Mostrando postagens com marcador @TimotheeChalamet. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador @TimotheeChalamet. Mostrar todas as postagens

18 fevereiro 2019

Duro e comovente, "Querido Menino" fará você esquecer tudo o que viu sobre jovens drogados

Steve Carell e Timothèe Chalamet interpretam pai e filho vivendo o drama para vencer o vício que desestrutura toda a família (Fotos: François Duhamel/Amazon)

Mirtes Helena Scalioni


Há filmes, às vezes até fortes, dos quais a gente se esquece assim que sai do cinema ou, no máximo, no dia seguinte. Não é o caso de "Querido Menino" ("Beautiful Boy"), drama dirigido por Felix Van Groeningen, baseado em fatos reais. Possivelmente, durante algum tempo, o espectador vai refletir e tentar compreender a dor e a aflição daquele pai que faz o impossível para salvar o filho das drogas. Histórias sobre jovens drogados há muitas. Mas essa é diferente. E impacta de forma tão contundente exatamente porque não se limita ao maniqueísmo. Não há lições de moral, demonização, vilões nem mocinhos. Não há culpados nem inocentes. 

David Sheff é um jornalista e escritor bem sucedido que vive numa casa linda com sua segunda mulher Karen e três filhos: os dois menores, lindos e saudáveis, e o adolescente Nic, fruto do seu primeiro casamento com Vick. A vida seria um permanente comercial de margarina se Nic não tivesse se metido com drogas pesadas. O mais inesperado é que pai e filho vivem bem. Não brigam, são amorosos um com o outro, têm cumplicidade e afeto. Ou seja: ninguém errou. O menino foi bem criado, ia bem na escola, era amigo dos irmãos. A pergunta que fica é: como isso pode acontecer?

Essa é, aliás, a pergunta que David Sheff se faz durante todo o filme. O olhar e as expressões dele refletem isso. Numa interpretação mais do que brilhante de Steve Carell, esse pai que ama desesperadamente o filho é incansável nas inúmeras tentativas de recuperar o menino em suas repetidas recaídas. E a luta é árdua e longa. Tão longa que Nic é interpretado por dois atores, em duas fases da vida: Timothèe Chalamet quando adolescente, e Jack Dylan Grazer aos 12 anos. Ambos estão muito bem. E para quem não está ligando o nome à pessoa, vale lembrar que Chalamet foi o adolescente de "Me Chame Pelo Seu Nome", em atuação muito elogiada.

Embora o público costume valorizar a interpretação de drogados e malucos, no caso de "Querido Menino", os aplausos mais veementes são mesmo para Carell, que soube transmitir, com maestria e muita emoção, o sofrimento e as dúvidas do pai, às vezes paralisado diante de tanto cansaço e dor. Completam o elenco, Maura Tierney como Karen, Amy Ryan como Vick, mãe de Nic, e Kaitlyn Dever como Lauren, a amiguinha drogada.

Uma curiosidade: a expressão "beautiful boy" do título em inglês é uma referência à bela canção que John Lennon fez para o seu filho Sean. Em momento comovente do filme, ela é cantarolada pelo pai. Aliás, é preciso dizer, a trilha sonora do longa é expressiva e bela e pontua com perfeição os conflitos e dramas dos personagens.

"Querido Menino" é todo contado em flashbacks. Portanto, é aos poucos que o espectador vai costurando a relação do pai com o filho, vai compreendendo a estrutura daquela família tão comum quanto afetuosa e, claro, vai sofrendo como todos porque nada pode ser feito. É como uma fatalidade, da qual não se pode escapar. É como se não houvesse esperança.
Duração: 2h01
Classificação: 14 anos
Distribuição: Diamond Films


Tags: #QueridoMenino, #beautifulboy, @SteveCarell, @TimotheeChalamet, #drama, #drogas, @DiamondFilms, @cinemanoescurinho

28 janeiro 2018

"Me Chame Pelo Seu Nome" é essencialmente belo


O Norte da Itália foi o cenário escolhido para o romance arrebatador entre Timothée Chalamet e Armie Hammer (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Se fosse possível reduzir "Me Chame Pelo Seu Nome" em uma única palavra, bem que essa palavra poderia ser naturalidade. Muito já se falou que não se trata aqui de "mais um filme de trama gay" e essa é a mais pura verdade. E talvez o que o diferencie de outros longas, nos quais personagens vivem romances homoafetivos, seja exatamente a forma absolutamente espontânea e natural como as coisas acontecem. Um menino de 17 anos vive uma paixão por um jovem, de seus 24, 25 anos, mas poderia vivê-la por uma mulher de sua idade ou mais velha. Não há questionamentos. Não é isso que está em pauta.

Outra palavra que também poderia definir o filme dirigido por Luca Guadagnino é beleza. Como a história se passa no Norte da Itália, as paisagens insistentemente exploradas são deslumbrantes. Muito verde, muitos lagos. Tudo, aliás, é esteticamente perfeito. A casa de verão onde passam temporada o adolescente Elio (Timothée Chalamet) e seus pais - vividos por Michael Stuhlbarg e Amira Casar -, as meninas com as quais ele passeia, as comidas, as visitas constantes que o casal recebe, os temas das conversas sempre voltados para a arte e a literatura, tudo remete à perfeição, ao encaixe, ao equilíbrio.

Enquanto curte passeios e uma certa preguiça num daqueles verões da década de 1980, Elio se sente fortemente atraído por Oliver, mais um acadêmico que vem passar uma temporada com a família para ajudar o pai na sua pesquisa sobre a cultura greco-romana. Interpretado por Armie Hammer, Oliver chama a atenção exatamente pela beleza. Seu rosto apolíneo e seu porte elegante chegam para complementar e aguçar a beleza do filme. Armie está tão deslumbrantemente belo no longa que alguns chegaram a falar que sua interpretação esbarrou na canastrice. Um exagero.

Sutil e delicado, "Me Chame Pelo Seu Nome" torna-se levemente arrastado do meio para o final, como se não estivessem sabendo como terminá-lo. Mas nada que comprometesse o filme, que permanece sendo uma apologia à beleza e ao amor - seja ele em qualquer forma. O ator franco-americano Timothée Chalamet está presente também em um dos fortes candidatos ao Oscar de Melhor Filme - "Lady Bird - A Hora de Voar".
Classificação: 14 anos // Duração: 2h13


Tags: #MeChamePeloSeuNome, #CallMeByYourName, @LucaGuadagnino, @TimotheeChalamet, @MichaelStuhlbarg, @ArmieHammer, @AmiraCasar, #romance #drama, @cinemas.cineart, @SonyPictures, @cinemanoescurinho