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09 novembro 2024

"A Música de John Williams", uma viagem no tempo a lembranças memoráveis do cinema

Documentário conta a trajetória de um dos maiores compositores de trilhas sonoras inesquecíveis de Hollywood (Fotos: Divulgação/Reprodução)


Maristela Bretas


Poderia ser somente mais um documentário como outros produzidos pelos Estúdios Disney. Mas "A Música de John Williams" sacode as lembranças e toca fundo no coração de diversas gerações, especialmente daqueles que acompanharam grandes sucessos do cinema nas últimas cinco décadas. 

Quem não se lembra dos temas principais de "ET - O Extraterrestre" (1982), a abertura e a trilha sonora das sagas "Star Wars"? Bastam os primeiros acordes para que a memória volte forte, o arrepio tome conta de nossos braços e lágrimas desçam por nossas faces. 

Sim, é isso que o compositor e maestro John Williams sempre provocou ao entregar músicas memoráveis que marcaram sucessos do cinema. E muitos destes sucessos podem ser revistos no documentário dirigido por Laurent Bouzereau, sobre a vida e a carreira deste grande artista, hoje com 92 anos e em plena atividade. 


John Williams foi capaz de transformar duas notas musicais em tema de uma ficção científica, como acontece com "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (1977). Ou de um simples som de suspense deixar uma plateia inteira de cabelos em pé à espera do ataque de um certo “Tubarão" (1975). 

Tem também as trilhas para as ousadas expedições de um certo historiador e caçador de relíquias que usava chapéu e chicote (1981 a 2023), e de aventureiros em busca de um "Parque de Dinossauros" (franquia de 1993 a 2022).  

Não sei dizer o que mais me emociona, mas com certeza, ouvir a música orquestrada que abre uma certa franquia que fala de "A long time ago in a galaxy far, far away..." me faz chorar até hoje. Para quem não é fã, esta é a abertura de "Star Wars".


Entre os depoimentos, estão os de amigos inseparáveis, como Steven Spielberg e George Lucas, que viram seus filmes e franquias ganharem prêmios e a paixão dos fãs. Vários outros diretores também falam sobre o trabalho incansável de John Williams, cuja mente e sensibilidade brilhantes tiram música do ar. 

Entre eles estão Ron Howard ("Inferno" - 2016 e "Uma Mente Brilhante" - 2001); J.J. Abrams ("Star Wars : O Despertar da Força" - 2015); Chris Columbus (dos filmes de 2001 e 2002 da saga "Harry Potter", e dos longas "Esqueceram de Mim 1 e 2" - 1990 e 1992); Frank Marshall ("Indiana Jones" - 1981 e 2023) e James Mangold ("Logan" - 2017 e "Ford vs Ferrari" 2019). 

Além de atores, como Ke Huy Quan e Kate Capshaw ("Indiana Jones: Os Caçadores da Arca Perdida" - 1981) e Seth Mac Farlane (dublador do ursinho "Ted 1 e 2" 2012 e 2015), e cantores, como Chris Martin, da banda Coldplay.


Além dos depoimentos e das grandes composições do John Williams, o documentário ainda oferece ao espectador a chance de conhecer um pouco da vida pessoal do maestro. Da convivência com os filhos, até seu tempo servindo como militar na Força Aérea dos EUA e como todas essas experiências influenciaram em sua música. 

São cenas cedidas por familiares e por Spielberg, feitas durante as gravações de seus filmes. Sem contar a coleção de prêmios e indicações ao Grammy, Oscar, Bafta, Emmy e Globo de Ouro. Imperdível, emocionante, inesquecível. Vale a pena conferir o documentário "A Música de John Williams", disponível apenas no Disney+ por assinatura.


Ficha técnica
Direção e produção:
Laurent Bouzereau
Distribuição: Disney Plus
Exibição: Disney Plus
Duração: 1h45
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: drama, musical

01 novembro 2024

"O Dia da Posse" é recorte que torna universais as sensações vividas na quarentena da Covid-19

Documentário é uma redescoberta da vida em um momento marcado por mortes diárias (Fotos: Allan Ribeiro)


Eduardo Jr.


O slogan "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça" faz muito sentido se associado ao documentário "O Dia da Posse", que estreou nos cinemas brasileiros, com distribuição da Embaúba Filmes. Brendo Washington e Allan Ribeiro realizaram o longa no apartamento onde vivem, em Copacabana, durante o confinamento da pandemia de Covid-19.

Redescobrir a vida em um momento marcado por mortes diárias. O confinamento como oportunidade de se expor para o mundo. São antíteses que podem ser notadas na obra. Brendo estuda Direito e ali se descobre protagonista, mas parece já ter ensaiado bastante para este momento.


Como está em casa, sem figurinos elaborados, ele desfila diante da câmera, com muita naturalidade, suas visões de mundo, seu sonho de participar do Big Brother Brasil até os textos relacionados à sua posse como presidente do Brasil. Allan Ribeiro dirige o longa, faz as perguntas que dão andamento ao filme e conduz a câmera pelo apartamento - e pelas janelas dos vizinhos, que tentavam se ocupar durante o isolamento social.

O universo dos dois jovens se amplia por meio do celular. As conversas por chamada de vídeo com os familiares colocam em cena alguns assuntos do período mais preocupante da nossa história recente. 
Memórias de infância, comportamentos da geração anterior e afazeres domésticos vão se entrelaçando e trazendo leveza para o documentário. Eventualmente, o espectador pode se ver esboçando sorrisos com o carismático protagonista.


De acordo com Allan, já havia a vontade de fazer um filme com Brendo, que sempre brincou de ensaiar discursos (de campeão do BBB a presidente da República tomando posse). Na quarentena, se tornou viável filmar a convivência dos dois e tornar isso um material cinematográfico.

O longa traz um pouco de cada coisa que todos experimentamos durante a pandemia: momentos de diversão, a espera pela comida, irritação, diálogos sobre memórias... Tornaram-se normais para a sociedade os pequenos ruídos nas produções audiovisuais, as lives com qualidade de som abaixo do esperado e imagens com alguma poluição visual. 

O filme também naturaliza composições de quadros improvisadas, reflexos nas janelas e outros detalhes que não costumam passar batidos em produções hollywoodianas. E tá tudo bem.


Allan Ribeiro se formou em Cinema na UFF em 2006, e já realizou quatro longas: "Esse Amor que nos Consome" (2012), "Mais do que eu Possa me Reconhecer" (2015), "O Dia da Posse" (2021) e "Mais Um Dia, Zona Norte" (2023), que receberam prêmios em festivais como o de Brasília, Olhar de Cinema e o de Tiradentes. Dirigiu ainda alguns curtas, e agora vive a expectativa da estreia, em 2025, de seu novo longa sobre o show de Madonna no Rio.

"O Dia da Posse", com seus 70 minutos de duração, é sensível, nos deixa relaxados, sem a ansiedade de que termine logo. É mais um título disponibilizado pela Embaúba, distribuidora especializada em produções cinematográficas brasileiras.
 

Ficha técnica
Direção: Allan Ribeiro
Produção: Acalante Filmes
Roteiro: Brendo Washington e Allan Ribeiro
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: sala 1 do Cine UNA Belas Artes
Duração: 1h10
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

22 outubro 2024

"Super/Man: A História de Christopher Reeve" é emocionante e mostra um super-herói que poucos conhecem

Documentário apresenta a trajetória do ator que foi um dos mais carismáticos Super-Homem do cinema
(Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Christopher D'Olier Reeve, ou simplesmente Christopher Reeve, aquele que ficou para a história dos super heróis como um dos melhores e mais carismáticos Superman do cinema, ganha um documentário muito especial no ano que completa duas décadas de sua morte. O filme  "Super/Man: A História de Christopher Reeve" ("Super/Man: The Christopher Reeve Story") está em cartaz nos cinemas e emociona ao mostrar um outro super-herói que poucas pessoas conhecem.

Com imagens de arquivo e depoimentos de amigos e parentes, o documentário conta a história do ator, desde o sucesso com seu primeiro trabalho no cinema como Super-Homem ou Homem de Aço até sua morte.


No dia 10 de outubro de 2004, o ator, roteirista e diretor Christopher Reeve morria aos 52 anos de um infarto causado por uma infecção. Desde maio de 1995 ele vivia uma batalha diária de sobrevivência e perseverança, após a queda de um cavalo que o deixou tetraplégico. O Superman, que marcou uma geração, fica marcado também pelo grande legado de luta em favor das pessoas com dificuldade de mobilidade.

O documentário inclui filmes de arquivos pessoais, as primeiras entrevistas filmadas, em versão estendida, depoimentos de amigos, parentes e dos três filhos de Reeve sobre o pai e entrevistas com astros e estrelas de Hollywood, como Glenn Close, Susan Sarandon e o amigo inseparável, Robin Williams, falecido em 2014. Há também participações do ex-presidente dos EUA, Barack Obama; do apresentador de TV Johnny Carson; do diretor de cinema Richard Donner e vários outros.


Apesar de ter atuado em outros filmes, o ator chegou ao estrelato graças ao primeiro longa-metragem: "Superman - O Filme", de 1978, dirigido por Donner. Ele interpretou o belo e carismático super-herói que se disfarçava como o repórter Clark Kent, do Planeta Diário, quando não estava salvando o mundo. 

Reeve ainda viveu o personagem em 1980 -"Superman 2 - A Aventura Continua"; em 1983 - "Superman III" e em 1987 - "Superman 4 - Em Busca da Paz". Fez também aparições especiais em dois episódios da série "Smallville", em 2002 e 2003. 


A tetraplegia levou Reeve a buscar outra razão para continuar tentando salvar vidas, desta vez de pessoas que enfrentavam as mesmas condições dele. Tornou-se ativista na busca de uma cura para lesões na medula espinhal e um defensor apaixonado dos direitos e cuidados das pessoas na mesma condição. 

Ele e a esposa, a atriz e cantora Dana Reeve, criaram uma fundação com o nome deles para ajudar a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, de cuidadores e dos familiares dos afetados pela paralisia. Ele dirigiu a fundação até sua morte. Dana continuou o trabalho até falecer de câncer no pulmão aos 44 anos, 18 meses após o ator. Hoje a fundação é administrada pelos três filhos - William, Alexandra e Matthew, que são mostrados no filme. Saiba mais sobre a fundação clicando aqui.


O ator dividiu seu tempo entre a fundação, a arrecadação de fundos e a família, sem deixar de lado a carreira no cinema, na frente e por trás das câmeras. No ano de sua morte, 2004, ele ainda dirigiu o drama "A História de Brooke Ellison", sobre uma jovem que sofre um acidente, fica tetraplégica e terá de contar com o apoio da família e amigos. 

Em sua trajetória, mostrada em "Super/Man: A História de Christopher Reeve", o ator deixou mais que uma marca na calçada da fama. Com sua determinação, ele provou ser um super-herói na vida real para milhares de pessoas que passaram a acreditar na possibilidade de voltarem a andar. Vale muito a pena conferir o documentário.


Ficha técnica:
Direção: Ian Bonhôte e Peter Ettedgui
Roteiro: Peter Ettedgui
Produção: DC Studios, HBO Documentary Films, CNN Films, Words + Pictures, Passion Pictures e Misfits Entertainment
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nas salas Cineart Ponteio, Cinemark Diamond Mall e Pátio Savassi Centro Cultural Unimed-BH Minas e Una Cine Belas Artes
Duração: 1h44
Classificação: 10 anos
País: EUA
Gênero: documentário

18 outubro 2024

"Marias" é um mergulho documental nas lutas de icônicas mulheres

Longa revisita e revaloriza a presença feminina na história política do Brasil (Fotos: Descoloniza Filmes)


Silvana Monteiro


A diretora Ludmila Curi oferece um panorama inédito sobre a luta das mulheres brasileiras no documentário "Marias", que estreou no Cine UNA Belas Artes. Costurando narrativas de figuras icônicas como Maria Prestes, Marielle Franco e Dilma Rousseff, o longa não é apenas uma homenagem, mas uma necessidade urgente de revisitar e revalorizar a presença feminina na história política do Brasil, frequentemente ofuscada por uma narrativa predominantemente masculina.

A obra se destaca pela sua capacidade de estabelecer conexões entre mulheres de diferentes épocas e contextos, revelando um legado de  luta e resistência que atravessa gerações de diferentes formas, seja no âmbito político, seja no âmbito social ou apenas na busca pela sobrevivência. 


Usando uma montagem cuidadosa, Curi constrói um mosaico que evidencia como essas mulheres, muitas vezes silenciadas, moldaram a sociedade brasileira. A escolha de não dar voz direta a Maria Prestes, optando por uma narração que faz ecoar suas ideias e ações, é uma decisão ousada que sublinha a força da imagem e do contexto. A ausência da voz da protagonista é compensada pela vivacidade das histórias contadas, que se entrelaçam e revelam uma luta contínua por direitos e igualdade.

Curi, ao longo de cinco anos de filmagens, mergulhou nas memórias e na trajetória de Prestes, revelando uma mulher não apenas como esposa de um político, mas como uma figura central na construção de um Brasil mais justo. 

O documentário se revela um exercício de memória coletiva, uma evocação à luta que ainda ressoa nos dias de hoje. As imagens de protestos, discursos e o cotidiano das mulheres são intercaladas com trechos de entrevistas, permitindo uma reflexão sobre as estruturas sociais que persistem.


Além disso, "Marias" faz um trabalho essencial de resgate de figuras que foram apagadas da história, como Olga Benário e Maria Bonita, ampliando a compreensão do papel das mulheres na luta por justiça social. 

As referências a eventos contemporâneos, como os movimentos contra o golpe de 2016 e as manifestações por justiça para Marielle Franco, ancoram a narrativa em um presente ainda tumultuado, ressaltando que a luta não é apenas histórica, mas profundamente atual.

A cinematografia do filme, ao capturar a essência das personagens e suas histórias, traz à tona a resiliência e a força das Marias que se levantam contra as adversidades. As cenas de arquivo são particularmente impactantes, evocando um senso de urgência e importância nas narrativas de mulheres que, embora esquecidas, desempenharam papéis cruciais na história do Brasil.


Produzido pela Plano 9 e Lumiá Filmes, com distribuição da Descoloniza Filmes, "Marias" chega também aos cinemas de cidades como Aracaju, Brasília, Palmas, Rio de Janeiro e Salvador, convidando um público amplo a se envolver com essas histórias. 

O longa, que estreia em um momento de intensos debates sobre a participação feminina na política, não se limita a um público específico; ele se destina a todos e todas que buscam entender a complexidade da luta das mulheres. 


"Marias" é um chamado à ação, uma lembrança de que a história é feita por aqueles que lutam por ela. Como Curi acerta ao afirmar, "este é um filme sobre todas nós, convidando o espectador a refletir sobre a luta contínua por igualdade e justiça". 

Com isso, o documentário se afirma como uma obra necessária, que ilumina as vozes das Marias e inspira a construção de um futuro mais inclusivo. Marias de todas nós. Marias de luta e resiliência. Um documentário para ser visto por homens e mulheres.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Ludmila Curi
Produção: Plano 9 e Lumiá Filmes
Distribuição: Descoloniza Filmes
Exibição: sala 2 do Cine Una Belas Artes, sessão das 16h30
Duração: 1h18
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

19 setembro 2024

Exibição do documentário "Lagoa do Nado: a Festa de um Parque" celebra os 30 anos de inauguração da área ambiental

(Fotos: Acervo da Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado)


Da Redação


O Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado completa 30 anos de inauguração e para comemorar a data será exibido gratuitamente, neste sábado (21 de setembro), o documentário "Lagoa do Nado: a Festa de um Parque". Serão duas sessões, as 17 e 19 horas, no espaço Praça do Sol. 

Direção e argumento são de Arthur B. Senra, que divide a produção com Fernando Torres e Izinho Benfica, e a pesquisa e roteiro com Luiz Navarro.

(Ilustração: Lor)

O rico arquivo audiovisual é composto de fotos, vídeos e material impresso do acervo da Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado, ilustrações do cartunista mineiro Lor e entrevistas em fita K7 do projeto Memória em Movimento (2002-2001).

O filme conta a trajetória de luta realizada pela comunidade da região Norte de Belo Horizonte no final dos anos 1980 para a defesa, preservação e implantação do parque numa antiga fazenda abandonada. 


O movimento plural - que envolveu moradores, artistas, acadêmicos, ecologistas entre tantas outras contribuições, se destacou por ser pautado na alegria. Teve nas festas, a convergência dos sentimentos de preservação ambiental, manifestação cultural e de pertencimento dessa área, que se tornou um espaço público. 

"Lagoa do Nado: a Festa de um Parque" foi selecionado e exibido na 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, realizado em junho deste ano, na categoria cinema de luta.  


Serviço:
Documentário "Lagoa do Nado: a Festa de um Parque"
Data: 21 de setembro (sábado)
Horário das sessões: 17 e 19 horas
Entrada: gratuita
Local: Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado - Praça do Sol - Rua Min. Hermenegildo de Barros, 904 - bairro Itapoã (BH)
Mais informações: Izinho Benfica - 99409-2026

04 setembro 2024

Pioneirismo, revelações e histórias de racismo fazem de “Othelo, o Grande” um documentário imprescindível

Longa dirigido por Lucas Rossi levou dez anos para ficar pronto e procura intercalar a vida pessoal e a
carreira do ator (Fotos: Davi G. Goulart)


Mirtes Helena Scalioni


Pode parecer, a princípio, que o grande mérito do documentário de Lucas Rossi seja mostrar às novas gerações o tamanho da importância do comediante Grande Otelo (1915-1993). Mas não é só isso. 

Quem teve oportunidade de acompanhar a carreira do ator, vai ficar sabendo um pouco mais sobre a vida desse homem múltiplo, nascido em Uberlândia, chamado Sebastião Bernardes de Souza Prata. “Othelo, O Grande” estreia nos cinemas em Belo Horizonte no dia 5 de setembro.


Narrado pelo próprio artista em primeira pessoa, o documentário que, segundo o diretor, levou dez anos para ficar pronto, procura intercalar fatos da vida pessoal atribulada de Sebastião com sucessos de sua carreira. Principalmente quando ele era contratado da Atlântida e lotava os cinemas do país com suas saborosas chanchadas. 

O lado ruim desse jeito de contar a história é que o espectador não fica conhecendo casos e características de Grande Otelo vividos e percebidos pelas pessoas que conviveram com ele.


Embora misture vida pessoal e trabalho, o filme peca também por não localizar a época dos fatos. Num momento o homem está chorando por causa de suas tragédias familiares e, no próximo minuto, o artista está em cena rindo e fazendo rir. Faltam referências, datas. 

O longa tem a participação especial da atriz Zezé Motta como narradora e traz imagens raras de arquivo, feitas em pesquisas na Cinemateca Brasileira.


Uma curiosidade revelada no filme, e que talvez a maioria do público não saiba, é o motivo pelo qual o pequeno Sebastião Prata passou a ser conhecido – até internacionalmente – como Grande Otelo. 

Homem de muitos talentos, ia fácil do drama à comédia, o artista foi também exímio compositor de sambas, alguns deles presentes no documentário, com destaque especial ao histórico e nostálgico “Praça Onze”, parceria com Herivelto Martins.


Produzido pela Franco Filmes, “Othelo, o Grande” tem parceiros poderosos na produção como Globo Filmes, RioFilme, Canal Brasil e Globonews. A princípio, isso facilitaria a divulgação e exibição do trabalho, que já foi vencedor do Prêmio Redentor de Melhor Documentário no Festival do Rio.

Careteiro e de humor mais escrachado, o comediante faz questão de salientar, em suas falas, as participações em filmes fora do circuito da chanchada. Trabalhou com diretores ditos sérios como Joaquim Pedro de Andrade, Werner Herzog, Nelson Pereira dos Santos e até o norte-americano Orson Welles. Afinal, foram mais de 100 filmes.


Neto de escravos e órfão, Sebastião comeu o pão que o diabo amassou, desde que se mudou para o Rio de Janeiro acompanhando uma companhia teatral que passou por Uberlândia. 

Não por acaso, o documentário é todo permeado por questões raciais, evidenciando as humilhações que o ator viveu até ser o primeiro protagonista negro do cinema brasileiro. Em muitos deles, quando chegava para trabalhar, Grande Otelo tinha que entrar pela porta dos fundos por causa de sua cor.


Ficha técnica:
Direção: Lucas H. Rossi
Produção: Franco Filmes, em coprodução com Globo Filmes, GloboNews, Canal Brasil e RioFilme
Distribuição: Livres Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas
Duração: 1h22
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

31 julho 2024

“Estranho Caminho" - Com mineiro de Santa Tereza, obra é poesia sobre caos

O roteiro de Guto Parente habilmente mescla elementos dramáticos, psicológicos e fantásticos (Fotos: Sinny Assessoria)


Silvana Monteiro


Chega aos cinemas nesta quinta-feira (1⁰ de agosto), o longa "Estranho Caminho", do diretor Guto Parente, vencedor de 16 prêmios nacionais e internacionais, com destaque para o Festival de Tribeca 2023 (EUA), onde conquistou as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Roteiro para Guto Parente, Melhor Fotografia para Linga Acácio e Melhor Performance para Carlos Francisco. 

Também venceu os prêmios de Melhor Roteiro (Guto Parente) e Melhor Ator Coadjuvante para o ator mineiro Carlos Francisco no Festival do Rio, e Melhor Filme da Mostra Autorias da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes 2024 (Brasil). O filme está em exibição no Centro Cultural Unimed-BH Minas e no Cine Una Belas Artes.


Com uma história que se passa em meio à turbulência da pandemia que assolou o mundo, o diretor cearense Guto Parente fez um filme inspirado em sua trajetória pessoal. "Estranho Caminho" permite que o espectador entre de cabeça no caos e na poesia da busca pela realização de sonhos, das conexões e relações familiares, das adversidades e do autoconhecimento.

O protagonista David, interpretado por Lucas Limeira, é um jovem cineasta que retorna à sua cidade natal, Fortaleza, para apresentar seu filme em um festival. Porém, sua chegada é no famoso estilo expectativa x realidade. Seu caminho é repleto de percalços - desde o momento em que põe os pés na cidade, até não encontrar acolhida entre amigos, sofrer com a violência do lugar e se ver perdido em meio às restrições de uma crise sanitária. 

Esse desencontro com o seu lugar de origem e com o sonho de levar a público sua arte, é o ponto de partida para um enredo dramático com toques de fantasia e trama psicóloga. 


Ao se ver forçado a reencontrar o pai, Geraldo, interpretado por Carlos Francisco, com quem não fala há anos, David enfrenta seus próprios demônios e questionamentos sobre seu passado e sua carreira artística. 

O roteiro de Parente habilmente mescla elementos dramáticos, psicológicos e fantásticos, criando um universo compativelmente estranho com o fato de tentar entender o que é uma pandemia, ao mesmo tempo, instigante e intimista, páreo para uma convivência forçada. 

O ator Carlos Francisco, mineiro de Belo Horizonte, nascido e criado no bairro de Santa Tereza, interpreta Geraldo com tanta maestria que recebeu os prêmios de melhor ator coadjuvante no Festival do Rio 2023; melhor performance no Festival Tribeca, EUA, 2023, e melhor atuação no Festival da Fronteira, no Brasil em 2023. 


Em relação à fotografia, Linga Acácio, com seus jogos de luz e sombra, contribui para a atmosfera onírica e perturbadora do filme. Já a trilha sonora de Uirá dos Reis e Fafa Nascimento adiciona camadas de profundidade e reflexão à narrativa. O elenco, composto majoritariamente por atores cearenses, entrega performances impactantes e repletas de nuance.

"Estranho Caminho" é uma obra que desafia os gêneros convencionais, trazendo uma experiência cinematográfica estranha e provocativa. Parente consegue falar sobre temas universais, como as complexidades da família e da identidade, por meio de uma lente altamente pessoal e poética. 


É um filme que eu resumiria com os versos de um poeta, não do sertão cearense, mas do sertão mineiro, João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas": “Todo caminho da gente é resvaloso. Mas; também, cair não prejudica demais – a gente levanta, a gente sobe, a gente volta! (...) O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”


Ficha técnica
Direção: Guto Parente
Produção: Tardo Filmes
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed-BH Minas e Cine Una Belas Artes
Duração: 1h23
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros:
drama, documentário

21 julho 2024

"Eu Sou: Celine Dion" um relato da fragilidade e dos dias sombrios da artista

Documentário mostra o amor da artista em se apresentar em público, o desejo de voltar aos palcos e a paixão por sapatos (Reproduções Prime Video)

 

Marcos Tadeu


"Eu Sou: Celine Dion" é um dos bons documentários que vale a pena ser assistido no Prime Video. A produção revela um lado desconhecido da cantora canadense, mostrando sua rotina diária entre os afazeres de uma estrela, a vida doméstica, os momentos de vulnerabilidade. Além da paixão por sapatos - mais de 10 mil pares de diversos tamanhos -, guardados num depósito em Las Vegas, cidade onde a artista mora.


Celine Dion alcançou fama mundial nos anos 1990 com sucessos como "My Heart Will Go On" (da trilha sonora de "Titanic”), "The Power of Love" e "Because You Loved Me". Ganhou cinco Grammys Awards, incluindo Álbum do Ano e Melhor Performance Vocal Pop Feminina. 

E foi na entrega do Grammy de 2024, no dia 4 de fevereiro, que ela fez uma aparição surpresa ao anunciar o prêmio de Melhor Álbum do Ano, conquistado por Taylor Swift.

Conhecida por sua poderosa voz e emocionantes baladas, Dion vendeu mais de 200 milhões de álbuns globalmente. Além de sua carreira musical, realizou uma bem-sucedida passagem por Hollywood, com participações no cinema, como em "Era uma Vez... Deadpool" (2018)


Dirigido por Irene Taylor, o documentário nos apresenta a artista em seus dias comuns e como ela se tornou o sucesso atual, sem seguir uma linha cronológica. Conhecemos o auge de sua carreira, a relação com a família, e descobrimos que Céline Marie Claudette Dion é a mais jovem de 14 irmãos, todos com um amor pela música.

René Angélil, seu marido, também tem um papel importante no documentário, mostrando como o casal lidou com o nascimento de seus filhos em meio à fama e aos holofotes.


O documentário apresenta um dos aspectos mais comoventes da vida da cantora e compositora: seu diagnóstico de Síndrome da Pessoa Rígida (SPR), uma doença neurológica rara e autoimune, que causa rigidez e espasmos musculares dolorosos. 

Celine fala abertamente sobre suas dificuldades e sentimentos, contrastando com suas palavras de gratidão por tudo o que conquistou. Ela brilha e comove o público, especialmente quando vemos como a doença afetou o instrumento mais potente de sua vida - a voz.


Apesar da força do documentário, senti falta de depoimentos de pessoas próximas a Celine. Ouvir a família e amigos que a acompanham poderia reforçar a mensagem de que, mesmo sendo uma grande estrela, ela é frágil em seus momentos e não precisa ser forte o tempo todo. 

"Eu Sou: Celine Dion" é um convite para conhecer os dias sombrios da artista de maneira crua, forte e bela, impactando profundamente seu público e oferecendo a oportunidade para novos fãs conhecerem mais de sua história. Emocionante!


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Irene Taylor
Produção: Amazon MGM, Sony Music Entertainment, Vermilion Films
Exibição: Prime Video
Duração: 1h42
Classificação: Livre
Países: Canadá e EUA
Gêneros: documentário, musical

05 julho 2024

“Orlando, Minha Biografia Política” adapta obra de Virgínia Woolf com mistura de gêneros

Livro da escritora inglesa ganha eco entre as novas gerações com longa de diretor trans (Fotos: Filmes do Estação)


Eduardo Jr.


Paul B. Preciado estreia na direção cinematográfica de mãos dadas com Virginia Woolf. O livro “Orlando”, da escritora inglesa, foi adaptado e chega às telonas sem se encaixar em um único gênero. “Orlando, Minha Biografia Política” é ficção e é documentário. 

Algo muito coerente, se considerarmos que o diretor, filósofo e ativista trans, que nasceu Beatriz e se tornou um dos principais pensadores contemporâneos das novas políticas do corpo, gênero e sexualidade, também desafia a binaridade. A distribuição é da Filmes do Estação.  Em Belo Horizonte, o longa pode ser conferido no Cine UNA Belas Artes.


No livro, lançado em 1928, o protagonista um dia acorda no corpo de uma mulher, dando início aos questionamentos acerca dos comportamentos e diferenças entre gêneros. O longa de Preciado também segue a premissa da transformação, mas parte de uma carta do diretor para a escritora (falecida em 1941), dizendo que Orlando saiu das páginas, está vivo, e se transformando diariamente

O elenco, composto de 25 pessoas trans e não binárias, desfila na tela, hora atuando, hora fazendo relatos pessoais. Ao vestir um acessório de época é como se estivessem personificando o protagonista das páginas da escritora inglesa. Soma-se à fala desses atores a narração de trechos do livro, o que expõe a fragilidade do diretor em construir um desenvolvimento imagético. Cenas monótonas de algo que já está sendo contado puxam pra baixo a energia do filme. 


A força fica por conta da mensagem. O texto vai imprimindo na compreensão do público que, se a cada dia nos modificamos em relação ao ontem, as pessoas trans também estão realizando uma transformação, no entanto, não encontram aprovação social. Ao contrário, na época do "Orlando" de Virginia Woolf, atravessar as fronteiras de gênero era um atestado de necessidade de tratamento psiquiátrico, uma doença a ser curada. Alguma semelhança com os dias atuais?  

O mérito da obra talvez resida na coragem de apresentar de tal maneira os escritos das páginas de Virginia. As dores, a libertação, os desafios e a beleza da vitória dessas 25 pessoas/atores/atrizes provando que são herdeiros de uma história apagada, reforçam a noção de que, assim como o Orlando de 1928, outras existências também vão atravessar gerações. 


O longa também pode garantir uma vida longa, se depender de reconhecimento. Vencedor do Teddy Award e do Prêmio Especial do Júri da mostra Encounters no Festival de Berlim de 2023, o filme chega às telonas do país como vencedor da categoria Melhor Documentário do Prêmio Félix, honraria do Festival do Rio que destaca narrativas LGBTQIAPN+ no audiovisual. 

Também foi escolhido como Melhor Longa-Metragem Internacional do Festival Mix Brasil, além de participar do Festival Varilux. Se não é só documentário e nem é só ficção, pode ser descrito como um filme interessante.   


Ficha técnica:
Diretor e roteiro: Paul B. Preciado
Produção: Les Films du Poisson, 24 Imagens e Canal Arte França
Distribuição: Filmes do Estação
Exibição: Cine UNA Belas Artes - sala 3, sessão às 20h30
Duração: 1h38
Classificação: 14 anos
País: França
Gêneros: drama, documentário

02 julho 2024

"A Flor do Buriti": ode ao povo Krahô e à resistência indígena

Fotografia alterna entre planos abertos e detalhes, revelando o cotidiano e os diálogos de uma vivência indígena (Fotos: Renée Messora)


Silvana Monteiro


Uma produção feita por três nações. Este é o longa "A Flor do Buriti", distribuído pela Embaúba Filmes, que entra em cartaz nesta quinta-feira (4), no Centro Cultural Unimed BH-Minas. O roteiro é assinado pelo português João Salaviza, pela brasileira Renée Nader Messora e pelos integrantes do povo Krahô - Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô e Henrique Ihjãc Krahô.

Produzido por Julia Alves e Ricardo Alves Jr., da produtora mineira Entre Filmes, a história oferece uma visão documental e holística da vida dos Krahô. O documentário foi filmado durante 15 meses em quatro aldeias diferentes, dentro da terra indígena Kraholândia.


A fotografia alterna entre planos abertos, e planos detalhe, que revelam o cotidiano e os diálogos autênticos de uma vivência indígena. Essa abordagem cinematográfica consegue traduzir o sentimento de um povo cuja história esteve à beira da extinção.

O pajé e os demais parentes do povo Krahô realizam um ritual entoando um cântico à flor do buritizeiro. Curumins com flechas tentam proteger a mata e a aldeia. A menina Jotat é perturbada em seus sonhos por espíritos. 


Sempre vigilante, a curumim que habita o território Pedra Branca, na Kraholândia, norte de Tocantins, preocupa-se com a chegada dos cupé (invasores) à sua terra. Lapsos da memória ancestral marcada pela violência dos fazendeiros criadores de gado.

São cenas das crianças que se misturam à natureza, das mulheres trabalhando o artesanato nos capinzais, da arte marcada no rosto. Da busca pela proteção das aves, do velho índio em confronto para guardar seu povo e das conversas que revelam não só histórias mitológicas, mas também uma vida de luta pela sobrevivência. Todas enriquecem a obra e nos dão a sensação de estarmos ali, aldeados junto a eles.


As sombras do passado ainda assombram os Krahô. Enquanto uma mulher está prestes a dar à luz, seu marido vigia a porteira do território para impedir a expropriação dos bens naturais de seu povo. 

Simultaneamente, uma jovem envolvida em movimentos sociais se prepara para viajar a Brasília, onde participará da Mobilização Nacional dos Povos Indígenas ao lado da líder Sônia Guajajara, hoje Ministra dos Povos Indígenas.

"A Flor do Buriti" atravessa os últimos 80 anos dos Krahô, trazendo para a tela memorias e relatos de um massacre ocorrido em 1940, onde morreram dezenas de pessoas. Perpetrado por dois fazendeiros da região, as violências praticadas naquele momento continuam a despertare o espírito  guerreiro desse povo.


"A Flor do Buriti" é um retrato sincero da resiliência e da espiritualidade dos Krahô, celebrando a sua cultura e resistência diante das adversidades. É uma história que ressoa com força e urgência, convidando o espectador a uma profunda reflexão sobre a importância da preservação da cultura dos povos originários.

Premiações

Exibido em mais de 100 festivais ao redor do mundo, o filme recebeu o prêmio coletivo para melhor elenco na mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes. Também foi vencedor em 14 outros importantes festivais, como o de Munique (Cinevision Award), Lima (Prêmio Signis), Mar del Plata (Prêmio Apima Melhor filme Latino-Americano), Festival dei Popoli (Melhor Filme), Huelva (Prêmio Especial do Júri e Prêmio Melhor Filme Casa Iberoamérica), RIDM Montreal (Prêmio Especial do Júri), Biarritz, Viennale, e Forumdoc.BH.


Ficha técnica
Direção:
João Salaviza e Renée Nader Messora
Roteiro: João Salaviza, Renée Nader Messora, Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Henrique Ihjãc Krahô
Produção: Entre Filmes
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas
Duração: 2h04
Classificação: 14 anos
Países: Brasil e Portugal
Gêneros: documentário, drama

02 março 2024

"A Noite que Mudou o Pop" e a vida de milhares de crianças

Documentário mostra os bastidores da gravação do clipe da música "We Are the World" em 1985
(Fotos: Netflix) 


Felipe Matheus
Comentando Sucessos


"Um encontro histórico, capaz de parar conflitos e fazer com que as pessoas tivessem fé e esperança de um mundo melhor. Este é o enredo de "A Noite que Mudou o Pop", documentário sobre os bastidores da gravação da música "We Are the World", composta por Michael Jackson e Lionel Richie e sucesso mundial, mesmo depois de tantos anos.

Foram 45 artistas norte-americanos e um sonho: levar ajuda humanitária para a África e proporcionar o melhor para milhares de crianças, vítimas da fome e de doenças, mas que precisavam também de amor. 

"We Are the World" foi o tema do projeto USA for Africa e arrecadou milhões de dólares que foram destinados àquele continente. A música ainda conquistou quatro Grammys no ano seguinte, incluindo o de Melhor Canção. Confira o clipe da música clicando aqui.


Essa história de sucesso começou em 28 de janeiro de 1985, logo após a premiação do American Music Awards. A gravação durou a madrugada inteira e acabou às 8 da manhã. O projeto, coordenado por Harry Belafonte e Lionel Richie, tendo como produtor e arranjador o grande Quincy Jones, reuniu um time de astros internacionais. 

Naquela madrugada estavam em um mesmo estúdio em Los Angeles, nomes como Michael Jackson, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, Stevie Wonder, Bob Dylan, Diana Ross, Tina Turner, Ray Charles, Dionne Warwick, Kenny Rogers, Paul Simon, entre outros artistas que fizeram sucesso nos anos 80.


Na entrada do estúdio, uma mensagem que transformaria quem ali chegasse: "Deixe seu ego na porta", enfatizando que o propósito não era sobre individualidade, mas sim ajudar e agir com uma perspectiva humanitária.

Lionel Richie declara no documentário que não foi fácil a criação com Michael: 'Nós éramos como duas crianças de 3 anos tentando sentar e focar em alguma coisa. Estávamos fazendo a maior bagunça. Relaxando na casa [de Michael] e vendo o cachorro brincar com um pássaro".

O documentário está disponível na Netflix, convidando você a reviver o encontro especial que mudou o pop, e entender sua importância como um clássico.


Ficha técnica:
Direção: Bao Nguyen
Produção: Netflix
Exibição: Netflix
Duração: 1h37
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: documentário, música