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01 dezembro 2022

"Noite Infeliz" - Papai Noel existe e desce a porrada em quem se comporta mal

De saco cheio, David Harbour quebra os parâmetros e entrega presentes bem diferentes no Natal (Fotos: Universal Pictures)


Wallace Graciano


“Noite Infeliz” ("Violent Night"), longa protagonizado por David Harbour, o Jim Hopper de “Stranger Things”, chega aos cinemas brasileiros buscando quebrar uma série de clichês que logo vemos conforme o Natal começa a bater à porta. 

Se palavras como “prosperidade”, “paz” e “harmonia” permeiam nosso imaginário quando pensamos no período, no longa, que é uma mistura de comédia e ação, o Papai Noel, figura que costuma encarnar esses ideais, prova sua existência, mas de uma maneira que o distancia muito daquele simpático velhinho. 


Cansado do seu trabalho rotineiro, nosso velho barbudo se apresenta como uma figura decadente e alcoólica, que não vê mais prazer em atravessar chaminés e entregar presentes a crianças que se comportaram bem ao longo dos anos. 

Tampouco os tradicionais biscoitinhos natalinos ou copos de leite frios o atraem mais. Nas casas que visita, ele prefere conferir o que cada um dos residentes guarda em seus bares pessoais. 


Porém, essa perspectiva se vê em xeque ao entrar na mansão de uma família milionária, que escancara os mais terríveis estereótipos que podemos imaginar em um lugar onde a luxúria reina. 

Enquanto ele entra pela chaminé para deixar um presente para Trudy (Leah Brady), uma dócil garotinha que ainda não havia sido infectada pelo clima tóxico daquele ambiente, um grupo de mercenários chefiados por Scrooge (John Leguizamo), inimigo do Natal, invade o local e sequestra todos os ocupantes da casa.


Armados até os dentes, literalmente em alguns casos, esses mercenários queriam roubar os mais de US$ 300 milhões que a matriarca da família desviou do governo norte-americano enquanto tinha como missão espalhar esse dinheiro para ações na África. Com isso, começam a torturar os donos da casa em busca do segredo do cofre.


Eis que os caminhos se cruzam, quando um dos mercenários em questão vê o bom velhinho, que outrora se mostrava como uma figura indefesa. Porém, precisando encarar aquele vilão, Papai Noel revive seu passado de guerreiro esmagador de crânios, que usava um martelo como sua arma letal. 

A partir desse momento, a trama ganha fôlego, variando entre lutas sangrentas e a construção do personagem, que não sabe muito bem como adquiriu a “magia do Natal”. 


Enquanto tenta salvar a família, graças ao pedido desesperado da garotinha, que atiça seus mais nobres sentimentos como Papai Noel com esses clichês que estamos acostumados, o barbudo encara de forma voraz aqueles mercenários que avançam cada vez mais para conseguir êxito no plano. 

Apesar de sujar a roupa do Papai Noel com (muito) sangue, o filme não deixa escapar a essência natalina, apostando piadinhas, músicas típicas e até mesmo referências ao filme “Esqueceram de Mim”, um dos maiores clássicos do período.


“Noite Infeliz” está longe de uma comédia típica do período para se ver com os filhos, no sofá de casa, mas é um daqueles longas que te trará entretenimento e vai até mesmo tirar seu fôlego em meio aos risos. 

É uma película que soube trabalhar bem o inusitado, o enredo e o impacto, sem passar do tom e ofender alguém ou alguma cultura diretamente. Grandioso acerto. Um doce, mas ácido, presente de Natal.  


Ficha técnica:
Direção: Tommy Wirkola
Produção: Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h41
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, comédia