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06 março 2025

Robert Pattinson é um trabalhador totalmente descartável em "Mickey 17"

Novo longa do diretor Bong Joon-ho aborda a exploração do trabalhador, clonagem e doutrinação religiosa (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Não me interpretem mal, a intenção foi justamente dizer o contrário. Robert Pattinson está excelente como Mickey Barnes, o trabalhador que assina um contrato para se tornar descartável no filme "Mickey 17". 

A produção estreia nesta quinta-feira (6), com distribuição da Warner Bros. e traz no elenco Mark Ruffalo, Toni Collette e Steven Yeun. Todos sobre a direção do premiado Bong Joon-ho, de "Parasita" (2019).

Ambientado num futuro não determinado, com a Terra sofrendo as consequências da degradação ambiental, pesquisadores buscam outras opções na galáxia para iniciar novas colonizações. 


Mickey é um homem que perdeu tudo, deve a um mafioso, está ameaçado de morte e vê no projeto de recolonização sua única saída. Para acelerar o processo, candidata-se a ser um trabalhador "descartável". Mas faltou ler as "letrinhas" do contrato. 

Começa aí sua jornada de tarefas perigosas e mortais na colônia espacial. E a cada exemplar perdido, um novo clone de Mickey é criado a partir do DNA e das memórias do anterior, permitindo que o trabalho continue sem atrasos e indenizações, para alegria e sucesso dos contratantes.


Robert Pattinson ("The Batman" - 2021) está brilhante no papel, especialmente quando o Mickey de número 17 se depara com sua réplica posterior. Apesar de terem o mesmo DNA e pensamentos, os comportamentos dos clones são opostos e é ai que o ator mostra seu potencial.

Não bastasse a atuação do protagonista, temos os indicados ao Oscar, Mark Ruffalo ("Pobres Criaturas" - 2023), como o explorador e visionário Kenneth Marshall, e Toni Collette ("Hereditário" - 2018), no papel de Yifa, sua fiel esposa. 


Eles dominam as cenas quando aparecem, com personagens bem caricatos representando os patrões que consideram todo e qualquer trabalhador substituível de imediato. 

Para Marshall e Yifa, são dignos de entrar na colônia que estão criando apenas os brancos, ricos e de famílias que possam fazer grandes doações e aceitem os dogmas que pregam. Isso mesmo, "Mickey 17" fala de exploração do trabalhador e de seguidores por meio da doutrinação religiosa. 


Quanto mais apanham ou perdem bens ou pessoas, mais os fanáticos seguidores do pastor/empresário Kenneth Marshall acreditam que serão dignos de chegar ao planeta Niflheim (quase um Reino dos Céus). Por trás do pregador está a esposa que controla suas falas e domina toda a operação.

O elenco conta ainda com as boas interpretações de Naomi Ackie (“Star Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker” - 2019), como a integrante da segurança da nave colonizadora e namorada de Mickey 17, e Steven Yeun ("Não! Não Olhe!" - 2022), no papel de Timo, único "amigo" de Mickey Barnes. Sem esquecer as criaturas alienígenas que habitam o novo planeta e que fazem toda a diferença na trama.


"Mickey 17" é uma produção intrigante, que reúne ficção científica, ação e comédia de humor ácido, adaptada do romance "Mickey7", de Edward Ashton. 

Além da doutrinação e da exploração do trabalho, a história também trata da questão moral da clonagem e dos perigos que a coexistência entre clones iguais pode representar para os planos dos criadores. 

Bons efeitos visuais, ótima direção e abordagem de temas bem atuais, mesmo sendo ambientado no futuro. E você, até onde iria para conseguir um emprego? Toparia ser "descartável" e morreria por ele? Confira "Mickey 17" nos cinemas e saiba onde sua escolha pode levar.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Bong Joon-ho
Produção: Warner Bros. Pictures, Plan B, Kate Street Picture Company
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h17
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção, comédia

22 fevereiro 2025

"Dentro da Caixinha - Mundo de Papel" é um mergulho nas antigas cantigas de infância

Filme é o terceiro da série a estrear nos cinemas e, como nos anteriores, a direção é de Guilherme Reis
(Fotos: Postura Digital)


Da Redação


Uma ótima dica de programa em família neste domingo (23) é o filme "Dentro da Caixinha - Mundo de Papel", dirigido por Guilherme Reis. Esta é a terceira produção da série mineira lançada no cinema. 

Iniciada em 2016 com o musical infantil "Dentro da Caixinha, distribuído pela Cineart Filmes, teve como sequência "Dentro da Caixinha - Segredo de Criança", em 2022.

"Mundo de Papel" é uma fábula sobre reconexão da infância contemporânea com as cantigas e as tradições folclóricas do Brasil. O filme pode ser conferido na sessão das 11 horas, no Cineart Boulevard, ou das 15 horas, no Sesc Palladium, com ingressos a R$ 10,00 a inteira e R$ 5,00 a meia.


O longa, lançado em janeiro deste ano durante a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, foi concebido a partir da montagem dos episódios da primeira temporada da série "Dentro da Caixinha", vencedora do edital #AudiovisualGeraFuturo, do Ministério da Cultura. 

O projeto foi realizado pela produtora Postura Digital, com patrocínio do Uni-BH por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte.


Na história, o menino Lúcio (Victor Morais) está no hospital quando recebe a visita da avó Neusa, dos filmes "Dentro da Caixinha", vestida de palhaça. A doutora Parafina (Marta Morais) empresta uma misteriosa caixinha ao garoto. 

Ao abri-la, o jovem é transportado, junto com sua mãe Alda (Bárbara Lima) e a irmã Zulma (Maria Clara Naene), para o Sertão da Memória, um lugar fantástico habitado por personagens das cantigas de roda. 

Mulher Rendeira (Valentina Melo), Mestre André (Fábio Martins), Marinheiro Só (Asafe Azevedo de Paula), Dona Baratinha (Alice Aguiar), Soldado Cabeça de Papel (Pedro Martins Dornelas Araújo e Dudu Santana), e outros estão entre os personagens.


A presença das crianças no esquecido mundo das canções antigas faz renascer a esperança e desperta, em todos os habitantes, o desejo que eles fiquem para sempre dentro a caixinha.

O elenco infantil foi selecionado a partir de uma oficina de interpretação oferecida a 80 crianças no Sesc Palladium. Ao todo são mais de 60 crianças envolvidas, entre figurantes e elenco. 

Destaque para a atriz e palhaça Marta Morais, que interpreta a avó Neusa em todos os filmes da série. Vale a pena conferir, uma verdadeira volta à infância, que fará pais e filhos cantarem juntos. Saiba mais sobre ao mundo "Dentro da Caixinha" clicando aqui.


Ficha técnica:
Direção: Guilherme Reis
Roteiro: Caio Ducca e Guilerme Reis
Produção: Postura Digital
Exibição: domingo (23/02), sessões às 11 horas, no Cineart Boulevard; e às 15 horas no Sesc Palladium
Ingressos: preços especiais - R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Duração: 1h23
Classificação: livre
País: Brasil
Gêneros: ficção, família

09 fevereiro 2025

"Acompanhante Perfeita" equilibra bem ficção, comédia e um terror brutal

Sophie Thatcher protagoniza a história, vivendo uma mulher dominada e submissa numa relação com Jack Quaid (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Escrito e dirigido por Drew Hancock, com distribuição da Warner Bros. Pictures, está em cartaz nos cinemas a comédia de terror (se é que posso chamar assim) "Acompanhante Perfeita" ("Companion"). 

Com boas atuações de Sophie Thatcher (de "Boogeyman: Seu Medo é Real" - 2023) e Jack Quaid ("Oppenheimer" - 2023), o filme, logo no início, dá um choque no espectador. E vai mantendo este ritmo ao longo de toda a narrativa.

A trama segue Iris (Thatcher) e Josh (Quaid) que vivem um relacionamento complexo, que vai da paixão à primeira vista à toxidade da manipulação, com cenas bem perturbadoras. 


Em entrevista, a atriz descreveu o relacionamento de sua personagem como intenso e codependente, com Iris disposta a fazer qualquer coisa para que Josh se sinta amado e cuidado. 

Do encontro ao acaso que dá início à relação a um fim de semana com os amigos de Josh - Kat (Mega Suri, de "Não Abra" - 2023), Sergei (Ruper Friend, de "Asteroid City" - 2023), Eli (Harvey Guillén, de "Besouro Azul" - 2023) e Patrick (Lukas Cage, de "Sorria 2" - 2024) -, o casal vai passando por diversas situações e mudanças nos planos. 

Até a surpreendente revelação de que um dos hóspedes é um robô de companhia com tendências assassinas, o que vai provocar uma reviravolta completa na trama. 


"Acompanhante Perfeita" se destaca por sua mistura de gêneros, ao conseguir equilibrar bem comédia, ficção e terror. O diretor usa a relação dominadora dos protagonistas para mostrar o quanto ela pode se tornar doente e abusiva e as consequências disso. 

Iris representa a mulher tratada como objeto, um simples acessório na vida de um homem (Josh) que usa e abusa dela como e quando quer. 

Drew Hancock também não economiza em cenas brutais, com variadas formas de mortes e torturas. Um filme de terror diferente, com toques de ficção graças ao androide que substitui um ser humano. 


O que nos leva a pensar sobre o uso da inteligência artificial e um futuro não muito distante do que vivemos hoje, com máquinas ocupando lugares de pessoas para suprir a solidão.

Para alguns, "Acompanhante Perfeita" pode desagradar, mas a produção vem caindo nas graças do público. Pelo menos dos norte-americanos, que garantiram o retorno do valor investido de US$ 10 milhões na primeira semana de bilheteria nas salas do país. 

Eu, particularmente gostei da abordagem. Confira na Semana do Cinema, com ingressos a R$ 10,00 e combos com valores promocionais. Depois conta aqui nos comentários o que achou.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Drew Hancock
Produção: New Line Cinema, Boudelirlight Pictures, Vertigo Entertainment e Subconscious
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h37
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ficção, terror, comédia

17 janeiro 2025

Com muita ação, “The Moon: Sobrevivente” coloca a bandeira da Coreia do Sul na Lua

O ator e cantor Do Kyung-soo (D.O.), do grupo Kpop E.X.O., é o astronauta que fica preso em solo lunar
(Fotos: Sato Company)


Jean Piter Miranda


O ano é 2029. A Coreia do Sul realiza uma missão espacial para mandar astronautas à Lua. Na reta final da operação, a tripulação enfrenta problemas. Hwang Sun-woo (Do Kyung-soo, do grupo Kpop EXO) fica sozinho em solo lunar. 

Esse é apenas um dos problemas que ele enfrenta. Isso, enquanto o governo de seu país faz todos os esforços para tentar trazê-lo de volta à Terra. Este é “The Moon: Sobrevivente” ("Deo Mun"), filme sul-coreano, dirigido por Kim Yong-hwa, que estreia nos cinemas brasileiros. 


A história tem dois personagens principais. Além do Hwang Sun-woo, quem tem muito tempo de tela é o ex-diretor do centro espacial sul-coreano, Kim Jae-gook (Sol Kyung-gu). Ele é chamado para integrar uma equipe remota de resgate.

Na Lua, Hwang mantém contato constante com a equipe do centro espacial. Tudo que ele passa é acompanhado no telão do comando de operação. Cenário o qual já vimos em muitos filmes norte-americanos: dezenas de pessoas sentadas em frente aos seus computadores, com headphones, uma tela gigante e diretores dando ordens. 


Por falar no que já foi visto, é inevitável a comparação com “Perdido em Marte” (2015), em que Matt Damon tenta voltar para casa. É bem verdade que “The Moon: Sobrevivente” reproduz um pouco do muito que já foi apresentado em filmes do gênero, sem nenhuma novidade. 

Falando em técnica, as imagens do espaço e da Lua são muito bem feitas. Uma produção de alto nível que não deixa nada a desejar. Os efeitos especiais são usados na medida certa e dão a impressão de que o astronauta realmente está fora da Terra.  As qualidades técnicas do longa garantiram a ele o troféu Blue Dragon Film Awards for Tecnical Award, premiação importante em seu país.


De roteiro, temos muitos coadjuvantes. É difícil memorizar nomes, funções e estabelecer as relações entre eles e a importância de cada um na história. Isso sem falar que filme toca em temas como a possível exploração Lua e a disputa tecnológica entre a Coreia do Sul e as outras nações. Mas nada disso se aprofunda. 

O desenrolar da história traz muitas reviravoltas. Hwang enfrenta vários problemas para tentar retornar à Terra. São muitos momentos de tensão. Ao mesmo tempo, a direção força bastante ao explorar as emoções e as ligações afetivas entre os personagens. 


Temos que considerar, no entanto, que tudo isso seja apenas um choque cultural. Obras com muitos coadjuvantes, sem que nenhum deles tenha um desenvolvimento significativo. O sentimentalismo exagerado, muitas reviravoltas e poucos cenários, entre outros pontos, talvez sejam características comuns do cinema sul-coreano, o que, por aqui, pode causar estranhamento. 

São duas horas e 10 minutos de filme e muita coisa para digerir. A impressão é que pegaram um roteiro de uma série de uns 10 capítulos e resumiram para caber em um longa-metragem. “The Moon: Sobrevivente” é um bom entretenimento e uma boa oportunidade para conhecer mais do cinema asiático. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kim Yong-hwa
Distribuição: Sato Company
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 14 anos
País: Coreia do Sul
Gêneros: ficção, suspense

18 novembro 2024

"Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" - imersão poético sensorial nas vivências de uma mulher negra

A personagem Mackenzie é interpretada por quatro atrizes diferentes que vão representá-la em cada fase da vida (Fotos: A24/Divulgação) 


Silvana Monteiro


A chegada de "Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" ("All Dirt Roads Taste of Salt") aos cinemas de Belo Horizonte em 21 de novembro não poderia ser mais oportuna. No mês da Consciência Negra e um dia após o feriado nacional que celebra a luta, resistência e o valor ancestral do povo negro, o filme, dirigido por Raven Jackson, apresenta uma narrativa visual e poética que retrata com profunda sensibilidade a trajetória de uma mulher negra no Mississippi ao longo de décadas. 

Com momentos singelos e intensos, a obra se torna um tributo à força, memória e histórias que moldam a identidade da protagonista. Adotando uma estratégia narrativa de poucos diálogos e focando-se nos sons e nas imagens captadas em 35mm, o filme evoca uma conexão profunda com a natureza e o ambiente rural dos anos sessenta, conferindo um significado diferenciado a cada cena. 


O drama, produzido pela A24 e distribuído pela Pandora Filmes, estreou no Festival de Sundance em 2023 ´é uma homenagem à riqueza das emoções humanas e às experiências que moldam uma personalidade.  

Destaque para a abordagem poética e sensorial, oferecendo uma experiência cinematográfica que foge do convencional. Dirigido com uma sensibilidade rara, o filme convida a uma imersão nas camadas da memória e da identidade negra no sul dos Estados Unidos , através da vivência de sua protagonista.

O longa acompanha a vida de Mackenzie, uma mulher negra no Mississippi, desde a sua infância até a idade adulta, revelando suas alegrias, dores e o impacto do tempo, do espaço e das relações. 

A personagem é interpretada por quatro atrizes diferentes para representá-la em cada fase da vida. São elas Mylee Shannon, Kaylee Nicole Johnson, Charleen McClure e Zainab Jah. 


A narrativa é construída como um mosaico, uma coleção de memórias, que se entrelaçam para formar um retrato da vida da protagonista. Os diálogos, minimalistas e precisos, funcionam como complemento à atmosfera, mais do que como condutores da história.

Cada palavra é cuidadosamente escolhida, carregando uma profundidade que ressoa com a experiência vivida. Esse estilo narrativo privilegia o silêncio como uma linguagem própria da obra, onde os gestos, toques e olhares dizem mais que qualquer discurso.


A fotografia é um dos pontos mais fortes do filme. A câmera capta a textura da terra, da pele, dos cabelos; o timbre aveludado das vozes em conversas íntimas; o brilho do sol filtrado pelas árvores e os tons quentes que dominam a paleta visual, ecoando a estética negra que embeleza seus personagens. 

Cada cena é cuidadosamente composta, quase como uma pintura, refletindo a conexão visceral entre a protagonista e sua terra. A forma como a luz é utilizada para destacar os detalhes dos rostos e das paisagens cria uma intimidade visual que aproxima o espectador da experiência intimista dos acontecimentos.

O design de som é outro destaque especial. A trilha sonora, composta majoritariamente por sons ambientes e mínimas músicas instrumentais, cria uma atmosfera imersiva. O espectador é transportado para cada ação desenvolvida pelos personagens, desde o ato de pescar até o manuseio do solo.

Os sons da natureza - o vento passando pelas folhas, o murmúrio de um riacho distante, os grilos - são integrados para intensificar o senso de pertencimento e nostalgia.


A diretora, que também é poeta e fotógrafa, utiliza sua sensibilidade para construir uma ode à ancestralidade e aos momentos que nos moldam de maneira quase invisível. Nesse sentido, a obra se assemelha a "Dias Perfeitos" (2024), em que o simples se torna extraordinário, e o retrato do cotidiano se revela grandioso e vivaz.

"Todas as Estradas de Terra Têm Gosto de Sal" é uma obra de arte que desafia as convenções narrativas e visuais do cinema tradicional. É uma experiência que exige paciência e contemplação do espectador, recompensando-o com uma profundidade emocional rara. 

Ao capturar a essência negra com tanto respeito e autenticidade, o filme se estabelece como uma raridade. É, sem dúvida, uma obra que merece ser vista e sentida.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Raven Jackson
Produção: A24
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: no Centro Cutural Unimed BH-Minas
Duração: 1h18
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: drama, ficção

27 outubro 2024

"Venom: Tempo de Carnificina" uma sequência que não soube desenvolver a violência dos quadrinhos na tela

Eddie e seu hóspede simbionte tentam retomar a normalidade após os acontecimentos do primeiro filme
(Fotos Sony Pictures)


Marcos Tadeu

Retomando a química cômica que deu certo entre Eddie e o simbionte Venom no primeiro filme, de 2018, a Sony Pictures e os estúdios Marvel apostaram na sequência e lançaram "Venom: Tempo de Carnificina". A tentativa era atrair o público e, logicamente, arrecadar uma boa quantia em bilheteria com mais um filme solo do vilão, num estilo similar ao de "Coringa". 

Para quem não viu este segundo filme da franquia, ele pode ser conferido em várias plataformas de streaming por assinatura. E se preparar para o final da trilogia com "Venom: A Última Rodada", em exibição nos cinemas.  Confira a crítica no blog clicando aqui.


A sequência chegou aos cinemas em 7 de outubro de 2021, anunciando o arqui-inimigo: Carnificina. Na história, temos os vilões Cletus Kasady (Woody Harrelson) e sua namorada Frances Barrison (Naomie Harris) retomando seus papéis do filme original. 

Eles estão presos num instituto para tratamento de pessoas com comportamento violento, mas com a ajuda de seus simbiontes, conseguem escapar. 

Um ano após os eventos de "Venom", Eddie Brock (Tom Hardy) tenta retomar sua carreira como jornalista, enquanto a criatura simbiótica deseja, a todo custo, dominar o corpo de seu hospedeiro e se alimentar de bandidos. 


Eddie é chamado para entrevistar Kasady, condenado à morte. A situação muda quando a execução falha e o simbionte Carnificina (Gary Hecker) o liberta, desencadeando uma nova ameaça para Eddie e Venom.

A premissa até parece promissora, e a relação entre Eddie e Venom ainda proporciona boas risadas. A ação tenta se destacar, mas cai em um campo tão artificial e sem graça que praticamente repete o que o original já fez. 

O maior problema do filme é a caracterização de Kasady como Carnificina. O enredo falha no desenvolvimento, tanto do roteiro quanto da ação. O personagem tinha potencial para ser uma grande ameaça ao longo da trama, mas parece haver um receio em mostrar todo o seu poder, deixando isso para as cenas finais, que resultam em uma luta sem graça. 


Falta tempo suficiente para que "Tempo de Carnificina" desenvolva sua mitologia e o ritmo apressado não permite que a maior novidade da sequência seja explorada adequadamente. 

Nem mesmo Cletus Kasady, apresentado como um serial killer, é bem desenvolvido, mesmo depois de ser libertado. O pouco que nos é mostrado sobre sua fama de perigoso é distribuído aos poucos ao longo dos 97 minutos de duração do longa.

No elenco, além dos protagonistas e dos dois vilões, retornam à trama os atores Michelle Williams (como Anne, ex-namorada de Eddie), Peggy Lu (Sra. Chen) e Reid Scott (atual namorado de Anne).


As cenas de ação, que prometiam ser mais brutais e viscerais, não entregam nem uma gota de sangue ou violência como foram anunciadas. Parece haver um certo medo de ousar, talvez devido à classificação indicativa mais baixa - 13 anos. 

Tecnicamente, o filme também falha. O CGI, utilizado para destacar a luta entre os alienígenas, se perde em cenas escuras e mal iluminadas, que não fazem jus ao que o filme prometia.

"Venom: Tempo de Carnificina" é uma sequência inferior ao seu antecessor, o que não é um grande elogio ao primeiro longa. O filme não desenvolve adequadamente seus personagens nem dedica tempo suficiente para que o público se interesse realmente pelo grande vilão.


Ficha técnica
Direção:
Andy Serkis
Roteiro: Kelly Marcel
Produção: Sony Pictures, Marvel Studios
Exibição: nas plataformas de streaming por assinatura Prime Vídeo, Apple TV+, Hulu, Google Play Filmes, Youtube, Starz, The Roku Channel e Vudu
Duração: 1h37
Classificação: 13 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção

24 outubro 2024

"Venom 3 - A Última Rodada" entrega despedida com muita ação e diálogos mais divertidos

Os efeitos especiais são a marca da produção, com destaque novamente para a união entre Eddie e o simbionte (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Um encerramento bem feito, com muita ação, situações tensas, piadas e diálogos mais divertidos e escrachados e referências a personagens e frases de filmes famosos. Este é "Venom 3 - A Última Rodada" ("Venom - The Last Dance"), produção dirigida e roteirizada por Kelly Marçal, que estreia nesta quinta-feira (24) nos cinemas, resultado da parceria entre a Sony Pictures e os Estúdios Marvel.

Tom Hardy é o jornalista Eddie Brock, que convive, aos trancos, barrancos e sintonia com Venom, o hospedeiro alienígena que ocupa seu corpo desde 2018, criando uma simbiose que foi melhorando a cada filme. 

Eles agora são fugitivos da Polícia, do Exército e de um poderoso inimigo do planeta de Venom, o misterioso vilão Knull (Andy Serkis), criador dos Simbiontes, que ameaça a vida da dupla. 


No terceiro filme do personagem, que faz parte do Universo do Homem-Aranha, predomina a ação, com muitas perseguições, lutas entre alienígenas do bem e do mal, tiros e explosões do início ao fim. 

O uso de CGI é a marca da produção, com destaque novamente para os efeitos da união entre Eddie e seu amigo de outro planeta, seja durante os diálogos dividindo o mesmo corpo ou quando se separam.


Venom domina a tela, deixando Eddie como um coadjuvante. Mas um não vive sem o outro e é essa química que dá graça aos personagens interpretados por Tom Hardy, que está mais a vontade no papel. 

É divertido assistir um ser de mais de 2 metros dançando ou comendo a cabeça de um vilão (seu prato predileto). A diretora Kelly Marçal (que foi a roteirista dos dois primeiros filmes), em parceria com Tom Hardy na criação desta história, acertou da forma como desenvolveu e finalizou a franquia, humanizando os personagens.


No elenco temos ainda Chiwetel Ejiofor ("12 Anos de Escravidão" - 2014), Juno Temple ("Malévola" - 2014), Peggy Lu (como a Sra. Chen, que está na trilogia desde o início), Rhys Ifans ("Kings' Man - A Origem" - 2021), Stephen Graham (detetive Mulligan, apresentado em "Venom 2 - Tempo de Carnificina"), entre outros.

Aliado aos ótimos efeitos visuais e gráficos, temos uma trilha sonora conhecida, que tem entre seus sucessos "Wild World", de Cat Stevens, e "Don't Stop Me Now", do Queen. Também é apresentada uma versão mais lenta do sucesso "Space Oddity", de David Bowie, e a música "Symbiote', interpretada por Eminem & Lil Wayne, além de várias outras composições.


Bilheterias

Com orçamento de US$ 200 milhões, "Venom 3 - A Última Rodada" pode alcançar uma bilheteria mundial ainda maior que a de seu antecessor, "Venom: Tempo de Carnificina" (2021, lançado durante a pandemia), que atingiu pouco mais de US$ 500 milhões. Mas a melhor bilheteria até agora é a do primeiro filme da franquia, "Venom", de 2018, que faturou mais de US$ 850 milhões. Mesmo assim, os dois primeiros longas combinados somam mais de US$ 1,2 bilhão.

Mais divertido, com muita ação e momentos de emoção entre os protagonistas, "Venom 3 - A Última Rodada" deverá agradar mais aos fãs do Universo Marvel que seu antecessor de 2021. E abre espaço para filmes futuros com a participação de Knull enfrentando os super-heróis Marvel, como nos quadrinhos. Ou no Multiverso, semelhante ao que ocorreu em produções como "Deadpool & Wolverine" (2024) e "Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura" (2022).

Uma dica: há uma cena no início dos créditos e outra após a infindável lista de participantes da produção.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kelly Marcel
Produção: Marvel Entertainment, Columbia Pictures, Pascal Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção, comédia

26 agosto 2024

"Alien: Romulus" - O retorno triunfante do terror espacial

Thriller de ficção científica retorna às raízes da franquia e mostra características de “Alien, o 8º Passageiro” e “Prometheus” (Fotos: 20th Century Studios)


Filipe Matheus
Blog Maravilha de Cinema


Após décadas de sucesso, “Alien: Romulus” , em cartaz nos cinemas, retorna às raízes da franquia de sucesso iniciada em 1979 com "Alien, o 8º Passageiro, e que teve diversas sequências. 

O longa da vez é ambientado entre o primeiro e a versão de 1986, "Alien, O Resgate", dirigido por James Cameron e que marcou a volta de Sigourney Weaver ao papel principal que a consagrou no longa original. 


Agora o longa acompanha um grupo de novos e jovens colonizadores que se aventuram em uma missão em busca de liberdade e paz e acabam nas profundezas de uma estação espacial abandonada. No local, eles se deparam com uma criatura aterrorizante que ameaça a sobrevivência da equipe.

A franquia “Alien” é uma das mais clássicas do cinema de terror de ficção científica. Todos os filmes juntos arrecadaram mais de US$ 1,6 bilhão em bilheteria, sendo “Prometheus” (2012) o mais rentável, com US$ 403,4 milhões.


A história do novo filme é bem explorada. Do início ao fim, o longa é envolvente. O ambiente claustrofóbico e o terror psicológico à espera de um novo ataque da criatura contribuem para manter o espectador tenso e ansioso por cada cena. Som e efeitos visuais são os destaques da produção.

O elenco jovem é formado por Cailee Spaeny (Rain), Isabela Merced (Kay), Aileen Wu (Navarro), David Johnsson (o andróide Andy) e Archie Renaux (Tyler), sob a direção do uruguaio Fede Alvarez, conhecido por filmes como "Millennium - A Garota da Teia de Aranha" (2018). 


Um dos produtores é Ridley Scott, que dirigiu o primeiro filme da franquia, protagonizado por Sigourney Weaver, e "Alien: Covenant" (2017), com Michael Fassbender no papel principal.

Cada filme não só manteve o terror e a tensão, mas também trouxe novos elementos para a história, contribuindo para a longevidade e êxito contínuo da icônica franquia “Alien”. Com a chegada de "Alien: Romulus", os fãs estão ansiosos por mais histórias da saga.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Fede Alvarez
Produção: Scott Free Productions, 20th Century Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h59
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror, ficção, suspense

21 junho 2024

“Tudo o Que Você Podia Ser” mostra a união como ferramenta para vencer na sociedade da homofobia

Documentário de ficção tem DNA mineiro, com direção de Ricardo Alves Júnior (Fotos: Vitrine Filmes)


Eduardo Jr.


Está em cartaz, em duas salas de cinema de Belo Horizonte, o longa “Tudo o Que Você Podia Ser”. A produção tem DNA mineiro e transita entre a ficção e o documentário. Dirigida por Ricardo Alves Júnior, é uma observação da felicidade, da pulsante energia da comunidade LGBT, da amizade e da sempre iminente violência homofóbica. 

O filme é distribuído pela Sessão Vitrine Petrobras e pode ser visto no Centro Cultural Unimed BH-Minas e Cine Una Belas Artes. 


A história parte do último dia de Aisha (Aisha Brunno) na cidade. E a despedida será com a família escolhida, as amigas Bramma Bremmer, Igui Leal e Will Soares (as personagens utilizam seus nomes verdadeiros, deixando o espectador na incerteza do que é realidade e do que é ficção). 

Algumas das locações são as casas das próprias atrizes, colaborando para edificar “o real” do filme. A cidade da qual Aisha se despede é quase uma personagem do longa. Locais bem familiares aos belo-horizontinos desfilam pela tela, emoldurando os caminhos das quatro amigas. 


E cada uma delas tem um pouco de sua história pessoal revelada (menos que o desejado, há que se dizer), dos dramas familiares às conquistas. Com leveza, o diretor nos apresenta personagens que vão além do preconceito e da exclusão, escancarando que a presença e a vitória são plenamente possíveis a essa parcela da população. 

Se as atrizes/personagens são trans ou não binárias, não faz a menor diferença tamanha a cumplicidade e carisma do elenco.   

A jornada do grupo é costurada por risos, dramas, afeto, lágrimas, criatividade, amor e música. Tudo embalado em naturalidade. É o seguir da vida diante dos nossos olhos. Sempre em frente, de um ponto a outro, tal qual a personagem que sai das sombras e vai rumo à luz do dia. 


A obra não tem uma questão a responder, ela simplesmente flui, com o elenco fazendo o que nós todos tentamos diariamente: seguir rumo à felicidade desejada. Que pode ser uma coisa simples, como o convívio familiar, que para muitos de nós é corriqueiro, mas para pessoas trans é quase um milagre. 

O documentário parece ter agradado aos olhos e corações de quem assistiu nas premiações. “Tudo o Que Você Podia Ser” ganhou, em 2023, o Prêmio de Melhor Direção no Festival do Rio e o Prêmio de Melhor Longa Nacional do Festival Mix Brasil.   


Ficha Técnica:
Direção: Ricardo Alves Júnior
Produção: EntreFilmes e Sancho & Punta
Distribuição: Sessão Vitrine Petrobras
Exibição: Centro Cultural Unimed BH-Minas - sala 1, sessão 20h30 (somente nos dias 21, 23 e 25/26); e Cine UNA Belas Artes - sala 2, sessão 20h30
Duração: 1h24
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: documentário, drama, ficção


23 maio 2024

Anya Taylor-Joy só quer vingança em "Furiosa: Uma Saga Mad Max"

Com boas interpretações e muita ação, longa conta a origem da guerreira vivida por Charlize Theron no longa de 2015 (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Um alerta inicial: aconselho assistir (ou rever) o longa "Mad Max: Estrada da Fúria" (2015) para entender melhor a produção. Simplesmente porque "Furiosa: Uma Saga Mad Max" ("Furiosa: A Mad Max Saga"), que estreia nesta quinta-feira (23) vai explicar a origem da icônica personagem do título, seu ódio e desejo de vingança.

Claro que no final a ligação com o filme anterior será apresentada, mas até chegarmos lá, é bom saber quais as pontas que ficaram soltas da película exibida há 9 anos. Um grande sucesso, como outras da franquia "Mad Max", que começou em 1979 com Mel Gibson e Tina Turner no elenco.


Ninguém melhor para dar continuidade, ou melhor, para explicar como tudo começou, que o diretor George Miller. Ele é responsável também pelo longa de 2015, que arrecadou mais de US$ 380 milhões e recebeu nove estatuetas do Critics Choise Awards 2016 e outras nove indicações ao Oscar no mesmo ano.

Charlize Theron arrasou quando interpretou Furiosa, a guerreira careca que tinha um braço mecânico, usava uma pintura escura sobre os olhos e enfrentou as gangues mais perigosas do deserto para salvar mulheres escravas e sua tribo.

Anya Taylor-Joy não deixou por menos e contou bem, com pouquíssimas palavras e uma presença marcante, a origem da personagem. Os olhos da jovem expressam todo o ódio que ela carrega desde a infância, quase que justificando toda a brutalidade de seus atos. 


Ao mesmo tempo em que Furiosa fala pouco, o excesso de palavras fica por conta de Chris Hemsworth. Ele está muito bem como Dementus, o senhor da guerra e líder de uma das gangues do deserto. 

Esse talvez seja um dos melhores filmes do ator nos últimos tempos. Mesmo ele insistindo no jeito caricato e debochado que marcou sua carreira como o Thor, o Deus do Trovão, o que tira um pouco da seriedade exigida em alguns momentos de seu Dementus. 


Não sei se vai incomodar muito ao público, mas com a intenção de explicar o que levou a humanidade ao caos completo, George Miller pode ter exagerado no tempo de infância de Furiosa. Demorou muito até que a menina que sofreu nas mãos de líderes guerreiros atingisse a fase adulta.

Em "Furiosa: Uma Saga Mad Max", o público vai conhecer a história de origem da guerreira renegada, narrando sua jornada durante 15 anos até se unir a Max em "Mad Max: Estrada da Fúria" (2015). 


O enredo segue a jovem Furiosa (vivida por Alyla Browne) sequestrada de seu lar pela gangue de Dementus, depois seguindo como prisioneira dele até a Cidadela, dominada pelo Immortan Joe (Lachy Hulme), outro que também faz parte do elenco do filme anterior. 

Enquanto os dois tiranos disputam o domínio, Furiosa planeja sua vingança contra aqueles que tanto mal lhe fizeram no passado e ainda tenta retornar a seu lar. A menina corajosa havia se tornado uma guerreira brutal. Anya Taylor-Joy passa tão bem esta carga emocional quanto Charlize Theron o fez em "Estrada da Fúria".


Outro destaque é a parte técnica. Seguindo a tradição da saga (quebrada apenas por "Estrada da Fúria"), o longa foi filmado nos desertos de Nova Gales do Sul, na Austrália. As imagens e o figurino são surpreendentes e o CGI foi muito bem empregado pelo diretor.

Sem falar na ótima trilha sonora entregue por Junkie XL, que deu uma nova roupagem ao sucesso de David Bowie, "The Man Who Sold The World". Para quem acompanha e curte a franquia, não deixe de conferir "Furiosa: Uma Saga Mad Max" nos cinemas, especialmente se for numa sala Imax.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: George Miller
Produção: Village Roadshow Pictures, Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h28
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação, ficção