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26 fevereiro 2025

Documentário "Chica da Silva - A Descoberta do Testamento" apresenta a mulher por trás do mito

Vídeo e série de reportagens do TJMG originados a partir a localização do documento são verdadeiras
aulas de história afrocentradas (Fotos: Gláucia Rodrigues)


Maristela Bretas


O trabalho minucioso de um grupo de historiadores e jornalistas do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) a partir da localização do testamento de Francisca da Silva Oliveira resultou no documentário "Chica da Silva - A Descoberta do Testamento". Uma aula de história que foge dos livros e mostra outra face daquela que se tornou uma das figuras mais influentes da sociedade colonial mineira do século XVIII.

Ao completar 229 anos de sua morte, ocorrida em 15 de fevereiro, Chica da Silva, ex-escravizada, foi alforriada e se tornou Dona Francisca da Silva Oliveira, tem sua vida novamente contada. Agora, a partir do testamento dela, localizado após mais de 200 anos no Fórum da Comarca de Serro, cidade mineira ao qual pertenceu o antigo Arraial do Milho Verde, onde Chica nasceu.

Capa do testamento descoberto de Chica da Silva

O documentário de 52 minutos, produzido pela equipe de Comunicação e disponibilizado no canal oficial do YouTube do TJMG, desmistifica a mulher considerada ousada para sua época e faz uma reparação histórica ao mostrar uma Chica da Silva até pouco tempo desconhecida.

Ao contrário do filme "Chica da Silva" (1976), de Cacá Diegues, e da novela de mesmo nome, exibida pela extinta TV Manchete entre 1996 e 1997, a produção do TJMG reúne fotos, ilustrações, documentos oficiais da época e diversos depoimentos de historiadores, entre eles o da professora da UFMG e biógrafa de Chica da Silva, Júnia Furtado. 

Casa de Chica da Silva em Diamantina

Além de entrevistas de funcionários de museus e do IEPHA, garimpeiro, mestre vissungueiro, madres do Mosteiro Nossa Senhora de Macaúbas, em Santa Luzia, e até descendentes da 7ª e 8ª gerações de Francisca da Silva Oliveira. 

As cidades mineiras de Diamantina, Serro, Milho Verde e Santa Luzia, também são mostradas no documentário, cada uma com sua importância na vida pessoal e religiosa de Chica da Silva. 

Sob a direção executiva de Comunicação de Mariana Brito, participaram dos trabalhos as jornalistas Daniele Hostalácio e Kátia Matos, locução de Mércia Lívia, imagens de Márcio Rodrigues, fotos de Gláucia Rodrigues, edição de Elton Lizardo, coordenação de Francis Rose, Eudes Júnior e Fernando Capreta.

Mosteiro Nossa Senhora de Macaúbas, em Santa Luzia

Kátia Matos explica como foi a produção de "Chica da Silva - A Descoberta do Testamento". "Era para ser uma reportagem, que acabou virando documentário por causa do volume de depoimentos, havia muitos aspectos importantes. Primeiro nós fomos colhendo os depoimentos dos historiadores. Daí o material era muito grande, então ele virou um documentário". 

Ela conta ainda que precisava mostrar também o testamento, que é a base do documentário, cuja descoberta deu origem às reportagens. "Eu pensei: vou pegar o testamento, que já estava transcrito pela Júnia Furtado, e dividi-lo. A partir dos fragmentos da história que está no testamento, eu fui colocando as falas de cada entrevistado de acordo com as partes do documento. Foi quase um ano de trabalho", explicou Kátia Matos.

Gravura exposta na Casa de Chica da Silva (Reprodução)

Além do documentário, uma série com quatro reportagens para o site do TJMG, que podem ser conferidas CLICANDO AQUI, detalha passo a passo a trajetória de Chica da Silva a partir da descoberta do testamento. 

Fizeram parte deste trabalho as jornalistas Daniele Hostalácio, Kátia Matos, Daniele Hostalácio, Manuela Ribeiro, Mariana Maia, com fotografias de Gláucia Rodrigues, design de Pedro Moreira e edição de web de Danilo Pereira.

Daniele Hostalácio, responsável pela reportagem e edição das matérias da série, conta que "o testamento é a voz da própria personagem. No documento, ainda que ele, provavelmente, tenha sido ditado e não escrito por Chica da Silva, porque possivelmente não era alfabetizada e só sabia assinar o nome, ela fala sobre ela, onde nasceu, quem eram os pais, o nome de todos os filhos, o que vai deixar para as filhas, para a mãe". 

A jornalista explica ainda que "ao trazer à luz o testamento, você traz também a voz de Chica da Silva. Uma personagem que viveu no século XVIII e que, ao longo dos séculos, por diferentes motivos, teve a história de vida muito descolada do que foi a personagem de carne e osso que viveu naquele período".

Trabalho de restauração do testamento

Documento histórico

Para o presidente do TJMG, desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior, "o documentário demonstra que o compromisso social do Tribunal de Justiça também compreende o resgate da história como forma de contribuição para entendermos o presente. Nossa expectativa é que, por meio do testamento, novas historiografias sobre Chica da Silva possam ser construídas. Esperamos que o documento impulsione novos estudos em torno dessa personagem", afirmou.

O testamento descoberto será restaurado para integrar o acervo do Museu da Memória do Judiciário Mineiro (Mejud) do TJMG, juntamente com a carta de alforria de Chica da Silva, e disponibilizados no futuro para a coletividade. 

Ele revela vários aspectos da vida de Chica da Silva, que foi comprada de outro senhor feudal, alforriada em seguida e manteve uma união sólida e de amor por 17 anos com o desembargador João Fernandes de Oliveira, maior contratador de diamantes da época. Com ele teve 13 filhos, todos com o sobrenome do pai, e se tornou a mulher mais influente da região de Diamantina.

Carta de alforria de Chica da Silva

Apesar das inúmeras ilustrações de Chica da Silva, senti falta de uma imagem de João Fernandes de Oliveira no vídeo, possivelmente por não ter sido descoberto nenhum registro até agora.

No documentário, Chica da Silva, uma mulher preta de corpo esguio, é mostrada por meio de gravuras em variadas situações, inclusive incorporando características de mulheres brancas. Apesar de ter sido escrava e ter sofrido com o racismo e misoginia, ela mantinha escravos em suas propriedades e eram considerados seu maior patrimônio e herança a ser deixada para os filhos e filhas.

Confira o documentário completo abaixo:


Ficha técnica:
Produção: Equipe de Comunicação do TJMG
Exibição: canal do TJMG no Youtube
Duração: 52 minutos
Classificação: livre
País: Brasil
Gênero: documentário

29 janeiro 2025

"Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado" mistura jazz, colonialismo e muita criatividade

Documentário chega aos cinemas brasileiros após conquistar vários prêmios em festivais internacionais
e é forte candidato ao Oscar 2025 (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


Sem os mesmos holofotes de obras como “Ainda Estou Aqui”, “Emília Perez” ou “Wicked”, o longa “Trilha Sonora Para um Golpe de Estado” ("Soundtrack To a Coup D’Etat"), indicado ao Oscar 2025 para o prêmio de Melhor Documentário, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (30) e promete agradar bastante ao público. 

Dirigido pelo cineasta belga Johan Grimonprez, o longa costura de forma genial o colonialismo da Bélgica sobre o Congo, o interesse internacional no país que buscava ser independente e a produção musical do jazz norte-americano entre as décadas de 1950 e 1960. A distribuição fica a cargo da Pandora Filmes. 


O documentário chama a atenção não só por reunir nomes como Malcolm X, Nina Simone e Thelonious Monk, mas porque, desde a estreia no Festival de Sundance em 2024, vem conquistando prêmios como o Especial do Júri por Inovação Cinematográfica, Prêmio de Melhor Roteiro e de Melhor Montagem pela Associação Internacional de Documentários. 

Tudo começa com a apresentação dos artistas Abbey Lincoln e Max Roach, que entraram em uma assembleia da ONU para denunciar o assassinato do líder congolês Patrice Lumumba. 

Este, que pode parecer um spoiler, é apenas o primeiro passo para uma trilha investigativa sobre tudo o que foi arquitetado para que Bélgica e Estados Unidos mantivessem seus planos imperialistas sobre o país africano. 


E como o jazz se funde a essa trama? A frase de Max Roach pode ser vista como resposta: “Nós usamos a música como uma arma contra a desumanidade do homem contra o homem”. A linguagem universal da música foi o suporte para contar partes dessa história. 

No desenrolar do documentário o espectador vai descobrindo como os Estados Unidos tentaram se aproveitar do talento de artistas como Dizzy Gillespie e Louis Armstrong, como a Bélgica se comportava no papel de colonizadora e como a ONU foi usada nesta trama. Tudo isso costurado com maestria na edição de Rik Chaubet e no design de som de Ranko Paukovic. 


A excelente produção de arquivo de Sara Skrodzka entrega entrevistas, discursos políticos da época e apresentações musicais que aderem perfeitamente à obra, construindo uma narrativa que impressiona. 

Grimonprez, além de dirigir, roteiriza uma obra que tem força para se manter na memória, tamanha inventividade colocada na tela. Trata-se de uma visão anti-imperialista, criativa e educativa, posto que tal capítulo da história mundial não se ensina nas escolas (eu, pelo menos, não tive uma aula tão esclarecedora sobre esse golpe). E certamente, as aulas que tive foram mais exaustivas, enquanto as duas horas e meia do documentário desfilaram hipnotizando meu olhar. 

E parece jazz. Dá a impressão de certa desordem em alguns instantes, provoca tensão, mas no final tudo se harmoniza e você se pega até sorrindo com a genialidade da obra. 

Tal qual um show de blues, pode ser um documentário apresentado em um palco à meia luz, mas no final, aposto que você aplaudir. Confira e me conte. 


Ficha Técnica:
Direção: Johan Grimonprez
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h30
Classificação: 14 anos
Países: Bélgica, França, Holanda
Gênero: documentário

04 janeiro 2025

Especial: oito melhores filmes nacionais de 2024



Patrícia Cassese


Falamos anteriormente, na lista dos melhores filmes de 2024 (clique aqui para conferir) sobre o sucesso "Ainda Estou Aqui". A jornalista Patrícia Cassese fez uma seleção muito especial para o Cinema no Escurinho das melhores produções nacionais, incluindo esta que pode ser a representante do Brasil no Oscar 2025. Ela fala um pouquinho sobre cada uma das obras para ajudar nossos seguidores na hora de escolher o que assistir.

1) Ainda Estou Aqui (Walter Salles)
Lançado nos cinemas do Brasil no início de novembro, o filme de Walter Salles é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que, por sua vez, traz um recorte da família do autor nos anos 1970, a partir do desaparecimento do pai, Rubens Paiva. 

Com uma atuação soberba de Fernanda Torres como protagonista, bem como um elenco, no todo, afinado, o filme acerta ao lançar seu foco sobre um período traumático da história do Brasil. "Ainda Estou Aqui" está em cartaz nos cinemas e já foi visto por mais de 3 milhões de espectadores no país.

"Ainda Estou Aqui" - Alile Dara Onawale

2) Malu (Pedro Freire)
Outra produção com um viés biográfico, pero no mucho. Ao fazer um filme em homenagem à sua mãe, a atriz Malu Rocha (1947 - 2013), Pedro Freire adota algumas liberdades poéticas - em vez de dois filhos, por exemplo, na trama, ela tem só uma, Joana (interpretada por Carol Duarte). 

Destaque para o elenco, com particular ênfase na atuação de Yara de Novaes, como a personagem título. Ao fim, é impossível não se apaixonar por Malu ou não partir para os sites de pesquisas para saber mais sobre essa mulher tão fascinante. Em cartaz no Centro Cultural Unimed-BH Minas.

"Malu" - Primeiro Plano

3) Motel Destino (Karim Ainouz)
A assinatura de Karim Ainouz já é meio caminho andado para quem gosta de bom cinema. Aqui, Fabio Assunção capitaneia o elenco, junto a Iago Xavier e Nataly Rocha. Xavier é o forasteiro que adentra o Motel Destino, situado à beira de uma estrada no litoral cearense, transformando a vida de todos ali. Em tempo: o filme (confira o trailer) já pode ser visto no streaming, na plataforma Telecine.

4)  (Rafael Conde)
O filme do mineiro Rafael Conde aborda também a história de uma família atingida pela ditadura militar: no caso, a do mineiro José Carlos Novais da Mata Machado, o Zé, do título. Sim, tal qual "Ainda Estou Aqui", um filme biográfico envolvente e necessário. A cereja do bolo é a presença de Yara de Novaes (também de "Malu") no elenco. "Zé" está disponível nas plataformas por assinatura Claro TV+ e Vivo Play.

"Zé" - Embaúba Filmes

5) O Dia que Te Conheci (André Novais Oliveira)
Uma produção da Filmes de Plástico que encantou o Brasil em sua passagem pelos cinemas (confira o trailer clicando aqui). Em cena, Zeca (Renato Novaes) é um bibliotecário de uma escola pública que, certo dia, é demitido, com a justificativa de que está constantemente chegando atrasado ao trabalho. 

Ele aceita uma carona de Luísa (Grace Passô) e os dois começam a trocar confidências sobre suas vidas. Ótimos diálogos e muito carisma nesta história sem glamour, mas de muito encanto. Disponível na Globoplay e Canal Brasil.

"O Diabo na Rua no Meio do Redemunho" - Globo Filmes

Hours concours

O Diabo na Rua no Meio do Redemunho (Bia Lessa)
Essa transposição da icônica obra de Guimarães Rosa, "Grande Sertão: Veredas", para o cinema, com direção de Bia Lessa, é uma pepita, uma obra-prima. 

Nos papéis de Riobaldo e Diadorim, Caio Blat e Luiza Lemmertz estão irretocáveis. Filmado em um galpão, o longa traz soluções inventivas que arrebatam. Bia Lessa, como se sabe, também havia adaptado a obra para o teatro, em montagem que passou por BH.

Bônus

Aproveitando as indicações, a listagem ganha um bônus abordando o quesito documentários. Destaque para "Othelo, o Grande", biografia do ator Grande Otelo, dirigida por Lucas H. Rossi dos Santos. O filme está previsto para entrar em breve no Canal Brasil e no Globoplay.

E, ainda, “Nas Ondas de Dorival Caymmi”, sobre o saudoso cantor, compositor, pintor e instrumentista baiano. Direção de Locca Faria. Este documentário também deverá estrear em breve nas plataformas de streaming.


01 janeiro 2025

“Encontro com o Ditador” mistura drama, suspense e documentário para disputar o Oscar 2025

Obra é mais uma na filmografia do diretor Rithy Pahn para não deixar esquecer um período de sofrimento
da história do Camboja (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


O diretor cambojano Rithy Pahn traz aos cinemas seu mais novo longa, “Encontro com o Ditador” (“Rendez-Vous Avec Pol Pot”, 2024). Situado entre o suspense político e o documentário, a obra é mais uma na filmografia de Pahn a esmiuçar e combater o esquecimento de um período da história do Camboja. A estreia acontece nesta quinta-feira (2), com distribuição da Pandora Filmes. 

O filme é parcialmente inspirado no livro de não-ficção da jornalista norte-americana Elizabeth Becker, intitulado “When the War Was Over”. No longa, três jornalistas franceses são convidados para reportar ao Ocidente as maravilhosas mudanças políticas do Camboja no final dos anos 1970, período em que vigorava o Khmer Vermelho, a ditadura implantada por Pol Pot. 


Nas incursões por acampamentos e espaços públicos, guiadas pelos agentes do ditador (que apresentam cenários fabricados e delimitam o que pode ou não ser filmado), vai ficando mais evidente o incômodo e o perigo de se aproximar das verdades omitidas pelo regime do líder cambojano.   

O tirano foi o responsável por levar, à força, moradores de áreas urbanas para trabalhos no campo, visando implantar uma espécie de agrossocialismo. O dinheiro foi abolido e os inimigos do regime, assassinados. 


A desnutrição também colaborou para inúmeros óbitos nesse período. Aproximadamente um quarto da população do Camboja morreu, entre 1975 e 1979. 

Um genocídio ocultado pelo discurso de uma sociedade igualitária. Até faz lembrar os tempos atuais, onde a maldade se disfarça de moral cristã, e o ódio é praticado em nome de deus, pátria e família. 

No grupo dos visitantes está o fotojornalista Paul Thomás (interpretado por Cyril GueÏ), a repórter Lise Delbo (Ìrene Jacob) e o intelectual Alain Cariou (Grégoire Colin), que estudou na faculdade com o ditador e manteve essa amizade se correspondendo com ele por meio de cartas. 


O espectador é desafiado a não se enfurecer com a passividade de Alain, que parece ignorar as evidências das atrocidades cometidas para não desagradar o velho conhecido. Uma boa atuação.  

Paul e Lise também não são personagens com histórias profundas, mas expõem o suficiente de suas personalidades para aquele contexto. Um mais explosivo e a outra mais dissimulada para “jogar o jogo” e, assim, obter relatos e fotografias que capturem o que realmente acontece no país. 

A direção consegue imprimir também sensações intimidatórias e quase claustrofóbicas. Em diversos momentos a tela é recheada de elementos, figuras armadas, em constante clima de ameaça. A tensão de um regime ditatorial fica quase palpável. E frequentemente a imagem do ditador compõe a cena, observando tudo. 


A direção opta por um jogo de luz e sombras para não revelar o ator que dá vida a Pol Pot. Cabe ao espectador captar os fragmentos, os atos cometidos por ele e criar a imagem daquele homem. 

Assim como a personificação do ditador é poupada, a violência explicita também. Não há sangue e carnificina na tela, mas o horror se faz presente.     

Vale destacar o desenvolvimento da história por meio de bonecos. Pahn adiciona ao filme cenários e personagens em miniatura, para ilustrar algumas situações. Mas não se trata de um stop-motion

É a câmera que se desloca e traz movimento (e apreensão) à cena. Um recurso criativo que casa bem com a narrativa, em alguns momentos. Em outros, são dispensáveis. 


Outro elemento a engrossar esse caldo é a trilha sonora. Os sons - e a ausência dele também - dão o recado na medida e levam o espectador por diálogos que ficam sem resposta e mesmo assim dizem muito. E por cenas mais longas (e tensas), que desembocam em um desfecho nada pacificador. 

O longa está selecionado como representante do Camboja no Oscar 2025. Mais um reconhecimento para um diretor que dedicou uma vida a filmar seu país e recebeu o prêmio Un Certain Regard, em Cannes, por “A Imagem que Falta” e o Urso de Ouro de melhor contribuição artística por “Everything Will Be Ok”. 


Ficha técnica:
Direção: Rithy Panh
Roteiro: Pierre Erwan Guillaume e Rithy Panh
Produção: CDP e Anupheap, TAICCA, Doha Film Institute, TRT Sinema, LHBx An Attitude, Obala Centar
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: Cinemark Pátio Savassi e Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 1h52
Classificação: 14 anos
Países: Camboja, Catar e Taiwan
Gêneros: documentário, drama


09 novembro 2024

"A Música de John Williams", uma viagem no tempo a lembranças memoráveis do cinema

Documentário conta a trajetória de um dos maiores compositores de trilhas sonoras inesquecíveis de Hollywood (Fotos: Divulgação/Reprodução)


Maristela Bretas


Poderia ser somente mais um documentário como outros produzidos pelos Estúdios Disney. Mas "A Música de John Williams" sacode as lembranças e toca fundo no coração de diversas gerações, especialmente daqueles que acompanharam grandes sucessos do cinema nas últimas cinco décadas. 

Quem não se lembra dos temas principais de "ET - O Extraterrestre" (1982), a abertura e a trilha sonora das sagas "Star Wars"? Bastam os primeiros acordes para que a memória volte forte, o arrepio tome conta de nossos braços e lágrimas desçam por nossas faces. 

Sim, é isso que o compositor e maestro John Williams sempre provocou ao entregar músicas memoráveis que marcaram sucessos do cinema. E muitos destes sucessos podem ser revistos no documentário dirigido por Laurent Bouzereau, sobre a vida e a carreira deste grande artista, hoje com 92 anos e em plena atividade. 


John Williams foi capaz de transformar duas notas musicais em tema de uma ficção científica, como acontece com "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (1977). Ou de um simples som de suspense deixar uma plateia inteira de cabelos em pé à espera do ataque de um certo “Tubarão" (1975). 

Tem também as trilhas para as ousadas expedições de um certo historiador e caçador de relíquias que usava chapéu e chicote (1981 a 2023), e de aventureiros em busca de um "Parque de Dinossauros" (franquia de 1993 a 2022).  

Não sei dizer o que mais me emociona, mas com certeza, ouvir a música orquestrada que abre uma certa franquia que fala de "A long time ago in a galaxy far, far away..." me faz chorar até hoje. Para quem não é fã, esta é a abertura de "Star Wars".


Entre os depoimentos, estão os de amigos inseparáveis, como Steven Spielberg e George Lucas, que viram seus filmes e franquias ganharem prêmios e a paixão dos fãs. Vários outros diretores também falam sobre o trabalho incansável de John Williams, cuja mente e sensibilidade brilhantes tiram música do ar. 

Entre eles estão Ron Howard ("Inferno" - 2016 e "Uma Mente Brilhante" - 2001); J.J. Abrams ("Star Wars : O Despertar da Força" - 2015); Chris Columbus (dos filmes de 2001 e 2002 da saga "Harry Potter", e dos longas "Esqueceram de Mim 1 e 2" - 1990 e 1992); Frank Marshall ("Indiana Jones" - 1981 e 2023) e James Mangold ("Logan" - 2017 e "Ford vs Ferrari" 2019). 

Além de atores, como Ke Huy Quan e Kate Capshaw ("Indiana Jones: Os Caçadores da Arca Perdida" - 1981) e Seth Mac Farlane (dublador do ursinho "Ted 1 e 2" 2012 e 2015), e cantores, como Chris Martin, da banda Coldplay.


Além dos depoimentos e das grandes composições do John Williams, o documentário ainda oferece ao espectador a chance de conhecer um pouco da vida pessoal do maestro. Da convivência com os filhos, até seu tempo servindo como militar na Força Aérea dos EUA e como todas essas experiências influenciaram em sua música. 

São cenas cedidas por familiares e por Spielberg, feitas durante as gravações de seus filmes. Sem contar a coleção de prêmios e indicações ao Grammy, Oscar, Bafta, Emmy e Globo de Ouro. Imperdível, emocionante, inesquecível. Vale a pena conferir o documentário "A Música de John Williams", disponível apenas no Disney+ por assinatura.


Ficha técnica
Direção e produção:
Laurent Bouzereau
Distribuição: Disney Plus
Exibição: Disney Plus
Duração: 1h45
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: drama, musical

01 novembro 2024

"O Dia da Posse" é recorte que torna universais as sensações vividas na quarentena da Covid-19

Documentário é uma redescoberta da vida em um momento marcado por mortes diárias (Fotos: Allan Ribeiro)


Eduardo Jr.


O slogan "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça" faz muito sentido se associado ao documentário "O Dia da Posse", que estreou nos cinemas brasileiros, com distribuição da Embaúba Filmes. Brendo Washington e Allan Ribeiro realizaram o longa no apartamento onde vivem, em Copacabana, durante o confinamento da pandemia de Covid-19.

Redescobrir a vida em um momento marcado por mortes diárias. O confinamento como oportunidade de se expor para o mundo. São antíteses que podem ser notadas na obra. Brendo estuda Direito e ali se descobre protagonista, mas parece já ter ensaiado bastante para este momento.


Como está em casa, sem figurinos elaborados, ele desfila diante da câmera, com muita naturalidade, suas visões de mundo, seu sonho de participar do Big Brother Brasil até os textos relacionados à sua posse como presidente do Brasil. Allan Ribeiro dirige o longa, faz as perguntas que dão andamento ao filme e conduz a câmera pelo apartamento - e pelas janelas dos vizinhos, que tentavam se ocupar durante o isolamento social.

O universo dos dois jovens se amplia por meio do celular. As conversas por chamada de vídeo com os familiares colocam em cena alguns assuntos do período mais preocupante da nossa história recente. 
Memórias de infância, comportamentos da geração anterior e afazeres domésticos vão se entrelaçando e trazendo leveza para o documentário. Eventualmente, o espectador pode se ver esboçando sorrisos com o carismático protagonista.


De acordo com Allan, já havia a vontade de fazer um filme com Brendo, que sempre brincou de ensaiar discursos (de campeão do BBB a presidente da República tomando posse). Na quarentena, se tornou viável filmar a convivência dos dois e tornar isso um material cinematográfico.

O longa traz um pouco de cada coisa que todos experimentamos durante a pandemia: momentos de diversão, a espera pela comida, irritação, diálogos sobre memórias... Tornaram-se normais para a sociedade os pequenos ruídos nas produções audiovisuais, as lives com qualidade de som abaixo do esperado e imagens com alguma poluição visual. 

O filme também naturaliza composições de quadros improvisadas, reflexos nas janelas e outros detalhes que não costumam passar batidos em produções hollywoodianas. E tá tudo bem.


Allan Ribeiro se formou em Cinema na UFF em 2006, e já realizou quatro longas: "Esse Amor que nos Consome" (2012), "Mais do que eu Possa me Reconhecer" (2015), "O Dia da Posse" (2021) e "Mais Um Dia, Zona Norte" (2023), que receberam prêmios em festivais como o de Brasília, Olhar de Cinema e o de Tiradentes. Dirigiu ainda alguns curtas, e agora vive a expectativa da estreia, em 2025, de seu novo longa sobre o show de Madonna no Rio.

"O Dia da Posse", com seus 70 minutos de duração, é sensível, nos deixa relaxados, sem a ansiedade de que termine logo. É mais um título disponibilizado pela Embaúba, distribuidora especializada em produções cinematográficas brasileiras.
 

Ficha técnica
Direção: Allan Ribeiro
Produção: Acalante Filmes
Roteiro: Brendo Washington e Allan Ribeiro
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: sala 1 do Cine UNA Belas Artes
Duração: 1h10
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

22 outubro 2024

"Super/Man: A História de Christopher Reeve" é emocionante e mostra um super-herói que poucos conhecem

Documentário apresenta a trajetória do ator que foi um dos mais carismáticos Super-Homem do cinema
(Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Christopher D'Olier Reeve, ou simplesmente Christopher Reeve, aquele que ficou para a história dos super heróis como um dos melhores e mais carismáticos Superman do cinema, ganha um documentário muito especial no ano que completa duas décadas de sua morte. O filme  "Super/Man: A História de Christopher Reeve" ("Super/Man: The Christopher Reeve Story") está em cartaz nos cinemas e emociona ao mostrar um outro super-herói que poucas pessoas conhecem.

Com imagens de arquivo e depoimentos de amigos e parentes, o documentário conta a história do ator, desde o sucesso com seu primeiro trabalho no cinema como Super-Homem ou Homem de Aço até sua morte.


No dia 10 de outubro de 2004, o ator, roteirista e diretor Christopher Reeve morria aos 52 anos de um infarto causado por uma infecção. Desde maio de 1995 ele vivia uma batalha diária de sobrevivência e perseverança, após a queda de um cavalo que o deixou tetraplégico. O Superman, que marcou uma geração, fica marcado também pelo grande legado de luta em favor das pessoas com dificuldade de mobilidade.

O documentário inclui filmes de arquivos pessoais, as primeiras entrevistas filmadas, em versão estendida, depoimentos de amigos, parentes e dos três filhos de Reeve sobre o pai e entrevistas com astros e estrelas de Hollywood, como Glenn Close, Susan Sarandon e o amigo inseparável, Robin Williams, falecido em 2014. Há também participações do ex-presidente dos EUA, Barack Obama; do apresentador de TV Johnny Carson; do diretor de cinema Richard Donner e vários outros.


Apesar de ter atuado em outros filmes, o ator chegou ao estrelato graças ao primeiro longa-metragem: "Superman - O Filme", de 1978, dirigido por Donner. Ele interpretou o belo e carismático super-herói que se disfarçava como o repórter Clark Kent, do Planeta Diário, quando não estava salvando o mundo. 

Reeve ainda viveu o personagem em 1980 -"Superman 2 - A Aventura Continua"; em 1983 - "Superman III" e em 1987 - "Superman 4 - Em Busca da Paz". Fez também aparições especiais em dois episódios da série "Smallville", em 2002 e 2003. 


A tetraplegia levou Reeve a buscar outra razão para continuar tentando salvar vidas, desta vez de pessoas que enfrentavam as mesmas condições dele. Tornou-se ativista na busca de uma cura para lesões na medula espinhal e um defensor apaixonado dos direitos e cuidados das pessoas na mesma condição. 

Ele e a esposa, a atriz e cantora Dana Reeve, criaram uma fundação com o nome deles para ajudar a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, de cuidadores e dos familiares dos afetados pela paralisia. Ele dirigiu a fundação até sua morte. Dana continuou o trabalho até falecer de câncer no pulmão aos 44 anos, 18 meses após o ator. Hoje a fundação é administrada pelos três filhos - William, Alexandra e Matthew, que são mostrados no filme. Saiba mais sobre a fundação clicando aqui.


O ator dividiu seu tempo entre a fundação, a arrecadação de fundos e a família, sem deixar de lado a carreira no cinema, na frente e por trás das câmeras. No ano de sua morte, 2004, ele ainda dirigiu o drama "A História de Brooke Ellison", sobre uma jovem que sofre um acidente, fica tetraplégica e terá de contar com o apoio da família e amigos. 

Em sua trajetória, mostrada em "Super/Man: A História de Christopher Reeve", o ator deixou mais que uma marca na calçada da fama. Com sua determinação, ele provou ser um super-herói na vida real para milhares de pessoas que passaram a acreditar na possibilidade de voltarem a andar. Vale muito a pena conferir o documentário.


Ficha técnica:
Direção: Ian Bonhôte e Peter Ettedgui
Roteiro: Peter Ettedgui
Produção: DC Studios, HBO Documentary Films, CNN Films, Words + Pictures, Passion Pictures e Misfits Entertainment
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nas salas Cineart Ponteio, Cinemark Diamond Mall e Pátio Savassi Centro Cultural Unimed-BH Minas e Una Cine Belas Artes
Duração: 1h44
Classificação: 10 anos
País: EUA
Gênero: documentário

18 outubro 2024

"Marias" é um mergulho documental nas lutas de icônicas mulheres

Longa revisita e revaloriza a presença feminina na história política do Brasil (Fotos: Descoloniza Filmes)


Silvana Monteiro


A diretora Ludmila Curi oferece um panorama inédito sobre a luta das mulheres brasileiras no documentário "Marias", que estreou no Cine UNA Belas Artes. Costurando narrativas de figuras icônicas como Maria Prestes, Marielle Franco e Dilma Rousseff, o longa não é apenas uma homenagem, mas uma necessidade urgente de revisitar e revalorizar a presença feminina na história política do Brasil, frequentemente ofuscada por uma narrativa predominantemente masculina.

A obra se destaca pela sua capacidade de estabelecer conexões entre mulheres de diferentes épocas e contextos, revelando um legado de  luta e resistência que atravessa gerações de diferentes formas, seja no âmbito político, seja no âmbito social ou apenas na busca pela sobrevivência. 


Usando uma montagem cuidadosa, Curi constrói um mosaico que evidencia como essas mulheres, muitas vezes silenciadas, moldaram a sociedade brasileira. A escolha de não dar voz direta a Maria Prestes, optando por uma narração que faz ecoar suas ideias e ações, é uma decisão ousada que sublinha a força da imagem e do contexto. A ausência da voz da protagonista é compensada pela vivacidade das histórias contadas, que se entrelaçam e revelam uma luta contínua por direitos e igualdade.

Curi, ao longo de cinco anos de filmagens, mergulhou nas memórias e na trajetória de Prestes, revelando uma mulher não apenas como esposa de um político, mas como uma figura central na construção de um Brasil mais justo. 

O documentário se revela um exercício de memória coletiva, uma evocação à luta que ainda ressoa nos dias de hoje. As imagens de protestos, discursos e o cotidiano das mulheres são intercaladas com trechos de entrevistas, permitindo uma reflexão sobre as estruturas sociais que persistem.


Além disso, "Marias" faz um trabalho essencial de resgate de figuras que foram apagadas da história, como Olga Benário e Maria Bonita, ampliando a compreensão do papel das mulheres na luta por justiça social. 

As referências a eventos contemporâneos, como os movimentos contra o golpe de 2016 e as manifestações por justiça para Marielle Franco, ancoram a narrativa em um presente ainda tumultuado, ressaltando que a luta não é apenas histórica, mas profundamente atual.

A cinematografia do filme, ao capturar a essência das personagens e suas histórias, traz à tona a resiliência e a força das Marias que se levantam contra as adversidades. As cenas de arquivo são particularmente impactantes, evocando um senso de urgência e importância nas narrativas de mulheres que, embora esquecidas, desempenharam papéis cruciais na história do Brasil.


Produzido pela Plano 9 e Lumiá Filmes, com distribuição da Descoloniza Filmes, "Marias" chega também aos cinemas de cidades como Aracaju, Brasília, Palmas, Rio de Janeiro e Salvador, convidando um público amplo a se envolver com essas histórias. 

O longa, que estreia em um momento de intensos debates sobre a participação feminina na política, não se limita a um público específico; ele se destina a todos e todas que buscam entender a complexidade da luta das mulheres. 


"Marias" é um chamado à ação, uma lembrança de que a história é feita por aqueles que lutam por ela. Como Curi acerta ao afirmar, "este é um filme sobre todas nós, convidando o espectador a refletir sobre a luta contínua por igualdade e justiça". 

Com isso, o documentário se afirma como uma obra necessária, que ilumina as vozes das Marias e inspira a construção de um futuro mais inclusivo. Marias de todas nós. Marias de luta e resiliência. Um documentário para ser visto por homens e mulheres.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Ludmila Curi
Produção: Plano 9 e Lumiá Filmes
Distribuição: Descoloniza Filmes
Exibição: sala 2 do Cine Una Belas Artes, sessão das 16h30
Duração: 1h18
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

19 setembro 2024

Exibição do documentário "Lagoa do Nado: a Festa de um Parque" celebra os 30 anos de inauguração da área ambiental

(Fotos: Acervo da Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado)


Da Redação


O Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado completa 30 anos de inauguração e para comemorar a data será exibido gratuitamente, neste sábado (21 de setembro), o documentário "Lagoa do Nado: a Festa de um Parque". Serão duas sessões, as 17 e 19 horas, no espaço Praça do Sol. 

Direção e argumento são de Arthur B. Senra, que divide a produção com Fernando Torres e Izinho Benfica, e a pesquisa e roteiro com Luiz Navarro.

(Ilustração: Lor)

O rico arquivo audiovisual é composto de fotos, vídeos e material impresso do acervo da Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado, ilustrações do cartunista mineiro Lor e entrevistas em fita K7 do projeto Memória em Movimento (2002-2001).

O filme conta a trajetória de luta realizada pela comunidade da região Norte de Belo Horizonte no final dos anos 1980 para a defesa, preservação e implantação do parque numa antiga fazenda abandonada. 


O movimento plural - que envolveu moradores, artistas, acadêmicos, ecologistas entre tantas outras contribuições, se destacou por ser pautado na alegria. Teve nas festas, a convergência dos sentimentos de preservação ambiental, manifestação cultural e de pertencimento dessa área, que se tornou um espaço público. 

"Lagoa do Nado: a Festa de um Parque" foi selecionado e exibido na 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, realizado em junho deste ano, na categoria cinema de luta.  


Serviço:
Documentário "Lagoa do Nado: a Festa de um Parque"
Data: 21 de setembro (sábado)
Horário das sessões: 17 e 19 horas
Entrada: gratuita
Local: Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado - Praça do Sol - Rua Min. Hermenegildo de Barros, 904 - bairro Itapoã (BH)
Mais informações: Izinho Benfica - 99409-2026