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05 setembro 2024

Michael Keaton volta com a corda toda em "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice"

Efeitos visuais, maquiagem e trilha sonora garantem boa diversão na nova produção de Tim Burton
(Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Um filme repleto de referências ao antecessor, inclusive no elenco, novos rostos famosos e ótimos efeitos visuais. Este é "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" que estreia nesta quinta-feira (5) nos cinemas. 

Para quem curtiu o primeiro filme, "Os Fantasmas Se Divertem" (1988), o diretor Tim Burton provoca uma sensação boa de nostalgia ao trazer de volta a seus papéis originais os atores Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O'Hara, além de usar parte da antiga trilha sonora.


Beetlejuice não poderia ser interpretado por outro ator e Keaton retorna ao papel de estrela do longa, mantendo as mesmas caras, bocas, bizarrices e sacanagens com mortos e vivos para conseguir o que quer. E ainda tentar se casar com Lydia (Winona), mesmo depois de ter sido "despachado" por ela, de volta para a maquete, há 36 anos. 

Também Winona Ryder está muito bem no papel da ainda gótica Lydia, agora uma viúva, com um programa de TV sobre aparições de fantasmas e mãe de Astrid (Jenna Ortega, de “Pânico VI” - 2023), uma adolescente rebelde que tenta evitar a mãe de todas as formas. Papel muito parecido com o interpretado por Winona no primeiro filme há 36 anos. E pior, atormentada novamente pelo fantasma listrado. 


Jenna Ortega já havia trabalhado com o diretor em "Wandinha" (2023), da Netflix. Da série, Tim Burton também chamou para "Os Fantasmas Ainda se Divertem" o roteirista Alfred Gough e Miles Millar, o designer de produção Mark Scruton e o montador Jay Prychidny. O resultado foi uma produção com ótimos efeitos visuais, especialmente no uso de maquete no início, maquiagem e um bem aplicado stop-motion.


Neste retorno, uma tragédia inesperada na família Deetz reúne Lydia, sua madrasta Delia (Catherine O'Hara, de "Argylle - O Superespião" - 2024) e a filha Astrid na antiga casa em Winter River, ainda assombrada por Beetlejuice. 

Lydia, agora namorando Rory (Justin Theroux, de “Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi”- 2017), produtor de seu programa de TV, tem sua vida virada ao avesso. A situação piora quando Astrid descobre no sótão da mansão a antiga maquete da cidade feita por seu avô, que mantém preso o fantasma listrado, e o portal pós-vida é aberto. 


Um descuido pode trazer Beetlejuice de volta, junto com vários habitantes do outro mundo. Como os "Cabeças Pequenas, o ator Jackson (interpretado por Willem Dafoe, de “Pobres Criaturas” - 2023), que se acha um policial, ou uma noiva vingativa de nome Delores (Monica Bellucci, de “007 Contra Spectre” - 2015). 

Mônica Bellucci, que é noiva do diretor Tim Burton, poderia ter seu talento melhor explorado. Mas mesmo com pouquíssimas falas, tem uma presença marcante, graças também à sua beleza. Outro que fez uma rápida participação, mas sempre especial, foi Danny DeVito. O filme ainda contou com a participação do estreante no cinema Arthur Conti. 


Além das boas atuações do antigo elenco e dos efeitos visuais, chama atenção a trilha sonora, com músicas do longa de 1988 como "Banana Boat" ("Day-O"), com Harry Belafonte, tocada na cena do jantar, uma das melhores de "Os Fantasmas se Divertem". 

Tem também o hit dançante dos anos 80, "MacArthur Park", com Donna Summer, e vários outros sucessos. "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" é um filme para matar saudade dos fãs e uma boa distração, bem no estilo fantasioso e multicolorido de Tim Burton.


Ficha técnica
Direção: Tim Burton
Produção: Warner Bros. Pictures, Geffen Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, comédia, fantasia

20 março 2024

“Pobres Criaturas”: bizarrices e loucuras para falar de libertação feminina e limites éticos da ciência

Filme é tão bizarro e risível, e ao mesmo tempo tão sério e profundo, que causa desconforto ao espectador (Fotos: Searchlight Pictures)


Mirtes Helena Scalioni


Difícil definir, numa só palavra, o filme “Pobres Criaturas”, dirigido pelo grego Yorgos Lanthimos. De comédia dramática a aventura, de ficção científica a fábula, tudo pode se encaixar nesse longa cujo trunfo é – clara e propositadamente - o estranhamento. 

É tudo tão esquisito, tão bizarro e risível, e ao mesmo tempo tão sério e profundo, que resta ao espectador levar para casa o desconforto que permanece ao final da história. O ganhador de quatro Oscar poderá ser conferido a partir desta quarta-feira (20), no canal Star+.



Como um Frankenstein moderno, o Dr. Godwin Baxter, feito na medida por Willem Dafoe, vive de criar seres estranhíssimos em seu estranhíssimo laboratório. Mas nada se compara a Bella Baxter, a mulher que ele criou a partir do cérebro de um bebê. 

Magistralmente interpretada por Emma Stone, Bella é uma espécie de bebê adulto, que precisa aprender a caminhar, falar, comer, se comunicar, mas, principalmente, conviver.

O filme talvez não fosse o sucesso que é sem Emma, que não por acaso, é a vencedora do Oscar de Melhor Atriz de 2024. Ela hipnotiza e confunde o público, que ri e torce contra - e a favor – da personagem em sua difícil jornada em busca de adaptação no mundo.


Com expressão corporal só vista em grandes artistas, Emma Stone dá o tom certeiro de uma Bella Baxter inteligente e libertária, mas sem filtros, aprendendo a viver num ambiente repleto de regras, limitações e etiquetas, ao mesmo tempo em que se mostra sedenta de conhecimento.

Para além das bizarrices, “Pobres Criaturas”, que é baseado no livro do britânico Alasdair Gray, desperta boas reflexões sobre a luta pela libertação das mulheres, cuja sexualidade foi – e é – historicamente tolhida. E ainda esbarra no debate do limite ético – ou a falta dele – nos experimentos científicos. Afinal, o Dr. Godwin Baxter é quase um Deus. Não por acaso, Bella Baxter, sua mais incrível criação, o chama de God.


É preciso falar também das atuações de Ramy Youssef e Mark Ruffalo, que enriquecem o filme com interpretações seguras. O primeiro, como Max McCandless, o romântico noivo de Bella, e o segundo como o astuto advogado Duncan Wedderburn, que a leva para conhecer o mundo. 

São nessas viagens que a estranha criatura descobre, além do próprio corpo, os livros, a filosofia, a esperteza, as diferenças sociais, a miséria e até Deus.


Precioso e impagável é o momento em que Bella Baxter foge do hotel onde está hospedada em Lisboa e sai, sozinha, caminhando a esmo pelos becos e ruelas da cidade. Até que um som chama a sua atenção. Numa varanda, uma mulher toca maravilhosamente um fado. 

Atônita e claramente envolvida pela música, aquela estranha e rústica criatura se deixa envolver e se emociona. Uma cena rápida, mas tocante, que só poderia ser feita – e entendida – por uma grande atriz.


Ficha técnica
Direção: Yorgos Lanthimos
Produção: Searchlights Pictures e Film4
Distribuição: 20th Century Studios
Exibição: Canal Star+
Duração: 2h21
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: drama, fantasia, romance, comédia