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas, sala 2, sessão 20h10, somente nos dias 27 e 30 de junho e 2 de julho
Duração: 1h56
Classificação: 18 anos
Países: Brasil, França, Alemanha e Bélgica
Gênero: drama