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24 outubro 2024

"Venom 3 - A Última Rodada" entrega despedida com muita ação e diálogos mais divertidos

Os efeitos especiais são a marca da produção, com destaque novamente para a união entre Eddie e o simbionte (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Um encerramento bem feito, com muita ação, situações tensas, piadas e diálogos mais divertidos e escrachados e referências a personagens e frases de filmes famosos. Este é "Venom 3 - A Última Rodada" ("Venom - The Last Dance"), produção dirigida e roteirizada por Kelly Marçal, que estreia nesta quinta-feira (24) nos cinemas, resultado da parceria entre a Sony Pictures e os Estúdios Marvel.

Tom Hardy é o jornalista Eddie Brock, que convive, aos trancos, barrancos e sintonia com Venom, o hospedeiro alienígena que ocupa seu corpo desde 2018, criando uma simbiose que foi melhorando a cada filme. 

Eles agora são fugitivos da Polícia, do Exército e de um poderoso inimigo do planeta de Venom, o misterioso vilão Knull (Andy Serkis), criador dos Simbiontes, que ameaça a vida da dupla. 


No terceiro filme do personagem, que faz parte do Universo do Homem-Aranha, predomina a ação, com muitas perseguições, lutas entre alienígenas do bem e do mal, tiros e explosões do início ao fim. 

O uso de CGI é a marca da produção, com destaque novamente para os efeitos da união entre Eddie e seu amigo de outro planeta, seja durante os diálogos dividindo o mesmo corpo ou quando se separam.


Venom domina a tela, deixando Eddie como um coadjuvante. Mas um não vive sem o outro e é essa química que dá graça aos personagens interpretados por Tom Hardy, que está mais a vontade no papel. 

É divertido assistir um ser de mais de 2 metros dançando ou comendo a cabeça de um vilão (seu prato predileto). A diretora Kelly Marçal (que foi a roteirista dos dois primeiros filmes), em parceria com Tom Hardy na criação desta história, acertou da forma como desenvolveu e finalizou a franquia, humanizando os personagens.


No elenco temos ainda Chiwetel Ejiofor ("12 Anos de Escravidão" - 2014), Juno Temple ("Malévola" - 2014), Peggy Lu (como a Sra. Chen, que está na trilogia desde o início), Rhys Ifans ("Kings' Man - A Origem" - 2021), Stephen Graham (detetive Mulligan, apresentado em "Venom 2 - Tempo de Carnificina"), entre outros.

Aliado aos ótimos efeitos visuais e gráficos, temos uma trilha sonora conhecida, que tem entre seus sucessos "Wild World", de Cat Stevens, e "Don't Stop Me Now", do Queen. Também é apresentada uma versão mais lenta do sucesso "Space Oddity", de David Bowie, e a música "Symbiote', interpretada por Eminem & Lil Wayne, além de várias outras composições.


Bilheterias

Com orçamento de US$ 200 milhões, "Venom 3 - A Última Rodada" pode alcançar uma bilheteria mundial ainda maior que a de seu antecessor, "Venom: Tempo de Carnificina" (2021, lançado durante a pandemia), que atingiu pouco mais de US$ 500 milhões. Mas a melhor bilheteria até agora é a do primeiro filme da franquia, "Venom", de 2018, que faturou mais de US$ 850 milhões. Mesmo assim, os dois primeiros longas combinados somam mais de US$ 1,2 bilhão.

Mais divertido, com muita ação e momentos de emoção entre os protagonistas, "Venom 3 - A Última Rodada" deverá agradar mais aos fãs do Universo Marvel que seu antecessor de 2021. E abre espaço para filmes futuros com a participação de Knull enfrentando os super-heróis Marvel, como nos quadrinhos. Ou no Multiverso, semelhante ao que ocorreu em produções como "Deadpool & Wolverine" (2024) e "Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura" (2022).

Uma dica: há uma cena no início dos créditos e outra após a infindável lista de participantes da produção.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kelly Marcel
Produção: Marvel Entertainment, Columbia Pictures, Pascal Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção, comédia

23 junho 2024

“Clube dos Vândalos” trata da formação de um clube (ou gangue) de motociclistas

Baseado em livro, filme mostra recorte de alguns anos da vida de integrantes de motoclube no final dos anos 1960 (Fotos: Universal Pictures)


Eduardo Jr.


Dirigido por Jeff Nichols e distribuído pela Universal, “Clube dos Vândalos” ("The Bikeriders") está entre os lançamentos polêmicos em cartaz no cinema. O longa fala do surgimento e transformação de um grupo de motociclistas americanos. 

Permeado por drama e romance, o filme se inspira em um livro de Danny Lyon, que acompanhou por quase uma década um motoclube, fotografando e entrevistando os integrantes. 

A história, ambientada nos anos de 1960, começa dando a entender que será dividida em atos, tendo como ponto de partida o relato de Kathy (Jodie Comer), a jovem que se apaixonou pelo protagonista Benny (Austin Butler) e viveu boa parte da existência d’os “Vândalos”. 


Mas apenas ela atua como narradora. Outros pontos de vista ficam de fora (exceto por umas poucas cenas dos atores sendo entrevistados por Danny (papel de Mike Faist). 

A proposta de aventuras, motociclistas encrenqueiros, e romance está lá, no cartão de visitas do longa. Benny é apresentado como um desajustado, mas a beleza do garotão encanta Kathy. Com a promessa de Johnny, o fundador dos Vândalos (personagem do ótimo Tom Hardy), de que ela não terá problemas ali, ela embarca no romance, conforme conta em sua entrevista. 


Se a direção acerta ao conduzir a história por um ponto de vista feminino, num grupo ultra masculinizado, e ao expressar a liberdade sobre duas rodas e o senso de pertencimento daqueles homens, derrapa em outros pontos. 

O papel do entrevistador quase desaparece. Mike Faist fica ali, em alguns momentos, segurando um microfone e fazendo poucas perguntas. Perde-se a chance de explorar mais das histórias e perfis que essas entrevistas podem ter captado. 


Gradualmente o espectador vai conhecendo mais sobre as regras daquele grupo. E até sobre a formação de uma masculinidade que deixa marcas. Mas, da metade do filme em diante, a motocicleta vai descendo a ladeira. Vai se criando tal visão daqueles motoqueiros que é difícil imaginar que os adeptos da cultura do motociclismo venham a se sentir representados por essa obra. 

O drama da ampliação do grupo, da chegada de novos membros, do posicionamento dos integrantes diante da transformação do grupo e da sociedade criam um retrato que tira o brilho dos personagens e da história do grupo. 

Na plateia da sala Cineart, o público se dividia. Alguns expressavam satisfação enquanto outros saíam descontentes. Vá ao cinema e tire suas conclusões - e não saia da sala antes dos créditos finais, as fotos originais da época podem agradar.  


Ficha Técnica:
Direção: Jeff Nichols
Produção: Universal Pictures, New Regency, Tri-State Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h55
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gênero: drama

04 outubro 2018

"Venom" peca ao trazer um anti-herói sem identidade


Longa transita bem entre o lado cômico e a carga dramática, como vem sendo notado ao longo da série (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)


Wallace Graciano


Poucos antagonistas ficaram tão enraizados na cultura popular quanto Venom. A forma híbrida entre um homem e um parasita alienígena ganhou notoriedade nos quadrinhos não apenas por ser o contraventor das histórias do “Homem-Aranha”, mas também pelo visual peculiar e seus recursos físicos que destoavam dos demais vilões. Não à toa, o transgressor foi a grande aposta para o próximo longa do universo Marvel. Porém, tais características, que fizeram dele único no cânone do herói, foram deixadas de lado no filme que estreia nas telonas nesta quinta-feira (4).

A história, que começa soturna, mas ganha cor com o passar dos minutos, conta as desventuras de Eddie Brock (Tom Hardy), um repórter investigativo conceituado sempre ávido por grandes notícias. Vive um céu de brigadeiros com sua futura esposa, Anne Weying (Michelle Williams). Porém, ao entrar escondido no e-mail de sua amada, ele tem acesso a um relatório que expõe que a companhia na qual ela trabalha, a Life Foundation, fazia testes laboratoriais em humanos. Com uma entrevista marcada com o CEO da empresa, Carlton Drake (Riz Ahmed), ele toca na ferida e acaba arruinando a carreira de ambos.

Desempregado e desamparado, Brock tem acesso a uma médica da Life, que reporta que a empresa testava a simbiose de um parasita com humanos. Entendendo que aquela seria sua última chance, ele invade a sede da companhia e tem contato com a gosma, que o toma como receptáculo, transformando-o, aos poucos, em Venom.

Apesar de apresentar bem o antagonista ao público, a trama peca ao desenvolvê-lo. Forçando uma necessidade de mostrar um outro lado do protagonista, o filme exagera na necessidade de tratar seu lado esquizofrênico tal qual os conceitos de “O médico e o monstro”. Nesse momento, Venom perde sua força, pois não se estabelece uma identidade ao personagem, que assume-se como anti-herói de forma abrupta, sem qualquer explicação ao expectador. Apesar disso, o longa transita bem entre o lado cômico e a carga dramática, como vem sendo notado ao longo da série.


“Venom” tinha tudo para ser um dos grandes filmes do universo Marvel, pois é rico em efeitos visuais, sonoros, e tem boas atuações, porém peca ao desvirtuar a identidade do personagem sem abraçá-lo. É como se apenas quisesse cativar um novo público, esquecendo os fãs de outrora. E a necessidade de um final feliz é a maior canalhice que qualquer filme pode cometer.

Obs: fique um pouco a mais no cinema - duas cenas pós-credito



Ficha técnica:
Direção:  Ruben Fleischer
Produção: Marvel Entertainment / Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h52
Gêneros: Ação / Ficção científica
País: EUA
Classificação: 14 anos

Tags: #Venom, #Marvel, #TomHardy, #SonyPictures, #CinemanoEscurinho