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28 dezembro 2023

"Love Victor", a série que inspira pais e filhos

Michael Cimino interpreta o protagonista que teve de aprender a lidar com suas descobertas e encontrar respostas (Fotos: Hulu/Star+)


Filipe Matheus
Youtube Comentando Sucessos


Tem momentos de nossa vida em que ficamos confusos e sem saber como reagir às descobertas de nossa trajetória. Original da plataforma Hulu, a série "Love Victor", em exibição no Star+, mostra a realidade de uma geração que sofre por não entender os seus sentimentos, que busca a aceitação e o direito à liberdade, longe da opinião alheia. 

Victor é um estudante do ensino médio que teve de aprender a lidar com suas descobertas e encontrar respostas na raça, especialmente aos 16 anos. 

A história da série se torna ainda melhor graças à surpreendente atuação de Michael Cimino como Victor. Ele passa emoção ao telespectador. É a ficção mostrando a vida real. Rachel Hilson (Mia), George Sear (Benji), Antony Turpel (Felix), Bebe Wood (Lake), Mason Gooding (Andrew) também estão na série.


A trama fala sobre sexualidade e como se entender é importante para a autoaceitação. Além de abordar laços familiares, os episódios levam o espectador a pensar como tem agido com os filhos e como a forma correta é importante para a construção de uma família feliz e sem rótulos. 

Mostra ainda que adolescentes têm sentimentos e sofrem com perdas, traumas e as novidades que aparecem em suas vidas. 


A sequência, que é adaptação do filme "Com Amor, Simon" (2018), apresenta depoimentos e vitórias que fazem o protagonista mergulhar na procura da tão desejada felicidade. 

Faço aqui uma crítica ao cancelamento da série na terceira temporada. Se a produção trata de um tema tão real e atual, por que acabar? Como fica o telespectador que se identifica com o personagem? Deixou um vazio estranho. Faltam respostas às perguntas de pessoas que se deparam com a mesma realidade de Victor.


Curiosidades não faltam na produção. Nick Robinson, que atuou no longa inspirado na série, é um dos produtores dessa obra-prima e também tem participação como Simon Spier. 

Segundo o site Rolling Stones, Michael Cimino se inspirou no primo homossexual para a construção do personagem. "As experiências e lutas de meu primo me fizeram entender melhor o que é passar por isso e, assim, construir o caráter de Victor". 


Incredible, dynamic, and marvelous. Usei o inglês pra falar como a série é positiva, ela não só mostra a realidade, ela entrega. Sua estreia foi em 16 de junho de 2020, e até hoje mantém fãs apaixonados e com a vontade de quero mais. 

Eu fico por aqui, meu caro leitor, mas não se esqueça da importância de como é bom ser você mesmo e viver o agora. Até a próxima.


Ficha técnica:
Criação: Isaac Aptaker e Elizabeth Berger
Produção: The Walk-Up Company, Temple Hill Entertainment, 20th Century Fox Television
Distribuição: Star+
Exibição: Star+ e plataforma Hulu
Duração: 3 temporadas
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, comédia, série de TV

30 novembro 2021

“Falling – Ainda Há Tempo” é sobre os machões que estão entrando em extinção

Lance Henriksen e Viggo Mortensen entregam excelente atuação num filme que fala de preconceitos e família (Fotos DJames/Califórnia Filmes)


Jean Piter Miranda


Willis (Lance Henriksen) é um velho rabugento, grosseiro e preconceituoso que vive sozinho em sua fazenda. Ele começa a apresentar sintomas de demência. Por isso, precisa ir morar com seu filho gay, John (Viggo Mortensen), em Los Angeles. Isso acaba sendo um problema para os dois, já que a relação entre eles nunca foi boa. Essa é história de "Falling - Ainda Há Tempo" ("Falling"), filme que estreia nesta quinta-feira (2) nos cinemas brasileiros.  


A trama gira em torno de Willis, que pode ser descrito como um velho bem escroto. Como muitos que ainda existem por aí. Inclusive há quem possa dizer que ele se parece com um ou com outro parente. O cara é homofóbico, mesmo tendo um filho gay, casado com outro homem, Eric (Terry Chen). A todo o tempo faz insultos e tenta ofender as pessoas dizendo “você parece um viadinho”, “sua bicha”, e chega a ser bem nojento ao questionar o filho sobre suas práticas sexuais.  


E vai além disso. A produção vai alternando passado e presente. Mostra o casamento do Willis e Gwen (Hannah Gross), o nascimento dos filhos e a relação deles com os pais. E nisso, Willis vai se mostrando aquele homem tosco, que se gaba de ser grosseiro, como se isso fosse sinal de macheza, de virilidade, como se isso o tornasse mais homem que os outros. Ele fuma, tem sempre um isqueiro no bolso, gosta de caça, de armas, e é sempre hostil com todo mundo, principalmente com mulheres. Bem machista por sinal. 
 

Willis também é racista e xenófobo. Tem admiração pelas forças armadas. Diz que arte é coisa de veado. Ele se acha superior por ser branco e estadunidense. Junta tudo isso e podemos traduzi-lo como um típico “cidadão de bem”. Por sorte, seus filhos e netos bem são diferentes. E mesmo com mágoas, o aturam. São até pacientes e compreensivos demais com o pai. Laura Linney interpreta sua filha Sarah, já adulta. E Sverrir Gudnason faz o Willis jovem, em uma bela atuação.  


"Falling - Ainda Há Tempo" é um filme de reencontro de família. Tem centenas deles por aí. Daqueles que os familiares se reúnem por algum motivo. Feridas são reabertas, mágoas colocadas para fora, verdades que estavam entaladas na garganta são ditas. Eles brigam, se machucam e, às vezes, até pedem desculpas. É do tipo acerto de contas. E muitos deles são bem bons. "Falling" pode entrar nesse grupo.  


Por todas essas questões é um filme incômodo. Ele propõe a reflexão se ainda há espaço na sociedade para esses machões. É sobre o atrito de gerações. E, felizmente, de forma geral, os mais jovens têm evoluído e se mostrado pessoas Que mundo está cada vez menor para gente escrota, grosseira e preconceituosa. É uma obra muito necessária para os dias atuais.  


Viggo Mortensen, como era de se esperar, faz mais uma bela atuação, além de trabalhar por trás das câmeras. "Falling - Ainda Há Tempo" é seu primeiro filme como diretor. Ele também assina a produção, roteiro e composição da trilha sonora. O longa está bem longe de ser uma obra prima. É uma boa produção, que não deixa pontas soltas, a montagem de passado e presente funciona bem, o ritmo é bom para propor reflexão, as imagens de sol e neve e as cores são bem bonitas. E o tema bem explorado. Um ótimo trabalho de estreia do ator na direção que deixa boas expectativas para o futuro.  


Ficha técnica
Direção e roteiro:
Viggo Mortensen
Distribuição: Califórnia Filmes
Gênero: Drama
Países: Reino Unido, Canadá, Estados Unidos
Duração: 1h52
Classificação: 16 anos