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10 agosto 2024

"Saideira" se apresenta como comédia, mas não consegue fazer rir

Longa mistura em um caldeirão reconciliação familiar, caça ao tesouro e aula sobre cachaça, mas não adiciona tempero algum (Fotos: Elo Studios)


Eduardo Jr.


É uma comédia nacional em cartaz nos cinemas, mas não espere dar gargalhadas com "Saideira", dos diretores Júlio Taubkin e Pedro Arantes. Com distribuição Elo Studios, o longa mostra a história de duas irmãs em busca de uma cachaça com status de lenda. As protagonistas, uma ambiciosa e uma artista meio hippie, não imprimem a graça esperada.   


Penélope (Luciana Paes) volta a Paraty para o enterro do avô Honório (Tonico Pereira), mas deseja mesmo é encontrar uma rara cachaça que o falecido deixou. No reencontro com a irmã Joana (Thati Lopes), que não via há muitos anos, fica claro que há um conflito familiar pendente de solução. 

Neste cartão de visita, as tentativas do filme de arrancar risos falham. Sucesso mesmo, só a curta participação de Suely Franco, que está segura no papel. No elenco estão ainda Ary França, Matheus Abreu, Jackson Antunes, Rogério Fróes e Teca Pereira.


Daí começa uma sequência de clichês: a perseguição pela herança após a abertura do testamento, duas irmãs que precisam se unir no mesmo objetivo, e "looongas” cenas que poderiam facilmente serem encurtadas. 

O espírito road movie toma conta do longa, com as personagens cruzando a Estrada Real rumo a Minas Gerais, em busca de resgatar um passado. 

Enquanto isso, o texto desenrola uma aula sobre a cachaça. E nessa ode à famosa "branquinha", uma violeira aterrissa no filme, mais cenas longas ocupam a tela e mais explicações sobre a aguardente. Resumo: chato. 


E o longa segue misturando ainda mais elementos, talvez na tentativa de conquistar o público pela identificação. Entram em cena o esoterismo de São Tomé das Letras, poemas de Drummond, e até uma amostra de feminismo, com mulheres descobrindo e superando as lambanças dos homens. 

Nessa confusão, não se espante se você sentir sono. Você não será o único (pois eu cochilei). 


Ficha Técnica:
Direção: Júlio Taubkin e Pedro Arantes
Produção: Glaz com coprodução da Massa Real
Distribuição: Elo Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h52
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: comédia, drama

27 julho 2024

"Deadpool & Wolverine" - um filme feito para os fãs dos super-heróis da Marvel

Ryan Reynolds e Hugh Jackman protagonizam o longa recheado de sarcasmo, piadas e violência
(Fotos: Marvel Studios)


Jean Piter Miranda e Maristela Bretas


Sarcástico, divertido, violento (e põe violento nisso) e nostálgico. Tudo isso numa só produção e ainda por cima, de super-heróis muito queridos. Este é "Deadpool & Wolverine", um filme feito para delírio dos fãs do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). 

O longa faz a gente pular na cadeira cada vez que um personagem icônico ou uma cena que remete a filmes passados dos dois heróis aparece na tela. Quem não assistiu aos anteriores e também às séries não terá condições de entender o que se passa. 


E não são poucas as referências, cada uma melhor que a outra, bem saudosistas e com comentários no estilo do anti-herói que conquistou o público. Os dois primeiros filmes dele - "Deadpool" (2016) e "Deadpool 2" (2018) foram produzidos pela 20th Century Fox. Em 2019, a Disney adquiriu a produtora e com isso o personagem passou a integrar o MCU. 

Nessas duas primeiras produções, Deadpool já fazia diversas brincadeiras sobre pertencer ao MCU e às questões de direitos autorais. Um humor peculiar que foi muito bem aceito e ganhou milhares de fãs. Agora, ao lado de Wolverine, essas piadas estão ainda mais ácidas e feitas bem na medida.


As cenas de ação são bem coreografadas e contam com ótimos efeitos especiais. Inclusive nas cenas de câmera lenta. A sincronia com as músicas e o sangue completa o espetáculo. Sim, tem muito sangue. O que justifica a classificação indicativa de 18 anos, o primeiro dessa faixa no MCU. 

A trilha sonora é imbatível, trazendo clássicos que vão de AC/DC, NSYNC, Avril Lavigne, Green Day, The Platters, Fergie, Huey Lewis & The News aos sul-coreanos Stray Kids, além de outros sucessos do passado. 

Mas o grande e esperado momento, apresentado nos primeiros trailers do filme, é "Like a Prayer", de Madonna, num dos melhores momentos do longa.


"Deadpool & Wolverine" aborda o multiverso e a trama é toda em cima disso, deixando clara a ligação com o Universo Marvel. O mesmo multiverso aberto por "Homem-Aranha: Sem Volta pra Casa" (2021) que criou a possibilidade de interação com outras obras. Ou seja, qualquer filme pode ser retratado como outro universo e interagir com o heróis da produtora. 

Cada personagem pode ter outra versão de si em outro mundo. Esses outros mundos foram muito bem explorados em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" (2022), com várias participações especiais. Uma produção que trouxe inclusive ingredientes de filmes de terror para o MCU. 


De novidade, "Deadpool & Wolverine" leva o humor da Marvel para outro nível. Super escrachado, debochado, irônico e com piadas metalinguísticas, que fazem referências a outros filmes. Além disso, o longa frequentemente “quebra a quarta parede”, quando o personagem olha para a câmera e conversa com o público. Isso é mantido de forma bem acertada. 

Na trama, Deadpool precisa recrutar Wolverine (que morreu em "Logan" - 2017) para salvar seu mundo e seus amigos dos dois filmes anteriores, incluindo a amada Vanessa (Morena Baccarin) de ser destruído. 

A vilã da vez é a bela e cruel vilã Cassandra Nova (Emma Corrin em ótima interpretação), que comanda uma gangue de excluídos de vários mundos - novamente várias referências ao MCU e aos X-Men.


O longa também traz boas surpresas para os fãs, especialmente sobre super-heróis do passado, o que o torna ainda mais interessante. É daqueles filmes que você quer assistir mais de uma vez para relembrar as histórias ou matar a saudade. Tem tudo para ser o melhor dos três de Deadpool e um dos melhores de Wolverine. 

Pelo desempenho já na pré-estreia, o filme promete ser o novo sucesso de bilheteria da Marvel e bater recordes, como aconteceu com "Vingadores: Ultimato" (2019). 

Segundo previsões, o valor gasto de US$ 300 milhões com a produção (US$ 100 milhões só de cachê de Hugh Jackman) poderá ser compensado já neste primeiro final de semana, tornando-se a maior estreia global para um filme indicado para maiores de 18 anos.


Ryan Reynolds definitivamente nasceu para o papel de Deadpool/Wade Wilson e além de produtor, ele também é autor de algumas das frases usadas pelo personagem (a cara dele). Ganha inclusive mais tempo de tela que seu parceiro, proporcionando os momentos mais divertidos, chocantes e sem noção.

Já Hugh Jackman será eternamente o Wolverine/Logan dos X-Men que todos curtem nos filmes, mas resgatando o herói dos quadrinhos, com o uniforme azul e amarelo. 

Não podia ser outro ator para interpretar o super-herói mal-humorado com uma raiva latente e sempre pronto a explodir ou cortar alguém com suas garras de adamantium, especialmente se for Deadpool. Os dois em tela se completam e dão show. 


Comédia, violência para uma classificação 18 anos, multiverso, novos mundos e novos personagens. Definitivamente, o MCU não está acabado, saturado ou em decadência. Há bons filmes, outros medianos e uns bem fracos. Sim, a Marvel errou e acertou ao longo dos anos. Mas não se esgotou e segue firme e forte. 

Muitos achavam que a Disney iria mudar o super-herói mais polêmico e escrachado do cinema, que choca quem não está preparado para tanto palavrão, frases de sacanagem e lutas com mortes violentas. 

Mas "Deadpool & Wolverine" mostra que é possível o MCU trazer novidades e criar mais e mais filmes, interligados ou não. Os milhões de fãs pelo mundo esperam por isso e agradecem.


Ficha técnica:
Direção: Shawn Levy
Produção: Marvel Studios, 20th Century Fox Film
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h07
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, ação, ficção

23 julho 2024

"Como Vender a Lua" é o marketing bem feito para manter um sonho americano

Comédia romântica tem ótimo elenco e bons efeitos especiais que seguram o roteiro (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Quem hoje está na faixa acima dos 60 anos e acompanhou com olhos colados na tv a famosa imagem do primeiro homem a pisar em solo lunar, vai sentir uma pontinha de saudade no peito ao rever. 

Pois esta cena e muitas outras marcantes estão no longa "Como Vender a Lua" ("Fly Me to the Moon"), filme em cartaz nos cinemas que tem como protagonistas Scarlett Johansson e Channing Tatum. Quase uma homenagem aos 40 anos do evento, ocorrido em 20 de julho de 1969.


Dirigido por Greg Berlandi, o longa explora o marketing montado para divulgar a importância de se manter o projeto espacial Apollo para os Estados Unidos melhorarem a imagem pública da NASA. Somente com o pouso na Lua o governo norte-americano conseguiria recuperar a liderança da corrida espacial, perdida para a Rússia na década de 1960.

Johansson é Kelly Jones, a especialista em marketing de passado nebuloso convocada para este difícil trabalho. E para evitar mais uma falha (outros lançamentos terminaram em destruição e tragédia), ela é convocada pelo assessor do governo Moe Berkus (Woody Harrelson) a criar um Plano B - encenar um pouso na Lua fake com transmissão ao vivo.


Essa é inclusive uma das maiores teorias da conspiração, que vem atravessando décadas: o homem realmente pisou na lua ou foi tudo uma grande produção cinematográfica no estilo Hollywood, que teria sido filmada por Stanley Kubrick? 

O filme é uma aula de marketing da enganação e convencimento, que chega a colocar novamente esta pulga atrás da orelha do espectador.

O que Kelly não esperava era conhecer o diretor de lançamento da Apollo 11 e ex-piloto de combate, Cole Davis (Tatum), que vive a vida pelo sucesso da missão e não aceita sofrer mais uma falha. 

Especialmente agora que o mundo inteiro estará acompanhando pela TV. Ele terá de se unir à marqueteira para garantir que tudo dê certo e o plano seja bem convincente.


Além das armações, mentiras e situações engraçadas, "Como Vender a Lua" também pincela questões delicadas da época, como a Guerra do Vietnã, as missões à Lua desastrosas, inclusive com mortes de tripulantes, e a Guerra Fria, mas sem aprofundar em nada. 

O roteiro é simples, sem muitas novidades, mas o emprego de imagens antigas, os ótimos efeitos visuais e sonoros e as interpretações seguram o longa.

O elenco está bem afinado, com Scarlett (que também é produtora do filme) e Tatum entregando interpretações simpáticas e divertidas em algumas situações. Harrelson também não fica para trás como o agente inescrupuloso do governo, assim como Anna Garcia, como Ruby, assessora de Kelly, e Jim Rash, como Lance, da equipe de lançamento de Cole.    


Destaco (por gostar muito do tema) do filme as imagens dos lançamentos de foguetes que tomam a tela, e a famosa frase dita pelo astronauta Neil Armstrong: "esse é um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a humanidade".

"Como Vender a Lua", assim como seus protagonistas, é simpático, leve e bom de ser assistido no cinema. Uma viagem no tempo que ainda emociona aqueles, como eu, que acompanharam os fatos na época. Vale conferir.


Ficha técnica
Direção:
Greg Berlandi
Produção: Apple Original Films
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h12
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, romance

21 maio 2024

"Morando com o Crush", uma comédia romântica para se apaixonar

Uma peça pregada pelo destino coloca Luana e Hugo morando sob o mesmo teto como irmãos; agora eles precisam esconder sua paixão  (Fotos: Paris Filmes)


Filipe Matheus

Com uma narrativa doce, abordando a experiência e o amor na adolescência, chega aos cinemas nesta quinta-feira a comédia romântica "Morando com o Crush" que promete entregar humor e muita nostalgia.

Na história, Luana (Giulia Benite, de "Turma da Mônica - Lições", 2021) e Hugo (o estreante no cinema, Vitor Figueiredo) são apaixonados desde a infância. Quando seus pais começam a namorar e decidem aceitar uma proposta de emprego e morar juntos na mesma casa, em uma cidade no interior. 


As mudanças complicam a relação dos jovens. Eles agora precisam aprender a conviver e lidar com a nova dinâmica familiar, escondendo os sentimentos que têm um pelo outro. 

O relacionamento dos pais acabou provocando uma situação delicada: agora eles são considerados praticamente "irmãos” e fazem parte de uma única família.


Fábio (Marcos Pasquim, de "Juntos e Enrolados" - 2022) e Antônia (Carina Sacchelli) interpretam o pai de Luana e a mãe de Hugo, tornando a trama mais divertida e dinâmica. Se não fosse por eles, o amor e o amadurecimento dos filhos não seriam possíveis. 

Juliana Alves ("O Sequestro do Voo 375" - 2023) desempenha um bom papel como Karina, diretora da escola. A atriz poderia ter mais tempo de tela, o que deixaria o roteiro mais interessante e divertido.


A trilha sonora, composta por Silvio Marques, é perfeita, variando de "Coisa Linda", de Tiago Iorc, a "Toda Forma de Amor", de Lulu Santos. Isso faz com que o espectador se apaixone ainda mais e se envolva profundamente na narrativa do filme.

Com bom humor e uma mensagem positiva, "Morando com o Crush" entrega um diálogo simples e um roteiro com muitos clichês de filmes de romance. Indicado para todas as idades, é um convite para que o público embarque nessa aventura. 


Ficha técnica:
Direção: Hsu Chien
Roteiro: Sylvio Gonçalves
Produção: Paris Entretenimento, coprodução Paramount Pictures e Simba Content e apoio Telecine
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: Brasil
Gêneros: romance, comédia

01 maio 2024

"O Dublê" homenageia a arte e a ousadia dos verdadeiros heróis do cinema

Ryan Gosling entrega ótima atuação como um dublê profissional, com momentos de muita ação, romance
e comédia (Fotos: Universal Studios)


Maristela Bretas


Inspirado na série de TV “Duro na Queda”, exibida nos anos de 1980, chega oficialmente aos cinemas nesta quinta-feira (2) o filme "O Dublê" ("The Fall Guy"), mas que já está sendo exibido em algumas sessões especiais. 

Estrelado por Ryan Gosling ("Barbie" - 2023 e "Blade Runner 2049" - 2017) e Emily Blunt ("Um Lugar Silencioso" - 2018 e "Um Lugar Silencioso 2" - 2021), o longa reúne, na medida certa, muita ação, romance e pitadas de comédia para homenagear os profissionais que dão vida ao cinema.

O filme é dirigido por David Leitch, responsável por sucessos como “Trem Bala” (2023), “Deadpool 2” (2018), “Atômica” (2017), “Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw” (2019), entre outros. O diretor, que já foi dublê na vida real, é dono da 87North, empresa especializada em fornecer estes profissionais para os estúdios de cinema, inclusive os usados no longa. 


Com maestria, ele coreografa sequências de ação emocionantes e realistas, utilizando truques impressionantes que demonstram a criatividade e o talento dos dublês. Uma dessas cenas inclusive foi reconhecido pelo Guinness World Records. 

Logan Holladay, dublê de direção de Ryan Gosling, quebrou o recorde mundial de giros com o carro após uma explosão (conhecido pela expressão inglesa “cannon car rolls”), alcançando o número de 8.5 giros, superando o número anterior de 7 voltas. Confira o vídeo.


O longa acompanha a história de Colt Seavers (Gosling), um dublê experiente que se vê obrigado a abandonar a carreira após um grave acidente. Anos depois, ele é chamado de volta para trabalhar em um filme dirigido por sua ex-namorada, Jody Moreno (Emily Blunt). 

Ele terá de realizar as cenas mais intensas de ação do ator Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson, que trabalhou com Leitch em "Trem Bala"), protagonista do longa. Durante as filmagens, Tom desaparece e, enquanto grava suas sequências, Colt passa a investigar o misterioso sumiço do astro.


A química entre Ryan Gosling e Emily Blunt é inegável e contribui para a força da história. Gosling entrega uma atuação carismática e emocionante como Colt, um homem que luta para se adaptar à nova realidade após o acidente e que nunca esqueceu a ex. 

Já Blunt está ótima como Jody, uma mulher forte e independente que não se deixa abater pelos desafios da vida e que, por mais que se esforce, ainda tem muita atração pelo ex-namorado.


No elenco temos ainda a atriz vencedora do Emmy, Hannah Waddingham, Winston Duke (de “Pantera Negra” - 2018), a atriz indicada ao Oscar, Stephanie Hsu (“Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” - 2022), Teresa Palmer ("A Escolha" - 2016) e Jason Momoa ("Aquaman" - 2018 e "Aquaman 2: O Reino Perdido" - 2023).

O longa se destaca por valorizar e reconhecer o trabalho dos heróis invisíveis muitas vezes subestimados pela indústria cinematográfica, como os dublês e as pessoas envolvidas num filme: designers de produção, diretores de fotografia, técnicos de câmera, de luz, de energia, entre outras milhares. 


As cenas de ação são de tirar o fôlego e demonstram a habilidade desses profissionais, que se arriscam para dar vida aos momentos mais perigosos e eletrizantes de um filme. A trilha sonora, que inclui músicas de Taylor Swift, como "All Too Well", contribui para a atmosfera de pura adrenalina, remetendo a antigos e novos sucessos de bilheteria do cinema. 

"O Dublê" é um filme que merece ser assistido, especialmente em Imax para aproveitar melhor os efeitos visuais e as atuações dos profissionais do perigo. E ainda tem um final bem nostálgico para o público cinquentão, que remete à antiga série "Duro na Queda", criada por Glen A Larson.


Ficha técnica
Direção:
David Leitch
Roteiro: Drew Pearce
Produção: 87North, 360 Pictures, Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h05
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, comédia, romance

03 abril 2024

"Licença para Enlouquecer": nem uma pandemia atrapalha essa amizade

Trio descobre que é possível viver intensamente, adaptando a vida às novas regras (Fotos: Bruno Carvalho)


Filipe Matheus
Comentando Sucessos


Um filme interessante e perspicaz na abordagem de temas como a importância das mulheres, relacionamentos e a pandemia que parou o mundo a partir de março de 2020. Este é "Licença para Enlouquecer", longa que chega aos cinemas nesta quinta-feira (4), trazendo uma narrativa que soa com intensidade no espectador. 

O diretor Hsu Chien é conhecido por seus trabalhos em filmes como "Um Dia Cinco Estrelas" (2023), "Desapega!" (2023) e "Quem Vai Ficar com Mário" (2021).


Na trama, Sara (Mônica Carvalho), Lia (Danielle Winits) e Leia (Michelle Muniz) precisam se adaptar a um novo estilo de vida com a chegada da Covid-19, com reuniões por Zoom, encontros virtuais e distanciamento social da quarentena. 

Além das exigências do condomínio, o síndico Carlos (Nelson Freitas) tem uma relação conturbada com as meninas. Com o tempo, ele acaba se envolvendo nas loucuras do trio, embarcando para uma grande aventura na praia de Maragogi, em Alagoas.


Destaque para a interpretação de Michelle Muniz, cuja personagem evidencia a força da mulher e aborda a importância do amor próprio nos dias atuais, demonstrando que os rótulos impostos pela sociedade e os relacionamentos tóxicos não determinam o valor e a relevância da mulher em nossa sociedade.

Além das três protagonistas e Nelson Freitas, o elenco é formado por atores conhecidos de novelas e do cinema, como Luiza Tomé, André Mattos, Henri Castelli, Jennifer Setti, Thaíssa Carvalho, Brendha Haddad e Bruno Moreira.


Um ponto negativo é a viagem das amigas em tempos de pandemia, algo que não seria possível na realidade. Isso confunde o enredo do filme, que, apesar de destacar a história das amigas, carece de uma narrativa mais desenvolvida. Esta comédia brasileira poderia ganhar mais força e autenticidade ao abordar esses importantes temas de forma aprofundada.

No longa, a cultura local também é explorada, com destaque para a música, danças e a deslumbrante paisagem do litoral de Alagoas que desperta o desejo de conhecer e vivenciar essa experiência.


A dinâmica entre os personagens também funciona bem. Cada um possui sua própria história para contar, refletindo a realidade de muitas pessoas que buscam autoaceitação, realização profissional, relacionamentos sólidos com familiares e amigos. E, acima de tudo, entendem a importância de viver a vida com intensidade, pois ela é única.

Para quem quer uma produção divertida, "Licença para Enlouquecer" é imperdível ao mostrar a importância da amizade e como é possível adaptar a vida às novas regras e hábitos quando necessário.


Ficha técnica
Direção: Hsu Chien
Roteiro: Mônica Carvalho, Michele Muniz e Marcelo Corrêa
Produção: Yva Filmes
Distribuição: Pipa Pictures e codistribuição da Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
País: Brasil
Gêneros: comédia nacional

26 março 2024

"Dois é Demais em Orlando": uma história de amizade em meio às diferenças

Eduardo Sterblitch e Pedro Burgarelli protagonizam esta divertida comédia nacional  (Fotos: H2O Films)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Chega nesta quinta-feira (28) aos cinemas brasileiros a comédia brasileira "Dois é Demais em Orlando", para divertir toda a família. O novo longa do diretor Rodrigo Van Der Put ("Juntos e Enrolados" - 2022) é leve e emociona, apresentando muitas camadas de nostalgia, ideal para uma sessão da tarde. 

A começar por ter sido todo rodado nos parques do Universal Orlando Resort, nos Estados Unidos mostrando toda a diversão do lugar que atrai milhões de pessoas por ano. Em alguns momentos, tive vontade de conhecer o lugar, justamente pela magia e a diversão radical que ele transmite. O longa é uma produção da MPC Filmes, em coprodução com Globo Filmes, Telecine e Universal Pictures e distribuição da H2O Films.


Na trama, conhecemos João (papel de Eduardo Sterblitch), um cara apaixonado por parques de diversão, filmes e super-heróis que está prestes a tirar férias e realizar um grande sonho: conhecer os parques do Universal Orlando Resort, na Flórida. 

Um contratempo, no entanto põe em risco seus planos, quando Clara (Luana Martau), sua chefe, pede para que ele viaje com seu filho Carlos Alberto (Pedro Burgarelli), um menino de 11 anos que não gosta de piscinas nem de aventuras radicais, preferindo ficar com seus livros e jogos.

Ambos estranham a ideia de viajar com um desconhecido e suas diferenças, mas ao longo do tempo percebem que podem se tornar amigos. Sem dúvida, Sterblitch faz um ótimo protagonista com seu humor e boas piadas. Apesar de algumas cenas parecerem exageradas, gosto de como o ator conduz o personagem, especialmente ao lidar com Carlos Alberto.


Pedro Burgarelli também se destaca na atuação, de forma mais contida. O ator mirim dá um show, e se no início do filme eu o achava chato e enjoado, no final já me apeguei totalmente. Completam o elenco Polly Marinho, Estevam Nabote, Daniel Furlan, Aryè Campos, Morena Machado, Robson Nunes e Cezar Maracujá.

A relação entre João e Carlos Alberto é, sem dúvida, o ponto alto do filme. Todas as diferenças e a forma como cada um enxerga o mundo são divertidas. Parece que João é a criança da relação, enquanto Carlos Alberto, um idoso de 70 anos e antissocial. 

Uma boa comparação do amadurecimento na relação da dupla pode ser percebida nas atrações dos parques, que vão ficando cada vez mais desafiadoras e intensas à medida que eles se tornam mais próximos.


O que deixa a desejar é a história do pai, Ricardo (interpretado por Anderson Di Rizzi), que fica negando constantemente a presença do filho e inventando mentiras. Apesar de haver motivos, isso se torna maçante e sem graça ao longo do filme, embora a resolução no final seja satisfatória.

"Dois é Demais em Orlando" convida o espectador a conhecer um pouco da diversão nos Estados Unidos e surpreende com uma boa história de família e amizade. Ver esse filme na telona, sem dúvida, proporciona uma emoção como a das montanhas russas e dos toboáguas dos parques. Indico demais e vale o seu ingresso.  


Ficha técnica:
Direção: Rodrigo Van Der Put
Produção: MPC Filmes, coprodução Globo Filmes, Telecine e Universal Pictures
Distribuição: H2O Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: Brasil
Gênero: comédia

21 março 2024

"Kung Fu Panda 4": uma jornada espiritual divertida e familiar

O humor leve e contagiante da franquia está de volta, com piadas inteligentes e situações cômicas
(Fotos: DreamWorks Animation)


Maristela Bretas


Po agora precisa se tornar um Líder Espiritual do Vale da Paz, sabe-se lá como. Assim começa a história de "Kung Fu Panda 4", que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. Nosso simpático, desajeitado e faminto urso panda precisa cumprir seu destino, que começou em 2008 (animação disponível no Prime Video), quando não tinha habilidades, trabalhava na loja de macarrão do pai que o adotou e sonhava em se tornar um mestre de kung fu. 

Em 2011, foi treinado por grandes mestres do kung fu, derrotou perigosos vilões e se tornou o Dragão Guerreiro, o melhor dos melhores nas artes marciais. Mas foi em 2016 que ele buscou suas origens, reencontrou o pai e ajudou uma aldeia de pandas a enfrentar um malvado vilão. 

"Kung Fu Panda 2" está disponível no Prime Vídeo e Apple TV. Já terceiro filme pode ser assistido no Netflix, Prime Video, Telecine Fun, Apple TV, Youtube e Google Play Filmes.



A tarefa poderia ser simples, mas Po, além de precisar aprender como é ser um líder espiritual, ainda terá de escolher e treinar o novo Dragão Guerreiro.  No seu caminho, surge Zhen (voz original de Awkwafina) uma esperta raposa, cheia de marra e grande lutadora, mas nada confiável.

Para piorar, ele terá de enfrentar sua mais cruel inimiga, a Camaleoa (Viola Davis), uma réptil feiticeira com habilidades especiais, capaz de se transformar em qualquer bicho. Ela deseja o cajado da Sabedoria para trazer de volta todos os vilões que estão no reino espiritual. 

O humor leve e contagiante, marca registrada da franquia, está de volta, com piadas inteligentes e situações cômicas que divertem o público de todas as idades. 


As cenas de luta são coreografadas com maestria e beneficiam-se de uma nova tecnologia que coloca o espectador no centro da ação. A escolha de Zhen como discípula de Po traz uma nova dinâmica e frescor às sequências de combate. Além da inclusão de novos e trapalhados vilões, alguns até fofinhos (mas nem tanto), que tornam as cenas, como as brigas na taverna, mais divertidas.

Como não poderia deixar se ser, Jack Black volta a emprestar sua voz a Po, o mesmo acontecendo com Lúcio Mauro Filho na versão brasileira, e ambos entregam ótimas dublagens. Também de volta estão James Hong, como o Sr. Ping, Dustin Hoffman (Mestre Shifu), Bryan Cranston (Li Shan, pai de Po), Seth Rogen (Mestre Louva-deus) e Ian McShane, que fez a voz de Tai Lung no primeiro filme.


Na dublagem para português Danni Suzuki empresta a voz para Zhen, enquanto Taís Araújo, com um tom não muito convincente para uma vilã, interpreta a Camaleoa. Entre os dubladores profissionais estão Leonardo Camillo (Shifu), Alexandre Maguolo (Sr.Ping), Anderson Coutinho (Li Shan), Sérgio Fortuna (Tai Lung) e Paulo Vignolo (Han).

O filme reforça valores importantes como amizade, trabalho em equipe, autoconfiança e perseverança, de maneira sutil e natural. Em sua jornada para se tornar um líder espiritual, Po terá de buscar o equilíbrio interior e contar com a orientação do Mestre Shifu e de seus pais. 


Hans Zimmer é novamente um dos destaques compondo a trilha sonora, como fez nas outras três animações desta franquia da DreamWorks. As músicas são contagiantes e memoráveis, acompanhando perfeitamente a narrativa, inclusive nas cenas de lutas. 

A animação é de alto nível, com cores vibrantes e texturas realistas. O Vale da Paz e os novos cenários explorados são visualmente deslumbrantes.

Se você procura um filme para se divertir com a família, "Kung Fu Panda 4" é uma ótima opção, mesmo seguindo a narrativa de seus antecessores. As crianças vão adorar o humor e a ação, enquanto os adultos poderão apreciar a mensagem inspiradora e a qualidade técnica do filme.


Ficha técnica:
Direção:
Mike Mitchell
Produção: DreamWorks Animation
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h34
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, comédia, ação

06 março 2024

Comédia “Os Farofeiros 2” aposta na popularidade do primeiro filme

A viagem do grupo de amigos de empresa para um resort na Bahia tem tudo para dar errado
novamente (Fotos: Camisa Listrada)



Eduardo Jr.


Após uma viagem recheada de problemas, Lima, Alexandre, Rocha e Diguinho estão de volta. Em “Os Farofeiros 2”, o diretor Roberto Santucci agora coloca os quatro colegas de trabalho e suas famílias em uma viagem à Bahia. Distribuído pela Downtown Filmes, o longa chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (7), trazendo piadas que fazem o público se identificar. 

A equipe do Cinema no Escurinho acompanhou a pré-estreia em uma das salas da rede Cineart, e observou uma plateia reagindo bem ao roteiro de Paulo Cursino - que também escreveu para o primeiro filme da franquia. 

Desta vez, a trama tem como ponto de partida a tentativa de Alexandre (Antônio Fragoso) de resgatar a popularidade junto à sua equipe de trabalho, e assim conseguir um cargo mais alto na empresa. 


Ao ganhar uma viagem, o gerente é convencido pela chefe a dividir o prêmio com os colegas, como forma de reconquistá-los. E claro, a temporada em um resort de luxo se transforma em uma farofada (daquelas com situações com as quais muita gente vai se identificar). 

Mas a comédia demora um pouquinho pra conquistar as primeiras risadas, porque começa com os filhos dos protagonistas na escola, convocados pela diretora para explicar porque apresentaram redações idênticas sobre suas férias. Serão eles os narradores dos eventos na Bahia. 

Do conhecido elenco, Lima (Maurício Mafrini), Jussara (Cacau Protásio) e Rocha (Charles Paraventi) conduzem muito bem a comédia. Danielle Winits segue como a madame histriônica, usando caras e bocas (até demais, diga-se de passagem). 

Em contrapartida, o Alexandre vivido por Fragoso não arranca risos. Seu resgate de popularidade fica em segundo plano. 


O mesmo acontece com as personagens Vanete (Elisa Pinheiro), Ellen (Aline Campos) e Diguinho (Nilton Bicudo). Este último está altamente paranoico com a pandemia - deixando margem para questionamentos sobre fazer piada com o Covid-19. 

Outro ponto de gosto duvidoso é a construção de piadas sobre a personagem Darcy (Sulivã Bispo). A despachada gerente do resort é uma mulher trans, e a direção optou por tentar fazer graça com a dificuldade das famílias em saber qual pronome usar para se referir a ela, e sobre o incômodo das esposas em dividir espaço na sauna com a funcionária. 


Apesar desses pontos que podem soar como “contras” da produção, as piadas “de tiozão”, a entrada de figuras como o ótimo personagem Edvan e o uso de paródias de outros filmes colocam “Os Farofeiros 2” com grandes chances de repetir o sucesso de bilheteria do primeiro longa e de cair nas graças do público. 

Curiosidades

- "Os Farofeiros", de 2018, esteve no topo das bilheterias, atraindo mais de um milhão de espectadores. 

_ O primeiro filme estreou há exatos seis anos e repete agora o mesmo elenco. 

- O diretor Roberto Santucci também assina este longa, além de outros sucessos da comédia nacional como “De Pernas para o Ar” (2010), "O Porteiro" (2023) e a trilogia “Até Que a Sorte nos Separe” (2012 a 2015).


Ficha técnica:
Direção: Roberto Santucci
Produção: Camisa Listrada, com coprodução Globo Filmes, Globoplay, Telecine e Panorama Filmes
Distribuição: Downtown Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: Livre
País: Brasil
Gêneros: Comédia, família

04 fevereiro 2024

Premiado e emocionante, “Os Rejeitados” talvez seja apenas mais um conto de Natal

Elenco é formado pelo irretocável triângulo de atores Paul Giamatti, Da’Vine Joy Randolph e o estreante Dominic Sessa (Fotos: Focus Features/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Esta não é a primeira vez – e certamente não será a última – que um filme trata da relação conflituosa/amorosa entre professor e aluno. Desde o inesquecível “Ao Mestre, com Carinho” (1967) até o cult “Sociedade dos Poetas Mortos” (1989), para citar apenas dois, o poder transformador do afeto na educação é tema recorrente e, quase sempre, de muito sucesso no cinema. 

Pois esse é o caso de “Os Rejeitados”, que conquistou prêmios no Globo de Ouro, Critics Choice Award e de Melhor Filme do Ano na AFI, além de ser um dos indicados ao Oscar de 2024 como Melhor Filme. O longa pode ser conferido nas salas do Una Cine Belas Artes e do Centro Cultural Unimed BH-Minas.


Uma das diferenças do longa dirigido por Alexander Payne é que, além da dupla professor irascível e/ou paciente versus aluno rebelde, há uma terceira figura que ajuda a elevar a emoção do espectador enquanto a trama avança. 

E o terceiro vértice desse triângulo, formado por Paul Giamatti como o mestre odiado Paul Hunham, e Dominic Sessa como o adolescente problemático Angus Tully, é a carismática Da’Vine Joy Randolph, que ilumina as cenas como a cozinheira Mary Lamb.


A história: em algum ano da década de 1970, num internato aristocrático próximo a Boston, um professor caolho e pedante de História Antiga é obrigado a passar as festas de fim de ano tomando conta do aluno rebelde Angus Tully, meio esquecido pela família. 

A cozinheira negra e gorda Mary Lamb também sobra na instituição naquela data talvez por não ter para onde ir. Detalhe: além de solitária, ela está de luto pela perda de um filho.


No fundo, “Os Rejeitados” não passa de um conto de Natal, que parece ter sido feito para emocionar. Estão em cena a solidão, os presentes, a carência, a neve, a família – ou a falta dela – os drinques, as reconciliações e, principalmente, a solidariedade. 

Mas o mérito dessa comédia dramática está, certamente, na atuação do trio principal. Paul Giamatti, Da’Vine Joy Randolph e o estreante Dominic Sessa estão impagáveis e irretocáveis.


Outra marca do longa é a melancolia – e não só pelo Natal, ausências etc. A trilha sonora, remetendo invariavelmente aos anos de 1970, provoca arrepios nos espectadores mais maduros, assim como a única referência, meio velada e com jeito de “por acaso”, da Guerra do Vietnã, marco indelével daquela década: a morte do filho de Mary Lamb aos 20 anos. Um negro.

É inegável que “Os Rejeitados” (originalmente “The Holdovers”) exala compaixão e empatia e provoca os melhores sentimentos no público. Mas, da metade do longa para o final, não é difícil prever o rumo da história. Fica, no finalzinho, uma incômoda sensação de déjà vu.


Ficha técnica:
Direção: Alexander Payne
Produção: Focus Features Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: sala 3 do Una Cine Belas Artes (sessão das 20 horas) e sala 2 do Centro Cultural Unimed BH-Minas (sessão 10h40)
Duração: 2h14
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, comédia