Produção dinamarquesa foi indicada aos prêmios de Melhor Diretor e Melhor Filme Internacional no Oscar 2021 (Fotos: Henrik Ohsten/Divulgação) |
Jean Piter Miranda
“Casamento, batizado, formatura, aniversário e até chá de
bebê, tô pronto pra beber”. Não é das citações mais inspiradoras. É de um hit
sertanejo da dupla Humberto e Ronaldo, que ilustra bem a cultura brasileira. O
povo aqui bebe em todo tipo de comemoração. Não há como separar festa de bebida
alcoólica. E ao que tudo indica isso não é uma exclusividade do Brasil. O filme
"Druk – Mais uma Rodada" mostra que na Dinamarca as coisas são bem
parecidas.
O filme vai representar o país escandinavo no Oscar 2021 em
duas categorias - Melhor Diretor e Melhor Filme Internacional. Dirigido por
Thomas Vinterberg, chega dia 25 de março nas cidades onde os cinemas estão
abertos e nas plataformas de streaming Now,
Vivo Play, Sky Play, iTunes/Apple TV, Google Play e YouTube.
"Druk" conta a história de um grupo de amigos,
todos quarentões, que estão meio que enfrentando uma crise de meia idade.
Martin (Mads Mikkelsen), Tommy (Thomas Bo Larsen), Nikolaj (Magnus Millang) e
Peter (Lars Ranthe) são professores do Ensino Médio. Todos com vidas tediosas,
tanto pessoais quanto profissionais. Um dia eles decidem testar uma tese de que
com um pouco de álcool no sangue, diariamente, eles ficarão mais alegres,
produtivos e criativos. E aí começa a bebedeira.
Os quatro amigos passam a beber um pouco todos os dias,
inclusive em horário de trabalho. E sentem que estão mais soltos, mais vivos e
até mais felizes. As aulas de cada um deles vão ficando com um astral
diferente, tendo mais envolvimento e aceitação dos alunos. E a partir daí, eles
vão promovendo encontros para registrar essas experiências. E, claro, nessas
reuniões, aproveitam pra beber mais.
Não precisa ser um gênio para saber que uma hora isso vai
dar ruim. O corpo vai se acostumando com a quantidade de álcool ingerida. Logo
é preciso um pouco mais pra ter o mesmo efeito. A pessoa que bebe sempre acha
que está no controle, meio que perde a noção de realidade e nem se dá conta dos
problemas que estão chegando. E se seus melhores amigos estão na mesma
situação, aí não tem nem como esperar ajuda. É cego guiando cego. Assim, os
quatro amigos começam a ter encrencas no trabalho e na família.
"Druk" tá longe ser um filme moralista. Ele não
coloca a bebida como vilã, nem põe glamour na cultura de beber para comemorar
ou pra fugir de problemas. Nem tão pouco há um julgamento sobre as pessoas que
bebem e perdem a linha. Há cenas que dão vergonha alheia, daqueles micos que a
gente paga quando bebe demais. Seja adolescente ou adulto. E há situações em que
se chega ao extremo e o prejuízo é bem maior. Vai do lamentável ao trágico.
Chama a atenção o fato de que o filme se passa na Dinamarca.
Um país rico, de primeiro mundo. E, claramente, os personagens são de classe
média alta. Como o álcool é uma droga legal, relativamente barata e muito
acessível, o risco do alcoolismo também é maior. Para todos, de forma
democrática. Mesmo com todas as diferenças, dá pra imaginar que
"Druk" poderia ser feito tranquilamente aqui no Brasil, onde todo
mundo conhece ou viveu uma história parecida.
As atuações são muito boas. Mads Mikkelsen está ótimo como
sempre. É uma comédia dramática que põe a gente pra pensar sobre como o álcool
está presente na nossa vida. Se isso é bom ou ruim e como estamos nessa. Não é
um filme que faz apologia à bebida e também não faz campanha contra. Mas tem
muita coisa ali que dá pra pegar e refletir. É acima de tudo, uma história
sobre a vida de gente comum. Um filme que merece ser visto.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Thomas Vinterberg
Exibição: Now / Vivo Play / Sky Play / iTunes/Apple TV/ Google Play / YouTube
Distribuição: Vitrine Filmes
Duração: 1h57
País: Dinamarca
Gêneros: Drama / Comédia
Nota: 5 (de 0 a 5)