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21 novembro 2024

"A Linha da Extinção" traz suspense, ação e fragilidade no protagonismo

Longa tem como protagonistas Anthony Mackie e Morena Baccarin e lembra outros filmes sobre ataques de monstros extraterrestres (Fotos: Divulgação)


Eduardo Jr.


O diretor norte-americano George Nolfi ("The Banker" - 2020) volta à cena. Desta vez, com o filme "A Linha da Extinção" ("Elevation"). A produção estrelada por Anthony Mackie (que trabalhou com Nolfi em"The Banker"e participou de "Capitão América 2: O Soldado Invernal" - 2014) e Morena Baccarin ("Deadpool" - 2016), chega às telonas nesta quinta-feira (21), distribuído pela Paris Filmes.    

Na trama, 95% da população mundial foi exterminada quando crateras se abriram em todo o mundo, e dela emergiram criaturas que matam os humanos. 

A única forma de se proteger foi buscar locais acima de 2.400 metros de altitude. Nas montanhas, Will (Mackie) cuida sozinho do filho Hunter, vivido pelo pequeno Danny Boyd Jr. (da série "Watchmen" - 2019). 


Os problemas respiratórios do garoto e o iminente término dos remédios dele obrigam Will a descer a montanha para tentar pegar medicamentos no que sobrou do hospital da cidade. 

A jornada de Will é compartilhada com Nina, vivida por Morena Baccarin, e Katie, interpretada por Maddie Hasson (da série "The Finder"- 2012). E aí começam os problemas. A personagem de Anthony Mackie tem um arco dramático fraco. 

Tão fraco que o espectador pode criar mais interesse e curiosidade pela personagem de Morena Baccarin, a cientista que procura uma forma de matar os monstros e que tem camadas e trajetória mais ricas. 


A proposta de um mundo destruído após o ataque de criaturas estranhas não é inédita. As notícias de ataques contra humanos são noticiadas em rádios e TVs. A origem das criaturas é desconhecida e a sobrevivência depende de um afastamento de determinadas áreas. 

Elementos que remetem à série "The Last of Us" (HBO - 2023). E como "A Linha da Extinção" conta com os mesmos produtores de "Um Lugar Silencioso" (2018), também é possível ver pontos de semelhança entre essas duas obras. 

O longa teve orçamento de US$ 18 milhões. Mesmo com cenas aéreas valorizando a paisagem das montanhas e ampliando a sensação de isolamento, ainda é possível tecer críticas sobre aspectos técnicos da obra de George Nolfi. 


Em certos momentos, a edição de som derrapa ao trazer ruídos que podem prenunciar um perigo (que demora um pouco a surgir) e que não representam a passagem por um ambiente hospitalar em ruínas, por exemplo. Há também momentos de ação onde a tela escurece e a movimentação da câmera confunde o espectador. 

Os diálogos também são rasos. O melhor do texto fica para a cientista Nina. Mas no meio disso tudo, o desenho das criaturas do mal é interessante. O suspense entretém na sua uma hora e meia de exibição. 

Fica a expectativa de uma continuação de "A Linha da Extinção" que explique por que os 2.400 metros de altura garantem a salvação e revele a origem e motivação dos monstros destruidores de humanos. De zero a dez, nota 6 para o filme. 


Ficha técnica:
Direção: George Nolfi
Produção: North.Five.Six
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense

14 novembro 2024

“Gladiador 2” é tão bom quanto o primeiro e conta com Denzel Washington brilhante

Paul Mescal e Pedro Pascal protagonizam a nova obra do diretor Ridley Scott (Fotos: Paramount Pictures)


Wallace Graciano


Continuações de grandes obras nasceram fadadas ao fracasso. Também pudera, meu caro amigo leitor. Elas são muitas vezes elevadas a uma expectativa que trama alguma conseguiria suprir. Por isso, antes de falar sobre “Gladiador 2” ("Gladiator II"), em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, eu o convido para se despir de seus sentimentos em relação à obra icônica de Ridley Scott. Você não vai se decepcionar.

Se outrora Russell Crowe se consagrou no papel de “Maximus Decimus”, um poderoso general romano amado pelo povo e por Marcus Aurelius, agora o protagonista não tem nenhuma alta patente no Império. Seu nome é Hanno (ou Lucius…), interpretado por Paul Mescal, e ele se encontra na África, onde vê seu povo atacado por Roma e ser dominado.


Buscando vingança após ser capturado como prisioneiro de guerra pelo general Acacius (Pedro Pascal), que agia sob as ordens dos gêmeos imperadores Greta (Joseph Quinn) e Caracala (Fred Hechinger), ele cai nas mãos de Macarius (Denzel Washington). Macarius, que outrora era um mercenário, deseja transformar os prisioneiros em gladiadores e usá-los em busca de sua ascensão política. Ao conhecer Hanno, vê nele sua grande oportunidade de fazer um movimento certeiro. 

E é nesse momento que a trama começa a se mostrar forte. Aproveitando a sede de vingança do até ali Hanno, Macarius atiça a ira de seu prisioneiro ao seu favor enquanto começa a explorar o desejo de Greta e Caracalla por novos jogos no Coliseu. 


Paralelamente, Acacius e sua mulher, Lucilla (Connie Nielsen), que fora casada com Maximus, tramam uma operação para tentar derrubar a tirania dos gêmeos imperadores.

Fugindo dos clichês, mas explorando ao máximo a narrativa épica que o período pode trazer, "Gladiador 2" passa a te sugar neste momento. Apesar de ser repleto de batalhas espetaculares e paisagens grandiosas, a continuação se destaca por ter uma trama de fundo envolvente, com a profundidade que te faz prender o ar não somente nas cenas de ação. 


A direção de Ridley Scott é magistral, com cenas de batalha visceralmente realistas e uma fotografia impecável que transporta o espectador para a antiga Roma. Somado a isso, temos a atuação magistral de Denzel Washington, que é, sem dúvida, o melhor personagem de toda a trama. 

Porém, precisamos dizer que a história, embora complexa, peca por não desenvolver suficientemente os personagens secundários e por ter uma duração excessiva. A atuação de Paul Mescal é competente, mas não consegue alcançar a intensidade de Russell Crowe. O personagem mais carismático da obra, dessa forma, vem de Washington. 


Ainda assim, precisamos dizer que a comparação com o primeiro filme é inevitável, mas que Scott acertou ao explorar desta vez temas como poder, honra e vingança de forma mais ampla, englobando elementos políticos e sociais. 

É uma sequência muito boa, que seria uma obra de grande impacto na história, mas existe o primeiro, que, sim, está em um degrau superior. O que não é nenhum demérito. 

Curiosidades

- "Gladiador 2" surge 24 anos após o filme original, também dirigido por Ridley Scott, que arrecadou mais de US$ 460 milhões nas bilheterias e conquistou cinco Oscars.

- Pedro Pascal, das séries "The Last of Us" e "The Mandalorian", atuou ao lado de Denzel Washington, em "O Protetor 2" (2018), e de Connie Nielsen, em "Mulher Maravilha 1984" (2020).


Ficha técnica
Direção: Ridley Scott
Roteiro: David Scarpa
Produção: Paramount Pictures, Red Wagon Entertainment, Scott Free Productions
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h30
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, épico

07 novembro 2024

"Operação Natal" se distancia do sentimentalismo e coloca agito na telona

Produção conta com elenco de peso para resgatar o Papai Noel, sequestrado pouco antes do período festivo (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Eduardo Jr.


O sequestro do Papai Noel é o ponto de partida de “Operação Natal” (“Red One”). O filme, que acaba de chegar aos cinemas brasileiros, tem direção de Jake Kasdan, responsável por conduzir “Jumanji - Bem-vindo à Selva”, em 2018 e “Jumanji: Próxima Fase”, no ano de 2019. O longa tem distribuição da Warner Bros. Pictures.

O longa está mais para aventura do que comédia. J.K. Simmons ("Whiplash: Em Busca da Perfeição" - 2014) dá vida ao Papai Noel bombado. 

Quando o bom velhinho desaparece, o comandante da segurança do Polo Norte, Callum Drift, vivido por Dwayne “The Rock” Johnson (que trabalhou com Jake Kasdan nos dois filmes de "Jumanji" e também protagonizou "Adão Negro", 2022) vai atrás dos sequestradores.


Mesmo sendo Natal, uma data em que a figura principal é o vovô de roupa vermelha, o longa inicia exaltando a dedicação e competência do comandante Drift. E é claro que o público vai torcer por ele na operação para resgatar “Das Neves”, codinome do bom velhinho. 

Nesta versão modernizada, o Papai Noel também é carinhosamente chamado de Nick em alguns momentos (coerente para quem tem sua figura inspirada em São Nicolau).


A missão de resgate do comandante Drift não será solitária. A chefe do departamento de proteção de criaturas mitológicas Zoe (Lucy Liu, de "Shazam! Fúria dos Deuses" - 2023) obtém pistas de quem invadiu o sistema para localizar Papai Noel. 

O responsável foi o golpista Jack O'Malley, interpretado por Chris Evans (o Capitão América de toda a franquia "Vingadores", incluindo "Guerra Ciivil" - 2011 a 2019), um caçador de recompensas. Como só ele pode rastrear quem o contratou para hackear a localização, acaba se tornando parceiro de Drift.

Juntos eles descobrem que quem está por trás do sequestro é a vilã Gryla, vivida por Kiernan Shipka (Longlegs: Vínculo Mortal- 2024). Mas infelizmente, a atriz tem pouco tempo de tela (um dos deslizes deste filme). 


Até chegar ao paradeiro do Papai Noel, diversas cenas de luta e perseguição, com muitos efeitos visuais, preenchem a tela. Sem falar nas músicas, no estilo ''cenas de ação da Marvel". 

Em alguns momentos é nítido que a qualidade do CGI poderia ser melhor. Contudo, no geral, o filme diverte. Não deixa o espectador ansioso pelo fim nos seus 133 minutos de duração. 

Talvez o estranhamento para alguém mais crítico resida no fato de que os ajudantes do Papai Noel pareçam criaturas alienígenas. E que, embora este seja um filme natalino, a emoção, as mensagens sobre união e o sentimentalismo só marcam presença no final. Mais uma obra para figurar entre os títulos da Sessão da Tarde.


Ficha técnica
Direção: Jake Kasdan
Roteiro: Chris Morgan
Produção: Amazon MGM Studios e Seven Bucks Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h13
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, comédia, família

27 outubro 2024

"Venom: Tempo de Carnificina" uma sequência que não soube desenvolver a violência dos quadrinhos na tela

Eddie e seu hóspede simbionte tentam retomar a normalidade após os acontecimentos do primeiro filme
(Fotos Sony Pictures)


Marcos Tadeu

Retomando a química cômica que deu certo entre Eddie e o simbionte Venom no primeiro filme, de 2018, a Sony Pictures e os estúdios Marvel apostaram na sequência e lançaram "Venom: Tempo de Carnificina". A tentativa era atrair o público e, logicamente, arrecadar uma boa quantia em bilheteria com mais um filme solo do vilão, num estilo similar ao de "Coringa". 

Para quem não viu este segundo filme da franquia, ele pode ser conferido em várias plataformas de streaming por assinatura. E se preparar para o final da trilogia com "Venom: A Última Rodada", em exibição nos cinemas.  Confira a crítica no blog clicando aqui.


A sequência chegou aos cinemas em 7 de outubro de 2021, anunciando o arqui-inimigo: Carnificina. Na história, temos os vilões Cletus Kasady (Woody Harrelson) e sua namorada Frances Barrison (Naomie Harris) retomando seus papéis do filme original. 

Eles estão presos num instituto para tratamento de pessoas com comportamento violento, mas com a ajuda de seus simbiontes, conseguem escapar. 

Um ano após os eventos de "Venom", Eddie Brock (Tom Hardy) tenta retomar sua carreira como jornalista, enquanto a criatura simbiótica deseja, a todo custo, dominar o corpo de seu hospedeiro e se alimentar de bandidos. 


Eddie é chamado para entrevistar Kasady, condenado à morte. A situação muda quando a execução falha e o simbionte Carnificina (Gary Hecker) o liberta, desencadeando uma nova ameaça para Eddie e Venom.

A premissa até parece promissora, e a relação entre Eddie e Venom ainda proporciona boas risadas. A ação tenta se destacar, mas cai em um campo tão artificial e sem graça que praticamente repete o que o original já fez. 

O maior problema do filme é a caracterização de Kasady como Carnificina. O enredo falha no desenvolvimento, tanto do roteiro quanto da ação. O personagem tinha potencial para ser uma grande ameaça ao longo da trama, mas parece haver um receio em mostrar todo o seu poder, deixando isso para as cenas finais, que resultam em uma luta sem graça. 


Falta tempo suficiente para que "Tempo de Carnificina" desenvolva sua mitologia e o ritmo apressado não permite que a maior novidade da sequência seja explorada adequadamente. 

Nem mesmo Cletus Kasady, apresentado como um serial killer, é bem desenvolvido, mesmo depois de ser libertado. O pouco que nos é mostrado sobre sua fama de perigoso é distribuído aos poucos ao longo dos 97 minutos de duração do longa.

No elenco, além dos protagonistas e dos dois vilões, retornam à trama os atores Michelle Williams (como Anne, ex-namorada de Eddie), Peggy Lu (Sra. Chen) e Reid Scott (atual namorado de Anne).


As cenas de ação, que prometiam ser mais brutais e viscerais, não entregam nem uma gota de sangue ou violência como foram anunciadas. Parece haver um certo medo de ousar, talvez devido à classificação indicativa mais baixa - 13 anos. 

Tecnicamente, o filme também falha. O CGI, utilizado para destacar a luta entre os alienígenas, se perde em cenas escuras e mal iluminadas, que não fazem jus ao que o filme prometia.

"Venom: Tempo de Carnificina" é uma sequência inferior ao seu antecessor, o que não é um grande elogio ao primeiro longa. O filme não desenvolve adequadamente seus personagens nem dedica tempo suficiente para que o público se interesse realmente pelo grande vilão.


Ficha técnica
Direção:
Andy Serkis
Roteiro: Kelly Marcel
Produção: Sony Pictures, Marvel Studios
Exibição: nas plataformas de streaming por assinatura Prime Vídeo, Apple TV+, Hulu, Google Play Filmes, Youtube, Starz, The Roku Channel e Vudu
Duração: 1h37
Classificação: 13 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção

24 outubro 2024

"Venom 3 - A Última Rodada" entrega despedida com muita ação e diálogos mais divertidos

Os efeitos especiais são a marca da produção, com destaque novamente para a união entre Eddie e o simbionte (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Um encerramento bem feito, com muita ação, situações tensas, piadas e diálogos mais divertidos e escrachados e referências a personagens e frases de filmes famosos. Este é "Venom 3 - A Última Rodada" ("Venom - The Last Dance"), produção dirigida e roteirizada por Kelly Marçal, que estreia nesta quinta-feira (24) nos cinemas, resultado da parceria entre a Sony Pictures e os Estúdios Marvel.

Tom Hardy é o jornalista Eddie Brock, que convive, aos trancos, barrancos e sintonia com Venom, o hospedeiro alienígena que ocupa seu corpo desde 2018, criando uma simbiose que foi melhorando a cada filme. 

Eles agora são fugitivos da Polícia, do Exército e de um poderoso inimigo do planeta de Venom, o misterioso vilão Knull (Andy Serkis), criador dos Simbiontes, que ameaça a vida da dupla. 


No terceiro filme do personagem, que faz parte do Universo do Homem-Aranha, predomina a ação, com muitas perseguições, lutas entre alienígenas do bem e do mal, tiros e explosões do início ao fim. 

O uso de CGI é a marca da produção, com destaque novamente para os efeitos da união entre Eddie e seu amigo de outro planeta, seja durante os diálogos dividindo o mesmo corpo ou quando se separam.


Venom domina a tela, deixando Eddie como um coadjuvante. Mas um não vive sem o outro e é essa química que dá graça aos personagens interpretados por Tom Hardy, que está mais a vontade no papel. 

É divertido assistir um ser de mais de 2 metros dançando ou comendo a cabeça de um vilão (seu prato predileto). A diretora Kelly Marçal (que foi a roteirista dos dois primeiros filmes), em parceria com Tom Hardy na criação desta história, acertou da forma como desenvolveu e finalizou a franquia, humanizando os personagens.


No elenco temos ainda Chiwetel Ejiofor ("12 Anos de Escravidão" - 2014), Juno Temple ("Malévola" - 2014), Peggy Lu (como a Sra. Chen, que está na trilogia desde o início), Rhys Ifans ("Kings' Man - A Origem" - 2021), Stephen Graham (detetive Mulligan, apresentado em "Venom 2 - Tempo de Carnificina"), entre outros.

Aliado aos ótimos efeitos visuais e gráficos, temos uma trilha sonora conhecida, que tem entre seus sucessos "Wild World", de Cat Stevens, e "Don't Stop Me Now", do Queen. Também é apresentada uma versão mais lenta do sucesso "Space Oddity", de David Bowie, e a música "Symbiote', interpretada por Eminem & Lil Wayne, além de várias outras composições.


Bilheterias

Com orçamento de US$ 200 milhões, "Venom 3 - A Última Rodada" pode alcançar uma bilheteria mundial ainda maior que a de seu antecessor, "Venom: Tempo de Carnificina" (2021, lançado durante a pandemia), que atingiu pouco mais de US$ 500 milhões. Mas a melhor bilheteria até agora é a do primeiro filme da franquia, "Venom", de 2018, que faturou mais de US$ 850 milhões. Mesmo assim, os dois primeiros longas combinados somam mais de US$ 1,2 bilhão.

Mais divertido, com muita ação e momentos de emoção entre os protagonistas, "Venom 3 - A Última Rodada" deverá agradar mais aos fãs do Universo Marvel que seu antecessor de 2021. E abre espaço para filmes futuros com a participação de Knull enfrentando os super-heróis Marvel, como nos quadrinhos. Ou no Multiverso, semelhante ao que ocorreu em produções como "Deadpool & Wolverine" (2024) e "Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura" (2022).

Uma dica: há uma cena no início dos créditos e outra após a infindável lista de participantes da produção.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kelly Marcel
Produção: Marvel Entertainment, Columbia Pictures, Pascal Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção, comédia

27 julho 2024

"Deadpool & Wolverine" - um filme feito para os fãs dos super-heróis da Marvel

Ryan Reynolds e Hugh Jackman protagonizam o longa recheado de sarcasmo, piadas e violência
(Fotos: Marvel Studios)


Jean Piter Miranda e Maristela Bretas


Sarcástico, divertido, violento (e põe violento nisso) e nostálgico. Tudo isso numa só produção e ainda por cima, de super-heróis muito queridos. Este é "Deadpool & Wolverine", um filme feito para delírio dos fãs do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). 

O longa faz a gente pular na cadeira cada vez que um personagem icônico ou uma cena que remete a filmes passados dos dois heróis aparece na tela. Quem não assistiu aos anteriores e também às séries não terá condições de entender o que se passa. 


E não são poucas as referências, cada uma melhor que a outra, bem saudosistas e com comentários no estilo do anti-herói que conquistou o público. Os dois primeiros filmes dele - "Deadpool" (2016) e "Deadpool 2" (2018) foram produzidos pela 20th Century Fox. Em 2019, a Disney adquiriu a produtora e com isso o personagem passou a integrar o MCU. 

Nessas duas primeiras produções, Deadpool já fazia diversas brincadeiras sobre pertencer ao MCU e às questões de direitos autorais. Um humor peculiar que foi muito bem aceito e ganhou milhares de fãs. Agora, ao lado de Wolverine, essas piadas estão ainda mais ácidas e feitas bem na medida.


As cenas de ação são bem coreografadas e contam com ótimos efeitos especiais. Inclusive nas cenas de câmera lenta. A sincronia com as músicas e o sangue completa o espetáculo. Sim, tem muito sangue. O que justifica a classificação indicativa de 18 anos, o primeiro dessa faixa no MCU. 

A trilha sonora é imbatível, trazendo clássicos que vão de AC/DC, NSYNC, Avril Lavigne, Green Day, The Platters, Fergie, Huey Lewis & The News aos sul-coreanos Stray Kids, além de outros sucessos do passado. 

Mas o grande e esperado momento, apresentado nos primeiros trailers do filme, é "Like a Prayer", de Madonna, num dos melhores momentos do longa.


"Deadpool & Wolverine" aborda o multiverso e a trama é toda em cima disso, deixando clara a ligação com o Universo Marvel. O mesmo multiverso aberto por "Homem-Aranha: Sem Volta pra Casa" (2021) que criou a possibilidade de interação com outras obras. Ou seja, qualquer filme pode ser retratado como outro universo e interagir com o heróis da produtora. 

Cada personagem pode ter outra versão de si em outro mundo. Esses outros mundos foram muito bem explorados em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" (2022), com várias participações especiais. Uma produção que trouxe inclusive ingredientes de filmes de terror para o MCU. 


De novidade, "Deadpool & Wolverine" leva o humor da Marvel para outro nível. Super escrachado, debochado, irônico e com piadas metalinguísticas, que fazem referências a outros filmes. Além disso, o longa frequentemente “quebra a quarta parede”, quando o personagem olha para a câmera e conversa com o público. Isso é mantido de forma bem acertada. 

Na trama, Deadpool precisa recrutar Wolverine (que morreu em "Logan" - 2017) para salvar seu mundo e seus amigos dos dois filmes anteriores, incluindo a amada Vanessa (Morena Baccarin) de ser destruído. 

A vilã da vez é a bela e cruel vilã Cassandra Nova (Emma Corrin em ótima interpretação), que comanda uma gangue de excluídos de vários mundos - novamente várias referências ao MCU e aos X-Men.


O longa também traz boas surpresas para os fãs, especialmente sobre super-heróis do passado, o que o torna ainda mais interessante. É daqueles filmes que você quer assistir mais de uma vez para relembrar as histórias ou matar a saudade. Tem tudo para ser o melhor dos três de Deadpool e um dos melhores de Wolverine. 

Pelo desempenho já na pré-estreia, o filme promete ser o novo sucesso de bilheteria da Marvel e bater recordes, como aconteceu com "Vingadores: Ultimato" (2019). 

Segundo previsões, o valor gasto de US$ 300 milhões com a produção (US$ 100 milhões só de cachê de Hugh Jackman) poderá ser compensado já neste primeiro final de semana, tornando-se a maior estreia global para um filme indicado para maiores de 18 anos.


Ryan Reynolds definitivamente nasceu para o papel de Deadpool/Wade Wilson e além de produtor, ele também é autor de algumas das frases usadas pelo personagem (a cara dele). Ganha inclusive mais tempo de tela que seu parceiro, proporcionando os momentos mais divertidos, chocantes e sem noção.

Já Hugh Jackman será eternamente o Wolverine/Logan dos X-Men que todos curtem nos filmes, mas resgatando o herói dos quadrinhos, com o uniforme azul e amarelo. 

Não podia ser outro ator para interpretar o super-herói mal-humorado com uma raiva latente e sempre pronto a explodir ou cortar alguém com suas garras de adamantium, especialmente se for Deadpool. Os dois em tela se completam e dão show. 


Comédia, violência para uma classificação 18 anos, multiverso, novos mundos e novos personagens. Definitivamente, o MCU não está acabado, saturado ou em decadência. Há bons filmes, outros medianos e uns bem fracos. Sim, a Marvel errou e acertou ao longo dos anos. Mas não se esgotou e segue firme e forte. 

Muitos achavam que a Disney iria mudar o super-herói mais polêmico e escrachado do cinema, que choca quem não está preparado para tanto palavrão, frases de sacanagem e lutas com mortes violentas. 

Mas "Deadpool & Wolverine" mostra que é possível o MCU trazer novidades e criar mais e mais filmes, interligados ou não. Os milhões de fãs pelo mundo esperam por isso e agradecem.


Ficha técnica:
Direção: Shawn Levy
Produção: Marvel Studios, 20th Century Fox Film
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h07
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, ação, ficção

06 junho 2024

"Grande Sertão" não perde em nada para produções hollywoodianas

Luísa Arraes e Caio Blat interpretam Diadorim e Riobaldo, os protagonistas na adaptação da obra literária de Guimarães Rosa (Foto: Helena Barreto)


Larissa Figueiredo 


Com ares de distopia cyberpunk, o filme "Grande Sertão", de Guel Arraes, estreia nos cinemas nesta quinta-feira (6). Adaptação do romance homônimo de Guimarães Rosa, "Grande Sertão: Veredas”, a produção é protagonizada por Luísa Arraes, como Diadorim, e Caio Blat, na pele de Riobaldo. 

O tempo da narrativa oscila entre o passado e o presente de Riobaldo. O roteiro e a montagem preservam as divagações do protagonista sobre o certo e o errado, Deus e o diabo, amor e ódio, e todas as dicotomias que moldam o desenrolar da história. 

Foto: Ricardo Brajterman/Divulgação

É nessas cenas que Blat “encarna” o jagunço, ora louco, ora lúcido, e mostra um total domínio do texto dinâmico, melódico e lírico, assim como na obra literária. 

Já Luisa Arraes, em sua primeira vez sendo dirigida pelo pai, não soou natural como Blat ao adentrar o universo da obra. A complexa personagem Diadorim é a força motriz do enredo e demanda uma profundidade que Arraes não correspondeu, entregando uma performance carregada de artificialidade. 

Intencionalmente ou não, a atriz também atribuiu à personagem trejeitos cômicos e exagerados que decepcionam o público que conheceu Diadorim no romance literário de Guimarães Rosa. 

Foto: Paris Filmes/Divulgação

A interpretação de Eduardo Sterblitch é uma das grandes surpresas do longa de Arraes. O ator e humorista encarou o desafio de trazer Hermógenes às telas. O personagem impiedoso e sinistro que tem pacto com o diabo ganhou um carisma assustadoramente único. Em "Grande Sertão", ele mostra sua genialidade e prova ao grande público sua versatilidade. 

A história se passa numa grande comunidade da periferia brasileira chamada “Grande Sertão”. A luta entre policiais e bandidos assume ares de guerra e traz à tona questões como lealdade, vida e morte, amor e coragem, Deus e o diabo. 

Riobaldo entra para o crime por amor a Diadorim, mas não tem coragem de revelar sua paixão. A identidade de Diadorim é um mistério constante para Riobaldo, que lida com escolhas morais e dilemas éticos, enquanto busca entender seu lugar no mundo e sua própria natureza. 

Foto: Helena Barreto/Divulgação

De forma geral, além do texto lírico, a obra remonta às origens do cinema e traz forte contribuição do teatro. Todos os personagens são hiperbólicos em seus movimentos, falas e expressões. 

O cenário de "Grande Sertão", que na adaptação é uma favela, não perde em nada para produções hollywoodianas, assim como a fotografia e a montagem, altamente coerentes esteticamente com a proposta da adaptação. 

Foto: Helena Barreto/Divulgação

As cenas de ação são extensas na medida certa entre o extraordinário e cansativo, mas bem coreografadas. Elas abordam com profundidade a estrutura das milícias nas comunidades e a retroalimentação do ciclo da violência na “luta” entre bandidos e policiais. 

"Grande Sertão" veio em boa hora. A adaptação é fiel ao livro e renova as discussões elaboradas por Guimarães Rosa em 1956. Por fim, é inegável dizer que o filme pode cativar tanto o público que leu o romance, quanto o que não conhece a obra. 


Ficha técnica:
Direção: Guel Arraes
Roteiro: Guel Arraes e Jorge Furtado
Produção: Paranoid Filmes, coprodução Globo Filmes
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h48
Classificação: 18 anos
País: Brasil
Gêneros: ação, drama
Nota: 4 (0 a 5)

23 maio 2024

Anya Taylor-Joy só quer vingança em "Furiosa: Uma Saga Mad Max"

Com boas interpretações e muita ação, longa conta a origem da guerreira vivida por Charlize Theron no longa de 2015 (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Um alerta inicial: aconselho assistir (ou rever) o longa "Mad Max: Estrada da Fúria" (2015) para entender melhor a produção. Simplesmente porque "Furiosa: Uma Saga Mad Max" ("Furiosa: A Mad Max Saga"), que estreia nesta quinta-feira (23) vai explicar a origem da icônica personagem do título, seu ódio e desejo de vingança.

Claro que no final a ligação com o filme anterior será apresentada, mas até chegarmos lá, é bom saber quais as pontas que ficaram soltas da película exibida há 9 anos. Um grande sucesso, como outras da franquia "Mad Max", que começou em 1979 com Mel Gibson e Tina Turner no elenco.


Ninguém melhor para dar continuidade, ou melhor, para explicar como tudo começou, que o diretor George Miller. Ele é responsável também pelo longa de 2015, que arrecadou mais de US$ 380 milhões e recebeu nove estatuetas do Critics Choise Awards 2016 e outras nove indicações ao Oscar no mesmo ano.

Charlize Theron arrasou quando interpretou Furiosa, a guerreira careca que tinha um braço mecânico, usava uma pintura escura sobre os olhos e enfrentou as gangues mais perigosas do deserto para salvar mulheres escravas e sua tribo.

Anya Taylor-Joy não deixou por menos e contou bem, com pouquíssimas palavras e uma presença marcante, a origem da personagem. Os olhos da jovem expressam todo o ódio que ela carrega desde a infância, quase que justificando toda a brutalidade de seus atos. 


Ao mesmo tempo em que Furiosa fala pouco, o excesso de palavras fica por conta de Chris Hemsworth. Ele está muito bem como Dementus, o senhor da guerra e líder de uma das gangues do deserto. 

Esse talvez seja um dos melhores filmes do ator nos últimos tempos. Mesmo ele insistindo no jeito caricato e debochado que marcou sua carreira como o Thor, o Deus do Trovão, o que tira um pouco da seriedade exigida em alguns momentos de seu Dementus. 


Não sei se vai incomodar muito ao público, mas com a intenção de explicar o que levou a humanidade ao caos completo, George Miller pode ter exagerado no tempo de infância de Furiosa. Demorou muito até que a menina que sofreu nas mãos de líderes guerreiros atingisse a fase adulta.

Em "Furiosa: Uma Saga Mad Max", o público vai conhecer a história de origem da guerreira renegada, narrando sua jornada durante 15 anos até se unir a Max em "Mad Max: Estrada da Fúria" (2015). 


O enredo segue a jovem Furiosa (vivida por Alyla Browne) sequestrada de seu lar pela gangue de Dementus, depois seguindo como prisioneira dele até a Cidadela, dominada pelo Immortan Joe (Lachy Hulme), outro que também faz parte do elenco do filme anterior. 

Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa planeja sua vingança contra aqueles que tanto mal lhe fizeram no passado e ainda tenta retornar a seu lar. A menina corajosa havia se tornado uma guerreira brutal. Anya Taylor-Joy passa tão bem esta carga emocional quanto Charlize Theron o fez em "Estrada da Fúria".


Outro destaque é a parte técnica. Seguindo a tradição da saga (quebrada apenas por "Estrada da Fúria"), o longa foi filmado nos desertos de Nova Gales do Sul, na Austrália. As imagens e o figurino são surpreendentes e o CGI foi muito bem empregado pelo diretor.

Sem falar na ótima trilha sonora entregue por Junkie XL, que deu uma nova roupagem ao sucesso de David Bowie, "The Man Who Sold The World". Para quem acompanha e curte a franquia, não deixe de conferir "Furiosa: Uma Saga Mad Max" nos cinemas, especialmente se for numa sala Imax.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: George Miller
Produção: Village Roadshow Pictures, Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h28
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção

19 maio 2024

"Spy x Family Código: Branco" - um filme para antigos e novos fãs do anime

(Fotos: Tatsuya Endo Shueisha)


Marcos Tadeu


Os fãs não precisaram esperar muito para conferir "Spy x Family Código: Branco" ("Spy x Family Code: White"). Depois de um curto período nas salas de cinemade BH, distribuído pela Sony Pictures, o primeiro longa da franquia  poderá ser assistido em breve pelo streaming Crunchyroll. 

Enquanto isso, é possível acompanhar na plataforma todos os episódios das duas temporadas da série Spy x Family e de outros animes, mas é necessário cadastrar uma conta no endereço https://www.crunchyroll.com/pt-br/

A animação é derivada do anime "Spy x Family", do criador do mangá, Tatsuya Endo, que também é o roteirista, designer de personagens e supervisor do projeto do filme.


Os personagens são apresentados para aqueles que estão chegando agora e não estão familiarizados com a história. Twilight é um espião que adota o nome de Loid para se infiltrar em uma missão na escola. 

Ele pretende participar de uma reunião secreta no Colégio Eden e estabelecer contato com um político importante, em uma operação chamada Strix, o que requer a criação da família Forger. 

Loid adota a pequena Anya, uma criança com poderes de telepatia, cuja relação com seu passado vamos descobrindo aos poucos. Yor é uma mulher que trabalha na prefeitura durante o dia e à noite assume o nome de Rosa Selvagem, uma assassina cruel e fria. Eles precisam construir uma família fictícia e garantir o sucesso de Anya na escola.


A trama de "Spy x Family Código: Branco" se concentra em uma viagem em família durante o fim de semana para preparar a sobremesa do diretor da escola. 

Anya, no entanto se envolve numa enrascada colocando o mundo em perigo. Os três precisam se unir para superar vários desafios, fazer a sobremesa e ainda salvar o mundo.

Yor questiona seu papel de esposa e mãe, apesar de realizar essas funções com perfeição. Já Loid é retratado como uma pessoa comum, pouco familiarizada com tecnologias e assuntos diversos. Anya precisa esconder de todos a sua habilidade de ler mentes. 


O bom humor e os pensamentos de cada um são encantadores.  Os conflitos são bem reais e humanos, mesmo sendo uma família fictícia, o que enriquece a animação.

Um novo vilão é apresentado, tão inteligente e habilidoso quanto Loid, resultando em um jogo de gato e rato. Suas motivações são plausíveis e se encaixam na proposta. Yor brilha em uma cena de ação emocionante, que contribui significativamente para a narrativa e a formação da família.


O que deixa a desejar é o desenvolvimento das cenas de ação. Embora sejam bem feitas e intensas, ficaram mal distribuídas, concentrando a maior parte no final. 

"Spy x Family Código: Branco" é uma verdadeira aventura que convida as famílias a irem ao cinema. Combina bom humor e ação, e abre as portas para novos fãs que desconhecem a obra. O final promete grandes surpresas no desfecho. 

A cena pós-créditos não acrescenta nada à trama ou ao desenvolvimento futuro da obra.


Ficha técnica:
Direção: Takashi Katagiri
Produção: WIT Studios e Cloverworks
Distribuição: Sony Pictures Entertainment e Crunchyroll
Exibição: nos cinemas e na plataforma Crunchyroll
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
País: Japão
Gêneros: ação, aventura, animação, comédia, espionagem, suspense