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07 janeiro 2024

Entre amores e desafios: a jornada de Lim Ju-kyung em "Beleza Verdadeira"

Dorama aborda os encantos e desafios de uma jovem no mundo da aparência, vivendo um triângulo amoroso (Fotos: Netflix)


Filipe Matheus
@comentandosucessosoficial


Quem não ama uma história de amor? Agora, imagina se apaixonar pela mesma garota que seu melhor amigo gosta. Em "Beleza Verdadeira" ("True Beauty"), dorama disponível na Netflix, Lim Ju-kyung (Moon Ga-young) passa por essa situação. Complicado demais, não é verdade?

No dorama, uma estudante esconde seu passado e aprende técnicas de maquiagem que a tornam popular na escola. Lee Su-ho (Cha Eun-woo) e Han Seo-jun (Hwang In-yeop) disputam o coração da protagonista. 

Além de superar traumas do passado, ela vai começar a viver novas experiências, não só com os amigos, mas também em família. 


Os episódios abordam assuntos importantes como suicídio, bullying e relação com os pais. O melhor de tudo é a trilha sonora, que faz o espectador ficar mais apaixonado pelo enredo da série.

Primeiro amor, amizades e muita música, tudo bem produzido, dá vontade de sair do Brasil e viver na Coreia do Sul, onde é ambientada essa história.

Um ponto positivo é a atuação de Park Yoo-na ("A Man Of Reason" - 2022), uma personagem intrigante, que mostra sua personalidade forte, e também revela segredos ao decorrer dos 16 episódios.


Os demais integrantes do elenco atuam muito bem, todos os personagens têm protagonismo e as histórias se desenvolvem bem, ajudando o espectador a se envolver no enredo.

Um ponto negativo são as poucas cenas de Jin Seo-yeon (Chani) que tem uma importância essencial no dorama, mas aparece pouco, faltando contar mais sobre a história dele.

Então, não perca tempo, e venha embarcar nessa aventura, cheia de amor, pela busca da beleza verdadeira.


Ficha técnica:
Direção: Kim Sang-hyub
Produção: tvN
Exibição: Netflix
Duração: 1 temporada - 16 episódios
Classificação: 14 anos
País: Coreia do Sul
Gêneros: dorama, comédia, romance

28 dezembro 2023

"Love Victor", a série que inspira pais e filhos

Michael Cimino interpreta o protagonista que teve de aprender a lidar com suas descobertas e encontrar respostas (Fotos: Hulu/Star+)


Filipe Matheus
Youtube Comentando Sucessos


Tem momentos de nossa vida em que ficamos confusos e sem saber como reagir às descobertas de nossa trajetória. Original da plataforma Hulu, a série "Love Victor", em exibição no Star+, mostra a realidade de uma geração que sofre por não entender os seus sentimentos, que busca a aceitação e o direito à liberdade, longe da opinião alheia. 

Victor é um estudante do ensino médio que teve de aprender a lidar com suas descobertas e encontrar respostas na raça, especialmente aos 16 anos. 

A história da série se torna ainda melhor graças à surpreendente atuação de Michael Cimino como Victor. Ele passa emoção ao telespectador. É a ficção mostrando a vida real. Rachel Hilson (Mia), George Sear (Benji), Antony Turpel (Felix), Bebe Wood (Lake), Mason Gooding (Andrew) também estão na série.


A trama fala sobre sexualidade e como se entender é importante para a autoaceitação. Além de abordar laços familiares, os episódios levam o espectador a pensar como tem agido com os filhos e como a forma correta é importante para a construção de uma família feliz e sem rótulos. 

Mostra ainda que adolescentes têm sentimentos e sofrem com perdas, traumas e as novidades que aparecem em suas vidas. 


A sequência, que é adaptação do filme "Com Amor, Simon" (2018), apresenta depoimentos e vitórias que fazem o protagonista mergulhar na procura da tão desejada felicidade. 

Faço aqui uma crítica ao cancelamento da série na terceira temporada. Se a produção trata de um tema tão real e atual, por que acabar? Como fica o telespectador que se identifica com o personagem? Deixou um vazio estranho. Faltam respostas às perguntas de pessoas que se deparam com a mesma realidade de Victor.


Curiosidades não faltam na produção. Nick Robinson, que atuou no longa inspirado na série, é um dos produtores dessa obra-prima e também tem participação como Simon Spier. 

Segundo o site Rolling Stones, Michael Cimino se inspirou no primo homossexual para a construção do personagem. "As experiências e lutas de meu primo me fizeram entender melhor o que é passar por isso e, assim, construir o caráter de Victor". 


Incredible, dynamic, and marvelous. Usei o inglês pra falar como a série é positiva, ela não só mostra a realidade, ela entrega. Sua estreia foi em 16 de junho de 2020, e até hoje mantém fãs apaixonados e com a vontade de quero mais. 

Eu fico por aqui, meu caro leitor, mas não se esqueça da importância de como é bom ser você mesmo e viver o agora. Até a próxima.


Ficha técnica:
Criação: Isaac Aptaker e Elizabeth Berger
Produção: The Walk-Up Company, Temple Hill Entertainment, 20th Century Fox Television
Distribuição: Star+
Exibição: Star+ e plataforma Hulu
Duração: 3 temporadas
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, comédia, série de TV

22 março 2021

Apesar dos senões, “Filhas de Eva” cumpre, com talento e beleza, seu papel de celebrar o mês das mulheres

Giovana Antonelli, Renata Sorrah e Vanessa Giácomo estão nos papéis principais da nova série da Globoplay (Fotos: Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Ao assistir, exibidos num telão, aos vídeos antigos da sua própria vida na celebração das Bodas de Ouro, Stella, que é casada com um homem muito rico, se descobre insatisfeita. E, cheia de coragem, aos 70 anos de idade, decide ali mesmo acabar com a festa e pedir o divórcio. 
 
É esse o pontapé inicial do roteiro escrito por Adriana Falcão, Jô Abdu, Martha Mendonça e Nelito Fernandes para “Filhas de Eva”, série de 12 episódios em cartaz no Globoplay. A partir daí, entrelaçam-se outras tantas histórias de mães, amantes, esposas, amigas e namoradas em diferentes fases da vida, todas buscando espaço, independência, reconhecimento e liberdade.

 
 
Lançada com algum estardalhaço para celebrar o Dia Internacional da Mulher, “Filhas de Eva” faz jus tanto ao alarde quanto à data que almejou celebrar. Dirigida por Leonardo Nogueira, a série traz Renata Sorrah como Stella, Giovana Antonelli como sua filha Lívia, e Vanessa Giácomo como Cléo nos papéis principais. E como se trata de um tema fundamentalmente feminino, outras grandes atrizes brilham no elenco, como as veteranas Cecília Homem de Melo e Analu Prestes, além da jovem Débora Ozório, que interpreta a adolescente feminista Dora.



Apresentada como uma comédia dramática, “Filhas de Eva” procura dar leveza a temas normalmente ligados às mulheres, como a dependência financeira ou afetiva, virgindade, amamentação, traição, envelhecimento, solidão. E mostra também o outro lado da história, quando fala de amor na maturidade, amizade e, principalmente, do que se convencionou chamar hoje de sororidade – a solidariedade entre mulheres. 
 
 Os personagens são ricos, da corajosa Stella, feita sob medida para Renata Sorrah, à Lívia e sua psicologia de almanaque, em atuação também certeira de Giovana Antonelli. Fora da família, Vanessa Giácomo, que só entra na história por um desses acasos do destino, se sai muito bem como a suburbana Cléo, que vive na corda bamba entre um irmão malandro e uma mãe demente. A estreante Débora Ozório, como Dora, mereceria um troféu revelação tamanha a graça.


Embora não cheguem a comprometer, dois senões tiram o brilho total de “Filhas de Eva”. O primeiro deles: com honrosas exceções, os personagens masculinos são fora da curva. Tem covarde, mesquinho, invejoso, aproveitador, mentiroso, mau-caráter, bandido. Fica parecendo que, para falar bem da luta das mulheres, é preciso falar mal dos homens. 
 
Cacá Amaral (Ademar), Erom Cordeiro (Júlio), Stenio Garcia (o deputado Sampaio), Dan Stulbach (Kleber), Jean Pierre Noher (o vizinho argentino) e Marcos Veras (o jornalista Fábio) se viram como podem para não cair no estereótipo da vilania. Legal mesmo, no rol dos machos, só Juliano Lobreiro, que faz o maduro e compreensivo adolescente Gui.


O segundo senão da série fica por conta de uma cena linda, em que todas as mulheres da história se encontram numa manifestação feminista contra, entre outras coisas, a objetificação do corpo feminino. A certa altura, a mulherada levanta ou tira suas blusas e exibe os seios. Todas as coadjuvantes e figurantes ficam com os peitos à mostra porque isso faz parte do discurso. Menos as três protagonistas, que se abraçam para despistar, deixando aparecer apenas as costas nuas. Por que? Atrizes consagradas não podem se despir mesmo que o gesto tenha significado imprescindível para a obra? Pareceu incoerência.


Ficha técnica:
Direção:
Leonardo Nogueira
Exibição: Globoplay
Duração: 1ª temporada (12 episódios)
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: Drama

07 março 2021

Omar Sy dá show de interpretação, simpatia e vigarice em "Lupin"

 Após 25 anos, o golpista Assane Diop vai usar sua experiência para se vingar daqueles que levaram seu pai à morte (Fotos: Emmanuel Guimier/Netflix)

Maristela Bretas


Uma série envolvente, recheada de mistérios e golpes aplicados com muita sutileza, dignos de um excelente vigarista que conhece bem suas vítimas e inimigos. Essa é história de "Lupin", cujo papel principal é interpretado com excelência por Omar Sy, o mesmo de "Intocáveis" (2012), e direção de George Kay. A primeira temporada, com apenas cinco capítulos, foi de roer as unhas.


A Netflix, que exibe a produção, já confirmou para o primeiro semestre deste ano a estreia da segunda parte desta série francesa, que vem se mantendo entre as mais vistas da plataforma. E não é sem razão. Na trama, baseada nos romances policiais de Maurice Leblanc, Assane Diop (Omar Sy) é um homem que tenta provar que o pai, Babakar Diop (Fargass Assandé), que se matou na prisão, era inocente e não roubou uma joia valiosa da família Pellegrini, para quem trabalhava.


Durante 25 anos, Assane estuda cada passo e golpe do famoso e gentil vigarista Arsène Lupin, conhecido como o "ladrão de casaca" da literatura francesa, que se tornou um gênio do crime na Paris do início do século 20 . E seus planos começam a ser colocados em prática exatamente com um grande furto em um dos lugares mais seguros do mundo - o Museu do Louvre.


Belos cenários tendo como fundo a cidade de Paris e mais no final o litoral francês. As cenas de perseguição são comuns, típicas de um filme policial, algumas inclusive sobre telhados, no estilo "Missão Impossível". Omar Sy conquista o público com seu sorriso e simpatia desde o primeiro episódio. 

Mesmo deixando bem claro que só quer vingança contra aqueles que destruíram sua vida e a de seu pai e agora retornam com novas ameaças a todos que estão ligados a ele, especialmente sua família.


A bela fotografia vem acompanhada de trilha sonora de músicas francesas muito bem escolhidas utilizadas - até mesmo quando assoviada por um preso num momento de tensão. O roteiro mesclando passado e presente com harmonia, explicam bem a trama e cada movimento que Assane irá tomar, sempre tendo à mão ou em mente alguma história dos livros sobre Lupin para guiá-lo. Somente o detetive Youssef Guedira (Soufiane Guerrab) é capaz de fazer a ligação entre o golpista e o personagem literário, mas não é levado a sério pelos colegas.


Para quem ainda não viu, "Lupin" é imperdível. Só a atuação de Omar Sy já vale a primeira temporada. A escolha do ator foi perfeita e merecida. O restante do elenco também está fazendo bem a sua parte. Destaque para Hervé Pierre, que interpreta o inescrupuloso milionário Hubert Pellegrini, responsável pela morte do pai de Assane. 

Ludivine Sagnier, que faz o papel de Claire, ex-mulher de Assane, também começa a aparecer mais do quarto episódio em diante e deve receber mais espaço na sequência, devido aos acontecimentos que fecham a primeira temporada.



"Lupin" é uma série que faz você pular para o próximo episódio, antes mesmo de os créditos finais aparecerem. E a segunda parte promete ser tão empolgante quanto a primeira, e deve ser novamente motivo para ficar grudada na tela da TV pela madrugada à espera do desfecho. Enquanto não chega, confira o teaser oficial abaixo lançado pela Netflix.


Ficha técnica:
Direção: George Kay
Exibição: Netflix
Duração: média de 45 minutos (1ª parte - 5 episódios)
Classificação: 16 anos
País: França
Gêneros: Policial / Drama / Suspense
Nota: 4,8 (de 0 a 5)

16 fevereiro 2021

"Cidade Invisível", uma belíssima e instigante produção que conecta a realidade às lendas do folclore brasileiro

 Marco Pigossi é o policial ambiental que descobre criaturas folclóricas vivendo entre os humanos (Fotos: Alisson Louback/Netflix)

Silvana Monteiro


Criada por Carlos Saldanha, a série "Cidade Invisível", dirigida por Júlia Pacheco Jordão e Luis Carone, e roteirizada por Raphael Draccon e Carolina Munhóz, lembra bastante o seriado "Once Upon A Time" ("Era Uma Vez"). Enquanto a produção norte-americana relaciona os contos de fada infantis, a produção brasileira reúne em um espetacular enredo, as lendas populares do nosso folclore.

A série já encanta na abertura, que tende a envolver pela confluência de imagens em uma composição que prende o olhar. Carlos Saldanha consegue interligar comunidade ribeirinha, praia e ocupação urbana com muita maestria, fazendo com o que telespectador reflita sobre a invisibilidade das pessoas tanto no sentido figurado, quanto em sua real condição. 
 

 
Outro ponto positivo de "Cidade Invisível" é que os personagens que não levam os nomes específicos de suas lendas podem ser interpretados à maneira local, pela leitura regional dos telespectadores. Como por exemplo, a de Inês, vivida por Alessandra Negrini, e a de Tutu, interpretado por Jimmy London. Afinal, o Brasil tem centenas de lendas e cada delas toma características únicas.
 

 
Na história, Erick (Marco Pigossi) é um policial ambiental casado com a ativista Gabriela (Julia Konrad) e pai de Luna (Manu Dieguez). Durante os festejos em uma comunidade ribeirinha cercada pela Mata Atlântica, na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde Gabriela desenvolve algumas atividades, uma tragédia vai por fim à tranquilidade familiar.


A partir desse ponto e do encontro de um boto rosa em praia carioca, pai e filha se tornarão o foco de um enredo cheio de mistérios e magia. A descoberta dessas criaturas folclóricas vivendo entre os humanos vai levar Erick a buscar respostas para seu passado e fazer com que ele e sua filha fiquem definitivamente ligados aos moradores do lugar.

Uma das boas surpresas da série é a interpretação do Curupira entregue por Fábio Lago, um excelente ator que estava há tempos ausente das produções. O experiente José Dumont também domina no papel de Ciço, um ribeirinho que vive na pele as crenças e lendas de sua ilha de pescadores. 
 
 
O seriado também traz caras novas e com personagens que encantam pela interpretação: Jessica Córes vive Camila, uma belíssima sereia negra, e Wesley Guimarães, vivendo Isac, que dá vida ao Saci.

Fica aqui um ponto que vale reflexão: será que tudo que vemos é realmente aquilo que acontece? Seriam os excluídos, minorias, transeuntes e pessoas em situação de rua, seres especiais de uma "cidade invisível"? Abra bem seus olhos e ouvidos e tente entender aquilo que nem sempre parece o óbvio. 
 



Ficha técnica:
Direção:
Carlos Saldanha
Exibição: Netflix
Duração: Média de 30 minutos por episódio (1ª Temporada - 7 episódios)
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: Drama / Fantasia / Série de TV

17 janeiro 2021

“Borgen” mostra uma sociedade civilizada e evidencia os bastidores da política e da imprensa dinamarquesas

Série é dividida em três temporadas com dez episódios cada (Mike Kollöffel / DR Fiktion /Netflix)


Mirtes Helena Scalioni

 
Um único prédio monumental no centro de Copenhague abriga o Parlamento, os gabinetes dos líderes partidários e do Primeiro-ministro, além da Suprema Corte. Esporadicamente, quando necessário, abre as instalações específicas para receber também a Rainha Margarida II. É nesse lugar, o chamado Palácio de Christiansborg, que se desenrola a maior parte da série “Borgen”, tendo como pano de fundo a trajetória da primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra da Dinamarca.


Dirigida por Soren Kragh-Jacobsen e Rumie Hammerich, a série "Borgen" tem argumento fictício, mas revela com clareza o modo de vida de um país civilizado, onde a primeira-ministra anda de bicicleta e de táxi, busca os filhos na escola, cozinha e lava a louça junto com o marido (já que não têm empregada), participando ativamente da vida doméstica. As mulheres têm os mesmos direitos que os homens e os encontros casuais de sexo são vistos com normalidade e sem preconceitos.
 
 
 
Além do modo de vida do povo dinamarquês, a série mostra como funciona a política por lá, com seus acordos, trocas e conchavos entre os partidos. Tudo muito claro e natural. São tantas as reuniões, conversas e jogos que, por vezes, o público pode ficar em dúvida se o objetivo da política é sempre o bem comum ou se, algumas vezes, os que militam nela buscam apenas o poder.

 
Essa pergunta pode ser feita em várias ocasiões e o mérito da dúvida é todo de Sidse Babett Knudsen, atriz que conquistou o Prêmio Emmy Internacional de Melhor Atriz pelo seu papel de Birgitte Nyborg, a primeira-ministra. Carismática, ela transita muito bem entre o Parlamento e a vida doméstica, entre as intermináveis reuniões e os encontros afetivos ou sexuais com o marido Philip, interpretado na medida por Mikael Bir Kjaer.

 
Entranhada à trajetória de Birgitte, corre a trama do núcleo da imprensa, que notícia praticamente tudo o que acontece ou envolve o Palácio de Christiansborg. Nessa turma, estão, principalmente, os jornalistas Kasper Juul (Johan Philip Asbalk) e Katrine (Birgitte Hjort Sorensen), cada um com sua história familiar, sua vida, seus problemas e seus amores. Há momentos em que cabe perguntar: é a imprensa que vive em função da política ou a política que vive em função da imprensa? 


Ao longo da série, o público aprende também como funciona, por exemplo, o coração de uma TV, com a correria habitual dos jornalistas, as censuras, a busca pela audiência, as brigas internas e os dilemas éticos tão peculiares à profissão.

Com tantos bons temas, é lamentável que “Borgen” tenha se perdido a partir da última temporada. São três etapas de 10 episódios cada, mas a terceira parece ter sido escrita por outro roteirista. O perfil psicológico dos personagens não obedece nenhuma coerência, alguns têm sua participação inexplicavelmente reduzida, outros simplesmente desaparecem. Uma ou outra trama também fica sem desfecho. Seria melhor ter terminado na segunda temporada. Uma pena.


 Ficha técnica:
Direção:
Soren Kragh-Jacobsen e Rumie Hammerich
Exibição: Netflix
Duração: 58 minutos (está na 3ª temporada, com 10 episódios cada)
Classificação: 14 anos
País: Dinamarca
Gêneros: Drama / Série de TV

31 julho 2020

“El Presidente”, a minissérie da Amazon que desnuda os bastidores do futebol que muitos fingem não ver

Usando a ficção, o diretor mostra o desrespeito dos dirigentes de times pelos torcedores (Fotos: Amazon Prime Video/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Gente que gosta muito de futebol talvez perdoe – e até releve as inacreditáveis falcatruas que vêm à tona na minissérie “El Presidente”, da Amazon Prime Video. Por mais que a verdade tenha se juntado à ficção para tentar dourar a pílula, não deixa de ser um espanto o relato de corrupção na FIFA, a maior instituição representativa do mais querido e popular esporte do mundo: o futebol.


É correta – mas poderia ser mais contundente – a produção que juntou Chile, Argentina e Estados Unidos para falar, mesmo que vestido de ficção, de um caso tão rumoroso que acabou com a prisão de figurões conhecidos. Interessante descobrir que, enquanto levavam alegria aos torcedores nos estádios e aos telespectadores mundo afora, esses senhores enchiam malas de dólares, manipulavam sorteios e se esbaldavam em noitadas de bebedeira e mulheres.


Sem dúvida, um atrativo da série é reconhecer personalidades e figuras carimbadas que o público se acostumou a ver nos noticiários. Estão lá João Havelange, Joseph Blatter, J. Hawilla, Ricardo Teixeira, José Maria Marins... O escândalo, que veio à tona em 2015, mostrou a roubalheira que envolveu mais de 150 milhões de dólares. Teve gente que foi para a cadeia, outros até já saíram e alguns morreram.

O caso, que ficou conhecido como Fifagate, assusta principalmente pelo requinte das narrativas das manobras, um claro desrespeito aos pobres inocentes que vestem camisas, gritam, suam, brigam e gastam o que não têm para defender seu time. Na verdade, os dirigentes zombam do torcedor.


O futebol é uma festa, parece enfatizar o diretor da série, Pablo Larrain, que encontrou um jeito quase imparcial e distante para contar sua história. Recorreu à visão de Julio Grondona (vivido pelo ator Luis Margani), grande líder do futebol argentino entre 1979 e 2014, que narra tudo o que sabe a partir da sua confortável posição de morto.

Outro recurso até certo ponto útil é acrescentar uma trajetória paralela, a de Sergio Jadue (interpretado pelo colombiano Andrés Parra), o inexpressivo presidente de um clube de segunda divisão chilena, alçado à conveniente condição de dirigente da Associação Nacional de Futebol do Chile - ANFP - e da Conmebol. Quase um inocente útil.


Como é narrada em idas e vindas, passado e presente, o início de “El Presidente” pode cansar e confundir. Principalmente os menos interessados no assunto podem até desistir antes de chegar ao final dos oito episódios. Mas é importante dizer que, embora confusa, a história do bizarro anti-herói Jadue é mais interessante do que parece e acaba prendendo a atenção.

Uma polêmica investigadora do FBI, Rosário (Karla Souza), e a onipresente e poderosa esposa de Jadue, Nené (Paulina Gaitán), são outros personagens que ajudam a dar cor a essa história rica, cheia de nuances e verdades.


Ficha técnica:
Direção:
Pablo Larrain

Exibição: Amazon Prime Video
Duração: Média de 55 minutos cada episódio
Classificação: 18 anos
Gêneros: Série de TV / Esportes / Ação / Drama
Países: Chile / EUA / Argentina

Tags: #ElPresidente, #AmazonPrimeVideo, #CorrupçãoNaFifa, #Fifagate,  #drama, #seriedetv, #futebol, #crime, #esporte, #cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

26 julho 2020

"Desejo Sombrio" - A vingança é um prato que se come bem devagar

Alma Solares e Darío Guerra vivem um tórrido romance na nova série da Netflix (Fotos: Netflix/Divulgação)

Silvana Monteiro


"Desejo Sombrio" ("Oscuro Deseo") é uma série mexicana produzida pela Argos Comunicación que estreou, dia 15 de julho, a 1ª Temporada no catálogo da Netflix. O suspense dramático já está entre os títulos mais assistidos do momento. A fotografia da série é impecável. As locações são perfeitas e rendem quadros maravilhosos. Alma Solares (Maite Perroni, ex-integrante do grupo musical RBD) é uma mulher bem sucedida, professora universitária de Direito, mãe de Zoe (Regina Pavon), uma jovem irreverente e cheia de conflitos internos, e esposa fiel do famoso e incorruptível juiz Leonardo Solares (Jorge Poza).

O casamento, até então perfeito, começa a dar sinais de alerta. A professora aproveita uma viagem do marido como um vale night. Ela vai chorar as mágoas com  Brenda, sua melhor amiga há décadas. São cúmplices, confidentes e parceiras. Mas será que essa amizade é isso tudo mesmo? Nessa saída noturna, ambas conhecem Darío Guerra (Alejandro Speitzer), um jovem estudante de Direito. Alma passa a noite com ele, mas apesar de ter se deliciado do corpo viril e ardente do moço, ela quer que o fato seja esquecido.


Ah! Mas o destino é traiçoeiro. Na manhã seguinte, a Dra. Solares não vai ter que lidar só com a culpa da infidelidade. Ela terá também que conviver com o fato de que sua amiga está morta e que, de alguma forma, o rapaz nunca antes visto, pode estar ligado ao crime. A partir daí, uma trama cheia de suspense vai se desenrolar.

Brenda cometeu suicídio? Foi morta? Por quem e por quê? Quem é Darío Guerra? Um amante apaixonado ou um sociopata? Essas perguntas são parte do clímax da série. E mesmo atormentando a todos, a Dra. Solares estará loucamente apaixonada pelo misterioso e onipresente estudante. 


Traições, crimes, verdades, mentiras, muito sexo, amor e ódio. Histórias e mortos do passado serão desenterrados. Mais mortes podem acontecer e verdades ocultas virão à tona. Qual a ligação entre Darío Guerra e Brenda e casos investigados no passado pelo juiz Leonardo Solares e seu irmão Esteban?

O enredo é ultra envolvente e tem conexões perfeitas que fazem o telespectador não querer se desligar. É o tipo de história que faz querer ver tudo, sem parar nem mesmo para comer. Ah! Mas de água você vai precisar, pois fogo é o que não falta, tanto no sentido literal, quanto no sentido figurado. Abasteça o squeeze!


A outra parte do clímax da série é o envolvimento de Darío com a família Solares, sobretudo com a jovem Zoe. A dúvida que paira sobre a honestidade do Sr. Juiz e de seu irmão, membro da polícia judicial, faz o telespectador coçar a cabeça e roer as unhas. Se você gosta de tramas forenses, casos policiais, romances proibidos e passionais, provavelmente vai suar com "Desejo Sombrio". Beba muita água e respire fundo: nada é o que parece ser.



Ficha técnica:
Criação:
Leticia López Margalli
Exibição: Netflix
Duração: 35 minutos em média cada episódio
Classificação: 16 anos
País: México
Gêneros: Suspense / Erótico / Série de TV


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