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03 julho 2023

"Elementos" da natureza se misturam para divertir e emocionar

Faísca e Gota formam o casal da nova animação da Pixar que fala sobre família, relacionamentos e diferenças
(Fotos: Walt Disney Company)


Maristela Bretas


Estou falando da nova animação da Pixar Animation Studios, "Elementos", em cartaz nos cinemas e encantando o público desde a sua estreia. A produção tem história, mensagens fortes e bem atuais, personagens simpáticos, situações engraçadas, e acima de tudo, emociona a ponto de fazer chorar. 

Assim como em outras obras da produtora, como "Divertida Mente" (2015), "Luca" (2021), "Red: Crescer é uma Fera" (2022), além dos curtas "Piper" (2016) e "Bao" (2018), que falam de relacionamentos, família e amadurecimento, "Elementos" foca também nos costumes de outros povos e no preconceito com o imigrante, no caso, o asiático.


Na animação, Bernie Lumen/Brasa (o ator filipino Ronnie del Carmen) e a esposa Cinder/Fagulha (Shila Ommi) deixam sua terra para tentar a sorte em outro lugar, onde pretendem dar uma vida melhor à filha Ember/Faísca (a atriz chino-americana Leah Lewis) que está para nascer. 

Eles chegam à Cidade Elemento, onde vivem diferentes tipos de seres formados por água, terra, ar e fogo. estes últimos, no entanto, não são bem aceitos pelos demais elementos e acabam formando sua própria comunidade, fora da cidade.


Faísca cresce aprendendo com o pai como cuidar da Loja do Fogo, que um dia ele promete que será dela. Pelas características e cultura apresentadas fica claro que a família Lumen é de descendência asiática. 

A jovem nunca sai do bairro e segue à risca a regra principal dos pais: "elementos não podem se misturar". Um bom exemplo do que acontece com muitas comunidades de imigrantes pelo mundo, que não são aceitas por sua cor, raça ou origem diferentes do local. 


Impetuosa e de estopim curto, Faísca tem de conviver com esse preconceito e desconfiança e ainda precisa descobrir o que quer para seu futuro, mesmo que ele tenha sido traçado pelo pai. 

Até que um acidente a coloca frente a frente com Wade/Gota (Mamoudou Athie), que pelo nome já dá para saber que é do elemento água. Ele é um jovem de bem com a vida, muito emotivo que chora a toa e tem uma simpatia contagiante.

Gota vai ajudar Faísca a salvar o negócio do pai e fazê-la repensar seus conceitos, especialmente sobre o amor.


"Elementos" tem várias abordagens numa só história, todas interligadas, que se tornam mais fortes com as cores vibrantes usadas na animação e dos personagens fofos e divertidos, até mesmo quanto têm ataques de fúria, como Faísca (típico da adolescência). Características fortes das produções da Pixar.


Tudo isso é capaz de levar o público a aplaudir de pé ao final do filme e até mesmo chorar de emoção, tanto pelo relacionamento da jovem com Gota quanto com o pai e a mãe. Presenciei isso na sessão que fui em BH, lotada por famílias com crianças.

Somado ao visual temos uma ótima trilha sonora, composta por Thomas Newman ("Procurando Nemo" - 2003 e "Wall-E" - 2008), que conta com 37 músicas, entre elas, "Steal The Show", cantada por Lauv, que toca quando Gota e Faísca estão juntos. Confira abaixo.


Recomendo a versão dublada que está ótima, com vozes de Luiza Porto (Faísca), do mineiro Dláigelles Silva (Gota), Giovanna Antonelli (Sra. Ripple, mãe do Gota), André Mattos (Brasa), Cacau Protásio (Flarietta), Marisa Orth (Fagulha) e muitos outros. A direção de dublagem é de Diego Lima.

"Elementos" é uma animação para todas as idades e merece ser visto em família, com um lencinho na mão. Assim como Gota e sua mãe que choram rios de lágrimas, você também vai deixar escorrer esse elemento por seu rosto sem vergonha de se emocionar.


Ficha técnica:
Direção: Peter Sohn
Produção: Pixar Animation Studios e Walt Disney Company
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, comédia, família, aventura

25 junho 2023

Harrison Ford se despede de personagem com nostalgia em "Indiana Jones e a Relíquia do Destino"

Quinto filme encerra a franquia com viagem pelo tempo e retorno de parceiros de filmes anteriores
(Fotos: Lucasfilm Ltd.)

 

Maristela Bretas


Um encerramento muito bom para Harrison Ford, com direito a viagem no tempo e imagens que remetem aos filmes anteriores da franquia. Assim é "Indiana Jones e a Relíquia do Destino", que estreia nesta quinta-feira (29) nos cinemas. 

Muita ação e aventura, que não poderiam faltar, efeitos especiais e um enredo que aposta no lado pessoal e nos dilemas do personagem principal que o levarão a uma viagem pelo tempo.


O quinto e último filme da franquia iniciada em 1981 com "Os Caçadores da Arca Perdida", sob a direção do brilhante Steven Spielberg, também encerra a participação de Ford como protagonista, sem deixar herdeiros para suas aventuras. 

Ele é a grande estrela e, mesmo aos 80 anos e sem vergonha de aparecer sem camisa, mostra porque ainda é um ator que atrai uma legião de fãs para seus filmes. 


A direção ficou nas mãos de James Mangold (diretor dos ótimos "Ford VS Ferrari" - 2019 e "Logan" - 2017), que também participou do roteiro. Ele entrega uma boa produção, que no entanto perde em história para os três primeiros filmes. Além de ser longa demais - 2h34 -, com alguns momentos cansativos. Poderia ter uma duração menor. 

O filme usa combinação de imagens e inteligência artificial para rejuvenescer Harrison Ford como Indiana Jones na época da ocupação alemã, a mesma do primeiro longa. São quase 30 minutos de muita ação e aventura, que já garantem boa diversão.


Há situações semelhantes aos dos longas anteriores que vão ser lembradas pelo público que acompanhou a saga do famoso arqueólogo. Não faltam perseguições de carros e motonetas, saltos de paraquedas, fugas em trens e muitos tiros e bombas.

A volta ao passado vai explicar os fatos que irão ocorrer no momento em que este novo filme se passa - 1969 -, durante a corrida espacial e a Guerra Fria. E apresenta como está a vida do outrora aventureiro Indy, agora um quase aposentado professor Jones, que dá aulas numa universidade para alunos sem interesse em História.


Tudo acontece quando o Indiana se vê envolvido na busca a um objeto antigo, construído pelo matemático Arquimedes, capaz de fazer quem o possuir viajar pelo tempo. Indy vai se envolver com a filha de um antigo parceiro e uma organização chefiada por um ex-nazista que quer o artefato para mudar a história.

O novo longa é nostálgico e traz de volta alguns personagens que acompanharam o herói de chapéu e chicote em muitas de suas aventuras. Como Sallah (o ator britânico John Rhys-Davies) e Marion (Karen Allen), ambos tão envelhecidos quanto o próprio Ford.


Apesar da escolha do excelente ator Mads Mikkelsen para ser o oponente da vez, o personagem Jürgen Voller, um cientista do Terceiro Reich que agora trabalha para o governo norte-americano, foi o mais fraco de todos os vilões da franquia. 

Ficou parecendo que era só mais um na trama. Um desperdício do grande talento do ator dinamarquês, que tem "Druk - Mais uma Rodada" (2021) e "Doutor Estranho" (2016) em sua filmografia.


Participam também do elenco atual Phoebe Waller-Bridge, como Helena Shaw, afilhada de Jones; Antônio Banderas (o marinheiro Renaldo, amigo de Indy); Shaunette Renee Wilson (agente Mason, da CIA); Toby Jones (Basil Shaw, parceiro de Jones e pai de Helena) e alguns outros nomes menos conhecidos.


Novamente (e não poderia ser diferente), a trilha sonora ficou nas mãos de John Williams, como nos outros quatro filmes da franquia, com destaque para a famosa música-tema que marcou toda uma geração e é tocada ao longo de todo o filme.

"Indiana Jones e a Relíquia do Destino" ressuscita a franquia após 15 anos do último filme - "Indiana Jones e o Reino da Caveira" (2008) -, e diverte, especialmente no início. Vale ser conferido, assim como os demais da saga, que já deixaram suas marcas como filmes de  aventura.


Ficha técnica:
Direção: James Mangold
Produção: Walt Disney Pictures, Lucasfilm Ltd, Paramount Pictures
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h34
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura

23 maio 2023

“A Pequena Sereia” traz para o live-action o encanto e a magia dos desenhos

A jovem cantora e atriz Halle Bailey interpreta Ariel, com carisma e simpatia, além da belíssima voz
(Fotos: Disney Studios)
 

Maristela Bretas


Pura magia, cor e encanto. Esse é o tão esperado live-action “A Pequena Sereia” (“The Little Mermaid”), que estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas, reunindo jovens e experientes atores nos principais papéis. 

Além de ótimos efeitos visuais, bem associados à trilha sonora de Alan Menke, que utilizou sucessos do desenho e algumas novidades para dar mais vida à história.


A protagonista Ariel é vivida pela cantora Halle Bailey, cuja belíssima voz é quase a de uma sereia, além do carisma da jovem. Uma escolha bem acertada. A dubladora brasileira é a cantora Laura Castro, do grupo BFF Girls. 

O britânico Jonah Hauer-King interpreta o príncipe Eric, com simpatia e uma química que funciona bem com Bailey. Muito boa também a dublagem nacional do personagem feita por Ítalo Luiz.


A turma de peso conta com o ótimo Javier Bardem, firme e forte no papel do rei Tritão, pai de Ariel. Já Melissa McCarthy é Úrsula, a bruxa do mar que faz uma vilã quase assustadora e divertida, que ganha a voz de Andrezza Massei na dublagem brasileira. 

Apesar de reunir pessoas e personagens de animação, o longa está mais para um romântico musical com muita aventura. A participação humana é maior, com algumas poucas espécies do mar animadas, que não ficaram nem um pouco naturais. 


Mesmo assim, entregam os momentos mais divertidos da história. É o caso da gaivota Sabidão, amigo de Ariel. Totalmente sem noção e muito avoada, cuja voz é da atriz Awkwafina.

Já Sebastian (voz original de Daveed Diggs e de Yuri Chesman, em português) deixou de ser uma lagosta (no desenho) e virou um siri. Ele convence, mas não tem a mesma simpatia, mesmo quando tem ataques de rabugice e passa grandes apertos para vigiar Ariel. A limitação nos movimentos faciais ainda é um problema recorrente nos live-actions da produtora.


O exemplo mais cruel com um personagem foi o peixinho Linguado (na voz de Jacob Tremblay em inglês e do ator-mirim Pedro Bugarelli em português), um dos mais adorados do desenho, que está mais para Minguado. Sem expressão, plastificado, conseguiu ser pior do que os animais do live-action de “Rei Leão” (2019).  

Linguado do desenho e o do live-action (Montagem)

A nova produção acerta em cheio ao entregar um balé de imagens e uma computação gráfica invejável. Como no dueto de Sebastian tentando convencer Ariel a não sumir, ou na serenata no lago para a jovem com o príncipe. Tudo com muito movimento, cor e música em perfeita sincronia, como no desenho. 


As imagens lembram o belíssimo “Fantasia”, longa-metragem lançado pela Disney em 1940 que reúne animação e música clássica. O live-action segue a história do conto de fadas escrito em 1837 por Hans Christian Andersen e reproduzido pela Disney no encantador desenho de 1989.

Ariel é uma bela sereia adolescente com sede de aventura. Desejando descobrir mais sobre o mundo além do mar, ela visita a superfície e se apaixona pelo arrojado príncipe Eric ao salvá-lo de um naufrágio. 


Mas para se aproximar dele no mundo dos humanos, ela faz um pacto com Úrsula: aceita ceder sua voz para que a feiticeira lhe dê pernas. Essa troca, no entanto, tem um preço: Ariel precisa ser beijada pelo príncipe em até três dias para não se tornar escrava da bruxa do mar e ser afastada de todos que ama.


“A Pequena Sereia” traz diversidade no elenco, reunindo várias etnias, como é o caso de Ariel e suas irmãs sereias e a população do reino de Eric, além de um par romântico de conto de fadas. 

Indicado para todas as idades, o longa, mesmo com alguns “defeitos especiais”, merece ser conferido no cinema, se possível em Imax, para aproveitar melhor as belas imagens. 


Ficha técnica
Direção:
Rob Marshall
Produção e distribuição: Walt Disney Pictures
Duração: 2h15
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: romance, aventura, família

03 julho 2022

"Lightyear" conta a origem do herói do espaço que encantou gerações

O famoso patrulheiro espacial da franquia “Toy Story” ganha filme solo em nova animação (Fotos: Disney/Pixar)


Maristela Bretas


Em 1995, um astronauta com um traje colorido, cheio de marra e dono da verdade, conquistava o coração de Andy e entrava para a coleção de brinquedos do garoto como um de seus preferidos e o de várias crianças pelo mundo. 

Agora Buzz, ganha vida no filme solo "Lightyear", nova animação da Disney/Pixar, que conta como tudo começou. O filme é um spin-off da amada franquia "Toy Story" e já conquistou espectadores de todas as idades desde a sua estreia nos cinemas.


Logo no início surge a explicação de que o boneco Buzz foi criado a partir do filme que era o preferido de Andy sobre o herói. Mas "Lightyear" é mais que isso e, como era de se esperar de uma produção Pixar, tem muita emoção, mesmo fugindo totalmente da fórmula de "Toy Story".

Ele é colorido, tem bichinhos fofos, mas atinge mais aos adultos, como outras produções do estúdio, ao explorar sentimentos como o de perda de pessoas amadas, viagem no tempo, respeito à diversidade e, acima de tudo, amizade sincera e leal.


Claro que a ação não fica de fora. "Lightyear" ainda apresenta vários personagens ligados a Buzz e suas origens, inclusive seu maior inimigo. A cada viagem no tempo, o arrogante e intransigente patrulheiro espacial vai mudando aos poucos sua maneira de ser. Até onde a obstinação de concluir a missão espacial é mais importante que as pessoas? A quem ele quer provar que pode fazer tudo sozinho para consertar um erro do passado?


À medida que o tempo passa, novos personagens vão surgindo, alguns do bem, outros nem tanto. É numa dessas viagens que ele vai conhecer e terá de enfrentar o malvado imperador Zurg (voz de James Brolin), o vilão da capa preta e roxa, líder de um exército de robôs, outro conhecido da franquia "Toy Story". 

No filme é possível relembrar algumas frases do herói e entender como elas surgiram. E é a mais famosa, "Ao infinito e além", que provocará um dos momentos mais emocionantes (e chorosos) do filme.


Também são apresentados o traje espacial do patrulheiro espacial com seus vários dispositivos de combate, a nave espacial de Buzz e o mais fofinho de seus amigos, o gato-robô Sox (voz de Peter Sohn/Cesar Marchetti), seu fiel pet mega inteligente e parceiro nas aventuras. Ele é quase uma versão felina de metal do R2D2 de Luke Skywalker. 

Por falar em amigos, a mais importante em toda a história e na vida de Buzz é a comandante Alisha Hawthorne (Uzo Aduba /dublagem Adriana Pissardini) que o acompanha, lidera e o ensina em toda a missão. Ela dá uma lição de vida ao público ao representar uma personagem gay.


Além de Alisha, temos também os três desastrados recrutas que vão fazer toda a diferença - Izzi Hawthorne (Keke Palmer/Flora Paulita), Darby Steel (Dale Soules/Lucia Helena Azevedo) e Mo Morrison (Taika Waititi/Henrique Reis). Na versão original, o eterno Capitão América, Chris Evans, empresta a voz a Buzz Lightyear (em toda a franquia a voz sempre foi do ator Tim Allen). 

O mesmo ocorreu na dublagem para português. Coube ao apresentador Marcos Mion dar vida ao personagem no Brasil, substituindo Guilherme Briggs, conhecido dublador do herói. Até que Mion se saiu bem.


A animação conta a história de um grupo de colonizadores que está voltando para casa e acaba se perdendo no espaço, caindo num planeta hostil a 4,2 milhões de anos-luz distante da Terra. Um erro de Buzz faz com que o grupo precise ficar mais tempo no local até conseguir criar um dispositivo de hipervelocidade que vai fazer a nave funcionar. E será o experiente piloto quem testará o dispositivo no espaço. Mas essa experiência trará surpresas e grandes mudanças para ele e toda a tripulação.

"Lightyear" tem ação e emoção e é diversão garantida. E ainda conta com uma ótima trilha sonora do premiado Michael Giarcchino. Um alerta: o filme tem três cenas pós-créditos que complementam a história e chamam para futuras produções.


Ficha técnica:
Direção: Angus MacLane
Produção: Pixar Animation Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Walt Disney Animation Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h34
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, família, animação

20 julho 2021

Com atraso de cinco anos, Scarlett Johansson volta para a família com muita ação em "Viúva Negra"

Filme solo da super-heroína da Marvel faz lembrar dos bons filmes da franquia "Vingadores" (Fotos: Marvel Studios/Divulgação)


Maristela Bretas


Ação, ação e mais ação. Com ritmo acelerado de tirar o fôlego e apenas algumas cenas para dar uma explicação ou outra e momentos família, "Viúva Negra" ("Black Widow") está em cartaz nos cinemas e para assinantes do Disney+ pelo Premier Access, ao preço de R$ 69,90. Um preço salgado para apenas uma pessoa, mas que acaba ficando em conta se mais pessoas forem dividir a exibição em casa. E quase o equivalente a duas entradas inteiras, sem combo de pipoca e refrigerante.

Pena que chegou com pelo menos cinco anos de atraso. A super- heroína Natasha Romanoff, mais conhecida como Viúva Negra, merecia ter seu filme solo apresentado na sequência certa dos fatos da franquia "Vingadores". A história se passa entre "Capitão América - Guerra Civil" (2016) e "Vingadores - Guerra Infinita" (2018), quando o grupo se divide e os aliados do Capitão América passam a ser caçados pela organização S.H.I.E.L.D. 


Mas somente agora, depois da morte da Viúva Negra em "Vingadores - Ultimato" (2019), ele é exibido, o que tira o impacto do longa e causou frustração em muitos fãs da Marvel. Para compensar, a produção em ótimas lutas, perseguições e ação alucinantes do início ao fim. Além das cenas pós-crédito (não saia do cinema) que vão abrir o caminho para a fase 4 dos "Vingadores". 


Isso mesmo. Alguns heróis morreram em "Ultimato", mas os que ficaram estão ganhando mais sequências e séries solo. É o caso de Wanda, Vision, Falcão, Soldado Invernal e até Loki. Sem contar produções como "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa", que deve chegar em dezembro deste ano, "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", previsto para estrear em março de 2022, e "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania", que pode ser lançado em 2023. 


Mas voltando à "Viúva Negra", durante sua adolescência, Natasha tem uma família "tipicamente norte-americana", só faltou um Golden Retriever. Com poucos minutos de filme, o bicho pega, com direito a uma fuga espetacular e locações de encher os olhos. Tirada dos pais junto com a irmã pequena, Yelena, ambas são treinadas na Sala Vermelha para se tornarem espiãs e assassinas russas. 

Natasha, já adulta consegue escapar, deixando a irmã para trás. Tempos depois, ela conhece o Gavião Arqueiro e se junta aos Vingadores, até se tornar uma foragida. Apesar de se isolar do mundo, ela vê seu passado em Budapeste bater à porta e trazê-la a momentos sofridos e à descoberta de figuras que julgava não existirem mais. Aos trancos e barrancos, com muita briga e rancor, ela precisará se unir à sua antiga família e derrotar um inimigo comum. Pena que Ray Winstone entregue um vilão mediano e pouco convincente. 


Trabalhar o lado emocional da super-heroína é resultado da boa direção de Cate Shortland, que soube construir bem os personagens, especialmente femininos, que predominam no filme. Scarlett Johansson arrasa na interpretação do papel principal. Mais madura e segura em sua personagem, ela divide o centro das atenções com outras estrelas que aumentam o brilho da produção e ajudam a formar uma família "bem diferente". 

A jovem atriz Florence Pugh, de "Adoráveis Mulheres" (2019) é Yelena Belova. A bela britânica é simpática, briga muito, está ótima e tem tudo para ser uma nova "Vingadora" no lugar da irmã. Outra britânica que não deixa por menos é Rachel Weisz ("A Favorita" - 2019), como- a espiã russa Melina Vostokoff, que também é a mãe de Natasha e Yelena. 


O longa recupera dos quadrinhos personagens conhecidos apenas pelos fãs. O grandalhão e ex-herói russo Guardião Vermelho, inimigo do Capitão América, que é interpretado por David Jarbour ("Hellboy" - 2019). Coube a ele o lado cômico da produção e o papel de pai das garotas. 

Além no atraso em contar a história da Viúva Negra, outro ponto negativo do filme foi o pouco destaque ao personagem Taskmaster ou Treinador (Olga Kurylenko), vilã quase robótica que persegue Natasha o filme inteiro. Como curiosidade, a adolescente Ever Anderson, que faz o papel de Natasha jovem, é filha da atriz Milla Jovovich. 


Filmado no Caribe, Noruega e, especialmente, em Budapeste, o roteiro mal dá tempo de tomar um fôlego entre as lutas e perseguições. Ótima produção que reúne ação, emoção e humor na medida. Sem grandes monstros alienígenas e guerras em outros mundos, "Viúva Negra" segue se forma correta a linha espionagem que compôs a vida da personagem, sem perder a conexão com o Universo Marvel. 

O filme merece ser conferido pelo público que curte a famosa franquia dos super-heróis, não importando em qual opção de exibição - no cinema ou em casa -, mas sempre com pipoca.


Ficha técnica:
Direção:
Cate Shortland
Produção: Marvel Studios / Walt Disney Pictures / Zak Productions
Duração: 2h14
Distribuição: Walt Disney Pictures
Exibição: Nos cinemas e Disney+ (assinantes pelo Premier Access)
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Espionagem / Aventura
Nota: 4,5 (de 0 a 5)

21 outubro 2019

Well, well! "Malévola" volta a ser a Dona do Mal

Com Angelina Jolie novamente no papel da rainha das Trevas, história deixa de ser um simples conto de fadas e aborda família, poder e diversidade (Fotos: Walt Disney Studios/Divulgação)

Maristela Bretas


Encantador, alegre, colorido (e também tenebroso), "Malévola - Dona do Mal" ("Maleficent - Mistress of Evil") é mais do que um conto de fadas. Ele é sobre e para a família, explorando as fraquezas e as virtudes de cada personagem. Especialmente as três principais - Malévola, rainha Ingrith e a princesa Aurora.

A fada do mal é novamente interpretada por Angelina Jolie, reinando poderosa e absoluta no papel, que parece ter sido feito sob encomenda pra ela. Sem perder o sarcasmo e o poder de sedução, a atriz ainda é uma das produtoras executivas do novo filme. Mas desta vez ela encontra a opositora perfeita para seu personagem - a espetacular Michelle Pfeiffer, que interpreta a rainha Ingrith. Ela faz toda a diferença no longa, que ainda tem a princesa Aurora, vivida por uma Elle Fanning mais madura e sempre linda, cinco anos depois de interpretar a personagem em "Malévola" (2014).


O embate entre as duas rainhas do mal é o diferencial deste roteiro, mudando a tradicional narrativa de um conto de fadas (que ficou excelente no primeiro filme) para uma trama que aborda disputa pelo poder, preconceito contra o que é diferente - os seres das trevas e os do reino dos Moors - e relações familiares conflituosas. Malévola tem um grande sentimento de posse pela afilhada, Aurora está crescida e quer escolher seu próprio destino e a rainha Ingrith passa por cima de quem quer que seja para conseguir o trono,com a desculpa que está garantindo o futuro do filho.


Do primeiro encontro até o final, as cenas com as duas grandes atrizes (juntas ou separadas) dão vida e energia à produção, uma verdadeira guerra de talento com muitas batalhas e explosões. Elle Fenning entra para fazer a ligação e tentar colocar panos quentes no conflito entre a madrinha e a sogra para viver feliz com seu amado Phillip. Sua personagem ganha destaque no final, mostrando que está pronta para deixar de ser a afilhada/filha de Malévola e provar que é a grande rainha do reino dos Moors e que pode ser mais que a futura mulher de um príncipe nada encantado.


Na ala masculina, esta sim, em segundo plano, os destaques ficam para Chiwetel Ejiofor (sempre atuando muito bem), no papel de Conall, Sam Riley (Diaval, o corvo), que ganha um espaço maior que no filme anterior, e Ed Skrein, como Borra. Harris Dickinson é o novo príncipe Phillip e em fevereiro de 2020 ele estreia "Kingsman: A Origem", terceiro filme da franquia - os dois primeiros filmes foram estrelados por Taron Egerton, o mesmo de "Rocketman".


No primeiro filme, Malévola passa da fada apaixonada que se torna do mal ao ser enganada pelo homem que amava e desconta na filha dele sua vingança. Mas o destino amolece seu coração e ela acaba se tornando protetora de sua vítima, a princesa Aurora. Em "Malévola - Dona do Mal", a relação das duas se tornou mais forte, mas um fator pode abalar tudo isso: o casamento de Aurora com o príncipe Phillip. 


É nesta hora que o conto de fadas ganha nova roupagem. Entra em cena a rainha Ingrith, que não tem chifres, mas desde o primeiro momento não esconde seu lado cruel. Michelle encarna bem esse papel de bonitinha, porém malvada. E será sua personagem que fará com que Malévola volte a ter um lado sombrio e "maleficent", com poderes ainda maiores, capazes de aniquilar todo um reino.


"Malévola - Dona do Mal" novamente altera fatos da história original - "A Bela Adormecida" -, explica situações do passado e reforça, em mais uma produção dos Estúdios Disney, o poder da mulher. Arrasou no conjunto da obra - elenco, figurinos perfeitos de Jolie e Pfeiffer, maquiagem, colorido acertado das cenas (inclusive nos ambientes escuros), fotografia, trilha sonora. As locações parecem uma extensão do reino de "Avatar", mas também ficaram muito boas, com o ótimo recurso de cenas aéreas. Mas o maior brilho da produção, depois do elenco feminino, fica para as batalhas. Um excelente trabalho, melhor ainda se assistido em 3D para não perder nenhum detalhe ou efeito especial. Imperdível e encerra com muito brilho a trajetória de Malévola.


Ficha técnica:
Direção: Joachim Rønning
Produção: Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 1h59
Gêneros: Fantasia / Aventura
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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05 julho 2018

"Os Incríveis 2" - Valeu a pena esperar 14 anos pela continuação

A família Pera está de volta e o destaque agora é o bebê Zezé e seus superpoderes (Fotos: Disney-Pixar/Divulgação)

Maristela Bretas


Eles surgiram em 2004 pelas mãos do diretor Brad Bird e fizeram um sucesso tão estrondoso que garantiram o prêmio de Melhor longa-metragem animado do ano no Academy Award. Agora estão de volta, sob a mesma direção, em "Os Incríveis 2" ("The Incredibles 2"). Além de dirigir a continuação da animação da Disney-Pixar, Bird é também o roteirista e um dubladores. E o resultado deste trabalho ficou ótimo e muito divertido, agradando principalmente aos adultos e à geração que assistiu "Os Incríveis" há 14 anos e esperava ansiosa por esta continuação.

A família Pêra retorna com seus superpoderes e vários problemas domésticos, como qualquer família comum - o pai Roberto/Sr. Incrível (voz original de Craig T. Nelson), a mãe Helena/Mulher Elástica (Holly Hunter), a filha adolescente Violeta (Sarah Vowell), Flecha (Huck Milner), o filho do meio que tem supervelocidade, e a grande estrela desta segunda animação, o bebê Zezé. Sim, ele agora também tem megapoderes diferentes e surpreende a todos cada vez que descobre um novo. Ele é o responsável pelas melhores e mais engraçadas situações.

Um bebê fofinho, simpático, que dá vontade de pegar no colo, e que não sabe do que é capaz. Pode apenas sumir para ganhar um biscoito ou soltar raios pelos olhos e até se incendiar. Zezé deixa a família e os amigos loucos e arranca boas gargalhadas do público. Ele é a reprodução de um bebê normal que usa e abusa de seu poder de "fofice" e "ataques de raiva" para controlar os adultos e fazer com que realizem suas vontades. E é exatamente isso que faz com o pai, que se encanta com o mais novo super-herói da família, e que não percebe que é manipulado por ele para ganhar alguma coisa, seja uma historinha antes de dormir ou o controle remoto da TV.

Mas "Os Incríveis 2" não é só Zezé. Como toda boa animação da Pixar (ainda não vi nenhuma ruim), esta também aposta num tema atual: a descoberta da força e da importância da mulher. O longa inverte os papéis de dominantes e Helena passa a ser a melhor escolha para representar os super-heróis, causando certo ciúme em Roberto, que sempre foi o líder. Ela agora precisa sair para combater o crime e recuperar a confiança da sociedade. Cabe a Roberto, cuidar da casa e das crianças, uma mudança de funções que tem se tornado cada vez mais comum nas relações familiares.

Entre as crises de adolescente de Violeta, os trabalhos de escola de Flecha e as noites mal dormidas por causa de Zezé, Roberto vai descobrindo um poder que nunca usou - o de ser pai em tempo integral. E a função de garantir o sustento agora cabe a Helena, que está sempre dividida entre o trabalho a família. Outra situação vivida por muitas mulheres atualmente. Uma cena que mostra bem isso é quando ela se frustra ao descobrir que perdeu a primeira demonstração dos poderes de Zezé. É semelhante ao que muitas mães que trabalham fora sentem por não verem os primeiros passinhos do filho.

Além de conflitos caseiros e a luta contra o crime, "Os Incríveis 2" traz de volta velhos amigos como Edna Moda (dublagem original feita pelo diretor Brad Bird) e Gelado (voz de Samuel L. Jackson) e ganha um time inteiro de novos super-heróis e dois importantes aliados - os irmãos Wilson (dublado em português pelo apresentador Otaviano Costa) e Evelyn (a atriz Flávia Alessandra) Deavor.


A dublagem em português ganhou também as vozes do apresentador de Tv Raul Gil, como Esguicho, e do jornalista Evaristo Costa, como o apresentador do telejornal Chad. Ah, já ia me esquecendo: o vilão também é meio sinistro - batizado de "O Hipnotizador", mas nada que não dê para saber quem ele é com pouco tempo de filme. Não importa, ele dá conta do recado.

Para fechar o pacote, nada como a sempre excelente trilha sonora de Michael Giacchino, responsável por grandes sucessos de produções como "Jurassic World - Reino Ameaçado" (2018), "Planeta dos Macacos - A Guerra" (2017), o apaixonante "Viva - A Vida é uma Festa" (2018), "Doutor Estranho" (2016) e mais uma infinidade de trilhas, incluindo a do primeiro filme. "Os Incríveis 2" é uma animação imperdível.



Ficha técnica:
Direção: Brad Bird
Produção: Pixar Animation Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 1h58
Gêneros: Animação / Família / Ação
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4,8 (0 a 5)

Tags: #OsIncriveis2, #Animacao, #Familia, #Disney-Pixar, #BradBird, #PixarAnimationStudios,#WaltDisneyPictures, #cinemas.cineart, #CinemanoEscurinho