Depois do sucesso da campanha Semana do Cinema em 2023, que em três edições levou mais de 10 milhões de pessoas para a frente das telonas, é dada a largada para mais uma semana recheada de filmes por apenas R$ 12,00. A primeira Semana do Cinema de 2024 acontece em todo o país a partir da próxima quinta-feira (22) e os preços especiais vão até o dia 28.
Além dos ingressos com preço único promocional, os combos com pipoca e refrigerante também terão valores diferenciados. A campanha é idealizada pela Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec), com apoio da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex).
Todas as unidades da Rede Cineart em Minas vão participar da promoção, válida para as sessões nas salas tradicionais 2D. A programação será variada, com terror, musical, comédia, romance, drama, entre outros gêneros, com longas nacionais e internacionais e títulos que prometem agradar todos os tipos de público.
“Em 2023 tivemos uma adesão muito importante e pretendemos repetir a dose ao longo deste ano. Essa é a quarta edição do evento, que tem como foco principal celebrar a presença do público e democratizar ainda mais o acesso à magia que só a experiência cinematográfica proporciona. É a grande diversão dos brasileiros de todas as idades”, salienta Lúcio Otoni, presidente da Feneec.
Cinemas da Rede Cineart vão participar da promoção
Um levantamento feito pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) apontou que houve um aumento de 17% no número de pessoas nas salas em 2023, em comparação com 2022. Por isso, a iniciativa, que segue uma tendência mundial de promover, em clima de festa, a experiência cinematográfica, se torna ainda mais relevante.
“Vamos celebrar a magia do cinema, movimentar as salas de todo o país e garantir ainda mais oportunidades de entretenimento para todos os brasileiros”, comemora Marcos Barros, presidente da Abraplex.
Para checar os horários dos filmes e os preços especiais que os exibidores prepararam para os combos, basta acessar os sites de vendas de ingresso ou diretamente o portal do seu cinema favorito.
Serviço “Semana do Cinema” Exibição: Em todos os cinemas associados à Abraplex e outros participantes Data: de 22 a 28 de fevereiro Locais: Todas as sessões em sala tradicional 2D Preço dos ingressos: R$ 12,00
Rey, Poe, Finn, Chewbacca e os robôs C3PO, BB8 e R2D2 retornam a jornada para encontrar e derrotar o Imperador Palpatine (Fotos: Walt Disney Studios/Divulgação)
Maristela Bretas
Como falar de uma saga que marcou parte da minha vida, inspirou gerações e se encerra deixando uma sensação de que o dever foi quase cumprido? "Star Wars - A Ascensão Skywalker" ("Star Wars - The Rise of Skywalker") é um bom filme, bem ágil, com muita ação e esclarece várias dúvidas surgidas ao longo da saga, além de ótimos efeitos visuais, como era esperado de uma produção dirigida por J.J. Abrams. No entanto, o nono e último episódio da terceira fase e também de toda a franquia, iniciada em 1977 com "Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança", é o menos impactante desta trilogia, apesar de ter um ritmo frenético.
Os momentos de emoção surgem quando alguns personagens e locações de filmes anteriores retornam à saga, conectando passado e presente na luta entre o lado bom e o lado sombrio da Força. As eletrizantes batalhas espaciais não ficaram de fora, assim como o local escolhido como palco para a derradeira disputa entre Rey e Kylo Ren - a destruída, mas não esquecida Estrela da Morte, do Episódio IV.
Também foi muito boa a ideia de utilizar cenas inéditas da General Leia Organa feitas para o episódio VII - "O Despertar da Força" (2015), inserindo as falas e trabalhando a parte técnica. Funcionou bem para compor uma das mais importantes personagens desta nova fase e permitir que ela participasse da história que encerra a saga, como estava previsto. Mas a morte prematura da atriz Carrie Fisher em dezembro de 2016, antes da estreia do Episódio VIII, exigiu uma modificação completa nas partes em que ela deveria aparecer.
A trilha sonora original, especialmente a música-tema composta por John Williams, é sempre um prazer à parte e ainda causa arrepios quando tocada. Daisy Ridley (Rey) está ótima, segura e é a melhor do trio principal. É em cima do mistério da história de Rey que gira quase toda a trama. Adam Driver também foi melhorando a cada filme e compõe bem o vilão Kylo Ren, que jurava que poderia superar o insuperável Darth Vader, seu avô. E são eles os responsáveis por uma das batalhas mais empolgantes deste filme.
Outro vilão que faz uma volta triunfal é o Imperador Palpatine, com boa interpretação do ator Ian McDiarmid, outro veterano da franquia. John Boyega (Finn) e Oscar Isaac (Poe Dameron) entregam bons papéis, mas nada excepcional. Ficou a impressão de que o trio de heróis, apesar de mais unido, não estava mais com a mesma emoção e euforia nesse encerramento como em "O Despertar da Força" quando contracenaram pela primeira vez com seus ídolos do passado.
Muito bom rever Billy Dee Williams pilotando a Millennium Falcon como Lando Calrissian ao lado de Chewbacca, que ficou mais conhecido na saga interpretado por Peter Mayhew e hoje é vivido pelo jovem ator finlandês Joonas Suotamo. Destaque também para C3PO (o robô dourado eternizado pelo ator Anthony Daniels), cuja atuação foi essencial neste episódio. Também foram inseridos novos personagens, o que ajudou a não deixar a história repetitiva.
Neste último episódio da saga, com o retorno do Imperador Palpatine, todos voltam a temer seu poder e, com isso, a Resistência toma a frente da batalha que ditará os rumos da galáxia. Mesmo com todo o treinamento recebido de Leia e Luke para se tornar uma Jedi, Rey ainda quer respostas sobre seu passado e o porquê de ter sido abandonada pelos pais. Sua ligação com Kylo Ren está cada vez mais forte e a coloca em dúvida sobre qual lado da Força deve seguir.
A franquia
Criada e dirigida pelo grande George Lucas, a franquia Star Wars foi sucesso desde o primeiro episódio, que na verdade é o quarto - "Guerra nas Estrelas - Uma Nova Esperança". E se superou com o excelente "Episódio V: O Império Contra-Ataca" (1980), encerrando a primeira trilogia com o "Episódio VI: O Retorno de Jedi" (1983). Foi o suficiente para criar e arrastar uma legião de fãs, que acompanhou a saga de Luke Skywalker, Princesa Leia, Yoda, Chewbacca, Han Solo, mestres Jedi como Obi-Wan Kenobi, os robôs R2D2 e o tagarela C3PO, as forças do mal comandadas pelo assustador Imperador Palpatine e o mais insuperável vilão de todos os tempos, Darth Vader.
O sucesso foi tão grande que inspirou seu criador a retomar a saga 16 anos depois, invertendo a ordem da história para contar, a cada três anos, a origem de tudo numa segunda trilogia, começando com o "Episódio I: A Ameaça Fantasma" (1999), seguida pelo "Episódio II: Star Wars: O Ataque dos Clones" (2002) e o "Episódio III: A Vingança dos Sith" (2005).
Dez anos se passaram até que a saga retornasse com o Episódio VII - O Despertar da Força". Era a vez de Rey, Finn e Poe Dameron se tornarem os novos heróis e Darth Vader dar lugar a um sucessor no lado sombrio - seu neto Kylo Ren. Mas foram as marcantes figuras de Han Solo (Harrison Ford), Princesa Leia Organa (Carrie Fisher), Luke Skywalker (Mark Hamill), Chewbacca (Peter Mayhew) que levaram às lágrimas fãs como eu, cada vez que surgiam na tela.
Entre spin-offs, alguns muito bons, como "Rogue One" (2016) e outros bem fracos, como "Han Solo" (2018), nasceu a terceira trilogia que, como as demais, conquistou uma nova geração e também as passadas. Em 2017 foi a vez de Rey iniciar seu treinamento com o mestre Luke, ao mesmo tempo que Kylo Ren ganhava força e poder em "Os Últimos Jedi". Com "A Ascensão Skywalker" a saga se encerra, mas vai sempre permanecer na lembrança do milhões de fãs que "Há muito tempo, em galáxias muito, muito distantes..." seguiram com paixão o mundo de Star Wars.
Ficha técnica: Direção: J.J.Abrams Produção: LucasFilm / Walt Disney Studios Distribuição: Disney Buena Vista Duração: 2h22 Gêneros: Ficção / Aventura /Ação País: EUA Classificação: 12 anos Nota: 4 (0 a 5)
Filme é ambientado na Nova York de 1950 e aborda racismo e especulação imobiliária (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)
Maristela Bretas
Com ótima atuação de Edward Norton, um belo figurino, boa reconstituição de época e uma irrepreensível trilha sonora entra em cartaz nesta quinta-feira o filme "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" ("Motherless Brooklyn"). Além do papel principal, Norton dirigiu, roteirizou e produziu o filme, uma das boas estreias desta semana. O elenco conta ainda com Alec Baldwin, Willem Dafoe, Gugu Mbatha-Raw e uma rápida aparição de Bruce Willis que é importante para o enredo.
Ambientado em 1950, o filme é embalado pela sonoridade de trompetes e saxofones oferecendo uma atração à parte - um bom jazz, como era tocado nos bairros negros de Nova York naquela década. O compositor Daniel Pemberton foi o responsável pela excelente trilha sonora - talvez a melhor parte da produção. Ele faz um dueto com o trompetista Wynton Marsalis na bela "Woman in Blue". Thom Yorke (Radiohead) convidou Flea (Red Hot Chili Peppers) para interpretar com ele a música-tema "Daily Battles", que também ganhou uma versão instrumental com Marsalis.
Norton entrega um personagem solitário - Lionel Essrog, um dos integrantes da agência de detetives particulares chefiada por Frank Minna (Bruce Willis), que se envolve com pessoas erradas para faturar um dinheiro a mais e acaba morto. Lionel sofre de Síndrome de Tourette e passa o filme todo se explicando e pedindo desculpas pelos ataques e tiques nervosos incontroláveis que aparecem nos momentos mais inoportunos. No início os muitos "Se" e frases desconexas são até engraçadas, mas depois de um tempo se tornam cansativas, apesarem de fazer parte do personagem, o que não desmerece o trabalho do "faz tudo" Norton.
Solitário e obstinado, Lionel é considerado uma aberração pelos colegas. Apesar da doença, ele tem uma rara capacidade de guardar informações, nomes e rostos e sairá em busca dos assassinos de seu chefe e mentor. Só não esperava acabar envolvido numa sórdida trama política, que envolve troca de favores, racismo e especulação imobiliária, cujos principais alvos a serem exterminados ou expulsos de suas casas são os negros e imigrantes.
Alec Baldwin faz o papel do inescrupuloso Mose Randolph, um mafioso do colarinho branco que controla o prefeito e seus assessores e tudo o que acontece na cidade. É ele quem define o que será construído e o que será colocado abaixo para atender a seus interesses e a sua obsessão por poder. E para conseguir o quer, não se preocupa em eliminar quem atravessa seu caminho, sejam moradores, ativistas de direitos humanos, como a advogada Laura Rose (papel de Gugu Mbatha-Raw), ou de investigadores xeretas.
Baseado no romance homônimo escrito em 1999 por Jonathan Letherm, "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" tem um ponto ruim: o ritmo, muitas vezes, é lento demais e leva a uma dispensável duração de 2h24. Esticou muito para correr e resolver tudo nos 40 minutos finais. Falha de um roteiro muito longo que se perde em algumas partes.
Além da trilha sonora, destaque para a fotografia, que explora os ambientes escuros, assim como a iluminação. Uma cena chama a atenção pela beleza plástica - o mergulho de Norton induzido pela heroína que ele fumou. Os figurinos e a ambientação da Nova York daquela época também merecem aplausos e fecham bem o pacote da produção. Vale a pena conferir a produção em grande estilo, com o novo cardápio gastronômico da Sala 1 Premier do Net Cineart Ponteio.
Ficha técnica: Direção, Roteiro e Produção: Edward Norton Produção: Class 5 Films / Warner Bros. Pictures Distribuição: Warner Bros. Pictures Duração: 2h24 Gêneros: Drama / Policial País: EUA Classificação: 16 anos Nota: 3,5 (0 a 5)
Veveik Kalra interpreta um adolescente britânico, de família paquistanesa, que venera o cantor e compositor Bruce Springsteen (Fotos: Nick Wall/Warner Bros. Pictures)
Carolina Cassese
Depois dos sucessos de “Bohemian Rhapsody” (2018), “Rocketman” (2019) e “Yesterday” (2019), que trouxeram a magia de artistas consagrados (respectivamente da banda Queen, do cantor Elton John e dos Beatles) para as telas, chegou a vez de celebrar a trajetória musical de Bruce Springsteen. No longa “A Música da Minha Vida”, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (19), Jeved (Veveik Kalra) é um adolescente britânico, de família paquistanesa, que vive na cidade de Luton, em 1987.
Naquela época, a Inglaterra era governada pela primeira-ministra Margaret Thatcher, conhecida como “A Dama de Ferro”. Diante de um contexto repleto de tensões econômicas e raciais (nesse mesmo período, o líder sul-africano Nelson Mandela seguia preso, enquanto ativistas do mundo inteiro iam às ruas pedir sua liberdade), acompanhamos a dificuldade do protagonista em encontrar a própria identidade e se livrar das amarras dos pais conservadores.
Dirigido por Gurinder Chadha, o filme (baseado em uma história verídica) foca também no preconceito que alguns britânicos nutrem pelos imigrantes paquistaneses. Assim como nas dificuldades que esses enfrentam para serem inseridos no mercado de trabalho - muitos acabam em posições subalternas e não conseguem ascender socialmente. O longa acerta em mostrar que, em períodos de crise, os grupos minoritários são especialmente afetados e ainda mais atacados por supremacistas. Ao tratar dessa temática, a produção se torna assustadoramente atual.
Javed quer fugir dessa realidade que, para ele, é sombria e sem futuro no horizonte. Quer escrever, o que o pai não considera um ofício. Na escola, um mundo novo se abre. Ao se deparar com a diversidade de tribos, entende que há muita vida lá fora. Com o empurrão da professora de literatura e a dica preciosa do colega e conterrâneo que lhe passa fitas K-7 de Bruce Springsteen, ele amplia seus horizontes. E percebe que as inquietações que atormentam seu interior são compartilhadas por muita gente mundo afora. Até mesmo por Springsteen, esse rapaz de Nova Jersey, que passou para a história da música mundial (o cantor, inclusive, completa 70 anos no próximo dia 23).
A partir do momento que o jovem paquistanês descobre as músicas do “Boss”, sua vida ganha um sentido - e o longa se torna mais envolvente. Ao conhecer Eliza (Nell Williams), ele encontra uma garota para compartilhar suas descobertas e os planos para o futuro. Seu talento para a escrita passa a chamar atenção e sua carreira começa a deslanchar. No entanto, a turbulenta relação com o pai (interpretado por Kulvinder Ghir) cria alguns impedimentos - e é responsável pela maior parte dos momentos de tensão.
Em algumas cenas, o filme pode parecer literal demais, como nas vezes em que palavras-chave das músicas de Springsteen aparecem na tela. O recurso parece desnecessário, já que a conexão entre a letra das canções e a vida de Javed já é bem evidente. Pode-se pontuar também que, ao passo que o longa acerta em muitas críticas sociais, há uma idealização dos Estados Unidos.
Em certo momento, o protagonista afirma que os principais males da Inglaterra (como a xenofobia), praticamente não existem na terra de Springsteen. No entanto, sabe-se que os EUA têm um histórico considerável de intolerância contra outras nacionalidades (especialmente em se tratando de países mais periféricos). As atuações são, sem dúvida, o ponto alto do filme, com destaque para Veveik Kalra e a maior parte do elenco jovem.
No fim das contas, “A Música da Minha Vida” pode ser classificado como um “feel-good movie”, daqueles que assistimos com um sorriso no rosto. Faz divertir e cantar, mas não deixa de tocar em temas sérios que, relevantes naquele hoje distante 1987, ainda soam dolorosamente pertinentes em pleno 2019.
Classificação: 12 anos Duração: 1h57 Distribuição: Warner Bros. Pictures
Sasha Luss é a agente russa Anna Poliatova, uma temida e implacável assassina da KGB (Fotos: Europacorp/ TF1 Films Production)
Maristela Bretas
Em seus segundo trabalho, Sasha Luss é a protagonista de "Anna - O Perigo Tem Nome", em cartaz nos cinemas. A atriz russa, que poucos vão se lembrar de ter participado de "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" (também dirigido por Luc Besson), está mais bela e entrega uma interpretação bem melhor neste filme de ação. Ela é Anna Poliatova, uma espiã russa disfarçada de modelo internacional. Claro, que somente o rostinho bonito e o corpo de Luss não salvariam a produção se o elenco não contasse com a participação da excelente Helen Mirren, que faz toda a diferença quando entra em cena - ela sim é a atriz principal.
A britânica vencedora do Oscar dá vida à Olga, uma das chefes da KGB que vai contratar a jovem Anna para a organização. Em recente entrevista, Mirren declarou ser fascinada pelo universo dos espiões (atuou em "RED: Aposentados e Perigosos" - 2010 e "Red 2 - Aposentados e Ainda Mais Perigosos" - 2013). E conta também como foi a relação de sua personagem com a novata. Confira o vídeo clicando aqui.
A trama, como em outros sucessos do diretor Luc Besson (como "Lucy", de 2014), é bem amarrada, mas com alguns momentos monótonos. Inicialmente confusos, os flashbacks ao longo do filme passam a ser essenciais ao fazerem as conexões e darem uma reviravolta na história, entregando um final muito bom. Figurino e locações também foram escolhas acertadas. Mas são as cenas de lutas de Anna que prendem o espectador na cadeira, especialmente aqueles que gostam de ação e muito sangue. A melhor é a da luta dentro de um restaurante.
De beleza incomparável, a modelo Anna Poliatova esconde um segredo conhecido por poucos. A profissão é apenas uma fachada para seu trabalho principal. Ela é uma implacável e temida assassina russa da KGB com uma história de violência, sedução e envolvimento com pessoas pouco confiáveis. O elenco conta ainda com os experientes Luke Evans, como o espião russo Alex Tchenkov, e Cillian Murphy, no papel de Lenny Miller, agente da CIA que quer trazer a jovem russa para "o lado dos mocinhos". "Anna" é um bom filme de espionagem que vale a pena ser conferido.
Ficha Técnica Direção e roteiro: Luc Besson Produção: EuropaCorp / Canal + / TF1 Films Production / Summit Entertainment Distribuição: Paris Filmes Duração: 1h58 Gênero: Ação País: França Classificação: 16 anos Nota: 3 (0 a 5)
Milo Ventimiglia e seu golden retriever têm uma paixão em comum - corrida e velocidade (Foto: Doane Gregory/20th Century Fox Film)
Maristela Bretas
Poderia ser apenas mais um filme sobre cães, relacionamentos e muita choradeira. E é, mas desta vez até os homens poderão curtir - tem carros e corrida. Estou falando de "Meu Amigo Enzo", que está em cartaz nos cinemas e é muito fofo. Mas o título em português não ajuda muito e já virou até motivo de comentários maldosos, uma vez que o original é "The Art of Racing in the Rain" ("A Arte de Correr na Chuva", nome do best-seller de 2008 escrito por Garth Stein, que deu origem ao filme).
Seguindo o estilo de outros filmes sobre cães com direito a muitas lágrimas, alguns de grande sucesso como "Sempre ao Seu Lado" (2009), "Marley e Eu" (2008) e o mais recente "Quatro Vidas de Um Cachorro" (2017), "Meu Amigo Enzo" consegue atingir seu objetivo de fazer chorar muito. A história é previsível, com o ator Milo Ventimiglia no papel de Denny Swift, dono do cão. Ele fica aquém quando contracena com Amanda Seyfried, que interpreta Eve, sua esposa. No elenco estão ainda os veteranos Martin Donovan e Kathy Baker (pais de Eve) e a jovem Ryan Kiera Armstrong, como Zoe.
Destaque para escolha de Kevin Costner para fazer a voz rouca da dublagem de Enzo. O cão "de alma humana" é a grande estrela do filme ao narrar toda a sua trajetória com Denny e as pessoas que o cercam, sob o ponto de vista canino. Enzo é um cão muito especial por ter uma segunda maior paixão na vida, depois de Denny e sua família - carros de corrida. O enredo exigia um animal dócil e encantador e a escolha foi por Parker, novamente um belo e fofo golden retriever que encantou até mesmo o elenco.
"Meu Amigo Enzo" é um dramalhão que emociona, com situações alegres e tristes, dilemas entre família e carreira, perdas e ganhos e um cão que tudo observa, dá sua opinião canina e, às vezes até interfere no destino de seu dono. A escolha das locações também foi acertada, com lugares interessantes, alguns ligados a corridas de carros. E são as cenas de algumas memoráveis provas, especialmente de Fórmula 1, que podem atrair alguns fãs desse esporte.
A todo momento, o elenco está assistindo programas sobre corridas passadas. Ayrton Senna recebe uma atenção maior do roteirista, uma vez que, assim como o brasileiro, Denny também é excelente piloto em pistas com chuva - vai daí o nome original do filme. Senna ganha inclusive um arranjo na bela trilha sonora instrumental do filme (disponível no @Spotify) composta por Dustin O'Halloran e Volker Bertelmann. George Harrison, Coldplay, Tears For Fears, Creedence Clearwater Revival e Thirty Seconds To Mars também estão presentes.
Na história, Denny Swift é um piloto de testes arrojado que sonha em ir para a Fórmula 1. Um dia, no caminho para o trabalho, se encanta e compra um filhote de cachorro, que recebe o nome de Enzo, em homenagem ao fundador da escuderia Ferrari. O animal passa a acompanhar o piloto a todo lugar, especialmente às corridas, nas pistas ou assistindo TV. À medida que a vida de Denny vai mudando, Enzo também precisa se adaptar ao surgimento de outras pessoas na vida da dupla, especialmente Eve, por quem o dono se apaixona.
Para quem busca um filme leve sobre cachorro, com direito a olhos inchados e sem se importar em pagar mico junto com outros marmanjos na saída do cinema, "Meu Amigo Enzo" é a escolha certa. Não chega a ser tão bom como outros citados no início do texto, mas pode agradar ao público, em especial aqueles mais emotivos. Vale conferir.
Ficha técnica: Direção: Simon Curtis Produção: Universal Pictures Distribuição: Fox Film do Brasil Duração: 1h49 Gênero: Drama País: EUA Classificação: 10 anos Nota: 3 (0 a 5)
Lupita Nyong'o é o destaque do filme, entregando personagens antagônicos com perfeição (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)
Maristela Bretas
Assustador, tendo, surpreendente do início e especialmente o fim, "Nós" ("Us"), dirigido, roteirizado e produzido pelo excelente Jordan Peele ("Corra!"), é de prender na cadeira e deixar o espectador incomodado. Uma verdadeira aula de psicologia sobre o outro lado do ser humano, mesclando mitologia, terror e suspense na medida certa, mesmo nas cenas mais violentas. Ou seja, o conjunto da obra é impecável, colocando a produção como uma das melhores do gênero dos últimos anos.
Peele acertou em todos os pontos, especialmente na escolha da premiada Lupita Nyong'o como Adelaide e sua versão Red, que deu o toque assustador à trama, unindo os pontos isolados que aparecem no início do longa. A pacata dona de casa Adelaide, que guarda um segredo de infância, é confrontada pela macabra Red, sua imagem e semelhança, de perfil doentio e assassino. E Lupita dá uma interpretação assustadoramente perfeita para ambas, merecedora de um Oscar em 2020.
O restante do elenco também entrega um excelente trabalho nas versões originais e duplas - Winston Duke, faz o papel de Gabe, marido de Adelaide e Abraham (a cópia), garantindo a parte cômica do filme com seus comentários sem propósito nas horas erradas, Também os jovens atores Shahadi Wright Joseph, como Zora e Umbrae, e Evan Alex, interpretando Jason e o vermelho Pluton, dão show de interpretação nos dois papéis. O elenco conta também com os veteranos Elisabeth Moss e Tim Heidecker, como o casal de amigos e vizinhos Kitty e Josh Tyler.
Ao jornal The Hollywood Reporter, Jordan Peele contou que sua intenção com o filme era criar uma mitologia de monstro e analisar um tipo diferente de terror. “Era muito importante pra mim ter uma família negra no centro de um filme de terror. Mas também é importante notar que, ao contrário de 'Corra!', 'Nós' não é sobre racismo. Ao invés disso, é sobre algo que eu acho que se tornou uma verdade inegável. E é o simples fato de que nós somos nossos próprios piores inimigos”, afirmou.
Fotografia e trilha sonora também são destaques em "Nós", com o diretor empregando raps em momentos tranquilos da família e música clássica nas horas de maior tensão, uma mudança do convencional que agrada. Além do roteiro que explora os medos, traumas e o lado sombrio de cada um. Chega a dar um nó na cabeça de quem está no cinema sobre até onde tudo o que está acontecendo é verdade ou uma grande alucinação? Até que ponto escondemos uma versão violenta que pode se manifestar quando a nossa sobrevivência está em jogo?
Na trama, Adelaide e Gabe decidem levar o casal de filhos para passar um fim de semana em uma casa de veraneio na praia. Aproveitam o dia com o amigos Kitty e Josh Tyler e as gêmeas do casal. Adelaide não se sente bem ao voltar á cidade onde na infância sofreu um grande trauma. Mas será à noite que todos os seus medos virão à tona, quando passam a ser perseguidos por um grupo macabro, exatamente igual a ela e sua família, mas com deformidades nos rostos. Usando macacões vermelhos e tesouras douradas, a única intenção dos duplos é acabar com as versões originais bonitinhas e perfeitas.
A partir daí, cada peça de um imenso quebra-cabeça que começou a ser formado no início do filme vai se encaixando, permitindo ao público criar sua própria opinião sobre o que está ocorrendo e o que esperar do final. Surpreendente, imperdível e perturbador, "Nós" é uma reflexão sobre o eu de cada. Dificilmente terá neste ano um concorrente á altura neste gênero.
Ficha técnica: Direção: Jordan Peerle Produção: Universal Pictures / Blumhouse Pictures Distribuição: Universal Pictures Duração: 1h56 Gêneros: Terror / Suspense País: EUA Classificação: 18 anos Nota: 5 (0 a 5)
Públicos de todas as idades irão se identificar com personagens e situações mostradas nessa divertida e emocionante produção (Fotos: Walt Disney Studios)
Maristela Bretas
Junte um ótimo elenco de dubladores, uma história fantástica com famosos personagens da Disney, um grandalhão desajeitado, mas de um coração enorme e uma garotinha apaixonada por corridas e você tem uma das melhores animações que está em cartaz no cinema: "WiFi Ralph - Quebrando a Internet" ("Ralph Breaks The Internet"). Ela faz rir, chorar, rir novamente e mescla, de maneira excepcional, o mundo dos games antigos (arcade) com os novos e velozes movidos à internet, para agradar a todas as idades, principalmente ao público nerd, que vai identificar conhecidos elementos da World Wide Web.
E foram a curiosidade e a necessidade que levaram Ralph (voz de John C. Reilly) e sua agitada amiguinha Vanellope (Sarah Silverman) à Internet, com tudo o que ela tem de atraente, mas também o lado ruim e distorcido. Somente a Disney para colocar numa animação marcas de produtos, serviços, aplicativos, enfim tudo o que corre na grande Rede, como Google, Facebook, eBay, Amazon, Snapchat, os passarinhos azuis do Twitter, o trenzinho incansável de mensagens do Gmail.
Tem até um sabe-tudo Isso sem falar nos pop-ups, spams, vírus e antivírus. Até mesmo a Deep Web foi lembrada com importante participação. E claro, a área de busca (do Google) com o "KnowsMore" (Alan Tudyk).
Se no primeiro, a disputa ocorreu no mundo dos games arcade, com Ralph deixando de ser o grande vilão e se tornando o herói do Fliperama Litwak, em "WiFi Ralph" a briga fica mais pesada, assim como os jogos. E é por causa do jogo "Corrida Doce", que tem Vanellope como a maior campeã, que a dupla entra nessa aventura. Com o volante do jogo quebrado por uma jogadora do fliperama, a máquina é desativada e em poucas horas será descartada, para desespero dos personagens. A única saída é encontrar um novo volante, só vendido pelo eBay e eles precisam descobrir o que é isso e essa tal de Internet.
Ralph e Vanellope vão enfrentar as mesmas raivas que os usuários enfrentam - a rede caiu, spams e pop-ups pulando a seu redor, o mensageiro avisando que o tempo para o pagamento está acabando, a necessidade absurda de conseguir o maior número de curtidas para se tornar famoso e conseguir vender ou comprar um produto, e por aí vai. Mas a fama trazida pela WWW tem também seu lado cruel - a decepção com os comentários maldosos e as fake news. Yesss (Taraji P. Henson), uma influenciadora e a alma por trás do "Buzzztube", um famoso website que dita tendências e que se torna amiga de Ralph define bem isso - "nunca leia os comentários".
Fãs do mundo geek vão curtir bem essa animação que remete a games antigos e apresenta os novos. O mais temido deles, que seria um similar do "GTA" é o "Slaughter Race" ("Corrida do Caos"), que tem uma líder de gangue forte, poderosa e absoluta - Shank (voz de Gal Gadot). Vanellope, que sempre foi a líder em Corrida Doce, descobre que é deste novo game que sempre sonhou participar e Vai pra pista contra Shank. E se não bastar, que tal misturar "Star Wars" nessa confusão, com seus dubladores oficiais, como Anthony Daniels como C3PO? Ou Baby Groot, na voz de Vin Diesel? Até Buzz Lightyear (Tim Allen) quis fazer parte.
O filme é para toda a família - pais e mães vão se identificar comj situações cotidianas vividas por quem navega na Internet (ou pelo menos tenta, depende da rede). Pode parecer que se trata de um filme apenas de jogos, mas "WiFi Ralph" vai muito além, abordando temas delicados como adoção, realização de sonhos, o velho sendo descartado, o novo (a Internet) dominando as pessoas (em todos os sentidos), colocando inclusive amizades em jogo e os riscos da vida conectada 24 horas.
Novamente a Disney reforça o poder das mulheres, transformando as famosas princesas, antes "dondocas do lar" em personagens batalhadoras, dispostas a uma boa briga e a se unirem para salvar os "homens fortões que precisam de ajuda" (só quem assistir vai entender esta fala). E as vozes de Anna e Elsa (Kristen Bell e Idina Menzel), Mulan (Ming-Na Wen), Moana (Auli'i Cravalho), Mandy Moore (Rapunzel), Irene Bedard (Pocahontas), Bella (Paige OHara), Ariel (Jodi Benson) e várias outras que estão na produção também são de suas dubladoras oficiais.
"WiFi Ralph - Quebrando a Internet" explora muito bem o mundo virtual, de maneira divertida, com muita cor, diálogos engraçados, efeitos visuais incríveis, uma bela trilha sonora e grandes mensagens, principalmente de amizade, o que já era esperado de uma produção do estúdio do castelo. E os diretores Rich Moore e Phil Johnston reforçam esse sentimento o tempo todo, entre os velhos e novos integrantes da história.
Com certeza, este segundo filme é ainda melhor que o primeiro - "Detona Ralph" (2012) - e merece estar na disputa de vários prêmios na categoria de Melhor Animação, concorrendo com "Homem-Aranha no Aranhaverso" (que já faturou vários) e "Os Incríveis 2". Imperdível.
Ficha técnica: Direção: Rich Moore / Phil Johnston Produção: Walt Disney Animation Studios Distribuição: Disney/Buena Vista Duração: 1h54 Gêneros: Animação / Aventura / Comédia / Família País: EUA Classificação: 6 anos Nota: 4,5 (0 a 5)