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28 dezembro 2019

Com fotografia excepcional em preto e branco, "O Farol" é um dos melhores filmes do ano

Willem Dafoe e Robert Pattinson interpretam dois faroleiros que vivem isolados numa ilha na Nova Inglaterra, nos anos de 1890 (Fotos Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Fotografia, diálogos, locações e duas excelentes atuações merecedoras de prêmios - Willem Dafoe e Robert Pattinson - "O Farol" ("The Lighthouse") é uma obra que já nasceu para ser muito premiada por todo seu conjunto. Filmado todo em preto e branco, o diretor Robert Eggers, responsável também por outra obra prima moderna de terror, "A Bruxa" (2016), envolve o expectador aos poucos, com poucos diálogos no início que vão ganhando volume, agilidade e agressividade no decorrer da trama. Todo filmado em preto e branco, a fotografia, que contou com direção de Jarin Blaschke, é outro grande destaque, depois das atuações. Usando textura antiga, mais acinzentada, ela proporciona uma imagem ainda mais sombria e angustiante.


As duas atuações foram excelentes, mas Dafoe está excepcional, o próprio retrato da loucura e merece demais um Oscar e todos os prêmios que conquistar na temporada de festivais que se inicia em 2020. Pattinson está cada vez melhor e provou que seu personagem da saga "Crepúsculo" é coisa do passado e assume lugar de destaque nas produções independentes, o que já vinha ocorrendo desde 2014, quando estrelou "The Rover: A Caçada".



A produção mistura drama, terror psicológico, suspense e alusões à mitologia e deuses, numa crescente paranoia que vai dominando os personagens e criando um ambiente sufocante, que incomoda, mas prende o expectador. Mesmo quando, em alguns momentos, a narrativa fica monótona, para em seguida ganhar força e surpreender. A solidão do isolamento na ilha leva à loucura e consome os dois faroleiros, que dividem seu tempo entre alucinações, bebedeiras e segredos. Somente as centenas gaivotas e o mar bravio e misterioso são testemunhas da convivência entre os dois estranhos que terão de habitar o local por um mês, cuidando do farol.



Robert Eggers conduz toda a trama com perfeição, reunindo elementos que mostram a que ponto pode chegar uma mente perturbada, aliada ao consumo desenfreado de álcool para aplacar a solidão. Thomas Wake (Willem Dafoe) e Ephraim Winslow (Robert Pattinson) são dois faroleiros em uma ilha remota na Nova Inglaterra, nos anos de 1890. Eles criam uma relação de dependência e submissão, recheada de ofensas, agressões e bebedeiras, enquanto aguardam a chegada do navio que irá buscar Ephraim após um mês de trabalho no local.


Sereias e deuses mitológicos fazem parte da insanidade dos dois personagens. A tensão vai crescendo a tal ponto que o expectador chega a ter dúvidas se o que está acontecendo é verdade ou fruto da loucura de ambos. Há até mesmo uma referência à história do titã Prometeu, condenado a ficar amarrado a uma rocha e ter seu fígado comido diariamente durante anos por abutres, como punição por ter roubado o fogo dos deuses do Olimpo.



A estreia mundial de "O Farol" ocorreu na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2019, e o filme levou o prêmio de Melhor Filme da Federação Internacional de Críticos de Cinema (FIPRESCI). Também recebeu cinco indicações ao Film Independent Spirit Awards: Diretor, Ator (Pattinson), Ator Coadjuvante (Dafoe) - discordo, ele é o Melhor Ator -, Fotografia e Montagem. A cerimônia desta premiação será realizada no dia 8 de fevereiro de 2020. 

A A24, responsável também pelo filme "Joias Brutas" ("Uncut Gems"), com Adam Sandler, outro forte concorrente a vários prêmios, está dominando no Spirit Awards com 18 indicações. São também da produtora sucessos vencedores do Oscar como "Moonlight: Sob a Luz do Luar" (2017), "Lady Bird: A Hora de Voar" (2018) e "Artista do Desastre" (2017). "O Farol" é uma produção imperdível, um dos melhores filmes do ano.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Robert Eggers  
Produção: Focus Features / A24 / New Regency Pictures / RT Features 
Distribuição: Vitrine Filmes
Duração: 1h49
Gêneros: Terror /Suspense / Drama
Países: Canadá / EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: #OFarol, #TheLighthouse, #WillemDafoe, #RobertPattinson, #VitrineFilmes, #RobertEggers, #FocusFeatures, @A24, @cineart_cinemas, @UniversalPictures,@cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

11 dezembro 2019

Muita ação e um roteiro bem amarrado fazem de "Crime Sem Saída" um ótimo policial

Chadwick Boseman interpreta um policial que caça dois suspeitos de matarem policiais em Nova York (Fotos: Metropolitan Film/Divulgação)

Maristela Bretas


Policiais mortos, Nova York fechada, um assalto suspeito e uma caçada implacável comandada por Chadwick Boseman ("Pantera Negra" - 2018). Esse é o enredo do ótimo suspense policial "Crime Sem Saída" ("21 Bridges"), em cartaz nos cinemas. Com muita ação, do início ao fim, a produção, dirigida por Brian Kirk, conta com atuação marcante de Boseman, como o inspetor de polícia André Davis. Ele quer pegar dois assaltantes e desvendar o que há por trás do crime que deu errado e acabou numa chacina de policiais.



Boseman, além de atuar, é um dos produtores do filme, juntamente com os irmãos Joe e Anthony Russo, com quem trabalhou nos sucessos "Vingadores: Guerra Infinita" (2018) e "Vingadores: Ultimato" (2019). Ótimas perseguições, de carro e a pé, bons efeitos especiais, elenco coadjuvante entregando também boas atuações. É o caso do sempre muito bom J.K.Simmons ("Homem-Aranha: Longe de Casa" - 2019), como o capitão de polícia McKenna. E também, Stephan James (Michael), Taylor Kitsch (Ray) e Sienna Miller, no papel da agente da Divisão de Narcóticos, Frankie Burns.


A trama é ágil, vibrante e preenche bem seu tempo de duração de pouco mais de pouco de 1h41, sem ficar embromando. O policial interpretado por Boseman planeja cada passo que ele e seus suspeitos darão e vai puxando a história para si, sem deixar de dar a devida importância para os demais personagens, em especial Michael e Ray. Os crimes, as fraudes e irregularidades, mesmo que injustificáveis, têm suas justificativas na visão de cada um que os comete.


Após um assalto mal sucedido a um restaurante (que guardava drogas) e oito policiais mortos, dois rapazes passam a ser caçados pela cidade por toda a corporação, chefiada, pelo inspetor André Davis, conhecido por seus colegas por não deixar matador de polícia vivo. Em meio a isso, a cidade que nunca dorme é fechada durante a madrugada e todas as saídas - aeroportos, estações de metrô, de trens e de barcos - bloqueadas. O nome do filme em inglês vem deste bloqueio - "21 Bridges", ou seja, 21 pontes, que são exatamente as saídas por terra de Nova York. 


Com toda a polícia nas ruas para tentar capturar a dupla, o inspetor Davis, auxiliado pela agente Burns, só tem seis horas para capturar Michael e Ray e solucionar o crime, antes que a cidade seja reaberta. Mas as investigações vão revelando outras situações e a trama ganha rumos diferentes, interligando e o assunto é apenas uma cortina de fumaça. "Crime Sem Saída" é um ótimo filme, roteiro redondo, ação na medida certa e elenco bem escolhido que entregou boas interpretações. Merece ser assistido.


Ficha técnica:
Direção: Brian Kirk
Produção: STX Films /MWM Studios/Huayi Brothers
Distribuição: Galeria Distribuidora
Duração: 1h41
Gêneros: Policial / Suspense / Ação
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #CrimeSemSaida, #21Bridges, #ChadwickBoseman, #JKSimmons, #ação, #suspense, #policial, #GaleriaDistribuidora, #EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, #cinemanoescurinho

06 dezembro 2019

"Midway - Batalha em Alto Mar" um filme que impacta pelos efeitos especiais nos combates

Longa dirigido por Roland Emmerich é baseado em fatos históricos da Segunda Guerra Mundial (Fotos: Reiner Bajo)

Maristela Bretas


Para quem adora um bom filme de combate aéreo, especialmente da Segunda Guerra Mundial, a grande indicação em cartaz nos cinemas é "Midway - Batalha em Alto Mar", produção dirigida por Roland Emmerich, o mesmo de "Independence Day - O Ressurgimento" (2016). O filme impressiona pelos efeitos especiais, muito parecidos com os de "Pearl Harbor" (2001), porém com um elenco um pouco mais barato e uma hora a menos de duração.




Sai Ben Affleck da produção dirigida por Michael Bay e entra Ed Skrein (de "Malévola: Dona do Mal "- 2019) para ocupar a vaga do herói das alturas, na segunda batalha contra os japoneses. E é a partir do ataque a Pearl Harbor, em dezembro de 1941, que a história de "Midway" se desenvolve. Os norte-americanos, pegos de surpresa e com o poder de fogo reduzido, decidem contra-atacar os inimigos nipônicos em pleno Oceano Pacífico. 

Por meio de mensagens codificadas, a Marinha Americana conseguiu identificar a localização e o horário dos ataques previstos pela Marinha Imperial Japonesa. E a grande batalha de Midway, ocorrida em junho de 1942, que ficou conhecida como uma das mais importantes para o fim da Segunda Guerra Mundial.



Na produção, personagens famosos deste confronto foram lembrados e homenageados por sua atuação. Ed Skrein, que interpreta o piloto Dick Best, continua meio canastrão e não convence muito com seu chicletes na boca. Outro bem sem graça é Luke Evans (de "Drácula - A História Nunca Contada" - 2014) que não faria a menor diferença se não participasse do elenco. 



Já Patrick Wilson (da franquia de sucesso "Invocação do Mal") está bem melhor, como o tenente Edwin Layrton, cuja equipe decodificava as mensagens do inimigo. Woody Harrelson ("Zumbilândia 2 - Atire Duas Vezes" - 2019) está mais comedido, mas deixa sua marca como o Almirante Nimitz. Dennis Quaid ("Quatro Vidas de um Cachorro" - 2017) também ajuda a sustentar o grupo. Destaque para Nick Jonas, que está muito bem como o piloto Bruno Gaido, um falastrão cheio de si. Darren Criss e Aaron Eckhart fazem pequenas participações.



O filme se concentra nas histórias do piloto Dick Best e do estrategista da inteligência naval, Edwin Layton. Especialmente em como suas atuações foram essenciais para que a história terminasse como esperado. Baseado em fatos históricos, o longa impacta o público com cenas de tirar o fôlego e ótimos efeitos especiais. Os americanos ainda são os heróis, mas ao contrário de outras produções sobre o tema, esta apresenta os dois lados do conflito e suas razões. Os japoneses não são mais os vilões sanguinários como sempre foram mostrados.

"Midway - Batalha em Alto Mar" mostra que havia militares contrários ao ataque à frota norte-americana. A questão da honra pelos japoneses é tratada como deve ser - com respeito. Tanto que o filme é dedicado a todos os soldados que lutaram nessa batalha. Vale a pena conferir nos cinemas.



Ficha técnica:
Direção: Roland Emmerich
Produção: Centropolis Entertinment / Bona International Film Group / The Mark Gordon Company
Distribuição: Diamond Films
Duração: 2h19
Gêneros: Ação / Histórico / Guerra
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #MidwayBatalhaEmAltoMar, #guerra, #histórico, #ação, #RolandEmmerich, #EdSkrein,  #PatrickWilson, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

26 novembro 2019

"Ford vs. Ferrari" - Velocidade e ambição em uma grande produção de arrepiar

Matt Damon e Christian Bale formam a dupla principal do filme que mostra a mudança na forma de disputar uma corrida (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas

Dois grandes atores numa mesma paixão: carros e velocidade. Matt Damon ("A Grande Muralha" - 2017 e "Perdido em Marte" - 2015) e Christian Bale ("Trapaça" - 2014) e "Vice" - 2019) estão juntos e espetaculares na produção "Ford vs. Ferrari", ambientado na década de 1960 sobre a disputa entre duas grandes marcas para provar quem era melhor nas pistas de corrida. De um lado, a montadora norte-americana Ford, uma das maiores do mundo na produção de carros convencionais, mas sem tradição nas pistas de corrida, que agora precisa aumentar seu prestígio e, claro, as vendas. Do outro, a sempre lendária escuderia italiana, vencedora da maioria das disputas de velocidade e beleza no design de seus modelos, mas que sofre com a possibilidade de uma falência.


Com ótimas atuações, muita adrenalina, momentos emocionantes de corrida - com direito a batidas à altura de um grande prêmio - "Ford vs. Ferrari" ainda oferece ao público a oportunidade de acompanhar os bastidores da criação, montagem, treinos e disputa de um grande carro nas pistas - o Ford GT40. Mas também aborda o lado obscuro das negociações que ocorrem nesse seleto grupo do setor automobilístico, onde o glamour é só para atrair fãs e compradores.


No filme, a Ford resolve apostar nas pistas para conquistar o glamour da concorrente e campeã Ferrari. E não mede esforços (e dinheiro) para chegar em primeiro. Para conseguir, em três meses, construir o carro dos sonhos que vai chegar ao primeiro lugar do pódio é chamado um vencedor - Carroll Shelby (Matt Damon), ex-piloto e construtor de carros, dono da Shelby-American (marca que foi sucesso naquela época).


Com o apoio do então executivo de marketing, que despontaria anos depois como o homem que reergueu a Chrysler Motors, Lee Iacocca (papel de Jon Bernthal), ele consegue trazer para a equipe o genioso, mas excepcional piloto e engenheiro Ken Miles (Christian Bale). Shelby, no entanto terá de enfrentar os executivos burocratas da Ford, especialmente Leo Beene (Josh Lucas), que não aceitam a decisão do presidente de investir nesta categoria de carros esportivos.


Ambição se mistura a velocidade, tanto de pilotos e construtores quanto de empresários, cada um querendo ser a peça principal de uma disputa que pode representar uma derrota para a imagem de uma importante marca ou sua entrada triunfal para uma nova categoria. Os empresários Henry Ford II e Enzo Ferrari têm ambições diferentes, mas o mesmo objetivo - chegar em primeiro lugar. 


Ford pode e quer investir muito para conquistar isso, enquanto o italiano já é um vitorioso há anos, especialmente na tradicional prova anual das 24 Horas de Le Mans, na França. A marca do cavalinho rampante é sinônimo de beleza, potência e glamour, mas os gastos para manter tudo isso a levaram a uma crise financeira, que pode colocar fim à escuderia.

Nesta briga de quem vai vencer ou perder, correm as histórias de bastidores. Cada personagem é apresentado com seus dilemas e sonhos. Shelby é um amante das pistas que não pode mais correr, mas não abandonou o automobilismo. Muito respeitado por sua trajetória, inclusive como campeão, ele é chamado para chefiar a equipe da Ford. 


Já Miles é um homem difícil, mas um gênio para pilotar e tornar um carro vencedor. Casado e pai de Peter (o fofo Noha Jupe), ele aceita integrar o grupo, mesmo sabendo que está sendo usado pela empresa que só quer prestígio, ao contrário dele que só quer vencer como o melhor piloto dirigindo o melhor carro.

Esta ótima produção, baseada em fatos reais e dirigida por James Mangold - o mesmo de "Logan" (2017) -, contou um pouco do que foi a entrada da Ford nas corridas, a construção e lançamentos de grandes carros da montadora, as falhas que alguns deles apresentavam. Apresentou também pilotos que se tornaram grandes nomes no meio automobilístico como Ken Miles, Carroll Shelby, (vencedor de Le Mans em 1959), Bruce McLaren (fundador da escuderia McLaren), Lorenzo Bandini (Ferrari). Com certeza vai agradar aos amantes da velocidade e das corridas.


Ficha técnica:
Direção: James Mangold
Produção: 20th Century Fox / Chernin Entertainment
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h33
Gêneros: Biografia / Drama
Nacionalidade: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #FordVsFerrari, #MattDamon, #ChristianBale, #Ferrari, #FordGT40, #Ford, #20thCenturyFox, #FoxFilmdoBrasil, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

14 novembro 2019

"As Panteras" mostram as garras e a força da mulher na versão 2019

Kristen Stewart, Ella Balinska e Naomi Scott, sob o comando de Elizabeth Banks, entregam uma homenagem à série original (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma versão mais engajada na luta pela valorização da mulher, unindo força, inteligência e beleza. Assim é o terceiro filme de "As Panteras", dirigido, roteirizado, produzido e estrelado por Elizabeth Banks (de "Brightburn: Filho das Trevas" - 2019). Com boas cenas de lutas e de perseguições, a produção que entra em cartaz nesta quinta-feira nos cinemas é uma homenagem à série original de TV, trazendo boas lembranças e surpresas, mas abandonando o lado machista das Charlie's Angels.


A produção tem humor, muita ação, bons efeitos especiais e interpretações que não chegam a ser marcantes, mas surpreendem em alguns casos. Kristen Stewart está muito no papel da pantera Sabina Wilson, uma agente forte, decidida e segura. Ela também é ela a responsável pelos diálogos e situações cômicas. A estrela da franquia "Crepúsculo" perdeu a carinha da inocente Bela e vem se impondo a cada filme que protagoniza. Até os vilões de "As Panteras" reconhecem que ela é uma mulher independente e resolvida.


O mesmo acontece com Jane Kano, personagem da estreante Ella Balinska, parceira de Sabina como uma das agentes do misterioso Charlie. Com pose e estatura de modelo, a jovem se sai muito bem no papel, esbanjando sedução quando dança e mostrando ser a mais experiente agente, tanto como atiradora quanto em lutas. Melhor que muito homem. A mais fraquinha e sem sal do trio é Naomi Scott (a Jasmine, de "Aladdin" - 2018 e também intérprete de Kimberly, a ranger rosa de "Power Rangers" - 2017). No filme ela é Elena Houghlin, uma cientista especializada em tecnologia que precisa ser protegida pelas Panteras, integrantes da Agência Townsend de espionagem.


Da história nascida para a TV - três Panteras, o chefe Bosley e o chefão Charlie (daí o nome "Charlie's Angels") - sobraram a ideia original e, especialmente, a inesquecível e marcante música tema orquestrada. Dezesseis anos depois de "As Panteras Detonando" (2003), a agência cresceu, agora tem atuação internacional e reúne as mais bem treinadas agentes do mundo, que atuam onde são mandadas. Não existe mais um só Bosley, mas várias partes do planeta cada um com sua equipe.


Elizabeth Banks, que tem boa atuação como uma Bosley (ou Boz, numa associação a boss) não perde a cara de vilã e passa sempre a impressão de que vai puxar o tapete de alguém. Como diretora fez um bom trabalho, reforçando do início ao fim a importância das mulheres na trama e na vida real. O roteiro, também dela, tem alguns furos, mas parece ter sido feito por uma fã da antiga série, que resolveu recontar a história das "Anjos de Charlie" numa versão atualizada e "femininamente" correta.

A trilha sonora é um dos destaques do filme. Puxada pela música tema orquestrada - "Charlie's Angel" -, criada para a série de TV, ela marcou a geração entre os anos de 1976 e 1981. Para o filme atual foi chamado um trio da pesada para interpretar a canção "Don't Call Me Angel", - Ariana Grande, Miley Cyrus e Lana Del Rey


Os personagens masculinos são colocados em segundo plano, alguns em papéis dispensáveis e outros fragilizados (como Alexander Brok, papel de Sam Claflin) ou apenas para compor cenário, como o cientista Lasgston (papel de Noah Centineo). Djimon Hounsou ("Capitã Marvel" - 2019) tem participação rápida, mas importante na trama como um dos chefes da agência. Já Patrick Stewart, o Bosley principal, não perdeu o jeito de Professor Charles Xavier, da franquia "X-Men", só que sem a cadeira de rodas.

À esquerda, elenco da série de TV; à direita,as atrizes dos primeiros filmes para o cinema (Foto/Montagem)
Três gerações de Panteras

Para quem está conhecendo agora as poderosas espiãs, vale um pouco de recordação. As primeiras panteras, da clássica série de TV, foram as atrizes Jaclyn Smith, Kate Jackson e a inesquecível loura Farrat Fawcett-Majors. Ao longo das temporadas da série, elas foram sendo substituídas por Cheryl Ladd, Shelley Hack e Tanya Roberts, mas sem o mesmo carisma e glamour das primeiras..


No ano de 2000 o trio de espiãs ganhou a versão cinematográfica com um elenco atraente e de peso - Cameron Diaz, Drew Barrymore (uma das produtoras) e Lucy Liu, na divertida e explosiva produção "As Panteras". Já o segundo filme com elas e Demi Moore -  "As Panteras Detonando" (2003) - foi bem fraquinho. No reboot deste ano, a proposta é uma volta ao passado, com um trio que não é tão carismático como os anteriores, mas dá conta do recado. O blog @cinemanoescurinho recomenda para os saudosistas e quem gosta de um filme de ação com pitadas cômicas.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Elizabeth Banks
Produção: Brownstone Productions / Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Ação / Comédia /Espionagem
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #CharliesAngels, #DontCallMeAngel, #ElizabethBanks, #Kristen Stewart, #NaomiScott,  @SonyPicturesBR, #ação, #comédia, espionagem, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho, @espacozmkt, @cineart_cinemas

22 setembro 2019

"Bacurau", um faroeste com a pureza do nordestino e a força do cangaço

Sônia Braga é um dos destaques do elenco que faz da produção nacional uma das melhores lançadas neste ano (Fotos: Vitrine Filmes)

Maristela Bretas


Uma grande produção, que merecia estar na disputa do Oscar como representante do Brasil. "Bacurau", dos diretores e roteiristas Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, até foi indicado mas não chegou lá. A escolha ficou por outro ótimo filme "A Vida Invisível", de Karin Aïnouz, Mesmo assim, o longa conquistou o publico nacional e internacional, atingindo uma bilheteria superior a R$ 2 milhões em sua primeira semana de exibição, além de levar o Grande Prêmio de Júri do Festival de Cannes e ser escolhido o Melhor Filme no 37º Festival de Munique.


Realizado no Sertão do Seridó, na divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba, "Bacurau" é uma mistura de passado e futuro, paz e violência, dor e raiva, poder e fé. O filme é o nome de um povoado, no meio do nada, cercado pela seca, comida escassa e a ganância de políticos, que só procuram o lugar no período das eleições. É o retrato fiel da nossa realidade, em especial do povo do Nordeste, que dribla a injustiça social com garra e solidariedade. 

O filme explora a capacidade do ser humano de se adaptar ao meio ambiente, fazendo dele o melhor lugar para viver ou se defender. Ao mesmo tempo, mostra que qualquer um pode abrir mão de uma natureza pacífica e lutar com unhas e dentes quando tudo o que possui e respeita está ameaçado. 

Diretores  Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho

Os moradores de Bacurau levam uma vida pacata, sem se mostrarem para o mundo, mas conectado a ele pela internet. Mas assim como o pássaro que deu nome à cidade e é típico da região e que se manifesta somente á noite ou em perigo, a população local também é capaz de se transformar quando a paz está ameaçada. Logo nas primeiras cenas, os diretores mostram, por meio de caixões espalhados numa estrada, que o enredo vai explorar a morte sobre diferentes aspectos.

Tudo se passa num futuro incerto, onde no mundo fora de Bacurau, a violência é parte do cotidiano enquanto no pequeno vilarejo nordestino, as diferenças foram resolvidas e a paz reina. O ritmo do filme é contado passo a passo, como a calma interiorana, e vai ganhando tensão após o falecimento de Dona Carmelita, uma das ilustres moradoras do local. Vários fatos estranhos são registrados: a localização da cidade some dos mapas digitais, a aparição de um disco voador e a ocorrência de assassinatos inexplicáveis. Tudo isso altera a rotina de Bacurau, provocando reações surpreendentes e diversas nos nativos. O pacato cidadão então se torna uma fera ferida, muitas vezes mais violento que seus algozes.


Sônia Braga é um dos destaques, trabalhando novamente com Kleber Mendonça Filho (a primeira vez foi o ótimo "Aquarius"). Em "Bacurau", ela interpreta Domingas, uma médica local alcoólatra, de humor sarcástico e defensora ferrenha da cidade. Além dela, vários outros atores contribuem com brilho para formar um elenco redondo, com cada participação sendo essencial para o desenrolar da história, tanto os brasileiros quanto os estrangeiros. 


Como o ator alemão Udo Kier (de "Bastardos Inglórios" - 2009), que faz o americano Michael; Bárbara Colen, interpreta Teresa, a jovem que retorna a sua terra natal; Wilson Rabelo, como Plínio, viúvo de Dona Carmelita e um dos moradores mais atuantes e respeitados da vila; Thomas Aquino, como Pacote, ligado ao mundo do crime, mas protetor da cidade, juntamente com Lunga, interpretado por Silvero Pereira, que dá um show de atuação.


Elenco, fotografia, som, figurino, direção e roteiro entregam uma obra cinematográfica marcante. Aos expectadores mais incautos, alerto que o clímax do filme é de extrema violência, justificada pela forma como a trama foi sendo apresentada, explorando o lado psicológico (às vezes psicopata) de cada personagem. Um ponto importante que vale uma boa discussão na mesa de um bar após a sessão é a importância dada pelos moradores de Bacurau ao Museu da Cidade, sempre indicado aos visitantes que passam pela localidade. Com certeza, ele faz toda a diferença na história
.
"Bacurau" é o retrato de um Brasil de ontem e de hoje ao mostrar a ganância de políticos e governantes inescrupulosos, que distribuem caixões, comida vencida e remédios tarja preta sem receita médica, na tentativa de alienar a população em tempos de eleições. Um filme imperdível, que faz a gente pensar muito e sair do cinema com a sensação de ter sido atingido com um soco no estômago.


Ficha técnica:
Direção e roteiro:  Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Produção: CinemaScópio, Arte France Cinéma, SBS, Símio, Telecine Productions, Globo Filmes
Distribuição: Vitrine Filmes
Duração: 2h10
Gêneros: Drama, Suspense, Faroeste
Países: Brasil e França
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #Bacurau, #VitrineFilmes, #KleberMendonçaFilho, #SoniaBraga, #JulianoDornelles, #faroeste, #suspense, @jornaldebelo, #drama, @cineart_cinemas, @cinemarkoficial, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

04 setembro 2019

"A Tabacaria", um dos últimos filmes de Bruno Ganz, estreia nesta quinta-feira em BH

O jovem Franz e o famoso psicanalista Sigmund Freud se tornam amigos em uma Viena ameaçada pelo nazismo (Fotos: A2 Filmes/Divulgação)

Da Redação


Com distribuição da A2 Filmes, estreia nesta quinta em BH. Juiz de Fora e outras 17 cidades, o drama alemão "A Tabacaria" ("Der Trafikant"), do diretor e roteirista Nikolaus Leytner. A produção, que foi um dos destaques na programação do Festival Judaico 2019, é um dos últimos trabalhos do grande ator Bruno Ganz ("A Queda! As Últimas Horas de Hitler" e "A Festa"), que desta vez interpreta Sigmund Freud.


Baseado no romance de Robert Seethaler, o filme conta a história de Franz (Simon Morzé), um rapaz de 17 anos que chega a Viena para trabalhar como aprendiz em uma tabacaria. Ali, ele conhece Sigmund Freud, um cliente frequente. Com o passar do tempo, os dois, apesar de origens muito distintas, desenvolvem uma amizade única. 


Quando Franz se apaixona perdidamente pela dançarina Anezka (Emma Drogunova), ele busca os conselhos de seu amigo Sigmund, que, apesar de ser um renomado psicanalista, admite que o sexo feminino seja um grande mistério para ele em termos românticos. A tensão política e social aumenta dramaticamente na Áustria, piorando com a chegada dos nazistas à capital. Franz, Sigmund e Anezka se perdem no meio do caos da cidade e cada um terá uma decisão difícil a tomar: sair do país ou permanecer nele.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Nikolaus Leytner
Produção: EPO Film / Glory Film
Distribuição: A2 Filmes
Duração: 1h54
Gênero: drama
Países: Alemanha / Áustria
Classificação: 16 anos

Tags: #ATabacaria, #A2Filmes, #BrunoGanz, #NikolausLeytner, #drama, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

23 agosto 2019

Impossível sair impune de "Entre Tempos", filme que trata de amor, diferenças e lembranças

Luca Marinelli e Linda Caridi formam o belo casal Lui e Lei que, desde o início, exala uma química quase perfeita (Fotos: Sara Petraglia/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


"Lui e Lei são duas pessoas completamente diferentes entre si, mas que formam um casal intenso e apaixonado. Juntos durante anos, seus sentimentos estão em conflito constante, mostrando uma montanha-russa emocional entre eles: enquanto Lei acredita em um futuro brilhante, Lui não consegue deixar de viver no passado. Ao longo dos anos, o par coleciona frustrações, alegrias, tristezas e angústias". 

Que ninguém se iluda que está diante de mais uma história de amor ao ler essa sinopse oficial e simplesinha de "Entre Tempos". Trata-se, sem dúvida, de um filme sobre o romance de um casal, mas o jeito que o diretor italiano Valerio Miele imprimiu à sua narrativa é praticamente um personagem à parte. Mais do que uma ferramenta, o ritmo do longa torna-o único.



É tão louca e tão sui generis a forma como o filme é contado, com flashbacks e lampejos rápidos confundindo passado e presente, infância e vida adulta, que o espectador pode ter uma inusitada curiosidade de saber quem é o responsável pela montagem. Pois o autor da façanha é uma autora, Desideria Rayner, cujo trabalho e perfil podem ser facilmente encontrados na internet. Uma craque, sem dúvida. Não fosse ela, talvez o roteiro, que é do próprio diretor, não se transformasse no filme diferente que virou. Para início de conversa, Lui e Lei não são nomes próprios dos personagens principais, interpretados na medida por Luca Marinelli e Linda Caridi. Lui e Lei são, simplesmente, Ele e Ela traduzidos do italiano.



Se alguém quiser traduzir em uma linguagem mais óbvia a sinopse de "Entre Tempos", talvez pudesse dizer que se trata de um filme sobre a complexidade das relações de amor, sobre a ideia de que os opostos sempre se atraem ou sobre a fascinação quase doentia que o diferente exerce sobre o outro. O filme é tudo isso, mas seria raso demais resumir só nisso um longa que, originalmente, chama-se "Ricordi?". Assim mesmo, com interrogação. Vale salientar que Lui é pessimista e amargo e Lei é encantadoramente alegre e idealista.


Para completar essa atmosfera de idas e voltas vertiginosas, cores, paisagens e lugares tão diferentes como uma praia, um salão de baile, uma loja de perfumes, um lago, uma sala, um prédio, uma fazenda, uma árvore frondosa, é preciso dizer que os personagens principais são belos e que, desde o início, exalam uma química que parece perfeita. Há outras figuras na história, claro, mas a importância delas na trama - se é que existe alguma trama - é muito discreta.


Todas as relações a dois acabam, invariavelmente, em monotonia? A infância tem influência na forma como o adulto vive uma relação? Podem as lembranças marcar indelevelmente a mente e o coração de alguém a ponto de dificultar ou facilitar seu relacionamento de amor? Para que serve, afinal, a memória? É possível confiar nas lembranças? Ou, como fala um personagem no longa, a memória não é real. De algum modo, ela doura a pílula, subverte e verdade, ameniza o real para que a gente não sofra tanto diante dela. Que ninguém duvide: "Entre Tempos" é o tipo do filme que deixa o espectador cheio de perguntas. 
Classificação: 14 anos
Duração: 1h46
Distribuição: Cineart Filmes
Sessões: Belas 1 - 16h30 e 21h30 , Net Cineart Ponteio 2 - 21h15 , Net Cineart Ponteio 4 - 13h40 e 18h50 


Tags: #EntreTempos, #ValerioMiele, #LucaMarinelli, #LindaCaridi, #drama, #romance, @CineartFilmes, @cineart_cinemas, @cinemaescurinho, @cinemannoescurinho

24 abril 2019

"O Último Lance" é um belo filme sobre relacionamentos, família e obsessão pela arte

Heikki Nousiainen interpreta um velho marchand finlandês que tenta dar sua última cartada para salvar sua galeria de arte (Fotos: Divulgação)

Maristela Bretas


Em tempos de "Vingadores - Ultimato" e "Shazam!", "O Último Lance" ("Tuntematon Mestari"), que aborda arte e relações humanas ligadas pela obsessão de um velho homem, foge completamente do circuito blockbuster e entrega a seu público um ótimo drama. A produção finlandesa é tocante, emociona e aborda velhice, sonhos perdidos, orgulho afastando pessoas e o amor pela arte como única razão de viver.


"O Último Lance" tem uma bela fotografia, é bem conduzido, o roteiro um pouco óbvio, mas sem atrapalhar o drama e uma excelente atuação do ator finlandês Heikki Nousiainen como Olavi. Ele é um negociante de arte de 72 anos, viúvo, que não aceita a aposentadoria se aproximando e com ela fim de toda uma vida voltada para a aquisição e venda de obras de arte. Sua galeria não é mais procurada pelos grandes compradores e quando surgem novos clientes, ele vê suas paixões virarem peças de barganha, como uma fruta na feira.


Quase sem amigos, Olavi não se relaciona com a filha e o neto Otto (Amos Brotherus) e é pressionado a se desfazer de seu espaço por causa das dívidas que acumula. Pressionado pela filha (Pirjo Lonka), acaba contratando o neto como estagiário. Um garoto rebelde que não aceita ordens ou orientações de ninguém.


No entanto, o interesse por obras de arte do avô e a facilidade de negociação de Otto vai unir estes dois desconhecidos, especialmente após uma misteriosa obra que vai a leilão despertar a obsessão de Olavi. O marchand vê na pintura a oportunidade de um último grande negócio para ajudá-lo a saldar as dívidas, se reaproximar da família e consertar os erros do passado.


O relacionamento de amor, mágoa, respeito (e também de falta dele) entre Olavi e Otto é o ponto principal de "O Último Lance". A mãe faz a ponte, mas são os dois atores, desconhecidos do circuito comercial, que entregam um filme belo e sensível, que vale a pena ser conferido a partir desta quinta-feira (25) nas salas Cineart.



Ficha técnica:
Direção:  Klaus Härö
Produção: Making Movie
Distribuição: Cineart Filmes
Duração: 1h35
Gênero: Drama
País: Finlândia
Classificação: Livre
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #OUltimoLance, #Finlândia, #drama, #CineartFilmes, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho

18 abril 2019

"A Maldição da Chorona" ousa fugir do comum e fascina ao explorar o sensorial

Trabalhando luz e som, o diretor Michael Chaves aumenta o impacto das aparições da Chorona (Fotos: Scott Patrick Green/Warner Bros. Pictures)

Wallace Graciano


Poucos gêneros são tão previsíveis como o terror. A capacidade de explorar o psicológico dos espectadores parece ter uma limitação cada vez mais evidente, o que impede os amantes do estilo de acompanharem com afinco as novidades. Nos últimos anos, porém, há uma tentativa de romper com o comum e algumas surpresas, como “Annabelle 2”, trouxeram um alento aos cinéfilos. E uma das que pode seguir esse rumo é a “Maldição da Chorona” ("The Curse of La Llorona"), que estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas de todo país.


O filme é ambientado em Los Angeles, nos Estados Unidos, no início da década de 1970. Nele, Anna (Linda Cardellini), uma assistente social nada idealizada, cria seus filhos após a morte de seu marido. Porém, ao trabalhar em um caso de uma mãe que tentava esconder seus filhos, começa a ser atormentada por uma entidade sobrenatural: “La Llorona" (a Chorona).


Segundo o folclore popular mexicano, a Chorona, em vida, afogou seus filhos após ser traída pelo marido. Após perceber seu erro, jogou-se em um rio, se debulhando em lágrimas. Porém, sua alma ficou presa ao plano terreno e ela busca outras crianças para reparar seu mal. É aí que você deve estar pensando: “Poxa, mais um clichê que explora o vínculo intrínseco do espiritual com o carnal. Que falta de originalidade”. Sim, esse é um pecado da película. Talvez um dos poucos. Se por um lado não houve a busca por um personagem com um arquétipo menos estereotipado, por outro, a trama se desenrola sem prender-se aos recursos tradicionais do gênero.


Um exemplo é o corte das cenas. Michael Chaves, o diretor, não abusa de planos em que a antagonista esteja evidenciada para levar temor ao espectador. O sensorial é bem trabalhado durante a trama, sendo que o pânico não surge apenas do visual. A edição de som, por exemplo, conseguiu fazer com que o barulho de uma fechadura em determinada cena seja impactante e relevante à película.

Para além, há a exploração de variações de sons e imagens dentro de um mesmo plano-sequência, o que impede o expectador se preparar para o susto. Em um deles, por exemplo, crianças correm por um corredor esverdeado, com ruídos clamando pelo pior. Quando ele vem, a tensão ganha cores com a falta de som e luz.


O subjetivo da Chorona é outro ponto alto. Sua figura malévola ganha cor em diversos cenários, causando temor também pelas aparições metafísicas. O roteiro também foi bem desenrolado, com apresentação e desenvolvimento rápido e bem construído dos personagens. Até mesmo o Padre Perez dá seu "pitaco" no longa, nos convidando para "Annabelle 3", que deve estrear em julho. Ou seja, “A Maldição da Chorona” é muito além do comum que o gênero foi tomado, trazendo respiração presa e tensão aos amantes do terror.


Ficha técnica:
Direção: Michael Chaves
Produção: New Line Cinema
Distribuição: Warner Bros Pictures
Duração: 1h34
Gênero: Terror
Países: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #AMaldiçãoDaChorona, #terror, @WarnerBros, #EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho, #cinemaescurinho