Jean-Pierre Bacri e todo o elenco apresentam boas interpretações que não deixam o filme cair no estilo pastelão (Fotos: Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Para início de conversa, é muito difícil entender o que faz
um tradutor forçar a barra ao ponto de transformar "Le sens de la
fête" em "Assim é a Vida". Foi isso que aconteceu com o longa
dirigido por Eric Toledano e Olivier Natache, responsáveis pelos ótimos
"Os Intocáveis" e "Samba", ambos de sucesso. Com um título
desses, mais parecido com nome de bolero antigo, fica quase impossível para o
público imaginar que não se trata de nenhum dramalhão, mas sim de uma deliciosa
comédia dramática que nada tem a ver com o título.
Apesar de alguns clichês, o filme tem um humor fino e
inteligente que, ao final das contas, faz uma crítica veemente aos abusos
cometidos por casais na produção de suas festas de casamento. Pelo jeito, não é
só no Brasil que os matrimônios viraram eventos de superprodução, com detalhes
e exageros que beiram a cafonice. Na França também é assim. Na ânsia de ser
granfina, muitas dessas festas perdem o sentido de celebração para ganhar
pompas impessoais dignas de um show de rock. Não é à toa que o nome do filme em
francês se refere ao "sentido da festa".
Além de dirigirem, Eric Toledano e Olivier Natache criaram
um roteiro criativo: promotor de festas e eventos há mais de 30 anos, Max
(Jean-Pierre Bacri) está vivendo um momento particularmente difícil na vida, ao
mesmo tempo em que organiza uma megafesta de casamento que vai acontecer num
majestoso castelo do século XVII, onde os garçons devem ir vestidos de lacaios
do rei. Casado, e vivendo um romance com uma colega de trabalho (Suzanne Clèment),
ele não sabe como resolver sua vida afetiva e sofre com isso.
Mas não é só ele. No desenrolar do filme, o espectador vai
descobrindo que cada um da equipe que Max contratou para a festa carrega seu
pequeno drama particular, alguns bizarros. Do fotógrafo solitário e comilão,
que não se conforma de estar perdendo espaço para os celulares cada vez mais
potentes, ao garçom apaixonado pela noiva, passando pelo músico vaidoso e uma
assistente sempre disposta aos palavrões e agressões, o grupo contratado por
Max bem que poderia fazer com que o filme caísse no pastelão e na fanfarronice.
Mas não é isso que acontece.
"Assim é a vida", talvez pela direção e atuações
comedidas, não descamba para o exagero. Pelo contrário, mantém a classe de
filme francês, embora, de vez em quando caia em uma ou outra situação que
lembra as manjadas comédias românticas americanas, cujo compromisso com o real
beira o zero. Jean-Pierre Bacri como Max, Gilles Lellouche como o músico
egocêntrico e canastrão, Eye Haidara como a assistente Adèle - de estopim curto
-, Benjamin Lavernhe como o noivo prepotente e sem noção e todos os demais
fazem o que deve ser feito, sempre na medida.
As vaidades individuais em detrimento do funcionamento perfeito do todo e a ideia de que o simples pode ser mais bonito e chique do que o pomposo são algumas das lições que podem ficar do filme.
Classificação: 12 anos // Duração: 1h57
As vaidades individuais em detrimento do funcionamento perfeito do todo e a ideia de que o simples pode ser mais bonito e chique do que o pomposo são algumas das lições que podem ficar do filme.
Classificação: 12 anos // Duração: 1h57
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