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01 fevereiro 2025

"Viva a Vida" - uma história leve sobre reencontros e memórias

Thati Lopes, Rodrigo Simas, Regina Braga e Jonas Bloch entregam uma sensível comédia romântica
(Fotos: Raisa Verbickaya)


Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


Para quem está à procura de um filme, daqueles que fazem a gente sair leve do cinema como se assistisse uma sessão da tarde, a dica é a comédia romântica "Viva a Vida", em cartaz nos cinemas, sob a direção de Cris D’Amato (de "S.O.S. Mulheres ao Mar" - 2014)

Com produção da Ananã Produções, o longa é estrelado por Thati Lopes e Rodrigo Simas, e conta ainda com Regina Braga, Jonas Bloch, Diego Martins e a participação especial de Daniel Filho.


Na trama, Jéssica (Thati Lopes) e Gabriel (Rodrigo Simas) têm seus destinos ligados por dois medalhões idênticos e embarcam em uma jornada até Israel em busca da terceira peça que guarda um mistério do passado e da enigmática Hava (Regina Braga). 

Casada há anos com Ben (Jonas Bloch), Hava deseja reviver a paixão do início do relacionamento. Entre segredos, confusões e descobertas, os personagens aprendem que o amor pode surgir nos momentos mais inesperados.


O grande destaque do filme é Thati Lopes, que entrega uma atuação mais carregada no drama do que no humor, mostrando uma nova faceta de sua versatilidade. 

No entanto, a relação entre Jéssica e Gabriel poderia ter sido melhor explorada, já que o roteiro, em alguns momentos, enfraquece a conexão entre os dois.

Um dos pontos altos da produção é a ambientação em Israel, que se destaca graças à direção de arte de Yurika Yamasaki. A trilha sonora envolvente de Zezé D’Alice transporta o público para um cenário cheio de simbolismo e história.


O roteiro de Natalia Klein acerta ao construir a narrativa sobre o resgate do amor perdido, especialmente por meio das memórias de Ben. Regina Braga e Jonas Bloch entregam performances sensíveis e bem construídas, contribuindo para o desenvolvimento da trama e sua emocionante conclusão.

"Viva a Vida" transita entre lembranças e reencontros, destacando como o passado influencia o presente e molda os laços afetivos que queremos preservar. Com uma atmosfera leve e uma mensagem acolhedora, o filme se encaixa perfeitamente no clima de uma clássica sessão da tarde.


Ficha técnica:
Direção: Cris D'Amato
Roteiro: Natalia Klein
Produção: Ananã Produções, coprodução Claro
Distribuição: Elo Studio
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h43
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: comédia, drama

27 janeiro 2025

"Anora": uma história de amor, desilusão e realidade

Vencedor da Palma de Ouro, em Cannes, filme é um dos indicados ao Oscar 2025 (Fotos: Universal Pictures)


Filipe Matheus
Parceiro Maravilha de Cinema


Linda, sexy e poderosa, Ani (Mikey Madison) é uma jovem trabalhadora do sexo na região do Brooklyn, nos EUA. Com seu olhar sedutor, ela encanta por onde passa. No entanto, seu mundo vira de cabeça para baixo quando o amor por Ivan (Mark Eydelshteyn), filho de um oligarca russo, a envolve em uma trama de romance e conflitos familiares. 

Esse é o ponto de partida de “Anora”, dirigido por Sean Baker, que explora até que ponto o preconceito e a desigualdade social podem atrapalhar uma relação. 

Na trama, a jovem casa impulsivamente, acreditando estar vivendo um conto de fadas. No entanto, seu sonho é ameaçado quando a família dele decide viajar para os EUA para anular o casamento.


Em cartaz nos cinemas, o longa é um dos indicados a Melhor Filme do Oscar 2025, foi vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2024 e liderou as indicações do The Gotham Awards do cinema independente.

A narrativa é envolvente, mostrando como a ilusão da protagonista a impulsiona a acreditar nesse amor. É uma situação que reflete a sociedade atual, em que muitas mulheres são taxadas pelo que podem oferecer, e não por quem são de verdade.

A interpretação de Anora feita por Mikey Madison é completa, apresentando ao público uma jovem com múltiplas facetas, que consegue ser encantadora, ingênua, impetuosa, debochada e autêntica de acordo com a situação.


No elenco estão ainda Yura Borisov (Igor), Karren Karagulian (Toros), Vache Tovmasyan (Garnik), Luna Sofia Miranda (Lulu) entre outros artistas soviéticos que contribuem para a narrativa da história.

A trilha sonora é uma fusão envolvente de músicas eletrônicas, dance e hip-hop, que complementam a atmosfera urbana do filme. Entre os destaques estão a envolvente “Greatest Day”, da banda Take That, tema de abertura; “Dreaming” (da banda Blondie); e “All the Things She Said” (t.A.T.u.), cada uma escolhida para refletir momentos-chave da personagem.


A cada momento, o público mergulha na história da garota, sendo confrontado com a dura realidade vivida. O filme escancara como a falta de respeito e de dignidade impede as “Anoras” da vida real de alcançarem a felicidade.

O diretor e roteirista Sean Baker entrega um roteiro criativo, mas erra ao não explorar melhor a vida da protagonista. Anora passa boa parte da trama buscando respostas, sem encontrar o que realmente importa: o amor-próprio.

“Anora” é uma obra que mistura romance, drama e crítica social, convidando o público a refletir sobre questões de desigualdade e preconceito. Um filme emocionante, que merece ser conferido nos cinemas.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Sean Baker
Produção: FilmNation Entertainment, Focus Features
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h19
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, drama

15 maio 2018

"Ella e John" - Road movie da terceira idade

Interpretação impecável de Helen Mirren e Donald Sutherland como o casal Spencer (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Embora a comparação pareça inevitável por se tratar do mesmo tema - o relacionamento de um casal de velhos - "Ella e John" ("The Leisure Seeker") não tem a mesma sutileza do inesquecível "L'Amour", de Michael Haneke, obra-prima do cinema francês. Mas, trata-se, ainda assim, de um filme importante sobre a maturidade, suas limitações e constrangimentos. 


Dirigido pelo italiano Paolo Virzi, o longa, em cartaz no Belas Artes 1 (16h20 e 18h40) e Net Cineart Ponteio 2 (17h e 21h10), narra a aventura de Ella e John Spencer, que fogem dos filhos para viajar de Boston à Florida e ele, que já passou dos 80, é quem dirige o velho motor home da família.

Aos poucos, o espectador vai compreendendo o motivo do desespero dos dois filhos do casal quando descobrem a fuga dos pais: John apresenta sinais de Alzheimer, intercalando pequenos momentos de lucidez com alucinações e esquecimentos, e Ella transparece ter alguma doença grave, embora se mostre forte e tente manter as rédeas do projeto.


Apaixonada pelo marido, professor aposentado de literatura, ela quer ajudá-lo a realizar o sonho de conhecer a casa onde viveu o escritor Ernest Hemingway, na Flórida, e que se transformou em museu. Aos trancos e barrancos, lá vão eles, enfrentando todos os sustos e surpresas cabíveis numa estrada.

Além das belas paisagens, esse verdadeiro road movie da terceira idade envolve e enternece também pelas reflexões, dramas e alguma tensão. Pode ser que haja algum exagero no humor, pode ser que falte a delicadeza que tanto encanta em "L'Amour". Apesar disso, "Ella e John" é uma comédia dramática imprescindível.

Ao final, dá vontade de aplaudir as atuações primorosas de Hellen Mirren e Donald Sutherland, que, sem nenhum pudor ou verniz, vivem com verdade as dores e transformações da velhice - mais realidade do que romance. Difícil não chorar.
Classificação: 14 anos
Duração: 1h53



Tags: #EllaEJohn, #HelenMirren, #DonaldSutherland, #comediadramatica, #romance, #SonyPicturesClassicos, #RoadMovieDaTerceiraIdade, #BelasArtes, #CinemanoEscurinho

03 outubro 2017

"O Melhor Professor da Minha Vida" e a sempre mágica relação mestre-aluno

Grande parte do acerto do filme deve-se aos atores Denis Podalydès e o estreante Abdoulaye Diallo (Fotos: Michaël Crotto/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Difícil prever se seria mais atraente se o título fosse "As grandes mentes", tradução literal do original, "Les Grands Esprits". A verdade é que filmes sobre alunos e mestres sempre despertam curiosidade e interesse e talvez esteja aí o motivo da escolha do nome do longa em cartaz a partir desta quinta-feira nas salas de BH: "O Melhor Professor da Minha Vida". Primeira direção de Olivier Ayache-Vidal, que assina também o roteiro, o trabalho é classificado como comédia dramática. Sensível e delicado, o filme cumpre o que parece ser sua missão de comover e fazer refletir.

Que ninguém espere a profundidade de "Sociedade dos Poetas Mortos" ou a empatia instantânea de "Ao Mestre com Carinho" - para ficar apenas em dois exemplos de relações e conflitos entre mestres e alunos. Como produção francesa que é, "O Melhor Professor da Minha Vida" tem suas particularidades no jeito de contar a história. Nada parece óbvio, nada é muito previsível. Embora haja momentos de riso - levados principalmente pela atuação correta de Denis Podalydès (de "Monsieur & Madame Adelman" - 2016) -, o assunto é sério.

François Foucault (Denis Podalydès) é um professor quarentão e solteiro que leciona literatura numa escola de alto nível em Paris, o Liceu Henri IV. Como integrante típico de uma elite intelectual, ele é arrogante e impaciente com os alunos. Filho de pai escritor, o assunto da família na mesa de jantar trata, claro, de autores e livros. Desafiado quase que por acaso pelo Ministério da Educação, e incentivado por uma bela funcionária, François aceita dar aulas durante um ano numa escola de periferia, onde falta estrutura e sobra indisciplina.


Grande parte do acerto do filme deve-se a Denis Podalydès, que incorpora com talento as mudanças pelas quais ele vai passando no convívio com seus novos alunos, especialmente um deles, Seydou, vivido pelo adolescente Abdoulaye Diallo, em seu primeiro papel no cinema. E reside aí, na relação professor/estudante e na transformação de ambos, a graça do filme. Apesar de levemente maniqueísta ao retratar dois tipos de professores - os que acreditam e os que já se desiludiram do poder da educação -, "O Melhor Professor da Minha Vida" dá seu recado com delicadeza e competência. Classificação: 14 anos




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