Halle Berry é a mãe que protege os filhos de uma entidade maligna que destruiu o mundo exterior e agora os persegue (Fotos: Lionsgate)
Eduardo Jr.
"A corda é sua linha da vida". Este é o mote do longa "Não Solte!" ("Never Let Go"), do diretor Alexandre Aja. O filme chega às telonas nesta quinta-feira (7), com distribuição da Paris Filmes. Na trama, uma mãe tenta proteger os filhos da entidade maligna que destruiu o mundo exterior e espreita a casa que os protege no meio da floresta.
No elenco, a ganhadora do Oscar, Halle Berry ("John Wick 3: Parabellum" - 2019) é a protagonista June, mãe dos gêmeos Samuel e Nolan (vividos por Anthony B. Jenkins e Percy Daggs IV, respectivamente). Os três precisam se manter conectados à casa. Para sair, só com o uso de uma corda. Se soltarem a corda e forem tocados pelo mal, a tragédia é certa.
A história vem dividida em três atos, e começa sendo narrada por um dos filhos. Só a mãe enxerga a ameaça sobrenatural, e reforça para os filhos que o mundo lá fora acabou, ao ser consumido pela maldade. A família, unida, obedece a um ritual religioso de proteção. Mas tudo começa a mudar quando um dos gêmeos questiona aquelas verdades. Quando esse elo familiar se enfraquece, começam os problemas.
Aí está um dos méritos de Alexandre Aja. O diretor traz a representação do mal para a luz do dia. A tensão, que em muitos filmes se apoia em cenas escuras e sustos, aqui é representada nas aparições de criaturas sob formas humanas em ambientes abertos e claros.
O diretor parece propor uma metáfora sobre a fé, onde duvidar é sinônimo de abrir a porta para que o mal se instale e domine o mundo. Por mais inovadora que seja a proposta, o desenvolvimento deixa questões em aberto. Talvez uma continuação traga as respostas. Em resumo, "Não Solte!" não é exatamente um filme de terror, mas um bom suspense, que aborda crença e dúvida, com um final interessante.
Ficha técnica
Direção: Alexandre Aja Produção: Lionsgate e 21 Laps Entertainment Distribuição: Paris Filmes Exibição: nos cinemas Duração: 1h42 Classificação: 16 anos País: EUA Gêneros: terror, suspense
Entidade maligna persegue casal em produção japonesa de terror (Fotos: Sato Company)
Maristela Bretas
“A Última Invocação” ("The Forbidden Play"), dirigido por Hideo Nakata, chega aos cinemas nesta quinta-feira (31) em um momento que promete tensão e sustos, mas entrega um resultado decepcionante. Apesar de sua data de estreia coincidir com o Halloween, o filme falha em evocar o medo que o gênero de terror deveria proporcionar.
As situações bem previsíveis e a ausência de sustos genuínos frustram o espectador que busca uma experiência mais intensa. As expectativas criadas em torno do nome de Nakata, conhecido por obras como "O Chamado" e “O Chamado 2”, rapidamente se perdem.
Na trama, o protagonista Naoto Ihara (Daiki Shigeoka) vive feliz com a esposa Miyuki (First Summer Uika) e o filho Haruto (Shogaki Minato). Porém, quando ela morre em um acidente, Naoto fica inconsolável. Haruto, em negação, decide enterrar um dedo da mãe no jardim e tenta fazer um ritual de ressuscitação, rezando todos os dias.
Mas o que retorna à vida da família é uma entidade maligna que começa a desencadear uma série de acontecimentos sombrios. Essa proposta, que poderia ser explorada de forma profunda, é tratada com superficialidade, resultando em uma narrativa que se perde na repetição de clichês do gênero.
Paralelo a isso, temos Kurasawa Hiroko (Kanna Hashimoto), ex-colega de trabalho de Naoto e que, no passado, foi apaixonada por ele. Com a morte de Miyuki, a jovem ainda carrega um trauma do passado causado por fenômenos sobrenaturais. Ela e as pessoas à sua volta passam a ser atormentados e perseguidos pela entidade que ocupa o corpo da falecida.
A falta de originalidade na construção dos sustos mina a eficácia do terror. O dedo enterrado no jardim, um símbolo carregado de significado, poderia ter sido explorado de forma mais profunda, conectando-se aos traumas dos personagens e à entidade maligna que os persegue.
No início, a impressão que passa é de que o filme está sendo gravado eme um salão. Depois a produção vai ganhando agilidade, mas pouca credibilidade, com uma narrativa que não surpreende e diálogos fracos.
Também o ambiente muito escuro em algumas cenas aumenta a dificuldade para visualizar detalhes importantes da trama.
As decisões questionáveis dos personagens — como entrar em ambientes sombrios ou voltar a lugares perigosos — geram ainda mais frustração ao espectador.
Especialmente aos fãs do terror que sempre esperam um susto ou um suspense de prender na cadeira. Isso ele não vai ver em "A Última Invocação", como tem acontecido em muitos filmes do gênero nos últimos tempos.
A postura machista, reafirmando uma característica da cultura japonesa, é abordada superficialmente, pelo protagonista Naoto Ihara. Ao mesmo tempo em que ele é contra o assédio a colegas, deixa claro em casa que quem cuida do filho e da arrumação do lar é a mulher.
Quando a esposa ou a mãe dele não estão, o ambiente vira um lixão, ele se entrega ao álcool e o garoto fica sem controle e orientação sobre os riscos que está correndo ao invocar o mal.
O diretor Hideo Nakata traz para a tela muita perseguição sobrenatural a partir do desejo de vingança para justificar traumas provocados por traição, perda e luto. E apresenta como pontos positivos os efeitos visuais das aparições e a maquiagem da entidade maligna, que vai deixando um rastro de sangue e corpos por onde passa.
"A Última Invocação" é uma adaptação do romance de estreia de Shimizu Karma, “Kinjirareta Asobi”, de 2019, premiado em festival japonês. Mas apesar do talento do diretor e do esforço de todo o elenco, deixa muito a desejar.
Ficha técnica
Direção: Hideo Nakata Produção: Toei Company Distribuição: Sato Company Exibição: nos cinemas Duração: 1h50 Classificação: 16 anos País: Japão Gêneros: terror, suspense
O diretor Damien Leone retorna com Art, o Palhaço às telonas no longa mais violento da franquia (Fotos: Diamond Films)
Eduardo Jr.
Para quem achava que todo o estoque de sangue e vísceras já havia sido gasto, se prepare: "Terrifier 3" traz de volta a violência que é marca registrada do diretor Damien Leone. O longa estreia nas telonas brasileiras dia 31 de outubro, em pleno Halloween. Mas desta vez, Art o Palhaço escolheu o Natal para realizar sua vingança contra os irmãos Sienna e Jonathan (personagens de Lauren LaVera e Elliott Fullam), sobreviventes do massacre do segundo longa.
Se a queixa era a falta de um roteiro que justificasse a motivação de Art na produção original de 2016, a continuação de 2022 apresentou uma tentativa de incluir uma história, trazendo elementos de uma ligação com o sobrenatural. Agora em "Terrifier 3", distribuído pela Diamond Films, essa abordagem ganha um pouco mais de força.
Sienna sai de um hospital psiquiátrico para conviver com alguns familiares. Mas a jovem continua abalada psicologicamente e sente que Art está prestes a terminar o que começou determinado a transformar a alegria do Natal em um pesadelo.
A intenção de se criar uma base para a história é apresentada logo nos minutos iniciais, por meio de passagens de tempo. Um corpo decapitado é encontrado no mesmo local onde se encerra o embate entre Art e Sienna em "Terrifier 2". Ali o palhaço renasce, e não está sozinho. Vicky (Samantha Scaffidi), a desalmada alma gêmea do assassino, é outra vilã do filme.
Depois de muito sangue, visões enigmáticas da protagonista, ratos, mais sangue e referências a filmes natalinos e de suspense (como "Psicose" - 1960, por exemplo), vai se revelando uma possessão demoníaca e um possível confronto do bem contra o mal.
O espectador vai se perguntar (depois de algumas reviradas no estômago) sobre alguns pontos não explicados na história. Fica aberta a possibilidade de um quarto filme para amarrar ou explicar esses pontos inseridos na trama. Um novo longa, inclusive, seria uma aposta óbvia, já que a arrecadação da saga do palhaço com referências a personagens do cinema mudo não para de subir.
Bilheterias
A franquia de Art, o Palhaço (interpretado novamente por David Howard Thornton), começou modesta, em 2016, com "Terrifier" (que no Brasil recebeu o título de Aterrorizante"). Um financiamento coletivo colocou no bolso do diretor US$ 100 mil para realizar o primeiro longa.
A continuação de 2022, com orçamento de US$ 250 mil. "Terrifier 2" viralizou por provocar vômitos e desmaios no público e atingir US$ 15,7 milhões nas bilheterias mundiais. Os dois filmes estão disponíveis no Prime Vídeo.
Agora, com o "robusto" orçamento de US$ 2 milhões, o novo longa de Damien Leone chega fazendo barulho, arrecadando nas duas primeiras semanas de lançamento quase US$ 55 milhões no mercado global. Segundo o diretor Damien Leone, "Terrifier 3" se consagra como a maior bilheteria de um filme sem classificação.
Com mais dinheiro, fica perceptível para quem assistiu aos anteriores que houve maior investimento nos cenários e na produção. Mas a qualidade do roteiro não melhora tanto, já que se trata de um terror B, com braços decepados e motosserras e... (esquece, não daremos esse spoiler sobre a melhor cena). É um filme menos pior que o primeiro, mas é um prato cheio para quem gosta de sangue e mortes com requintes de crueldade.
Ficha técnica
Direção: Damien Leone Produção: The Coven Distribuição: Diamond Films Exibição: nos cinemas Duração: 2h05 Classificação: 18 anos País: EUA Gênero: Terror
Demi Moore entrega cenas extremamente fortes e angustiantes, em uma de suas melhores atuações (Fotos: Universal Pictures)
Carolina Cassese
A partir de determinada idade, mulheres são descartadas. É exatamente isso que acontece com a protagonista do filme “A Substância" ("The Substance"), novo longa da diretora francesa Coralie Fargeat. A história é centrada em Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma atriz de Hollywood que passa a trabalhar como apresentadora de televisão.
Logo no começo do body horror, a protagonista descobre que será substituída na emissora, que agora busca uma mulher de 18 a 30 anos para apresentar a atração fitness comandada por Sparkle. Em uma das primeiras cenas do filme, a personagem principal incentiva as espectadoras a conseguir “um corpo de verão”.
Quando vê seu emprego ser ameaçado, Elisabeth decide buscar um programa de “aprimoramento” corporal, conhecido como “A Substância”. O tratamento oferece a possibilidade de você se tornar “uma melhor versão de si mesmo”. A partir de uma injeção autoadministrada, qualquer um pode se tornar uma alternativa mais jovem, bonita e perfeita de si próprio.
A personagem principal, então, recebe diversos equipamentos médicos em sacos plásticos (seringas, tubos, um líquido verde fosforescente e um alimento injetável branco) e é informada sobre o protocolo referente ao seu “novo eu”.
Ao longo das semanas, porém, a nova versão de Elisabeth – uma garota chamada Sue, interpretada por Margareth Qualley – acaba se mostrando mais problemática do que a personagem principal poderia imaginar.
Mesclando elementos de ficção científica com outros componentes frequentemente vistos em filmes de horror, o longa acompanha a nova vida da protagonista, que agora se divide em duas.
Sue leva uma rotina de celebridade, apresentando o programa fitness e sendo filmada a partir de muitos ângulos objetificadores. Enquanto Elisabeth vive cada vez mais isolada, sem conseguir compreender qual é o propósito de sua versão fora dos holofotes.
Em determinado momento, vemos que Elisabeth começa a se comparar com Sue de uma maneira pouco saudável, o que a impede de sair para jantar com um pretendente. Ao observar as imagens do corpo “perfeito” de sua outra versão, a protagonista passa horas se maquiando e, em seguida, fica paralisada, sem conseguir sair de casa.
É triste (e aterrorizante) perceber que aquela mulher se sente inferior a todos, até mesmo ao homem com quem ia jantar, que não parece ter sérias preocupações com a própria estética. Essa é uma das cenas mais violentas do longa, mesmo que não mostre sequer uma gota de sangue.
Vale destacar que a discussão apresentada pelo filme é imprescindível para os dias atuais. Em primeiro lugar, porque vivemos numa sociedade repleta de imagens, em que nos deparamos constantemente com ideais de estética inalcançáveis.
As estrelas de cinema agora dividem a atenção (e a tela) com influencers, especializados em exibir diferentes ângulos de uma vida instagramável. Em “A Substância”, a protagonista está disposta a sentir muita dor para que, por uma versão de si mesma, continue a ser jovem e apareça nas telas.
Além disso – e aqui vai uma perspectiva menos pessimista sobre o momento em que nos encontramos–, o filme dialoga com discussões contemporâneas sobre etarismo e outros tipos de preconceitos que inevitavelmente são associados com o sistema patriarcal.
Debatemos cada vez mais acerca das imposições machistas dirigidas às mulheres e, nesse sentido, “A Substância” aborda um assunto muito atual (mesmo que não seja novo).
Podemos lembrar aqui de uma frase da atriz e ativista Jameela Jamil, que em 2018 publicou um texto sobre preconceito estético no site da Glamour: “E quantas mulheres você conhece, incluindo você mesma, que gastam mais tempo e dinheiro do que os homens com aparências?
Esse é um dinheiro que poderia ter sido investido em nossas vidas ou negócios. E o que dizer das mulheres que comem menos calorias ou dietas balanceadas do que seus corpos precisam?”.
Em “A Substância”, percebemos como as mulheres são frequentemente reduzidas a números e tamanhos. Até mesmo ao ligar para o programa de aprimoramento corporal, Elisabeth só é reconhecida quando fala um número que a identifica como participante do programa.
O filme evidencia ainda como a mídia contribui para a reificação das mulheres, mesmo em atrações que aparentemente valorizam o “feminino”, exibindo apenas uma série de corpos magros e padronizados. Quantas vezes já vimos vídeos extremamente objetificadores que chegam a usar uma linguagem de “empoderamento”?
Essa crítica fica ainda mais explícita quando consideramos o nome do filme em inglês, já que “substance” também significa “conteúdo”. Em determinadas atrações midiáticas, pouco se discute sobre o que as mulheres pensam – elas estão ali primordialmente para enfeitar.
Percebemos, então, que não é pequena a importância do tema que Coralie Fargeat se propõe a abordar. Nas primeiras partes da história, a crítica é especialmente bem construída e o horror se encontra em diferentes elementos da trama.
Destacamos aqui o excelente trabalho de Demi Moore, responsável por cenas extremamente fortes e angustiantes. Além disso, é preciso elogiar o ritmo da história, que mescla diferentes gêneros e, definitivamente, prende a atenção do espectador.
É o terceiro ato do longa que representa o momento mais contraditório de “A Substância”, já que parte do público pode achar que as cenas são demasiadamente violentas. O tom perturbador, porém, não chega a destoar das demais partes: pode-se compreender que o exagero é proposital e ajuda a reforçar a violência do processo vivido pela protagonista.
É certamente um dos horrores da condição feminina se sentir exposta a uma constante plateia de homens brancos, dispostos a “avaliar” e comparar mulheres.
Na última parte, Elisabeth está cada vez mais desamparada, enquanto Sue se obriga a estampar um sorriso (porque “meninas bonitas devem sempre sorrir”) e segue com a busca incessante de se tornar muito famosa. Nós sabemos, no entanto, que muito não é o suficiente: em Hollywood, ou no mundo do Instagram.
Os padrões costumam se ajustar para que seja constantemente necessário realizar mais um tratamento como o da “Substância”. As injeções nunca acabam – e há sempre uma nova maneira de encontrar “a sua melhor versão”.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Coralie Fargeat Produção: Universal Pictures, Working Title Films Distribuição: Imagem Filmes e MUBI Exibição: nos cinemas Duração: 2h20 Classificação: 18 anos País: EUA Gêneros: terror, drama, ficção
James McAvoy tenta salvar remake de terror, mas roteiro fraco não ajuda muito (Fotos: Universal Pictures)
Maristela Bretas
Não adiantou ter no elenco os ótimos James McAvoy e Mackenzie Davis. O roteiro e a direção de James Watkins não ajudaram a nova versão norte-americana de "Não Fale o Mal" ("Speack No Evil"), em cartaz nos cinemas.
Com cenas óbvias, sem nenhuma surpresa para o público sobre o que acontecerá a seguir, o filme é uma sucessão de situações que subestimam a inteligência do espectador, com um terror que deixa a desejar. No máximo pode-se dizer que é um suspense (que não surpreende).
Ao invés de explorar as nuances e a tensão do original, o remake opta por um caminho mais previsível e violento, perdendo a atmosfera de desconforto e estranhamento que caracterizou a versão dinamarquesa dirigida por Christian Tafdrup e exibida em 2022.
A série de sustos baratos e revelações óbvias tomam o lugar do tão esperado terror psicológico, deixando o espectador entediado e insatisfeito.
O roteiro de James Watkins falha em desenvolver os personagens de forma convincente. Apesar do talento de McAvoy e Davis, suas performances ficaram limitadas. A falta de coesão entre as diferentes partes do filme resulta em uma experiência fragmentada e pouco impactante. E de "Fragmentado", o ator entende bem, graças à sua excelente atuação como um assassino de múltiplas faces no filme de M.Night Shyamalan de 2017.
Neste remake, uma família dos Estados Unidos que mora em Londres, após se aproximar de uma família britânica durante suas férias na Itália, aceita um convite para passar um final de semana em sua casa de campo. Este início segue uma linha muito semelhante ao filme original.
Inicialmente, o cenário parece perfeito, oferecendo uma pausa tranquila. No entanto, o que deveria ser um fim de semana relaxante logo se transforma em um pesadelo sombrio, com os anfitriões Paddy (McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi) agindo de forma estranha e violenta, especialmente com o filho Ant (Dan Hough).
A partir daí começam as diferenças entre as duas produções na forma de condução dos roteiros. Na nova versão, os visitantes Ben (Scoot McNairy), Louise Dalton (Mackenzie Davis) e a filha Agnes (Alix West Lefler) precisam encontrar uma forma de escapar daquele lugar esquecido no meio do nada. A produção norte-americana tende para um final tenso, porém mais "bonzinho" que seu antecessor.
No cinema, diversas pessoas que assistiram o filme original, e até mesmo algumas que só viram esta versão saíram desapontadas e reclamando da forma como a trama foi tratada. Vale por James McAvoy, mas não é dos seus melhores trabalhos.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: James Watkins Produção: Universal Pictures e Blumhouse Pictures Distribuição: Universal Pictures Exibição: nos cinemas Duração: 1h50 Classificação: 18 anos País: EUA Gêneros: terror, suspense
Efeitos visuais, maquiagem e trilha sonora garantem boa diversão na nova produção de Tim Burton (Fotos: Warner Bros. Pictures)
Maristela Bretas
Um filme repleto de referências ao antecessor, inclusive no elenco, novos rostos famosos e ótimos efeitos visuais. Este é "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" que estreia nesta quinta-feira (5) nos cinemas.
Para quem curtiu o primeiro filme, "Os Fantasmas Se Divertem" (1988), o diretor Tim Burton provoca uma sensação boa de nostalgia ao trazer de volta a seus papéis originais os atores Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O'Hara, além de usar parte da antiga trilha sonora.
Beetlejuice não poderia ser interpretado por outro ator e Keaton retorna ao papel de estrela do longa, mantendo as mesmas caras, bocas, bizarrices e sacanagens com mortos e vivos para conseguir o que quer. E ainda tentar se casar com Lydia (Winona), mesmo depois de ter sido "despachado" por ela, de volta para a maquete, há 36 anos.
Também Winona Ryder está muito bem no papel da ainda gótica Lydia, agora uma viúva, com um programa de TV sobre aparições de fantasmas e mãe de Astrid (Jenna Ortega, de “Pânico VI” - 2023), uma adolescente rebelde que tenta evitar a mãe de todas as formas. Papel muito parecido com o interpretado por Winona no primeiro filme há 36 anos. E pior, atormentada novamente pelo fantasma listrado.
Jenna Ortega já havia trabalhado com o diretor em "Wandinha" (2023), da Netflix. Da série, Tim Burton também chamou para "Os Fantasmas Ainda se Divertem" o roteirista Alfred Gough e Miles Millar, o designer de produção Mark Scruton e o montador Jay Prychidny. O resultado foi uma produção com ótimos efeitos visuais, especialmente no uso de maquete no início, maquiagem e um bem aplicado stop-motion.
Neste retorno, uma tragédia inesperada na família Deetz reúne Lydia, sua madrasta Delia (Catherine O'Hara, de "Argylle - O Superespião" - 2024) e a filha Astrid na antiga casa em Winter River, ainda assombrada por Beetlejuice.
Lydia, agora namorando Rory (Justin Theroux, de “Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi”- 2017), produtor de seu programa de TV, tem sua vida virada ao avesso. A situação piora quando Astrid descobre no sótão da mansão a antiga maquete da cidade feita por seu avô, que mantém preso o fantasma listrado, e o portal pós-vida é aberto.
Um descuido pode trazer Beetlejuice de volta, junto com vários habitantes do outro mundo. Como os "Cabeças Pequenas, o ator Jackson (interpretado por Willem Dafoe, de “Pobres Criaturas” - 2023), que se acha um policial, ou uma noiva vingativa de nome Delores (Monica Bellucci, de “007 Contra Spectre” - 2015).
Mônica Bellucci, que é noiva do diretor Tim Burton, poderia ter seu talento melhor explorado. Mas mesmo com pouquíssimas falas, tem uma presença marcante, graças também à sua beleza. Outro que fez uma rápida participação, mas sempre especial, foi Danny DeVito. O filme ainda contou com a participação do estreante no cinema Arthur Conti.
Além das boas atuações do antigo elenco e dos efeitos visuais, chama atenção a trilha sonora, com músicas do longa de 1988 como "Banana Boat" ("Day-O"), com Harry Belafonte, tocada na cena do jantar, uma das melhores de "Os Fantasmas se Divertem".
Tem também o hit dançante dos anos 80, "MacArthur Park", com Donna Summer, e vários outros sucessos. "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" é um filme para matar saudade dos fãs e uma boa distração, bem no estilo fantasioso e multicolorido de Tim Burton.
Ficha técnica
Direção: Tim Burton Produção: Warner Bros. Pictures, Geffen Company Distribuição: Warner Bros. Pictures Exibição: nos cinemas Duração: 1h44 Classificação: 14 anos País: EUA Gêneros: terror, comédia, fantasia
O aguardado "O Corvo" ("The Crow"), dirigido por Rupert Sanders e estrelado Bill Skarsgård e FKA Twigs, já chegou aos cinemas brasileiros carregado com a sensação de que talvez essa nova versão não fosse necessária. Especialmente se consideramos o marketing tímido que acompanhou a produção.
Diferente do que muitos podem imaginar, o filme não é um remake do clássico de 1994, mas sim uma adaptação inspirada no famoso poema "The Raven", escrito por Edgar Allan Poe em 1845.
A história segue Eric Draven (Skarsgård) e Shelly Webster (Twigs), um casal apaixonado que é brutalmente assassinado. Eric, em um ato sobrenatural, retorna dos mortos com o objetivo singular de vingar a morte da amada e a sua própria. O filme, no entanto, começa tropeçando na falta de química entre os protagonistas.
O romance entre Eric e Shelly é apresentado de maneira apressada e superficial, dificultando que o público se envolva emocionalmente com a relação dos dois. A escolha da cantora e compositora FKA Twigs para o papel da protagonista parece mais uma tentativa de atrair os fãs do que uma decisão acertada para o desenvolvimento da personagem.
O vilão, por sua vez, é outro ponto fraco. Com uma presença apagada e mal desenvolvida, ele não consegue impor a ameaça necessária para que a trama ganhe força. Seu principal poder, o "cochicho de Satanás", até gera alguma curiosidade, mas falta-lhe a motivação para realmente se destacar como antagonista.
Visualmente, o filme tenta emular uma estética gótica e sombria, com cenas de ação que parecem inspiradas na franquia "John Wick". Infelizmente, o resultado raramente atinge o impacto desejado. Uma exceção é a cena ambientada na ópera, onde a montagem, a trilha sonora e a ação se unem de maneira eficaz, criando um momento que se destaca em meio à mediocridade do restante do filme.
No entanto, o corvo, que deveria ser a peça central e simbólica da narrativa, acaba se tornando um figurante de luxo, sem o peso que se esperava.
A jornada de vingança de Eric é confusa e mal explorada, deixando o espectador desorientado em vários momentos. A tentativa de criar uma atmosfera sobrenatural se perde em meio à falta de clareza e coesão narrativa, tornando difícil para o espectador acompanhar a trajetória do protagonista.
Apesar de seus muitos defeitos, o filme consegue apresentar alguns pontos positivos, como a estética dark e a tentativa de dialogar com um público jovem. Algo que Rupert Sanders já havia explorado em "Branca de Neve e o Caçador" (2012) e "A Vigilante do Amanhã" (2017).
A temática do luto e da perda, bem como a busca por justiça por meio da vingança, são elementos interessantes, mas não explorados de maneira profunda o suficiente para causar um impacto real. A ideia de como a vingança pode moldar o caráter do ser humano é levantada, porém mal desenvolvida.
Esta versão de "O Corvo", de 2024, será dificilmente lembrada, caindo na mesma categoria de filmes como "Demolidor: O Homem Sem Medo" (2003) e "Elektra" (2005) – obras que, apesar de não serem desastrosas, carecem de conteúdo e rapidamente desaparecem da memória do público.
É uma tentativa frustrada de reinventar uma história clássica, resultando em um filme com uma narrativa fraca e personagens sem brilho.
Ficha técnica:
Direção: Rupert Sanders Produção: Edward R. Pressman Film Corporation, Davis Films, Relativity Media, Electric Shadow Productions Distribuição: Imagem Filmes Exibição: nos cinemas Duração: 1h51 Classificação: 18 anos País: EUA Gêneros: ação, policial, suspense
Thriller de ficção científica retorna às raízes da franquia e mostra características de “Alien, o 8º Passageiro” e “Prometheus” (Fotos: 20th Century Studios)
Após décadas de sucesso, “Alien: Romulus” , em cartaz nos cinemas, retorna às raízes da franquia de sucesso iniciada em 1979 com "Alien, o 8º Passageiro, e que teve diversas sequências.
O longa da vez é ambientado entre o primeiro e a versão de 1986, "Alien, O Resgate", dirigido por James Cameron e que marcou a volta de Sigourney Weaver ao papel principal que a consagrou no longa original.
Agora o longa acompanha um grupo de novos e jovens colonizadores que se aventuram em uma missão em busca de liberdade e paz e acabam nas profundezas de uma estação espacial abandonada. No local, eles se deparam com uma criatura aterrorizante que ameaça a sobrevivência da equipe.
A franquia “Alien” é uma das mais clássicas do cinema de terror de ficção científica. Todos os filmes juntos arrecadaram mais de US$ 1,6 bilhão em bilheteria, sendo “Prometheus” (2012) o mais rentável, com US$ 403,4 milhões.
A história do novo filme é bem explorada. Do início ao fim, o longa é envolvente. O ambiente claustrofóbico e o terror psicológico à espera de um novo ataque da criatura contribuem para manter o espectador tenso e ansioso por cada cena. Som e efeitos visuais são os destaques da produção.
O elenco jovem é formado por Cailee Spaeny (Rain), Isabela Merced (Kay), Aileen Wu (Navarro), David Johnsson (o andróide Andy) e Archie Renaux (Tyler), sob a direção do uruguaio Fede Alvarez, conhecido por filmes como "Millennium - A Garota da Teia de Aranha" (2018).
Um dos produtores é Ridley Scott, que dirigiu o primeiro filme da franquia, protagonizado por Sigourney Weaver, e "Alien: Covenant" (2017), com Michael Fassbender no papel principal.
Cada filme não só manteve o terror e a tensão, mas também trouxe novos elementos para a história, contribuindo para a longevidade e êxito contínuo da icônica franquia “Alien”. Com a chegada de "Alien: Romulus", os fãs estão ansiosos por mais histórias da saga.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Fede Alvarez Produção: Scott Free Productions, 20th Century Studios Distribuição: Disney Pictures Exibição: nos cinemas Duração: 1h59 Classificação: 16 anos País: EUA Gêneros: terror, ficção, suspense
Maika Monroe interpreta uma agente do FBI misteriosa e arredia que investiga um serial killer violento e aterrorizador (Fotos: Diamond Films)
Maristela Bretas
Confuso no início, "Longlegs - Vínculo Mortal", que estreia nesta quinta-feira (29) é um filme tenso e violento, que tem como destaque Nicolas Cage (que também é um dos produtores).
Apesar das atuações impecáveis dele e de Maika Monroe, sai da sessão sem conseguir digerir o que tinha acabado de assistir. Não sei se considero como uma produção boa demais ou só mais um filme perturbador que fica dando voltas para explicar a ligação dos protagonistas.
Ao longo do filme, a confusão inicial, que se assemelha à da mente da personagem Lee Harker, vai se explicar e antes do meio já dá para saber o que houve, quais as conexões e como a história vai terminar. Dá a impressão de que o diretor usa muitas imagens aleatórias para "encher linguiça". No final, algumas são explicadas e outras vão continuar sem propósito e dispensáveis.
Além da atuação como um serial killer impiedoso, destaco a ótima maquiagem do personagem de Nicolas Cage, que dá nome ao filme. Ela o torna irreconhecível e assustador. Fez toda a diferença a escolha dele para o papel.
Segundo o responsável pela maquiagem, Harlow MacFarlane, a fonte de inspiração para a concepção deste visual foi intencional, baseada numa memória da infância do ator, que se surpreendeu com a imagem de sua mãe fazendo skincare.
Maika Monroe também não fica atrás interpretando Lee Harker, a agente do FBI solitária e silenciosa, de passado nebuloso. É ela, com sua mente atormentada, quem direciona o filme ao investigar Longlegs, estudando a fundo seu perfil tenebroso.
Somente Lee é capaz de decifrar as pistas com símbolos deixadas pelo assassino nas cenas do crime. Mas o que mais a perturba são as visões provocadas pela à medida que se aproxima dele.
O diretor e roteirista Osgood Perkins (filho do ator Anthony Perkins, de "Psicose") manteve o visual de Longlegs em segredo até mesmo da atriz, para garantir que o público sentisse a mesma antecipação que a protagonista ao finalmente encontrá-lo.
O elenco conta ainda com as participações de Alicia Witt, como Ruth Harker, mãe de Lee, e Blair Underwood, como o chefe de Lee no FBI, além de outros.
O longa tem três pontos positivos que podem agradar ao público: o design de som, que explora bem os momentos, tanto de ação quanto de silêncio, aliado à trilha sonora que foge um pouco às usadas normalmente em filmes de terror.
O segundo ponto é a fotografia (dirigida por Andres Arochi), que dá a dimensão dos ataques de Longlegs, ao mesmo tempo em que preenche lagunas formadas na mente de Lee Harker.
"Longlegs - Vínculo Mortal" vai dividir opiniões, com certeza. Ele está entre um dos filmes do gênero mais comentados no momento, colocando-o como o terror do ano. Não sei se chega a tanto, mas vale ser conferido, especialmente pelas atuações dos protagonistas e da atmosfera de suspense que provoca, que lembra o excelente "O Silêncio dos Inocentes" (1991).
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Osgood Perkins Produção: Black Bear Productions Distribuição: Diamond Films Exibição: nos cinemas Duração: 1h41 Classificação: 18 anos País: EUA Gêneros: terror, policial
Mia Goth retorna ao papel de Maxine Minx, uma ex-atriz de filme pornô agora em ascensão ao estrelato em Hollywood (Fotos: Universal Pictures)
Maristela Bretas
Último filme da trilogia iniciada em 2022 estreia nesta quinta-feira (11) nos cinemas o longa "MaXXXine", dirigido e roteirizado por Ti West. Mia Goth retorna ao papel de Maxine Minx, única sobrevivente do massacre de "X – A Marca da Morte".
No entanto, este terceiro filme, mesmo com algumas mortes violentas e sangue jorrando, é fraco como terror slasher americano, ao contrário de seu antecessor e do prequel "Pearl" (do mesmo ano), que podem ser conferidos no Prime Vídeo.
Ambientado em Los Angeles dos anos 1980, a estrela de filmes adultos e aspirante a atriz, Maxine Minx, conquista a chance de fazer sua estreia na telona. Mas quando um misterioso assassino começa a perseguir justamente as jovens atrizes de Hollywood, uma trilha de sangue ameaça revelar o passado sinistro de Maxine.
"MaXXXine" ficou uma produção comum, perdida entre ser um filme B e um terror sem originalidade, apesar de um elenco formado por rostos conhecidos. Isso pode decepcionar alguns fãs que aguardavam que a sequência mantivesse os mesmos moldes dos primeiros.
Incomoda também o roteiro que conduz para um final quase previsível. Se nos dois longas anteriores, Mia Goth protagonizou cenas violentas mais marcantes, neste ela é quase uma coadjuvante (mesmo sendo uma das produtoras do filme junto com Ti West).
O longa tem na atuação de Kevin Bacon o maior destaque do elenco. Ele domina os momentos em que aparece, inclusive os divididos com Mia Goth. Outros dois que também poderiam ter sido melhor aproveitados foram Giancarlo Esposito e Lily Collins. Completam o elenco Michelle Monaghan, Bobby Cannavale, Elizabeth Debicki, Moses Sumney e Halsey.
Usando de muitas cenas em ambientes escuros ou iluminados por luzes roxas, o diretor utiliza flashbacks para tentar explicar situações do passado. Mas as mudanças repentinas de cenas interrompem a narrativa e confundem o espectador. "MaXXXine" ficou a desejar como slasher e como a produção de encerramento de uma trilogia que atraiu milhares de fãs.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Ti West Produção: A24, Focus Features Distribuição: Universal Pictures Exibição: nos cinemas Duração: 1h44 Classificação: 18 anos País: EUA Gêneros: terror, suspense