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26 junho 2020

"Feel The Beat” - Um passo atrás para chegar a um lugar melhor

Sofia Carson é a dançarina que terá de rever sua vida e seu comportamento para voltar a brilhar (Fotos: Netflix/Divulgação)

Silvana MonteiroEspecial para o blog


Quer amaciar um coração duro como pedra e conquistar um sonho sem pisar em outras pessoas. Então assista "Feel The Beat", produção da @Netflix que estreou no dia 19 de junho e está entre os filmes mais vistos desta semana. Chegou ao top 2 de títulos. O enredo discute persistência, garra, busca pela realização profissional e, mais do que nunca, como uma jovem com um temperamento difícil vai ter que se estabacar, no mais amplo sentido da palavra, e compreender que não precisa ser arrogante e cruel pra se dar bem na vida.


A obra é um bom exemplo de que não se deve seguir um sonho às cegas, sem dar valor às pessoas e circunstâncias que te guiaram até ele.  É um daquelas histórias que perpassa pela insolência da protagonista, até sua queda e seu renascimento permeado de humanidade e empatia. Segue muito a linha de produções românticas, indicadas para verem vistas com a família, como as da Disney.

Coincidência ou não, a protagonista escolhida foi Sofia Carson, da franquia "Descendentes" (2015), também da Disney Studios. Ela interpreta April, uma bailarina do interior que busca, incansavelmente, pela fama na Broadway. Para isso, trocou sua cidadezinha e largou pra trás o pai (Enrico Colantoni) e o namorado Nick, vivido por Wolfgang Novogratz, ator que tem sido bem requisitado para comédias românticas teen da Netflix, como "Nosso Último Verão" (2019) e "Você Nem Imagina" (2020), ambas em exibição na plataforma.


Falar em exposição vergonhosa nas redes sociais é pouco pra descrever a trajetória da jovem, disposta a tudo para conseguir um lugar como bailarina em um musical da Broadway. Até mesmo jogar uma professora palco abaixo, ter esse momento gravado e viralizado na internet e se expor diante de um jurado pelas avenidas da capital do mundo.


Ah, mas pra conquistar tudo que ela quer, o destino vai fazê-la voltar para tudo que deixou. O primeiro desafio é ensinar um grupo de meninas desengonçadas do estúdio de dança da comunidade e que ainda é dirigido por sua antiga professora Barb, interpretada por Donna Lynne Champlin. Esse é o clímax do filme.


É bem fácil o telespectador experimentar amor e ódio por April ao vê-la ensinando de forma perversa menininhas indefesas, diga-se maltratando as alunas, ao mesmo tempo em que tenta se reerguer do fracasso pessoal e voltar a brilhar.


Mas acima de tudo, precisará entender que respeito, empatia e o amor de seu pai, do ex-namorado e do povo de sua cidade são bem mais importantes que a fama pura e simples. Uma produção leve, com muita dança e boa fotografia - a região de Wisconsin, terra natal de April, proporciona um belo visual. Ideal para relaxar e assistir com a família no sofá, com bastante pipoca.


Ficha técnica:
Direção: Elissa Down
Distribuição: Netflix
Duração: 1h49
Gêneros: Comédia / Família / Romance
País: EUA
Classificação: Livre

Tags: #FeelTheBeat, @NetflixBrasil, @SofiaCarson, @WolfgangNovogratz , #Liçãodevida, #dança, #filmeparaafamília, #esperança, #comedia, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

26 maio 2020

"Arremesso Final" traz um novo panorama sobre o maior time de basquete da história


Minissérie da Netflix narra a odisseia de Michael Jordan à frente dos Bulls (Fotos: Netflix/Reprodução)

Wallace Graciano


Amigos leitores, agora que o hype passou, posso lhes confirmar categoricamente: “The Last Dance” é, sem dúvida, a maior série documental já feita no âmbito esportivo e uma das mais belas obras biográficas já produzidas. Mais do que simplesmente fazer uma retrospectiva sobre a última temporada de Michael Jordan no Chicago Bulls, “Arremesso Final”, como foi traduzido no Brasil pela Netflix, oferece uma reflexão sobre o porquê jogador e time entraram para o panteão da história do basquete. Tudo porque a minissérie deixa de lado o arquétipo do herói perfeito e busca humanizá-los.


Durante seus 10 episódios, vimos Jordan, Scottie Pippen, Dennis Rodman e companhia duelarem contra os mais diversos rivais, seja dentro ou fora de quadra. Para além da bola quicando, o documentário traz à tona tudo o que envolveu os seis títulos conquistados pelos Bulls, mostrando os bastidores da equipe e todo o lado psicológico que envolveu o time.



Ao revelar essa faceta dos heróis de Chicago da década de 1990, “Arremesso Final” desfaz o mito do herói tão comum em construções biográficas. Nela, Jordan é perfeitamente retratado como alguém temperamental, que tem compulsão pelo sucesso e ataca seus companheiros por isso. Indo e voltando na linha do tempo, traz os bastidores e dificuldades que o jogador enfrentou para se tornar o maior mito do esporte norte-americano. 



Os bastidores, por sinal, são um ponto à parte. Paralelamente em meio ao período que a NBA consolidava-se e expandia seus mercados ao redor do mundo, crescia os mecanismos de registro visual. Assim, a série é recheada de imagens daquele time dos sonhos, mostrando a dificuldade na qual o técnico Phil Jackson teve para guiá-los ao hexacampeonato. 

Outro ponto interessante é colocar Jordan, aos 57 anos, em confronto com seus antigos desafetos das décadas de 1980 e 1990, ou mesmo contra a diretoria dos Bulls, que não permitiu que ele e seus companheiros buscassem o hepta. 



Não obstante, para aliviar um pouco a narrativa do lado obsessivo de Jordan e seus companheiros, a série traz de forma paralela o impacto dos Bulls e da NBA na década de 1990, citando até mesmo o mítico tênis Air Jordan e como moldou o comportamento de uma geração. 

Se você ainda não viu “The Last Dance”, desmarque seus compromissos e acesse à Netflix tão logo possa. Se não gosta do esporte, siga o mesmo caminho. Afinal, a série não narra apenas uma odisseia esportiva vitoriosa. Traz a humanização dos mitos que moldaram uma geração e o porquê foram a melhor propaganda que o basquete pôde ter.


Ficha técnica
Diretor: Jason Hehir
Produção: Netflix
Número de episódios: 10
Duração de cada episódio: 51 minutos
Gêneros: Documentário / Esporte
Classificação: 16 anos

Tags: #ArremessoFinal, #TheLastDance, @MichaelJordan, @ChicagoBulls, #basquete, #documentário, @NetflixBrasil, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

14 fevereiro 2020

"História de um Casamento" ou: quando os tribunais se sobrepõem ao afeto

Scarlet Johansson e Adam Driver protagonizam o longa dirigido por Noah Baumbach ganhador de vários prêmios
(Fotos: Netflix/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


O fracasso de um romance, com o consequente rompimento do relacionamento costuma resultar em ótimos e comoventes roteiros. Tanto a comédia quanto o drama já se ocuparam do tema, tão universal e, ao mesmo tempo, tão íntimo. Talvez resida aí, nesse paradoxo, o interesse do público, mais curioso sobre a forma do desgaste que parece inevitável do que propriamente sobre o conteúdo do fracasso.

Pois é exatamente esse o caso de "História de um Casamento", celebrado longa de Noah Baumbach produzido pela Netflix, que colecionou muitos prêmios neste ano: no Globo de Ouro faturou Melhor Filme Dramático, Melhor Ator (Adam Driver), Melhor Atriz (Scarlet Johansson) e Melhor Roteiro. No Oscar, levou a estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante para Laura Dern, fora as indicações de Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Atriz.


"História de um Casamento" é, sem dúvida, um bom filme, mas que ninguém espere dele a profundidade de "Cenas de um Casamento", de Ingmar Bergman, que encantou plateias mundo afora no início da década de 70. Frequentemente, sites especializados e cinéfilos não resistem à comparação, quase inevitável. Acontece que o tempo passou, a fila andou e, agora, trata-se de um filme tipicamente norte-americano. Saem os toques humanos, sensíveis e filosóficos daquele tempo e, em seu lugar, entram disputas jurídicas entre advogados que brigam não só pelo dinheiro e pelas propriedades, mas também pela guarda do filho do casal e - acreditem - até pela comarca onde o processo todo deve se desenrolar: Los Angeles (onde ela mora), ou Nova York (onde ele vive)?


Os fatos: o filme já começa com Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlet Johansson) em crise que, tudo indica, não é grave. Os dois, que parecem ter vivido relativamente felizes e cheios de planos para eles e para o filho Henry (Azhy Robertson), dão sinais, desde o início da história, de que tentam melhorar a relação. Frequentam psicoterapias, procuram fazer o que mandam os psicólogos e, principalmente, falam sobre o desgaste que, a princípio, parece pequeno e perfeitamente contornável.


Como pessoas modernas que são - ele diretor de teatro e cinema, e ela atriz -, o casal segue no diálogo civilizado mesmo quando decide se separar, até que entra em cena a figura de um advogado. Mais precisamente, de uma advogada, Nora Fanshaw, papel magistralmente feito por Laura Dern. É praticamente a partir daí que o filme começa a esquentar, tudo dentro do mais típico cenário norte-americano, onde a grana fala mais alto do que qualquer sentimento, onde o jurisdiquês predomina sobre o amor, impregnando e distorcendo o que pudesse restar de afeto e boas intenções.


Muitos acham o longa arrastado, o que é verdade. Mas talvez seja o caso de perguntar: não é realmente arrastada, lenta e inócua a burocracia da Justiça? Por que falar estritamente da guarda de um filho se o que importa é o tipo de escola que ele vai frequentar - em Los Angeles ou Nova York? Por que promover o diálogo se a ideia é exatamente opor o homem à mulher, numa disputa de gênero que parece nunca ter fim? Típico filme de tribunais, "História de um Casamento" talvez não caiba no rol das histórias que falam sobre relacionamento afetivo.



Ficha técnica:
Direção: Noah Baumbach
Distribuição: Netflix Brasil
Duração: 2H17
Gênero: Drama

Tags: #HistoriaDeUmCasamento, #MarriageStory, @ScarlettJohansson, @AdamDriver, #drama, @NetflixBrasil, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho