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14 março 2019

Liam Neeson ficará mais marcado por polêmica do que por “Vingança a Sangue-Frio”

Pacato e exemplar limpador de neve muda de comportamento e sai caçando os responsáveis pela morte do único filho (Fotos Doane Gregory/Studiocanal)

Wallace Graciano


Era fevereiro e Liam Neeson vivia a expectativa pela estreia de “Vingança a Sangue-Frio” ("Cold Pursuit"), seu mais recente longa, que ele promete ser seu último no gênero de ação, e é um remake do norueguês “Cidadão do Ano” (“Kraftidioten”), de 2014, também dirigido por Hans Petter Moland. Porém, bastou uma declaração polêmica, na qual ele tentou fazer uma associação ao filme ao qual é protagonista, para sua carreira ser colocada em xeque e a obra ser adiada por quase um mês, chegando às telonas somente nesta quinta-feira (14). 

Em entrevista ao jornal inglês The Independent, Neeson disse que há cerca de 40 anos uma amiga lhe contou ter sido estuprada por um negro. Sedento por vingança, assim como o personagem ao qual dá vida no longa, ele vagou por dez dias com uma barra de ferro por bairros onde negros moravam, procurando arrumar confusão com qualquer um, tudo por conta de sua “necessidade primária de atacar”. Acusado de racismo, Neeson viu o longa ser colocado em xeque. Não à toa, a première em Nova York foi cancelada após o episódio e a Paris Filme, distribuidora da película no Brasil, optou por “esperar a poeira baixar”.

Deixando de lado as controvérsias, “a necessidade primária de atacar” dita em sua resposta remete bem à história de Nels Coxman, personagem a quem dá vida na película. Pai de uma família em um subúrbio pacato, ele vê sua vida tomar outro rumo após seu filho ser morto por um poderoso chefão das drogas da região. Tomado pelo ódio, ele passa eliminar um a um os intermediários, buscando chegar no cabeça da gangue, um dos narcotraficantes mais preocupado do país que chama a atenção por sua dieta macrobiótica. 

Porém, nesse ínterim, Nels vira um personagem impulsivo, com ações exageradas e frenéticas em meio a uma tentativa de que um roteiro de suspense fosse criado. Dessa forma, o longa se transforma em uma comédia trash, carregada de humor negro, com final previsível, que tem como ponto central um protagonista sem carisma que consegue fisgar o público. Paralelamente, personagens secundários são desenvolvidos exaustivamente, sem a mínima necessidade, o que torna a narrativa cansativa.

Apesar disso, a trama entrega ao fã amante do gênero um bom filme, com toques “tarantinianos”, abusando da hiper-violência marcada por piadas, músicas cômicas e uma fotografia impactante.  No fim das contas, Neeson ficará mais marcado pela polêmica do que pelo remake. Porém, a película não é das piores e entretêm os amantes do gênero que buscam um “quê” de ação com doses de humor negro.
Duração: 1h59
Distribuição: Paris Filmes
Classificação: 16 anos



Tags: #VingançaASangueFrio, #ColdPursuit, #LiamNeeson, #drama, #acao, #humornegro, #comedia, @ParisFilmes, #cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

16 junho 2018

"A Morte de Stalin" humor negro e ácido de um período sangrento da Rússia

A morte do ditador russo gera uma disputa acirrada pela sua sucessão no comando da poderosa União Soviética (Fotos: Nicola Dove/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém se engane. "A Morte de Stalin" é uma comédia escancarada, quase uma chanchada. Ao escolher esse caminho para falar de política e de políticos, o diretor e roteirista Armando Iannucci não deixa pedra sobre pedra e não tem piedade dos poderosos. Após a morte inesperada do ditador Joseph Stalin - muitos o colocam bem posicionado no ranking dos homens mais cruéis da história mundial - um grupo do Partido Comunista quase se engalfinha na disputa pela sua sucessão.

Nesse sentido, ficam claras a falta de regras objetivas e a fome de poder dos homens do alto escalão, entre eles Beria (Simon Russell Beale), Malenkov (Jeffrey Tambor), Molotov (Michael Palin) e Nikita Khrushchev (papel de Steve Buscemi), que acabou ficando com o trono. Nos muitos encontros e reuniões dos seis membros do comitê, o que se vê são indecisões, fofocas, alianças e negociatas.

Na verdade, Josef Stalin, interpretado por Adrian McLoughlin, aparece pouco. Após sua morte, contada de forma hilária, quase com humor negro, toda a acidez do roteiro se volta para a luta dos membros do partido. A entrada em cena dos dois jovens filhos do ditador, Vasily (Rupert Friend) e Svetlana (Andrea Riseborough), ambos de lucidez duvidosa, é um capítulo à parte no filme. Agem como rebeldes sem causa e não se interessam o mínimo pelo sofrimento do povo. O exagero das interpretações ajuda a ridicularizar o momento.

Pode ser que alguns não gostem da forma que Iannucci escolheu para falar de um período tão sangrento e triste da uma história relativamente recente. Afinal, Stalin morreu em 1953. Mas a verdade é que a comédia, aquela que tem sarcasmo e traz o riso nervoso, pode ter seu valor artístico, além de ser produtiva e útil. E leva à reflexão. Principalmente quando o tema, embora histórico, seja tão atual: "Farinha pouca, meu pirão primeiro". A produção está em exibição na sala 1 do Belas, com sessões às 16h40 e 21h30.
Duração: 1h48
Classificação: 16 anos



Tags: #AMorteDeStalin, #Stalin, #Russia, #ArmandoIannucci, #SteveBuscemi, #JeffreyTambor, #comedia, #humornegro, #ParisFilmes, #EspaçoZ, #CinemanoEscurinho