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17 abril 2024

"Guerra Civil" é uma homenagem ao fotojornalismo com fortes referências ao perigo do extremismo

Wagner Moura interpreta um jornalista que percorre os EUA com outros jornalistas mostrando o conflito que divide o país
(Fotos: A24/Divulgação)


Maristela Bretas


Uma superprodução que merece entrar numa disputa ao Oscar 2025 por roteiro, direção, interpretação e, em especial, fotografia, mesmo mostrando, sem filtro, as atrocidades de uma batalha fictícia. Este é "Guerra Civil", longa que estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas e já é sucesso de bilheteria nas salas dos EUA.

O filme faz referências bem claras ao ataque ocorrido no país, em 2021, com a invasão ao Capitólio. Ao mesmo tempo em que mostra como a desinformação e o extremismo de direita podem levar um país ao caos quando disputam ou tentam retornar ao poder. Lembra a situação semelhante ocorrida no Brasil em janeiro de 2023.


No elenco temos como protagonistas o brasileiro Wagner Moura (Joel), Kirsten Dunst (Lee) e Cailee Spaeny (Jessie), jornalistas que percorrem os Estados Unidos durante o intenso conflito que envolve toda a nação. O país se vê dividido entre o governo oficial, com sede em Washington, e grupos separatistas de importantes estados, como Califórnia, Texas e Flórida.

A violência toma conta das ruas, a população é massacrada e a imprensa perseguida. O presidente fascista, interpretado por Nick Offerman, se tranca na Casa Branca, protegido por soldados, e ilude seus seguidores com informações de que ele tem o controle da situação e a vitória é certa, "em nome da pátria, de Deus e dos americanos de bem".


Este é o cenário que o trio, acompanhado pelo experiente correspondente de guerra, Sammy (Stephen McKinley Henderson), vai enfrentar ao atravessar as zonas de conflito de uma ponta a outra dos EUA. 

Ao mesmo tempo, vai se deparar também com comunidades totalmente alienadas ao que está ocorrendo. O elenco bem afinado conta ainda com boas interpretações de Jesse Plemons (marido na vida real de Dunst), Nelson Lee (Tony), Sonoya Mizuno (Anya), entre outros.


O diretor e roteirista Alex Garland mostra Américas completamente opostas, mas violentas e cruéis em ambos os lados do conflito. A violência marca o longa do início ao fim, como esperado de uma produção do gênero, com muitas mortes e torturas. 

Mas ele soube explorar com excelência essas imagens por meio do fotojornalismo. "Guerra Civil" dá um show neste quesito, especialmente nas fotos em preto e branco, que expõem de maneira mais real a dor, a crueldade, o espanto, a morte, a perda e o desalento.

Cabe às fotojornalistas Lee e Jessie capturarem a essência do conflito e suas intérpretes, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny, entregam um ótimo trabalho. Wagner Moura não fica para trás, no papel do jornalista que tenta manter o foco da cobertura dos fatos, mas se abalando quando ele e seu grupo de tornam alvo e sofrem as consequências do conflito. Os efeitos visuais também são muito bons, em especial os dos ataques dos envolvidos da disputa.


O roteiro de "Guerra Civil" é uma homenagem ao jornalismo e aos jornalistas que fazem coberturas de conflitos, correndo os mesmos riscos dos combatentes. O próprio Alex Garland defendeu em entrevista ao jornal "The Guardian" que "jornalistas não são um luxo, são uma necessidade. É importante que a imprensa seja livre, respeitada e confiável".

O filme, apesar de ser uma ficção de guerra, se aproxima muito da vida real. E qualquer país, onde o extremismo e a desinformação predominem, está sujeito a passar por esta situação. "Guerra Civil" é um longa que vale a pena conferir, de preferência em uma sala Imax, para aproveitar melhor a experiência cinematográfica da produção.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Alex Garland
Produção: A24
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: guerra, drama, ficção

15 março 2024

Perturbador, "Zona de Interesse" usa o som como protagonista para retratar a banalização do sofrimento

A trama gira em torno da família Höss, que vive com indiferença em uma casa ao lado do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia (Fotos: A24/Divulgação)


Maristela Bretas


"Zona de Interesse (““The Zone of Interest”), vencedor do Oscar 2024 de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Som, é um filme que prende do início ao fim, não pela ação, mas pelo horror silencioso e banalizado que se desenrola diante dos nossos olhos. 

A trama gira em torno da família Höss, que vive em uma casa ao lado do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. O patriarca, Rudolf Höss (interpretado por Christian Friedel), é o comandante do local, um homem frio e calculista que comanda tudo e a todos com punho de ferro.

O que torna o longa tão perturbador é a maneira como retrata a banalização do horror. A família Höss leva uma vida normal, com seus afazeres domésticos, brigas e momentos de lazer à beira do rio ou da piscina no bucólico jardim da residência. 


A mãe, Hedwig Höss, é interpretada por Sandra Hüller, que arrasa também em outro vencedor do Oscar, "Anatomia de Uma Queda". Ela demonstra total indiferença ao sofrimento alheio, tratando a situação com frieza e desumanização, a ponto de usar roupas caras tomadas de famílias ricas judias que seriam exterminadas.

Os sons dos gritos, tiros e da fumaça das torres de incineração são apenas um pano de fundo para suas vidas. Mas são esses sons do horror que incomodam e causam mal-estar ao espectador. Não há nenhuma cena explícita, apenas o ruído macabro da morte e do sofrimento. Esta parte técnica foi muito bem trabalhada e mereceu o prêmio de Melhor Som no Oscar 2024.


Em meio à apatia e ao silêncio cúmplice, dois personagens se destacam: o filho caçula e a avó. O menino demonstra repulsa ao que está acontecendo, mas teme ser repreendido por ter tais sentimentos. Enquanto a avó que está visitando a filha, com sua sabedoria e experiência, tenta conscientizar a família sobre a crueldade dos atos praticados no vizinho ao lado.

O filme é sustentado por atuações memoráveis de todo o elenco. Christian Friedel transmite a frieza e a crueldade de Rudolf Höss com maestria, enquanto Sandra Hüller é impecável ao interpretar a indiferença e a hipocrisia de Hedwig Höss.


A produção, feita no Reino Unido, é um retrato implacável da indiferença humana diante do sofrimento alheio e não é fácil de assistir. O diretor e também roteirista Jonathan Glazer fez um trabalho meticuloso ao criar uma atmosfera claustrofóbica e angustiante. 

Utilizou-se de uma trilha sonora minimalista, composta pela britânica Mica Levi, e de uma cinematografia impecável na reprodução de detalhes, como a da casa onde viveu a família Höss ao lado do campo de extermínio.

Entre os pontos fortes temos as atuações impecáveis de Sandra Hüller e Christian Friedel, a direção meticulosa de Jonathan Glazer, a atmosfera claustrofóbica e angustiante (apesar de tudo) e a abordagem de um tema importante e necessário que voltou a ser atual. O ritmo lento em alguns momentos pode incomodar pessoas mais sensíveis.


Em entrevista à imprensa internacional, Glazer afirmou que se tratava de "um filme feito a partir de um profundo sentimento de raiva. Eu não estava interessado em fazer uma peça de museu. Não queria que as pessoas tivessem a distância segura do passado e saíssem sem se incomodar com o que vissem. Eu queria dizer não, não, não – deveríamos nos sentir profundamente inseguros em relação a esse tipo de horror primordial que está por trás de tudo."

"Zona de Interesse" é poderoso e perturbador, que nos faz confrontar a indiferença humana diante do sofrimento alheio. É um filme necessário, que nos faz refletir sobre a banalização do mal e a importância de nunca esquecermos os horrores do passado. Mas também nos convida a buscar a justiça e a compaixão em um mundo cada vez mais insensível.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Jonathan Glazer
Produção: A24
Distribuição: Diamond Films
Exibição: no Cineart Ponteio e Cinemark Pátio Savassi; a partir de 31/03, no canal de streaming Prime Video
Duração: 1h46
Classificação: 12 anos
Países: Reino Unido, Polônia e EUA
Gêneros: drama, guerra

24 novembro 2023

"Napoleão" é o reencontro de guerra e sexo de Joaquin Phoenix e Ridley Scott

Cinema recebe versão reduzida, com muitas batalhas e obsessão do imperador por uma mulher e pelo poder (Fotos: Apple Studios)


Maristela Bretas


Depois do sucesso de "Gladiador" (2000), o diretor Ridley Scott e o ator Joaquin Phoenix voltam a se encontrar na grandiosa produção "Napoleão" ("Napoleon"), em cartaz nos cinemas com 2h38 de duração. O público, no entanto, pode se preparar para mais de 4 horas do longa completa que será disponibilizado no canal de streaming Apple TV+ . 

A história de Napoleão Bonaparte que coroou a si mesmo imperador da França já foi contada no passado no cinema, mas esta versão fica restrita às batalhas campais, que quebram as cenas de sexo entre Bonaparte e Josephine, o segundo amor da vida dele (depois da obsessão pelo poder). Mesmo assim, o filme é arrastado e fica cansativo em alguns momentos.


Joaquin Phoenix, como em outras produções, incorpora muito bem o personagem de Napoleão Bonaparte, um homem de apenas 1,68m de altura, que pensava o tempo todo em fazer sexo com a amante, mas transava como coelho e tinha certeza que não cometia erros.

Apesar da ótima interpretação do ator, o papel de Napoleão perde para outros vividos por ele, como em "Gladiador" e "Coringa" (2019). Mas deve lhe render várias indicações a prêmios, inclusive ao Oscar 2024.


O filme tem em Vanessa Kirby ("Missão: Impossível - Efeito Fallout" - 2018) seu maior trunfo, interpretando Josephine, amiga, amante, esposa e imperatriz durante o reinado de Napoleão. A atriz britânica está ótima e se destaca mais que Phoenix ao entregar uma mulher forte, dominadora, amante insaciável, que soube como controlar do marido desde que se conheceram e foi essencial na ascensão do general francês. Pode entrar na lista das possíveis candidatas a premiações.

Completam o elenco Rupert Everett ("O Lar das Crianças Peculiares" - 2016), Tahar Rahim (que trabalhou com Phoenix em "Maria Madalena" - 2018 e protagonizou "Samba" - 2015, com Omar Sy), Edouard Philipponnat, Matthew Needham e Youssef Kerkour.


O longa retrata a rápida carreira de Napoleão Bonaparte. De simples oficial de artilharia do exército francês, graças a sua capacidade como estrategista de guerra e às vitórias em conflitos pela Europa, chegou a imperador da França em 1804. Um militar cruel com os inimigos, arrogante e prepotente, mas fraco diante das duas mulheres mais importantes de sua vida - a mãe e Josephine. 

Mas foi sua obsessão pelo poder e sede de conquista da Europa que o dominaram, levando-o à gloria e à derrota, deixando até mesmo em segundo plano sua amada. 

Napoleão se comparava a outros grandes imperadores como Alexandre, o Grande, e César, de Roma. Até ser derrotado, deposto e terminar exilado na Ilha de Santa Helena.


A obra de Ridley Scott é bem conduzida, mas o corte de mais de uma hora da versão original aliviou para o espectador mas pode ter comprometido pontos importantes do filme. 

Personagens foram esquecidos ao longo da trama, como os filhos de Josephine antes do casamento com Napoleão, a segunda esposa (resultado de um acordo político para que ele tivesse um filho como herdeiro no trono).


Até mesmo as batalhas, um ponto forte do diretor, como ele mostrou bem em "Gradiador" (2000) e "Cruzada" (2005), poderiam ter sua grandiosidade mais bem exploradas. Mesmo assim, Scott não economizou no sangue e entregou um ótimo trabalho, especialmente no ataque no gelo e na Batalha de Waterloo, em julho de 1815, quando Bonaparte foi derrotado. 

"Napoleão" tem ainda como pontos positivos a reprodução quase fiel da história do imperador francês, o figurino impecável e a escolha das locações na Inglaterra. Vale à pena conferir o longa no cinema.


Ficha técnica:
Direção: Ridley Scott
Roteiro: David Scarpa
Produção: Scott Free Productions, Apple Original Films
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h38
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: histórico, guerra
Nota: 3,8 (0 a 5)

05 maio 2022

"Klondike - A Guerra na Ucrânia", um longa sobre mulheres, resistência e solidão

Oksana Cherkashyna é o destaque da produção interpretando Irka, uma ucraniana grávida vítima do conflito de seu pais com a Rússia (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)


Marcos Tadeu - blog Narrativa Cinematográfica


Angustiante, sem dúvida essa é a palavra que define "Klondike: A Guerra na Ucrânia", longa de Maryna Er Gorbach, ganhadora do Prêmio de Direção para filmes estrangeiros no Festival de Sundance e do Prêmio do Júri Ecumênico no Festival de Berlim deste ano. A obra, distribuída pela Pandora Filmes, estreia nesta quinta-feira em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Recife, Porto Alegre, Aracaju e Balneário Camboriú.

No filme, somos situados, no ano de 2014, na cidade de Donetsk, nas proximidades da fronteira entre Ucrânia e Rússia, onde vive o casal Irka (Oksana Cherkashyna) e Tolik (Sergey Shadrin). O território é palco de disputa desde o começo da Guerra em Donbas. A queda de um avião civil na região, abatido por mísseis e que deixou quase 300 mortos, deixa ainda mais tenso o casal que aguarda o nascimento do primeiro filho. Um rastro de tristeza e luto toma conta de todos.


É muito rica a construção do roteiro nas cenas iniciais de Irka e Tolik. Eles descrevem não só com palavras a questão do sonho ideal, mas também por seus papéis de parede com uma bonita praia de fundo. O início é um ponto forte do roteiro: ao mesmo tempo em que o casal sonha com a vida ideal, entra em choque com a chegada da guerra, com seus mísseis e explosões. Mesmo não mostrando claramente, apenas com o som do combate ao fundo da narrativa, é possível sentir que o sonho dos futuros pais começou a desabar.


Oksana Cherkashyna interpreta Irka com maestria e traz todas as suas camadas, principalmente por mostrar as dores e dificuldades, não só da gravidez, mas do contexto do caos instaurado ao redor. Sua dualidade é um fator que chama a atenção. Enquanto sonha em sair com seu marido daquele lugar e daquelas condições, ela também tem demonstra um forte sentimento de pertencimento. Mesmo a casa estando em total desordem, Irka ainda se preocupa em realizar tarefas básicas, como tirar a poeira e, de alguma forma, tentar reconstruir, aquele lar. 


Tolik, por outro lado, apresenta um lado quase racional. Mesmo não querendo ficar ali, ele não sabe lidar com os sentimentos da esposa. No desespero, tenta oferecer afeto de maneira quase brusca e quando sua esposa o rejeita, ele começa a beber. É a forma encontrada para lidar com os conflitos internos e externos e não estar sóbrio em meio a todo esse contexto cru escancarado pela guerra.

A trama começa a ganhar mais força quando o irmão de Irka, Yaryk (Oleg Scherbina), um contraste com Tolik, chega à casa do casal e desconfia que o marido de sua irmã esteja ligado a grupos separatistas pró-Rússia. Muitas vezes, Yarik chama o cunhado de traidor, trazendo para dentro de casa o conflito e disputa entre ucranianos e russos. O filme mostra que cada um tem suas razões e consegue que nos tornemos solidários com os irmãos, mas quem acaba enfrentando tudo sozinha é Irka.


Os aspectos técnicos do longa também reforçam a guerra, a solidão, a tensão por meio do designer de produção. A fotografia de Svyatoslav Bulakovskiy é cirúrgica ao capturar o clima frio e cortante desses sentimentos. 

Também temos a bela trilha sonora de Zviad Mgebry, que consegue captar clima sombrio e cru que a todo o momento deixa o telespectador angustiado pelos personagens que ali estão. O roteiro é também assinado pela diretora Maryna Er Gorbach que, em determinado momento conduz a câmera de forma suave para teletransportar o telespectador por aquele cenário.


O conflito

"Klondike - A Guerra na Ucrânia" nos mostra que o conflito entre Rússia e Ucrânia não é de hoje e nada mais é do que a decisão dos russos de mandar sua força militar para a região Leste do país vizinho para dominar vilas e cidades. Os rebeldes pró-Rússia chamaram a região de Dombas de Luhansk e República Popular de Donetsk. 

Mas o governo ucraniano afirma que os russos ocuparam o local e se recusa a negociar com qualquer república separatista. A Ucrânia chama os rebeldes de "invasores", enquanto a Rússia trata os separatistas de "milícia" em defesa de Kiev. 


Em meio a isso tudo, a força maior é a de Irka, com seu instinto de sobrevivência e de não deixar de seguir em frente, mesmo com a ameaça de ter seus sonhos desfeitos por uma guerra que ela não pediu e da qual não pode fugir. 

O que mais chama a atenção nesse cenário caótico é a falta de esperança e de perspectiva de mudança de vida. Fico pensando qual futuro terá aquela criança que está para nascer e como será criá-la? Esses são alguns dos questionamentos com os quais a diretora nos provoca. 

Trata-se de uma obra forte, com caráter de urgência a ser debatido, onde imperam o a guerra, o medo e, principalmente, a solidão. Torço para que todos esses aspectos chamem a atenção para outros grandes festivais e, principalmente, o Oscar. 


Ficha técnica:
Direção: Maryna Er Gorbach
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Países: Ucrânia / Turquia
Gêneros: drama / guerra

21 julho 2020

"Greyhound - Na Mira do Inimigo": um ótimo filme de guerra digno de uma tela de cinema


Tom Hanks brilha como o comandante de um navio de guerra que enfrenta submarinos alemães (Fotos: AppleTv+/Divulgação)

Maristela Bretas


Com mais uma grande atuação de Tom Hanks, que também participa como roteirista, "Greyhound - Na Mira do Inimigo" é um dos lançamentos que chegam diretamente para o streaming e está em exibição na plataforma Apple TV+. Um ótimo filme de guerra, com combates do início ao fim, mas que, devido à pandemia do coronavírus, perdeu parte do impacto das batalhas com a exibição transferida para a tela de TV. Merecia estar no cinema, como aconteceu com outros do gênero, como "Pearl Harbor" (2001), "Midway - Batalha em Alto Mar" (2017), "Dunkirk" (2018) e o recente "1917" (2020).

A produção da Sony Pictures, em parceria com a FilmNation, Bron Studios e a Playtone Pictures (do próprio Tom Hanks) é tensa e prende o espectador com muita ação e boas batalhas no mar. São poucos os momentos de paz do capitão Ernest Krause, vivido por Hanks, e sua tripulação. 

Poderia ser somente mais um filme ambientado na 2ª Guerra Mundial - ele se passa em 1942, no Atlântico Norte. Mas a riqueza de detalhes e a atuação de todo o elenco, especialmente do protagonista, além de Stephen Graham (como o imediato Charlie Cole) e de Rob Morgan (o marinheiro Cleveland) fazem a diferença. Elizabeth Shue faz pequena participação, mas é sempre bem vinda. Também o filho caçula de Hanks, Chet Hanks, participa do elenco como Bushnell, o especialista em radar.


Um amigo colecionador de objetos da 2ª Guerra e estudioso do período gostou muito do filme e foi quem me indicou. Ele e outros colecionadores ficaram surpresos com a preocupação do diretor com os detalhes. As imagens internas e externas do navio foram feitas em um destróier classe Fletcher de verdade, que está em um museu nos EUA e foi todo reformado para o filme, inclusive os canhões. Eles também elogiaram o figurino, que seguiu fielmente os uniformes e armamentos da época.


Ele só alertou para o símbolo dos lobos nos submarinos alemães - os originais eram bem pequenos. Eles foram aumentados, possivelmente, para uma melhor visualização nas cenas travadas entre as embarcações no ambiente escuro do oceano.

Tom Hanks entrega um personagem sério, de poucos sorrisos,  mas sempre simpático, extremamente religioso e preocupado com a vida humana, até mesmo do inimigo, mesmo estando em combate. Em sua primeira missão comandando um comboio, o capitão Krause deverá, junto com outros três destróieres, escoltar 37 navios aliados com cargas de mantimentos e soldados pelo Atlântico Norte, sem apoio aéreo em um longo trecho.


Eles se tornam alvo fácil dos submarinos alemães, chamados Lobos Cinzas, que fazem uma verdadeira caçada. As cenas do cerco no mar agitado são semelhantes a uma matilha ao redor de sua presa. Por quase 48 horas, o comandante luta contra os inimigos, o sono, a fome e a dor de horas em pé sem abandonar o posto, sempre à espera de um novo ataque.


"Greyhound" tem alguns furos no roteiro, mas nada que comprometa o resultado final. Adaptado do romance "The Good Shepherd", de CS Forrester, o longa dirigido por Aaron Schneider soube aproveitar bem a computação gráfica nas cenas de batalhas, especialmente quando navios e submarinos ficam emparelhados. Vale a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção: Aaron Schneider
Roteiro: Tom Hanks
Exibição: Apple TV+
Produção: Sony Pictures / FilmNation Entertainment / Playtone Pictures
Duração: 1h31
País: EUA
Classificação: 12 anos
Gêneros: Guerra / Ação / Drama

Tags: #GreyhoundNaMiraDoInimigo, #Greyhound, #TomHanks, #guerra, #ação, #cinema, #filme, #AppleTV+, #SonyPictures, @cinemanoescurinho, @cinemaescurinho

13 fevereiro 2020

"Jojo Rabitt" - a guerra pelo olhar puro de uma criança

Taika Waititi e Roman Griffin Davis formam a dupla de amigos improváveis que proporcionam momentos bem divertidos (Fotos: 20th Century Fox / Divulgação)

Maristela Bretas


Com uma abordagem lúdica e ao mesmo tempo satírica sobre a guerra, "Jojo Rabitt", do diretor Taika Waititi ("Thor: Ragnarok" - 2017) é uma história que mexe com as emoções. Ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, o filme é ambientado na Segunda Guerra Mundial e critica de forma bem debochada, a ascensão de Adolf Hitler e do nazismo na Alemanha, sem deixar de mostrar a crueldade imposta pelo regime. 

O conflito é apresentado pela ótica de Jojo Betzler (Roman Griffin Davis), um garoto tímido de 10 anos, que vive a fase de transição para a adolescência, mora com a mãe solteira, é fanático com o nazismo e tem apenas dois amigos: um real, o fofo, mas trapalhão Yorki (Archie Yates) e um imaginário, o lunático Adolf Hitler, interpretado pelo próprio Taika Waititi (está excelente).


Pode parecer estranho, mas o líder nazista é o "grilo falante" na cabeça de Jojo, que sonha em participar do grupo pró-nazista Juventude Hitlerista. Ele, assim como milhares de crianças alemãs, é doutrinado com informações distorcidas e mentirosas sobre os inimigos e as crueldades que eles cometem. Em acampamentos, as crianças vestem uniformes, fazem a saudação a Hitler e recebem treinamento militar, que inclui queimar livros e matar judeus Mas, ao contrário dos colegas, Jojo acha errado pegar em armas ou fazer mal a qualquer ser, humano ou animal.


Na cabeça do pequeno soldado, Adolf é um amigo invisível com quem pode brincar, ter aventuras e dividir a rotina cruel da guerra. Taika Waititi mescla comédia e drama para contar a história de Jojo "Rabitt". Sempre ao som da bela trilha sonora de Michael Giacchino ("Homem-Aranha: Longe de Casa" - 2019; "Os Incríveis 2" - 2018; "Jurassic World: Reino Ameaçado" - 2018). 

Na contramão dos ideais nazistas está a mãe do garoto, Rosie (papel de Scarlett Johansson), que ama o filho e respeita suas crenças, apesar de ser contrária à ditadura imposta à Alemanha. Mãe e filho são inseparáveis, até surgir uma pessoa na casa que mudará a vida do menino. Ele descobre que Rosie está escondendo no sótão de sua casa a linda jovem judia, Elsa (Thomasin McKenzie). Depois de várias tentativas frustradas para expulsá-la, o garoto começa a ter fortes sentimentos pela nova hóspede.


Jojo passa a questionar até que ponto é correto o que Adolf prega e como isso afetou sua família e amigos. O menino é a imagem da pureza, do tipo que sente borboletas voando no estômago quando se apaixona. Mas também é vítima do sistema que defende. Graças à bela interpretação de Roman Griffin Davis, o público recebe um personagem que faz a gente querer colocá-lo no colo.

Além do diretor (que também é o roteirista e produtor), o elenco conta com coadjuvantes bem conhecidos que ajudam a dar um tom ameno à narrativa: Sam Rockwell (capitão Klenzendorf), Rebel Wilson (monitora Rahm), Alfie Allen (Finkel, ajudante do capitão), Stephen Merchant, como o capitão nazista Herman Deertz. Destaque para o fofo Archie Yates, como Yorki, amigo fiel de Jojo que não entende muito bem o por quê de estar ali e que acha que a guerra é uma grande brincadeira. 


Apesar de ter como pano de fundo o grande conflito mundial, que dizimou milhares de judeus e combatentes, "Jojo Rabitt" é um filme de emoções, boas e ruins. Waititi, que é judeu, optou por ironizar de forma bem escrachada o nazismo e seu líder maior. Criou um personagem divertido, desengonçado e bem histérico, que sempre surge quando Jojo tem dúvidas. 

Além das ótimas atuações, "Jojo Rabitt" tem também uma bela fotografia e um bom figurino, que ajudaram a compor bem a reconstituição de época. Trata-se de um filme sobre uma criança que soube criar e desfazer ídolos e ideais e amadurecer em tempos de guerra. Trata-se de um filme com um belo roteiro, muito próximo à realidade atual de muitos países. "Jojo Rabitt" pode ser conferido no Cineart Paragem, Net Cineart Ponteio e Cinemark Diamond Mall, em versão 2D legendada.



Recomendo

Segundo maior vencedor com estatuetas do Oscar (Melhor Fotografia, Melhor Mixagem de Som e Melhores Efeitos Visuais), além de Globo de Ouro e outras premiações deste ano, "1917", do diretor Sam Mendes, é outra ótima opção para quem gosta de filmes de guerra. Ele se passa na Primeira Guerra Mundial e foi filmado com poucas cenas de corte, o que dá uma maior realidade à produção, que ainda está em cartaz no cinema. 

Outra dica é o ótimo "O Zoológico de Varsóvia", ambientado durante a invasão alemã à Polônia, na Segunda Guerra Mundial, quando os donos do referido zoo passam a esconder judeus dos nazistas. Em breve sairá uma crítica desta produção, que eu indico muito e pode ser conferida no catálogo da Netflix.


Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Taika Waititi
Produção:  Fox Searchlight Pictures / TSG Entertainment 
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h48
Gêneros: Guerra / Drama / Comédia
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #JojoRabitt, #TaikaWaititi, @ScarlettJohansonn, @RomanGriffinDavis, @20thCenturyFox, #guerra, #comédia, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

10 fevereiro 2020

"Parasita" é eleito quatro vezes o melhor do Oscar 2020

Produção do diretor sul-coreano Bong Joon Ho venceu como Melhor Filme e Melhor Filme Internacional (Foto: The Jokers / Les Bookmakers)

Maristela Bretas


A 92ª edição do Oscar, que aconteceu neste domingo em Los Angeles teve um grande vencedor, principalmente por ser estrangeiro. "Parasita", de Bong Joon Ho, faturou quatro estatuetas e foi uma surpresa para o diretor sul-coreano. Ele comemorou muito com sua equipe a conquista de quatro grandes categorias - Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Estrangeiro. Uma prova de que existe cinema de ótima qualidade fora de Hollywood. Confira a ótima critica da colaboradora Mirtes Helena Scalioni, no blog @cinemanoescurinho.

Coringa
A segunda colocação em premiações ficou para "1917", do diretor Sam Mendes, com três estatuetas, entre as dez a que foi indicado. A maior surpresa ficou para "Coringa", indicado a 11 prêmios, mas que só levou duas - de Melhor Ator, para Joaquin Phoenix (que já era esperado), e Melhor Trilha Original. Também saíram com dois troféus os filmes "Ford vs Ferrari" e "Era Uma Vez em... Hollywood". Outro que não se deu bem e saiu apenas com aplausos e elogios de outros vencedores foi "O Irlandês", do diretor Martin Scorsese. Nas principais categorias, os vencedores já eram esperados, como para Melhores Atores Coadjuvantes, Melhor Atriz e alguns troféus técnicos.

A solenidade do #Oscar2020 foi aberta com uma bela apresentação musical de Janelle Monae. Na primeira fileira Tom Hanks, Brad Pitt, Charlize Theron e Margot Robbie se destacaram. Steve Martins e Chris Rock brincaram e fizeram piadas com os convidados, inclusive com Martin Scorsese sobre a duração de "O Irlandês". E lembraram que faltaram mulheres e negros entre as indicações.

Era Uma vez em... Hollywood

Regina King subiu ao palco e foi a primeira a chamar o vencedor de Melhor Ator Coadjuvante, confirmando o favoritismo de Brad Pitt. Ele faturou todas as premiações anteriores ao Oscar com seu papel em "Era Uma Vez em... Hollywood", filme de Quentin Tarantino.

Para Melhor Animação, a escolha foi bem difícil, todas muito boas. A estatueta foi para o mais cotado - "Toy Story 4". Na sequência foi anunciado o vencedor de Melhor Curta de Animação, prêmio que saiu para "Hair Love".  Aurora e Idina Menzel, cantando com outras intérpretes de Elsa pelo mundo, apresentaram a música-tema de "Frozen 2" - "Into the Unknown".

Keanu Reeves e Diane Keaton se reencontram e relembram quando atuaram juntos em "Alguém Tem que Ceder" (2003). Comentaram o filme e se divertiram no palco para, em seguida, anunciarem o vencedor de Melhor Roteiro Original. A estatueta foi entregue a Bong Jooh Ho e Han Jin Won por "Parasita". Pela primeira vez um filme sul-coreano conquista um Oscar.

Jojo Rabitt
Natalie Portman e Timothée Chalamet anunciaram "Jojo Rabbit", de Taika Waititi, como vencedor do prêmio de Melhor Roteiro Adaptado. O diretor fez um discurso que começou agradecendo à mãe dele. Na sequência, o Oscar de Melhor Curta-Metragem saiu para “The Neighbors’ Window”.

As comediantes Kristen Wiig e Maya Rudolph subiram ao palco, fizeram piadas e pediram papéis aos diretores presentes. Elas entregaram a estatueta de Melhor Design de Produção para "Era Uma Vez em... Hollywood".  As atrizes anunciaram, cantando, o vencedor de Melhor Figurino. A estatueta saiu para "Adoráveis Mulheres".

Adoráveis Mulheres

Mark Ruffalo apresentou o vencedor de Melhor Documentário da noite. A estatueta foi para "Indústria Americana". Não foi desta vez que um filme brasileiro levou o Oscar, apesar da grande torcida por "Democracia em Vertigem". Ruffalo entregou também o prêmio ao vencedor 'de Melhor Curta Documentário, estatueta entregue a "Learning to Skateboard in a Warzone".

O prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante foi entregue por Mahershala Ali a Laura Dern, por seu papel em "História de Um Casamento", que lhe garantiu também outras premiações, como aconteceu com Brad Pitt. Ela agradeceu a todos que participaram do filme e principalmente a seus pais, que ela chamou de suas lendas e heróis.

 Eminem deu um show surpresa ao interpretar "Lose Yourself", que fez a plateia aplaudi-lo de pé. O rapper não compareceu ao Oscar de 2003, quando deveria ter cantado esta mesma música, vencedora do troféu de Melhor Canção Original.

Ford vs Ferrari

Oscar Isaac e Salma Hayek anunciaram os vencedores dos prêmios de Melhor Edição de Som, que saiu para Donald Sylvester por "Ford vs Ferrari", e Melhor Mixagem de Som, estatueta merecidamente entregue a Mark Taylor e Stuart Wilson por  "1917",  que garantiu também a  Roger Deakins o prêmio de Melhor Fotografia. . Em seguida, Michael McCusker e Andrew Buckland faturaram a segunda estatueta da noite, a de Melhor Edição, para "Ford vs Ferrari", filme dirigido por James Mangold.

Os atores de "Cats", usando suas fantasias do filme, anunciaram para "1917", mais um troféu, de Melhores Efeitos Visuais, desbancando "Vingadores: Ultimato" que era o favorito. Para Melhor Maquiagem e Penteado, "O Escândalo" levou a premiação pelo trabalho de maquiagem feito em Charlize Theron. A atriz ficou praticamente idêntica à jornalista que denunciou o assédio sexual abordado no filme.

O Escândalo

Seguindo um roteiro esperado, "Parasita" conquistou a segunda estatueta da solenidade, a de Melhor Filme Internacional. O diretor Bong Joon Ho agradeceu a todos e ao elenco e disse que após este troféu já estava preparado para tomar seu primeiro drink da noite.

Brie Larson, Gal Gadot e Sigourney Weaver se uniram no palco e celebraram que pela primeira vez, em 92 anos da história do Oscar, uma maestrina iria reger as trilhas originais que disputavam o troféu deste ano nesta categoria. Coube a Eímear Noone comandar as apresentações da orquestra, começando por "Adoráveis Mulheres", seguido por "1917", "História de Um Casamento", "Coringa", "Star Wars - Ascensão Skywalker". A trilha vencedora foi a do filme "Coringa" .(I’m gonna) love me again”, de  Elton John e Bernie Taupin, do filme “Rocketman”, ficou com a estatueta de  Melhor Canção Original, como já era esperado.

Rocketman

Para Melhor Diretor, grandes nomes estavam na disputa, mas foi Bong Joon Ho, por seu trabalho em "Parasita" quem levou o troféu, atropelando Quentin Tarantino e Martin Scorsese, a quem ele homenageou citando uma de suas famosas frases. Com muita humildade, agradeceu também a Tarantino, que foi uma inspiração no seu trabalho. E finalizou afirmando que depois daquela vitória já poderia beber a noite inteira. Era a terceira estatueta da noite do filme sul-coreano.

Parasita

Steven Spielberg anunciou a homenagem aos que já morreram, ao som de "Yesterday", dos Beatles, cantada por Billie Eilish e arranjo de Finneas. Entre os nomes estavam atores, diretores, produtores e até o jogador de basquete Kobe Bryant, falecido recentemente num acidente de helicóptero.

Olivia Colman, vencedora do Oscar de Melhor Atriz no ano passado, foi a responsável por chamar Joaquin Phoenix para lhe entregar a estatueta de Melhor Ator do Oscar de 2020, por sua fantástica atuação como "Coringa". Ele fez um discurso com fortes críticas ao sistema e cobrando que a sociedade se envolva mais nas questões sociais e ambientais. Rami Malek confirmou o nome de Renée Zellweger como a ganhadora de Melhor Atriz, por seu papel como Judy Garland, em  “Judy - Muito Além do Arco-Íris". O Oscar se junta a várias premiações recebidas por elas neste ano.

E finalmente, o prêmio mais esperado da noite, o de Melhor Filme foi entregue por Jane Fonda, aplaudida de pé por seu trabalho e sua postura ativista. Ela abriu seu discurso falando sobre conscientização e o impacto que o cinema pode exercer sobre as vidas das pessoas. E anunciou a quarta e mais cobiçada estatueta de Hollywood a "Parasita", uma produção da Coreia do Sul.

                                    VENCEDORES

MELHOR FILME - "Parasita", do diretor Bong Joon Ho


MELHOR ATOR - Joaquim Phoenix - "Coringa"

MELHOR ATRIZ - Renée Zellweger - “Judy - Muito Além do Arco-Íris"

MELHOR DIRETOR - Bong Joon Ho - "Parasita"

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE - Laura Dern - "História de um Casamento"

MELHOR ATOR COADJUVANTE - Brad Pitt - "Era Uma Vez em... Hollywood"


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - "Jojo Rabbit" - Taika Waititi

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL - "Parasita" - Bong Jooh Ho e Han Jin Won

MELHOR DOCUMENTÁRIO - "Indústria Americana"

MELHOR EDIÇÃO - "Ford vs Ferrari"

MELHOR FOTOGRAFIA - Roger Deackins - "1917"

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO - "O Escândalo"

MELHOR EDIÇÃO DE SOM - "Ford vs Ferrari"


MELHOR MIXAGEM DE SOM - "1917"

MELHOR CURTA-METRAGEM - “The Neighbors’ Window”

MELHOR DESIGN DE FIGURINO - “Adoráveis Mulheres”

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL - “(I’m gonna) love me again” - Elton John e Bernie Taupin (“Rocketman”)

MELHOR TRILHA ORIGINAL - "Coringa" - Hildur Guadnotóttir


MELHOR ANIMAÇÃO - "Toy Story 4"

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO - "Hair Love"

MELHOR CURTA DOCUMENTÁRIO - "Learning to Skateboard in a Warzone"

MELHOR FILME INTERNACIONAL - "Parasita" - Coreia do Sul

MELHOR DESIGN  DE PRODUÇÃO - "Era Uma Vez... em Hollywood"

MELHORES EFEITOS VISUAIS - "1917"


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