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10 setembro 2024

O bem realizado "O Bastardo" revela mais do potencial de Mads Mikkelsen

Protagonista com carreira marcada por vilões dá vida a um capitão em uma jornada dramática (Fotos: Henrik Ohsten Zentropa)


Eduardo Jr.


Chega aos cinemas brasileiros no dia 12 de setembro o longa "O Bastardo" (Bastarden"). O drama, distribuído pela Pandora Filmes, traz Mads Mikkelsen, famoso por dar vida a vilões na série "Hannibal" - 2013 a 2015 e "007 - Casino Royale" - 2006, e por seu papel em "Druk - Mais uma Rodada" - 2021. Ele agora sai do papel de antagonista e explora uma interpretação diferente. Além disso, o filme é a escolha da Dinamarca para disputar o Oscar de Melhor Filme Internacional.


A obra se baseia no livro "The Captain and Ann Barbara", de Ida Jessen. Na telona, o diretor dinamarquês Nikolaj Arcel explica o porquê do título e nos apresenta a história do capitão Ludvig Kahlen, que decide colonizar uma terra inóspita - Jutlândia - e fundar uma colônia em nome do Rei da Dinamarca.

Na jornada do protagonista estão um solo difícil, temporais e solidão sob um sol causticante. Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Um juiz arrogante deseja se apropriar daquela terra e, tendo seus planos frustrados, não poupa esforços para destruir o projeto - e a vida - do protagonista.  


Sabotagens e vilanias que podem parecer exageradas na atuação, combinam com o antagonista, o nobre Frederik De Schinkel (vivido por Simon Bennebjerg). Uma execução tão interessante que rapidamente estamos resmungando e odiando esse vilão.

Como o trabalho de colonizar um território hostil é tarefa para muitas mãos, e esse drama reserva muitos contratempos, vale destacar no elenco de apoio a pequena cigana Anmai Mus (personagem de Melina Hagberg), que traz alívio cômico e emoção para a frieza que o capitão carrega consigo.


No longa, o espectador está sempre acompanhando tudo a dois passos da ação, observando até as coisas que o protagonista observa. Embora uma ou outra situação possa ser pressentida pelo público, as escolhas do diretor se mostram acertadas. No meio dos altos e baixos da jornada do protagonista, a obra consegue deixar a pergunta: será que vai dar certo?

A busca por essa resposta o espectador poderá fazer nos cinemas, e ouso dizer que dificilmente vai se decepcionar com a história que o aguarda. Para usar um termo da moda, ali estarão muitas 'pautas': idealismo, embate entre afeto e convenções sociais, formação de família, relações de poder e vingança. 

Tudo isso em um longa que não se torna cansativo em suas duas horas de exibição, e que traz uma fotografia bem pensada. Um filme de época com um desfecho bem amarrado - e tão satisfatório que pode até levar pra casa a tão sonhada estatueta do Oscar.  


Ficha técnica:
Direção: Nikolaj Arcel
Produção: Zantrops Productions
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h08
Classificação: 18 anos
País: Dinamarca
Gêneros: drama, ação, histórico

05 setembro 2024

Michael Keaton volta com a corda toda em "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice"

Efeitos visuais, maquiagem e trilha sonora garantem boa diversão na nova produção de Tim Burton
(Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Um filme repleto de referências ao antecessor, inclusive no elenco, novos rostos famosos e ótimos efeitos visuais. Este é "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" que estreia nesta quinta-feira (5) nos cinemas. 

Para quem curtiu o primeiro filme, "Os Fantasmas Se Divertem" (1988), o diretor Tim Burton provoca uma sensação boa de nostalgia ao trazer de volta a seus papéis originais os atores Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O'Hara, além de usar parte da antiga trilha sonora.


Beetlejuice não poderia ser interpretado por outro ator e Keaton retorna ao papel de estrela do longa, mantendo as mesmas caras, bocas, bizarrices e sacanagens com mortos e vivos para conseguir o que quer. E ainda tentar se casar com Lydia (Winona), mesmo depois de ter sido "despachado" por ela, de volta para a maquete, há 36 anos. 

Também Winona Ryder está muito bem no papel da ainda gótica Lydia, agora uma viúva, com um programa de TV sobre aparições de fantasmas e mãe de Astrid (Jenna Ortega, de “Pânico VI” - 2023), uma adolescente rebelde que tenta evitar a mãe de todas as formas. Papel muito parecido com o interpretado por Winona no primeiro filme há 36 anos. E pior, atormentada novamente pelo fantasma listrado. 


Jenna Ortega já havia trabalhado com o diretor em "Wandinha" (2023), da Netflix. Da série, Tim Burton também chamou para "Os Fantasmas Ainda se Divertem" o roteirista Alfred Gough e Miles Millar, o designer de produção Mark Scruton e o montador Jay Prychidny. O resultado foi uma produção com ótimos efeitos visuais, especialmente no uso de maquete no início, maquiagem e um bem aplicado stop-motion.


Neste retorno, uma tragédia inesperada na família Deetz reúne Lydia, sua madrasta Delia (Catherine O'Hara, de "Argylle - O Superespião" - 2024) e a filha Astrid na antiga casa em Winter River, ainda assombrada por Beetlejuice. 

Lydia, agora namorando Rory (Justin Theroux, de “Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi”- 2017), produtor de seu programa de TV, tem sua vida virada ao avesso. A situação piora quando Astrid descobre no sótão da mansão a antiga maquete da cidade feita por seu avô, que mantém preso o fantasma listrado, e o portal pós-vida é aberto. 


Um descuido pode trazer Beetlejuice de volta, junto com vários habitantes do outro mundo. Como os "Cabeças Pequenas, o ator Jackson (interpretado por Willem Dafoe, de “Pobres Criaturas” - 2023), que se acha um policial, ou uma noiva vingativa de nome Delores (Monica Bellucci, de “007 Contra Spectre” - 2015). 

Mônica Bellucci, que é noiva do diretor Tim Burton, poderia ter seu talento melhor explorado. Mas mesmo com pouquíssimas falas, tem uma presença marcante, graças também à sua beleza. Outro que fez uma rápida participação, mas sempre especial, foi Danny DeVito. O filme ainda contou com a participação do estreante no cinema Arthur Conti. 


Além das boas atuações do antigo elenco e dos efeitos visuais, chama atenção a trilha sonora, com músicas do longa de 1988 como "Banana Boat" ("Day-O"), com Harry Belafonte, tocada na cena do jantar, uma das melhores de "Os Fantasmas se Divertem". 

Tem também o hit dançante dos anos 80, "MacArthur Park", com Donna Summer, e vários outros sucessos. "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" é um filme para matar saudade dos fãs e uma boa distração, bem no estilo fantasioso e multicolorido de Tim Burton.


Ficha técnica
Direção: Tim Burton
Produção: Warner Bros. Pictures, Geffen Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, comédia, fantasia

04 setembro 2024

Pioneirismo, revelações e histórias de racismo fazem de “Othelo, o Grande” um documentário imprescindível

Longa dirigido por Lucas Rossi levou dez anos para ficar pronto e procura intercalar a vida pessoal e a
carreira do ator (Fotos: Davi G. Goulart)


Mirtes Helena Scalioni


Pode parecer, a princípio, que o grande mérito do documentário de Lucas Rossi seja mostrar às novas gerações o tamanho da importância do comediante Grande Otelo (1915-1993). Mas não é só isso. 

Quem teve oportunidade de acompanhar a carreira do ator, vai ficar sabendo um pouco mais sobre a vida desse homem múltiplo, nascido em Uberlândia, chamado Sebastião Bernardes de Souza Prata. “Othelo, O Grande” estreia nos cinemas em Belo Horizonte no dia 5 de setembro.


Narrado pelo próprio artista em primeira pessoa, o documentário que, segundo o diretor, levou dez anos para ficar pronto, procura intercalar fatos da vida pessoal atribulada de Sebastião com sucessos de sua carreira. Principalmente quando ele era contratado da Atlântida e lotava os cinemas do país com suas saborosas chanchadas. 

O lado ruim desse jeito de contar a história é que o espectador não fica conhecendo casos e características de Grande Otelo vividos e percebidos pelas pessoas que conviveram com ele.


Embora misture vida pessoal e trabalho, o filme peca também por não localizar a época dos fatos. Num momento o homem está chorando por causa de suas tragédias familiares e, no próximo minuto, o artista está em cena rindo e fazendo rir. Faltam referências, datas. 

O longa tem a participação especial da atriz Zezé Motta como narradora e traz imagens raras de arquivo, feitas em pesquisas na Cinemateca Brasileira.


Uma curiosidade revelada no filme, e que talvez a maioria do público não saiba, é o motivo pelo qual o pequeno Sebastião Prata passou a ser conhecido – até internacionalmente – como Grande Otelo. 

Homem de muitos talentos, ia fácil do drama à comédia, o artista foi também exímio compositor de sambas, alguns deles presentes no documentário, com destaque especial ao histórico e nostálgico “Praça Onze”, parceria com Herivelto Martins.


Produzido pela Franco Filmes, “Othelo, o Grande” tem parceiros poderosos na produção como Globo Filmes, RioFilme, Canal Brasil e Globonews. A princípio, isso facilitaria a divulgação e exibição do trabalho, que já foi vencedor do Prêmio Redentor de Melhor Documentário no Festival do Rio.

Careteiro e de humor mais escrachado, o comediante faz questão de salientar, em suas falas, as participações em filmes fora do circuito da chanchada. Trabalhou com diretores ditos sérios como Joaquim Pedro de Andrade, Werner Herzog, Nelson Pereira dos Santos e até o norte-americano Orson Welles. Afinal, foram mais de 100 filmes.


Neto de escravos e órfão, Sebastião comeu o pão que o diabo amassou, desde que se mudou para o Rio de Janeiro acompanhando uma companhia teatral que passou por Uberlândia. 

Não por acaso, o documentário é todo permeado por questões raciais, evidenciando as humilhações que o ator viveu até ser o primeiro protagonista negro do cinema brasileiro. Em muitos deles, quando chegava para trabalhar, Grande Otelo tinha que entrar pela porta dos fundos por causa de sua cor.


Ficha técnica:
Direção: Lucas H. Rossi
Produção: Franco Filmes, em coprodução com Globo Filmes, GloboNews, Canal Brasil e RioFilme
Distribuição: Livres Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas
Duração: 1h22
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

28 agosto 2024

Longa “Zé” retrata vida de militante na ditadura, sem apelar para sangue e violência

Filme do mineiro Rafael Conde aborda impactos pessoais na vida do biografado (Fotos: Luis Abramo)


Eduardo Jr.


Se você acha que o tema “ditadura” já teve suas abordagens esgotadas, pode se ver fisgado pelo novo filme do cineasta mineiro Rafael Conde. “Zé” chega às telonas nesta quinta-feira (29), distribuído pela Embaúba Filmes, e resgata a história verídica de José Carlos Novais da Mata Machado, uma das lideranças do movimento estudantil que foi perseguido e morto pelo regime militar.

O filme é baseado no livro de mesmo nome, escrito pelo cearense Samarone Lima, que investigou documentos da época e entrevistou familiares, amigos e outros militantes. Mas o longa se destaca dos demais por ser quase asséptico. Não espere encontrar soldados de farda, sangue ou cenas de tortura. O impacto na vida do protagonista e das pessoas ao redor é que estão em foco.  


Caio Horowicz dá vida a Zé e emoção às cartas que o militante enviava à família. Morto aos 27 anos, o jovem se dedicou a levar alfabetização e conscientização política a camponeses no Nordeste. Pagou com a própria vida.

No elenco principal estão também Eduarda Fernandes (Bete), Samantha Jones (Grauninha), Rafael Protzner (Gilberto), Yara de Novaes (Dona Yedda), Gustavo Werneck (Edgar) e Alexandre Cioletti (Hélio), além das crianças Richard Paes, Henrico Kneip, Miguel Dias e Ravi Oter.


Neste longa, o espectador em alguns momentos é colocado mais próximo das ações. As câmeras e sequências conseguem provocar suspense, e até antipatizar com algumas personagens. Mas vale a dica para manter os ouvidos atentos, pois o áudio pode deixar a desejar em algumas cenas. 

No geral, é uma obra diferente, que nos enriquece sobre o debate moral e político desse período da nossa história a ser lembrado e nunca mais repetido.  


Ficha técnica:
Direção:
Rafael Conde
Roteiro: Anna Flávia Dias e Rafael Conde
Produção: Filmegraph
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: sala 2 do Centro Cultural Unimed-BH Minas e sala 2 do Cine UNA Belas Artes
Duração: 2 horas
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: drama

27 agosto 2024

Cine Humberto Mauro exibe, de graça, mostra do cinema alemão atual

“Anima – Os Vestidos do Meu Pai” é um dos filmes que serão exibidos nesta semana (Foto: Uli Decker)


Da Redação


O Cine Humberto Mauro, em parceria com o Instituto Goethe, realiza a mostra “Novas Direções na Alemanha". A partir desta terça-feira (27) até 1º de setembro (domingo), sempre às 19 horas, o público belo-horizontino vai ter um panorama breve, porém poderoso, das produções alemãs atuais. Todas as sessões têm entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início, na bilheteria do cinema.

Entre os filmes exibidos, estarão obras de cineastas como Sarah Blaßkiewitz, Leonie Krippendorff e Florian Dietrich, que têm conquistado reconhecimento internacional pela originalidade das abordagens sensíveis e pela profundidade temática dos enredos que desenvolvem.

A mostra apresenta uma seleção diversificada de filmes que refletem as complexidades da sociedade alemã atual, dando destaque ao trabalho de cineastas mulheres nos últimos anos. 

“Casulo” , dirigido por Leonie Krippendorff

“Casulo” (2020), dirigido por Leonie Krippendorff, narra a história de Nora, uma tímida menina de 14 anos em Berlim, que passa por transformações profundas durante um verão marcante. 

Já “Toubab” (2020), de Florian Dietrich, é uma comédia sobre dois amigos que se vêem obrigados a casar para evitar a deportação de um deles. O filme aborda questões como migração, racismo e sexismo.  

Outro destaque é “Le Prince” (2021), de Lisa Bierwirth, que explora um intenso caso de amor entre uma curadora artística e um empresário congolês no cenário pós-colonial de Frankfurt. 

“Le Prince”, de Lisa Bierwirth

“Preciosa Ivie” (2021), dirigido por Sarah Blaßkiewitz, segue a jornada de Ivie, uma afro-alemã que, ao conhecer sua meia-irmã, começa a questionar sua identidade e cultura. 

Já “Nico” (2021), de Eline Gehring, acompanha a trajetória de uma cuidadora de idosos que decide treinar caratê após um ataque racista. 

Por fim, “Anima – Os Vestidos do Meu Pai” (2022), de Uli Decker, apresenta uma comovente história real sobre segredos de família e questões de gênero, por meio de uma narrativa que mistura animação e documentário.

A mostra “Novas Direções na Alemanha” transcende as fronteiras geográficas e culturais, oferecendo ao público a oportunidade de explorar a faceta pouco conhecida e atual de um cinema que não apenas reflete as complexidades da sociedade alemã, mas que dialoga com questões universais. 

“Preciosa Ivie”, dirigido por Sarah Blaßkiewitz

Programação:
27/8 TER
“Casulo” (Kokon, Leonie Krippendorff, 2020) | 16 anos | 1h39

28/8 QUA
“Toubab” (Florian Dietrich, 2020) | 14 anos | 1h36

29/8 QUI
“Le Prince” (Lisa Bierwirth, 2021) | 16 anos | 2h05

30/8 SEX
“Preciosa Ivie” (Ivie wie Ivie, Sarah Blaßkiewitz, 2021) | 14 anos | 1h57

31/8 SÁB
“Nico” (Eline Gehring, 2021) | 14 anos | 1h20

1º/9 DOM
“Anima – Os Vestidos do Meu Pai” (Anima: Die Kleider Meines Vaters, Uli Decker, 2022) | 16 anos | 1h35

“Nico”, de Eline Gehring

Serviço:
Mostra “Novas Direções na Alemanha”
Data: 27 de agosto (terça-feira) a 1º de setembro (domingo)
Horários: Sempre às 19 horas
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes - Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte
Classificações indicativas: variadas
Entrada: gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema
Informações para o público: (31) 3236-7400

26 agosto 2024

"Alien: Romulus" - O retorno triunfante do terror espacial

Thriller de ficção científica retorna às raízes da franquia e mostra características de “Alien, o 8º Passageiro” e “Prometheus” (Fotos: 20th Century Studios)


Filipe Matheus
Blog Maravilha de Cinema


Após décadas de sucesso, “Alien: Romulus” , em cartaz nos cinemas, retorna às raízes da franquia de sucesso iniciada em 1979 com "Alien, o 8º Passageiro, e que teve diversas sequências. 

O longa da vez é ambientado entre o primeiro e a versão de 1986, "Alien, O Resgate", dirigido por James Cameron e que marcou a volta de Sigourney Weaver ao papel principal que a consagrou no longa original. 


Agora o longa acompanha um grupo de novos e jovens colonizadores que se aventuram em uma missão em busca de liberdade e paz e acabam nas profundezas de uma estação espacial abandonada. No local, eles se deparam com uma criatura aterrorizante que ameaça a sobrevivência da equipe.

A franquia “Alien” é uma das mais clássicas do cinema de terror de ficção científica. Todos os filmes juntos arrecadaram mais de US$ 1,6 bilhão em bilheteria, sendo “Prometheus” (2012) o mais rentável, com US$ 403,4 milhões.


A história do novo filme é bem explorada. Do início ao fim, o longa é envolvente. O ambiente claustrofóbico e o terror psicológico à espera de um novo ataque da criatura contribuem para manter o espectador tenso e ansioso por cada cena. Som e efeitos visuais são os destaques da produção.

O elenco jovem é formado por Cailee Spaeny (Rain), Isabela Merced (Kay), Aileen Wu (Navarro), David Johnsson (o andróide Andy) e Archie Renaux (Tyler), sob a direção do uruguaio Fede Alvarez, conhecido por filmes como "Millennium - A Garota da Teia de Aranha" (2018). 


Um dos produtores é Ridley Scott, que dirigiu o primeiro filme da franquia, protagonizado por Sigourney Weaver, e "Alien: Covenant" (2017), com Michael Fassbender no papel principal.

Cada filme não só manteve o terror e a tensão, mas também trouxe novos elementos para a história, contribuindo para a longevidade e êxito contínuo da icônica franquia “Alien”. Com a chegada de "Alien: Romulus", os fãs estão ansiosos por mais histórias da saga.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Fede Alvarez
Produção: Scott Free Productions, 20th Century Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h59
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror, ficção, suspense

25 agosto 2024

"Longlegs - Vínculo Mortal" é um policial de terror com Nicolas Cage irreconhecível

Maika Monroe interpreta uma agente do FBI misteriosa e arredia que investiga um serial killer violento e aterrorizador (Fotos: Diamond Films)


Maristela Bretas


Confuso no início, "Longlegs - Vínculo Mortal", que estreia nesta quinta-feira (29) é um filme tenso e violento, que tem como destaque Nicolas Cage (que também é um dos produtores). 

Apesar das atuações impecáveis dele e de Maika Monroe, sai da sessão sem conseguir digerir o que tinha acabado de assistir. Não sei se considero como uma produção boa demais ou só mais um filme perturbador que fica dando voltas para explicar a ligação dos protagonistas.


Ao longo do filme, a confusão inicial, que se assemelha à da mente da personagem Lee Harker, vai se explicar e antes do meio já dá para saber o que houve, quais as conexões e como a história vai terminar. Dá a impressão de que o diretor usa muitas imagens aleatórias para "encher linguiça". No final, algumas são explicadas e outras vão continuar sem propósito e dispensáveis.


Além da atuação como um serial killer impiedoso, destaco a ótima maquiagem do personagem de Nicolas Cage, que dá nome ao filme. Ela o torna irreconhecível e assustador. Fez toda a diferença a escolha dele para o papel. 

Segundo o responsável pela maquiagem, Harlow MacFarlane, a fonte de inspiração para a concepção deste visual foi intencional, baseada numa memória da infância do ator, que se surpreendeu com a imagem de sua mãe fazendo skincare.


Maika Monroe também não fica atrás interpretando Lee Harker, a agente do FBI solitária e silenciosa, de passado nebuloso. É ela, com sua mente atormentada, quem direciona o filme ao investigar Longlegs, estudando a fundo seu perfil tenebroso. 

Somente Lee é capaz de decifrar as pistas com símbolos deixadas pelo assassino nas cenas do crime. Mas o que mais a perturba são as visões provocadas pela à medida que se aproxima dele. 

O diretor e roteirista Osgood Perkins (filho do ator Anthony Perkins, de "Psicose") manteve o visual de Longlegs em segredo até mesmo da atriz, para garantir que o público sentisse a mesma antecipação que a protagonista ao finalmente encontrá-lo. 

O elenco conta ainda com as participações de Alicia Witt, como Ruth Harker, mãe de Lee, e Blair Underwood, como o chefe de Lee no FBI, além de outros.


O longa tem três pontos positivos que podem agradar ao público: o design de som, que explora bem os momentos, tanto de ação quanto de silêncio, aliado à trilha sonora que foge um pouco às usadas normalmente em filmes de terror. 

O segundo ponto é a fotografia (dirigida por Andres Arochi), que dá a dimensão dos ataques de Longlegs, ao mesmo tempo em que preenche lagunas formadas na mente de Lee Harker.

"Longlegs - Vínculo Mortal" vai dividir opiniões, com certeza. Ele está entre um dos filmes do gênero mais comentados no momento, colocando-o como o terror do ano. Não sei se chega a tanto, mas vale ser conferido, especialmente pelas atuações dos protagonistas e da atmosfera de suspense que provoca, que lembra o excelente "O Silêncio dos Inocentes" (1991).


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Osgood Perkins
Produção: Black Bear Productions
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h41
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, policial

22 agosto 2024

Com estética vibrante, "Os Inseparáveis" discute mudança de rumo e o valor do companheirismo

Don, o palhaço marionete, e o cachorro DJ, Doggie Dog, vivem uma aventura com mensagem positiva e momentos de humor
(Fotos: nWave Pictures - Contracorriente Films)


Silvana Monteiro


Quando o público vai embora e a encenação termina é hora de os personagens viverem as próprias aventuras e terem ate mesmo uma crise de identidade. É neste mundo de fantasia que se passa "Os Inseparáveis" ("The Inseparables"), animação em cartaz nos cinemas que nos transporta para um local onde brinquedos e objetos de cena ganham uma nova vida após o fechamento das cortinas de um antigo teatro no Central Park, em Nova York. 


Produzido pelos mesmos roteiristas de "Toy Story" (1995), Joel Cohen e Alec Sokolow, o filme nos remete às mudanças de rumo, ao valor da amizade e à superação dos desafios e limites ao lado de quem confiamos. Don (voz de Éric Judor) é um palhaço, um tipo de bobo da corte. 

Embora sua função seja bem desempenhada, ele não quer se limitar a isso e decide sair para viver "sua própria vida". Fora do teatro, ele encontra outro grande sonhador, Doggie Dog (voz do DJ Jean-Pascal Zadi), o cachorro que quer ser rapper e DJ. 

O ponto alto são as cenas nas ruas e parques. Entre árvores, arranha-céus e personagens típicos de uma metrópole, a estética da obra se faz sublime e impactante e os personagens vivem a vida, tão perigosa e desafiadora como ela é.


A qualidade da animação é impressionante. Os detalhes visuais são meticulosamente trabalhados, criando um ambiente vibrante e envolvente que captura a atenção do público. O grande diferencial é quando a cena se torna a extensão da imaginação de Don, dando vida até mesmo ao mais simples cenário da cidade. 

O filme apresenta humor que agrada tanto crianças quanto adultos, equilibrando piadas sutis com momentos de leveza. A trilha sonora complementa a narrativa, proporcionando uma sonoplastia que intensifica as emoções das cenas.


Embora a história seja envolvente, alguns arcos narrativos são previsíveis e seguem fórmulas conhecidas, sobretudo, aquelas que focam na resignificação de brinquedos e objetos. Quanto aos personagens (a maioria muito boa por sinal), alguns não recebem o desenvolvimento necessário, fazendo com que pareçam unidimensionais e menos impactantes.

Em certos momentos, o ritmo da narrativa oscila, com cenas que se arrastam e outras que parecem apressadas, prejudicando a fluidez da história. "Os Inseparáveis" é uma animação visualmente deslumbrante, com uma mensagem positiva e momentos de humor eficazes. É um filme que, vale a pena assistir, especialmente para aqueles que já apreciam o estilo dos criadores. Indicado para um público dos 8 aos 80 anos.


Ficha técnica
Direção: Jerémie Degruson
Roteiro: Joel Cohen e Alec Sokolow 
Produção: nWave Pictures e Octopolis em associação com Contracorriente Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das rede Cineart e Cinemark
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: aventura, animação, comédia, família

21 agosto 2024

Festival Bárbara de Cocais abre hoje com cinema, palestras, oficinas e creche parental pública

(Fotos: Divulgação)


Da Redação


De hoje a 24 de agosto, as cidades de Santa Bárbara e Barão de Cocais, a 98 Km de Belo Horizonte, recebem o 1º Festival Bárbara de Cocais - Cinema e Formação Humana, que combina palestras, mostra de cinema, oficinas e creche parental pública. A edição acontece em diferentes espaços situados nos arredores da Praça Monsenhor Gerardo Magela, em Barão de Cocais, e no Parque Recanto Verde, em Santa Bárbara. 

Com programação gratuita e atividades para públicos de todas as idades, o Festival Bárbara de Cocais promove a criação temporária de uma sala de cinema onde são exibidos filmes brasileiros e estrangeiros que abordam, de distintas maneiras, a questão da formação humana. A programação do festival pode ser conferida no site www.barbaradecocais.org

Dos 3 aos 3 (Pablo Lobato)

Com a curadoria de Pablo Lobato e Gustavo Jardim, a Mostra de Cinema será realizada no salão paroquial do Santuário de São João Batista, em Barão de Cocais. O evento combina diferentes recortes do cinema contemporâneo, desde o popular ao documentário experimental, com três sessões diárias, de quarta a sábado.

Entre os trabalhos que serão exibidos figuram títulos nacionais, como "República" (2020), de Grace Passô; "Fantasmas" (2010), de André Novais Oliveira; "Nada" (2017), de Gabriel Martins; "Dos 3 aos 3" (2023), de Pablo Lobato; "Que Horas Ela Volta?" (2015), de Anna Muylaert; "Últimas Conversas" (2014), de Eduardo Coutinho; e "Terra Deu, Terra Come" (2010), de Rodrigo Siqueira. 

Que Horas Ela Volta? (Anna Muylaert)

Além de obras estrangeiras, como o japonês "Meu Amigo Totoro" (1998), de Hayao Miyazaki; o francês "Tomboy" (2011), de Céline Sciamma; e o mexicano "Radical" (2023), de Christopher Zalla. 

No encerramento da mostra ocorre a pré-estreia do filme brasileiro "Oroboro" (2024), de Pablo Lobato, idealizador do evento. O documentário acompanha as descobertas, dores e alegrias vividas por duas turmas de estudantes ao adaptarem para o teatro as obras "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, e "A Flauta Mágica", de Mozart. 

República (Grace Passô)

Atividades Formativas

A programação de palestras inclui grandes nomes do pensamento brasileiro: a filósofa, psicanalista e poeta Viviane Mosé, que apresenta "Educação, criação e vontade"; a poeta, dramaturga, ensaísta e professora Leda Maria Martins, com "Nos espirais da formação humana"; e a psicóloga, professora e pesquisadora Virgínia Kastrup, em "Encontros com o cinema: o cuidado e o cultivo do comum". As palestras serão realizadas de quarta a sexta, no Cine Rex, em Barão de Cocais, sempre às 18 horas.

Na grade de oficinas, o cineasta, curador e educador Gustavo Jardim ministra a atividade "O Cinema ao Redor", também no Cine Rex. Já a artista, escritora e professora Julia Panadés conduz a oficina "Desenho-Palavra em Movimento", na Cozinha Escola, também em Barão de Cocais. 

Oficina de cinema

O artista plástico e pesquisador, Gandhy Piorski, por sua vez, oferece duas edições da oficina "A criança, os cinco sentidos e o brincar", sendo uma no Cine Rex, em Barão de Cocais, e outra no Parque Recanto Verde, em Santa Bárbara.

Sob a condução da artista convidada Graziela Kunsch, a Creche Parental Pública será instalada na área externa do Santuário de São João Batista entre quarta e sábado, permanecendo aberta ao público entre 9 e 17 horas.

Creche parental

Serviço:
Festival Bárbara de Cocais - Cinema e Formação Humana
Data: de 21 a 24 de agosto de 2024 (quarta a sábado)
Locais: Barão de Cocais e Santa Bárbara (MG)
Programação: gratuita
Espaços que integram o festival:
- Santuário de São João Batista (salão paroquial e pátio lateral)
Praça Monsenhor Gerardo Magela, 12, centro - Barão de Cocais
- Cine Rex - Praça Monsenhor Gerardo Magela Pereira, 254, centro - Barão de Cocais
- Cozinha Escola - Rua São Manoel, 326, centro - Barão de Cocais
- Parque Recanto Verde (auditório) - Av. Raimundo Linhares, 430, São Vicente - Santa Bárbara
Informações:
Site: www.barbaradecocais.org ou no Instagram do evento: @barbaradecocais

20 agosto 2024

“O Último Pub”: preconceito, xenofobia e alguma esperança no ar

Longa se passa num vilarejo da Inglaterra preste a desaparecer, que recebe a chegada de imigrantes sírios com seus costumes
(Fotos: Why Not Productions)


Mirtes Helena Scalioni


Brilhante, atento e comprometido com as causas sociais, o diretor britânico Ken Loach entrega ao público mais uma obra que leva à reflexão. Em cartaz no Centro Cultural Unimed Minas-BH e no Cine UNA Belas Artes, “O Último Pub” toca em mais uma ferida atual e dolorida: a xenofobia. 


Depois de obras-primas como “Eu, Daniel Blake” (2016), sobre a perversidade da burocracia, e “Você Não Estava Aqui” (2018), sobre o que alguns chamam de uberização do trabalho, Loach continua certeiro e crítico. Com roteiro bem amarrado e sem firulas de Paul Laverty, a história se passa num vilarejo ao nordeste da Inglaterra, no Condado de Durham.

Praticamente falida e prestes a desaparecer desde que as minas da região deixaram de ser exploradas, a vila se vê diante de uma novidade: a chegada de imigrantes sírios com seus costumes, suas dores e disposição para recomeçar.


Enquanto a presença dos “cabeças de pano” acende preconceitos entre a maioria dos habitantes de Durham, o proprietário do único pub do lugar, T.J Ballantyne, decide atuar na contramão e, após fazer amizade com a jovem síria Yara, se junta a ela num trabalho de assistência aos refugiados. 

A dobradinha entre o velho e a jovem, interpretados na medida por Dave Turner e Ebla Mari, incomoda os moradores na mesma medida em que enternece o espectador.


O título original do filme em inglês é “The Old Oak” – "O Velho Carvalho", em tradução literal, exatamente o nome do pub de T.J Ballantyne. Suas janelas e portas são reabertas para a caridade pública após anos abrigando apenas antigas fotografias e memórias dos áureos tempos de exploração das minas com suas greves e conquistas.

Além da dupla Dave Turner e Elba Mari, destacam-se no elenco Claire Rodgerson, como Laura, que se junta aos dois, e Trevor Fox, como Charlie, o mais falante da turma de amigos que passa os dias tomando litros de cerveja no The Old Oak. 


Outro destaque é a beleza do lugar, com paisagens lindas e bucólicas, com direito a uma visita ao interior da catedral de Durham, em momento de muita emoção. Para quem gosta de animais, é preciso registrar que Ken Loach incluiu uma participação cheia de sensibilidade de Marra, a cachorrinha de Ballantyne.

Como o diretor chegou aos 87 anos, há quem diga que “O Último Pub” seja o derradeiro filme de Ken Loach. Tomara que não. Mas, se for, pode-se dizer, sem medo de errar, que ele encerra sua carreira deixando uma nesga de esperança. “O Último Pub” é, sem dúvida, sua produção mais otimista.


Ficha técnica:
Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty
Produção: Why Not Productions, Sixteen Films, StudioCanal UK
Distribuição: Synapse Distribution
Exibição: sala 2 do Centro Cultural Unimed Minas-BH, sessão às 16h10; e sala 2 do Cine UNA Belas Artes, sessão às 20h30
Duração: 1h53
Classificação: 14 anos
Países: Bélgica, França, Reino Unido
Gênero: drama