Longa aborda história da gravadora Casablanca, que lançou grandes sucessos nos anos 1970 (Fotos: Paris Filmes) |
Eduardo Jr.
São 2h15 de um longa que, embora seja um drama, é capaz de animar o mais parado dos públicos. Esse é “A Era de Ouro” ("Spinning Gold"), que estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas.
Se não tem um nome de peso na direção (feita pelo norte-americano Timothy Scott Bogart, que também é roteirista e produtor), Donna Summer, Bill Withers e a banda Kiss se encarregam de subir o sarrafo.
Mas não se trata de um filme sobre esses artistas e sim uma biografia do produtor musical Neil Bogart, fundador da gravadora Casablanca Records, que nos anos 1970 lançou todas essas estrelas da música internacional, além da cantora Gladys Knight e das bandas The Village People, The Isley Brother e Parliament.
O sobrenome não é mera coincidência. O biografado, Neil Bogart, é pai do diretor do longa. No filme, o ator Jeremy Jordan (de séries de TV como "Supergirl" e "The Flash") dá vida a Neil, que narra sua própria história, conversando com a câmera. O texto não é brilhante, mas consegue envolver o espectador.
A luz amarelada no início, que aquece e fica condizente com um retrato do passado, cria a atmosfera ideal para uma viagem à infância do produtor e sua luta para não repetir os passos do pai, um sonhador inconsequente (está aí um dos dramas do protagonista).
Em muitos momentos é possível enxergar o protagonista como um malandro bom de lábia, com muita ambição e um pouco de charme (não se empolgue, não há charme que dure com a peruca do personagem).
A falta de dinheiro vai sendo superada com um jeitinho aqui e ali, e a esperteza coloca Neil definitivamente dentro da indústria da música.
A partir daí começa a venda da imagem do executivo como gênio criativo. A inventividade e a ousadia vão ajudando Neil a descobrir - e roubar - talentos de outras gravadoras.
Sendo um pouco mais rigoroso, nota-se que algumas questões ficam pelo caminho, como a origem do dinheiro para algumas operações e o sumiço da esposa e filha do protagonista por longos minutos enquanto ele vive sua vida de estrela.
Entram em cena os clichês: do dinheiro que vem rápido e que é gasto mais rápido ainda, do romance que fica na corda bamba, e da loucura das drogas.
Mas a diversão é garantida por outras escolhas da direção. Músicas de fundo vão guiando os momentos da trama e tornando o filme mais acessível, curiosidades sobre gravações e shows despertam a curiosidade do público, e apresentações musicais fazem o espectador viajar ao passado e se surpreender com o elenco.
O cantor de pop e R&B, Jason Derulo, interpreta Ron Isley, do The Isley Brothers. Pink Sweats, que tem forte ligação com o rap e R&B impressiona cantando “Ain’t no Sunshine”, o maior sucesso de Bill Withers.
E Ledisi, que já se aproximou da música brasileira ao gravar com Sérgio Mendes, surge impecável caracterizada - e cantando - como Gladys Knight. A excelente trilha sonora do filme ficou a cargo de outro filho de Neil, Evan “Kidd” Bogart. Confira clicando aqui.
Além de números que fazer dançar na cadeira, a jornada do herói também marca presença. O longa apresenta dramas, ameniza as falhas do protagonista pela simpatia, traz superação e aposta em clássicos da world music para subir o clima da produção.
Nomes famosos da "Era de Ouro" lançados por Bogart recebem intérpretes pouco conhecidos, como Tayla Parx (que saiu-se bem como Donna Summer) e Casey Likes (Gene Simmons/Kiss).
Obra divertida, que precisa ser vista pelas gerações de ontem e de hoje - e também para dizerem se concordam comigo que o final poderia ser encurtado, por trazer cenas dispensáveis.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Timothy Scott BogartDistribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h17
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, música, biografia