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07 agosto 2024

Mafalda vai além dos quadrinhos e ganha série animada na Netflix

Personagem foi criada pelo cartunista argentino Quino 60 anos (Fotos: Divulgação)


Silvana Monteiro


Após décadas encantando leitores ao redor do mundo com suas tiras cômicas e reflexões perspicazes sobre a sociedade, a icônica personagem Mafalda finalmente ganhará sua própria série animada na Netflix. O projeto terá o ganhador do Oscar, Juan José Campanella ("O Segredo dos Seus Olhos" - 2009), como diretor, produtor e um dos roteiristas.

Criada pelo cartunista argentino Quino, a menina de 6 anos questiona o mundo ao seu redor com uma sabedoria muito além de sua idade. Desde sua estreia em 1964, Mafalda se tornou um fenômeno cultural na América Latina e na Europa, ressoando com seu senso de humor inteligente e sua perspectiva única sobre temas como política, guerra e a condição humana.


Agora, essa clássica personagem ganhará vida na tela, em uma adaptação da Netflix que promete capturar toda a essência da tira original. A série, que ainda não teve sua data de estreia anunciada, será produzida por uma equipe internacional talentosa e contará com vozes conhecidas emprestando seus talentos aos amados personagens.

Para os fãs de longa data de Mafalda, a notícia da série na Netflix é uma oportunidade de ver a contestadora, revolucionária e inquieta menina ganhar vida nas telas do streaming. 


Para aqueles que ainda não a conhecem, a produção será uma porta de entrada perfeita para descobrir o mundo encantador e reflexivo criado pelo gênio Quino por meio da Mafalda. A expectativa é de que a série consiga compartilhar sua mensagem de humor, perspicácia e consciência social com uma nova geração de fãs. 

A última adaptação das histórias para a telona foi há três anos em "Voltando a Ler Mafalda", uma produção da National Geographic que pode ser conferida no Disney+. O trailer está abaixo. Agora é aguardar a personagem na série.


06 março 2020

E se o Superman tivesse vivido na União Soviética?

"Superman: Entre a Foice e o Martelo" ("Red Son") chegará ao Brasil em blu-ray e serviços de streaming (Fotos: Divulgação)

Jean Piter Miranda


Já pensou como seria a vida do Superman se ele tivesse crescido na União Soviética e não nos Estados Unidos, como a gente conhece em sua história original? Bem, essa realidade alternativa já foi apresentada aos fãs em 2003, escrita por Mark Millar, que integra a série de quadrinhos "Superman: Red Son" ("Superman: Filho Vermelho", em tradução literal). Agora, uma animação chega em blu-ray e em serviços de streaming para mostrar mais um universo paralelo do principal super-herói da DC Comics. No Brasil, a versão ganhou o nome de "Superman: Entre a Foice e o Martelo", mas ainda não tem data confirmada de estreia.


O Superman comunista é apresentado criança, quando ainda esconde seus superpoderes do mundo. Sua melhor amiga o convence a usar seus dons para a defesa do Estado e para o bem do povo soviético. Daí então tudo começa acontecer bem rápido. O filho da URSS se torna uma celebridade, um ícone, um grande servo do governo de Joseph Stalin, a quem o kriptoniano serve com lealdade. 


Stalin é um dos personagens reais que aparece na história. E, claro, não precisa fazer muito esforço para localizar que tudo se passa durante a Guerra Fria. Período pós-Segunda Guerra Mundial, em que as nações estavam divididas em uma disputa ideológica entre dois modelos econômicos: o capitalismo e o comunismo. A princípio, isso parece nortear a trama da animação. Mas logo isso se perde. 


O roteiro acelera acontecimentos, deixa outros bem superficiais e pouco convincentes. Mais do que o super-herói, o Superman se torna o governante da URSS. Do outro lado da disputa, Lex Luthor. Os dois modelos econômicos se chocam e provocam mudanças em todo o mundo, principalmente na corrida armamentista. Os personagens principais vão alternando ações de nobreza e justiça com atos irresponsáveis e pouco inteligentes, dando um equilíbrio à trama. 

O que parecia uma crítica aos comportamentos humanos logo se inclina para um dos lados. Se no início havia uma tendência de qual dos lados era o certo - comunismo ou capitalismo -, do meio da animação em diante, a visão dos autores fica bem clara. E tudo ganha cara de propaganda. Nada mais fica convincente. 


Batman entra na história, sempre muito bem preparado. Enfrenta o Superman de uma forma que já foi mostrada em outras adaptações. Não há surpresa alguma. Mulher Maravilha tem participação importante e o Lanterna Verde não acrescenta muito. É gente demais pra pouca história. É muito incremento para um resultado bem superficial. Não deixa de ser uma obra bem criativa. Mas não tem encanto. É pra assistir e esquecer dez minutos depois. 


Quem leu os quadrinhos vai notar que o final ficou muito diferente. O que é sempre esperado, pra trazer surpresa. Mas o diferente dessa vez é sinônimo de cortes, de ausência. Dá uma sensação de incompletude. A versão da HQ tem proposta crítica à humanidade e posição praticamente neutra sobre política. A animação não. Em tempos de extremismo e polarização, "Superman: Entre a Foice e o Martelo" é bem desnecessário. 


Ficha técnica:
Direção: Sam Liu
Produção: Warner Bros. Animation / DC Entertainment 
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h25
Gêneros: Animação / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 2,0 (0 a 5)

Tags: #SupermanEntreAFoiceEOMartelo, #SupermanRedSon, @DCAnimation, #DCUniverse, @WarnerBros, #animação, #quadrinhos, @cinemaescurinho, @cineanoescurinho

06 fevereiro 2020

"Aves de Rapina" consagra Margot Robbie como a Arlequina dos quadrinhos

Margot Robbie é a alma do filme, que tem tudo para ser mais um sucesso de bilheteria (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Divertido, com muita ação e já provocando polêmica por entregar um filme baseado nas HQs, mas com uma visão feminina, "Aves de Rapina e sua Emancipação Fantabulosa" ("Birds of Prey and the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn") estreia nesta quinta-feira nos cinemas e é ótimo. Novamente, os vilões da DC Comics entregam uma boa produção que tem tudo para ocupar a liderança nas bilheterias. Sem contar que vem embalada pelo sucesso estrondoso de "Coringa", que faturou prêmios em vários festivais e disputa a categoria de Melhor Filme do Oscar 2020.


Apostar num filme solo da namorada do maior inimigo do Batman foi um risco que os estúdios resolveram apostar. Especialmente porque Arlequina e a trilha sonora foram os únicos pontos que mereceram elogios do esquecível "Esquadrão Suicida" (2016). Tanto que a nova película nem toca na história do antecessor, quando a vilã foi apresentada ao público que não a conhecia dos quadrinhos. 

Um grupo de mulheres foi responsável por criar a arrasadora vilã  e dar à produção uma visão feminina a Aves de Rapina. A começar por sua intérprete, novamente Margot Robbie (que também é uma das produtoras). Ela está espetacular e muito melhor que no filme anterior. A atriz entrega uma Arlequina muito louca, multicolorida, que luta muito e com estilo, mas é uma pessoa solitária. Ela não se preocupa com ninguém e deixa um rastro de inimigos por onde passa. Temida por todos por ser a namorada do Coringa, o maior vilão de Gotham City, ela perde seu poder com o fim do relacionamento. 



Desde os primeiros minutos de exibição, a vilã precisa se redescobrir e criar seu próprio caminho. Com a notícia da separação, ela também terá de fugir daqueles que agora querem se vingar dela. Toda a história é contada por Arlequina, que usa flashbacks para explicar sua vida e a de outros personagens que vão surgindo ao longo da história. Ela não tem amigos em sua vida e seus animais de estimação são uma hiena e um castor de pelúcia, Ou seja, Harley Quinn não tem muito a perder. 

Margot Robbie está mais solta no papel de Arlequina e pode ousar como vilã. A atriz parece se divertir com sua personagem, que usa roupas extravagantes, fala o que bem entende e não precisa expor o corpo com generosos decotes para mostrar que tem força e poder. É na briga e na forma de enfrentar seus inimigos que a vilã se impõe.

Para um enredo sobre uma mulher forte e ensandecida, nada melhor que outra mulher para escrever o roteiro. Coube a Christina Hodson esta parte. Completando o trio, a ótima direção do longa está nas mãos de Cathy Yan, que deverá colocar "Aves de Rapina" como um dos ótimos filmes de super-heróis da DC deste ano. A diretora faz sua estreia no cinema já em grande estilo.



O elenco também conta com outras mulheres, algumas com interpretações medianas como Mary Elizabeth Winstead (Caçadora) e Rosie Perez, (a policial Renée Montoya). Outras já sabem resolver um problema no grito (e que grito!), como Jurnee Smollett-Bell (Canário Negro/Dinah Lance), que também tem um vozeirão para cantar. Destaque para Ella Jay Basco, que faz a jovem Cassandra Cain, uma batedora de carteira que será a pivô de toda uma perseguição e também o principal motivo para reunir este quinteto diferenciado. 

Além do elenco, roteiro, direção e produção formados por mulheres, "Aves de Rapina" conta ainda com uma trilha sonora, composta por Daniel Pemberton, que reúne uma boa seleção de vozes femininas, como Megan Thee Stallion e Normani interpretando a música-tema, "Diamonds". Além de Jurnee Smollett-Bell, que empresta sua bela voz a "It's A Man's Man's Man's World". Até mesmo "Barracuda", sucesso da banda Heart de 1977, entra na lista, num momento de muita pancadaria.



Na ala masculina estão as ótimas atuações de Ewan McGregor, como o vilão Roman Sionis, mais conhecido como Máscara Negra, e Chris Messina, no papel de Victor Zsasz, o cruel e psicopata braço direito de Sionis. É esta dupla que fará com que as cinco mulheres se unam para defender a cidade.

"Aves de Rapina" é um filme "purpurinado coberto de lantejoulas", com muita ação, como sua vilã, que sabe também a hora de pegar uma arma e matar seus inimigos sem dó, usando golpes de pernas ou um taco de beisebol. É também Arlequina quem proporciona as melhores cenas de ação, sarcasmo e diálogos engraçados. Uma produção imperdível.


Ficha técnica:
Direção: Cathy Yan
Produção: DC Entertainment/ Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h49
Gêneros: Ação / Aventura
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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