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07 outubro 2024

"Até o Limite", com Mel Gibson, ganha segunda chance no Adrenalina Pura

Canal de streaming adicionou o filme de 2022 a seu catálogo de mais de 400 longas (Fotos: Divulgação)


Eduardo Jr.


O longa "Até o Limite" (2022) do diretor Romuald Boulanger, reaparece para o público brasileiro. Especializado em filmes de ação, suspense e terror, o canal de streaming Adrenalina Pura adiciona ao seu catálogo de mais de 400 filmes a obra protagonizada por Mel Gibson. 

Ele vive Elvis Cooney, um apresentador de rádio que recebe, ao vivo, a ligação de um desconhecido que ameaça matar sua família. Para salvar a esposa e a filha, será preciso entra no jogo do agressor e sobreviver. 


A princípio, a música tira o filme do lugar de suspense - e até demora a chegar nesse ponto. O texto e a interpretação trazem um quê teatral. Talvez pelo fato de muitos de nós estarmos acostumados a ver Mel Gibson dublado na franquia "Máquina Mortífera", e não modulando uma voz grave em uma rádio.

Exceto pela presença de Gibson, o restante do elenco é pouco conhecido: William Moseley, Kevin Dillon, John Robinson, Nadia Farès, entre outros.


Apesar dessas críticas, em meia hora de exibição, o espectador já quer saber quem é o agressor e a motivação dele. As cenas seguintes trazem jogos sádicos, bomba, a revelação da identidade do agressor e mais tensão. 

O longa guarda uma sequência de plot twist's. Mas definir o resultado como satisfatório, aí são outros quinhentos. Para conferir, basta acessar o streaming, que disponibiliza seu catálogo nos canais Prime Video, Apple TV e Claro TV+. 

O canal liberou também filmes que não são fáceis de serem encontrados por aí, como o policial "As Duas Faces da Lei" (2008) com Robert De Niro e Al Pacino, e o suspense norueguês "Mar em Chamas" (2021). A assinatura custa R$ 14,90, e pode ser feita pelo site https://www.adrenalinapura.com


Ficha Técnica:Direção e roteiro: Romuald Boulanger
Exibição: Canal Adrenalina Pura, Prime Video Channels, Apple TV e Claro TV+
Duração: 1h44
Classificação: 14 anos
País: EUA
Ano: 2022
Gênero: suspense

08 outubro 2023

Com ótima atuação, Denzel Washington se despede mais mortal em "O Protetor - Capítulo Final"

Último filme mostra o ex-agente fragilizado, em busca de paz, que volta a matar para defender os amigos da comunidade do ataque de mafiosos (Fotos: Sony Pictures)

Maristela Bretas


Passados cinco anos, Denzel Washington e o diretor Antoine Fuqua estão de volta com "O Protetor - Capítulo Final" ("The Equalizer 3"), encerrando a trilogia muito bem e com mais violência que os filmes anteriores, justificando a classificação para 18 anos. 

O longa produção, em cartaz nos cinemas, é tão bom quanto o primeiro, "O Protetor" (2014), que pode ser conferido no HBO Max, recuperando o impacto mediano de "O Protetor 2" (2018), disponível no Paramount+.
 
O longa encerra a saga do ex-agente de operações especiais da CIA, Robert McCall, interpretado por Denzel, levando a trama para o sul da Itália, diferente dos demais que foram ambientados em Boston e Massachusetts, nos EUA.


"O Protetor 3" não economiza em referências aos filmes anteriores e quem acompanha a história do ex-agente vai identificá-las facilmente. Assim como personagem Robert McCall é um homem meticuloso, o diretor Fuqua cria situações que retornam ao passado e precisavam ser finalizadas ou que explicam as atitudes de alguns personagens.

Uma delas tem a ver com matança na abertura, só explicada no decorrer da trama. A violência domina o filme desde o início, apresentando ao público o que vem pela frente. Como se cada morte de McCall como justiceiro dos fracos e oprimidos pudesse ser justificada. 


Podem falar que Denzel Washington faz sempre o mesmo tipo de papel, as mesmas caras. Isso não importa, ele faz bem feito e tem um público cativo (me incluo neste grupo). A parceria com Fuqua funciona muito bem, não só nesta trilogia como também em outras produções, como "Sete Homens e Um Destino" (2016).

O longa reúne novamente uma dupla que deu muito certo no sucesso "Chamas da Vingança" (2004). Quase 20 anos depois, Denzel contracena com Dakota Fanning, mais bonita e talentosa, no papel da agente da CIA, Emma Collins. A sintonia entre os dois é muito clara, como se velhos amigos estivessem batendo um papo e relembrando bons tempos. 


O restante do elenco entrega boas interpretações e é quase todo formado por atores italianos, com destaque para Andrea Scarduzio, Remo Girone, Eugenio Mastrandre, Andrea Dodero e Daniele Perrone, além da norte-americana Gaia Scodellaro, como Aminah, dona da cafeteria.

Na história, Robert McCall (que na Itália ficou sendo Roberto), cansado de sua vida de execuções, busca de paz de espírito se instalando num vilarejo pacato, de pessoas aparentemente felizes. O ex-agente é aceito pela comunidade e, aos poucos, descobre que seus novos amigos são ameaçados pelos chefes do crime local e pela máfia.


À medida que os ataques vão se tornando mais brutais e mortais, ele resolve deixar a tranquilidade de lado e vai em busca de justiça, contando com a ajuda da agente Collins.

Mas "O Protetor - Capítulo Final" não oferece apenas muita ação, tiroteios, facadas e, principalmente sangue jorrando pelas paredes. Tem também o visual invejável das locações em uma pequena vila de pescadores cercada por montanhas e uma praia de areia escura na Costa Amalfitana, perto de Nápoles, no sul da Itália. 


Para completar o quadro, nada como "una bellissima canzone italiana". A trilha sonora ficou a cargo de Marcelo Zarvos, que revitalizou clássicos, como "Volare", usado numa cena de muita ação (e violência). O compositor foi responsável também pela trilha de "Um Limite Entre Nós" (2017), produzido e protagonizado por Denzel Washington e Viola Davis. 

Quem gosta deste gênero de filme não deve deixar de conferir "O Protetor - Capítulo Final", um ótimo encerramento, que faz jus à trilogia e ao trabalho de Denzel Washington e de todos que participaram da franquia.


Ficha técnica:
Direção: Antoine Fuqua
Roteiro: Richard Wenk
Produção: Sony Pictures e Escape Artists
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 18 anos
Países: EUA e Itália
Gêneros: ação, suspense

06 abril 2023

"AIR: A História Por Trás do Logo" que seduziu a maior lenda do basquete

Matt Damon é a estrela do filme sobre uma das maiores jogadas de marketing do mundo esportivo (Fotos: Ana Carballosa/Amazon Studios)


Maristela Bretas


Uma marca famosa, mas em crise num de seus setores esportivos - o basquete. Um caçador de talentos que precisa encontrar um novo rosto para alavancar os produtos. Este é "AIR: A História Por Trás do Logo", filme que entrou em cartaz nesta quinta-feira nos cinemas.

Com roteiro escrito por Alex Convery a partir de fatos reais, a produção conta a origem do Air Jordan, a milionária linha de tênis para basquete da Nike, que leva o sobrenome do seis vezes campeão da NBA, Michael Jordan.


Produzido e muito bem dirigido por Ben Affleck, o longa conta com os dois no elenco principal. Damon (também produtor) está excelente no papel de Sonny Vaccaro. 

Affleck entrega uma ótima interpretação do caricato fundador da Nike, Phil Knight. Outro destaque é a vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, Viola Davis ("Um Limite Entre Nós" - 2017).


"AIR: A História Por Trás do Logo" se passa na década de 1980. A Nike vivia uma crise por não encontrar um rosto para sua linha de tênis de basquete. 

O setor estava ameaçado de ser encerrado por causa das baixas vendas. A diretoria, o marketing e todos da empresa cobravam um nome urgente entre as muitas estrelas da NBA. 


Descobridor de talentos juvenis e chefe da marca esportiva e de calçados Nike, Sonny Vaccaro (Damon) viu em Michael Jordan esse rosto, acreditando que ele um dia se tornaria uma lenda do basquete. 

Pagar por ele era o problema, mesmo estando no início da carreira profissional.


Outros grandes fabricantes de tênis também estavam na disputa pelo jogador para que representasse seus produtos, como a alemã Adidas e a Converse. 

Sonny só podia contar com o amigo Phil Knight. O filme acompanha os esforços dos membros da Nike para tornar a marca uma das mais famosas da história. 


Mesmo contrariando o restante da diretoria e o assessor de Michael, David Falk (Chris Messina), além da própria descrença do jogador na marca do raio.

Para conseguir o que queria, Sonny procura a pessoa que mais acreditou e apostou no talento de Michael, a mãe dele Deloris Jordan (Viola Davis, que atuou ao lado do marido, Julius Tennon).


Ela sempre foi o cérebro e o coração do atleta. Coube a ela decidir o que seria melhor para o futuro do filho e como ficaria marcado na história do basquete, não só como jogador.

Uma mulher visionária, que o filme soube explorar muito bem. A escolha da atriz para o papel foi a mais acertada de todas. Além de ter sido uma exigência do próprio Michel Jordan.


A corrida para conquistar o atleta dos sonhos passou a contar com outros integrantes da empresa no processo de criação e divulgação da nova marca: o gerente de marketing, Rob Strasser (James Bateman), o diretor executivo, Howard White (Chris Tucker) e o gênio que criou o Air Jordan 1, Peter Moore (Matthew Maher).


Na disputa pelo jogador, o longa-metragem mostra como foram as negociações para o uso do nome do jogador. 

As novas regras abriram fortes precedentes no mercado esportivo. Sem contar as cifras milionárias astronômicas atingidas pelas vendas da linha exclusiva.


Mesmo não sendo um filme sobre a maior lenda do basquete, sobrou um espaço para contar um pouco de sua carreira espetacular A produção usa vídeos, reportagens, manchetes de revistas e jornais da época e de hoje. 

E como acontece em todos longas baseados em fatos reais, "AIR: A História Por Trás do Logo" também atualiza como estão hoje os envolvidos nessa que foi uma das maiores jogadas de marketing do esporte mundial. Um filme que vale a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção: Ben Affleck
Produção: Mandalay Pictures / Skydance Productions / Amazon Studios
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h52
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gênero: drama

22 setembro 2022

"A Mulher Rei" - Viola Davis e suas guerreiras negras com um Oscar na mão

Filme conta a história das Agojie que defenderam o Reino do Daomé, na África, contra a escravidão (Fotos: CTMG/Divulgação)


Maristela Bretas


Espetacular em todos os quesitos e imperdível. Estou falando de "A Mulher Rei" ("The Woman King"), produção que estreia nesta quinta-feira (22), trazendo Viola Davis ("A Voz Suprema do Blues" - 2020, "Um Limite Entre Nós" - 2017, que lhe valeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante) como protagonista e um elenco que a acompanhou à altura. 

Isso sem falar na direção de Gina Prince-Bythewood ("The Old Guard" - 2020), que divide o ótimo roteiro com Dana Stevens. As mulheres negras são o brilho, a força, o poder e a emoção da história, que foi inspirada em fatos reais. 


Viola é a general Nanisca, comandante das Agojie, uma unidade de guerreiras africanas composta apenas por mulheres com habilidades e força diferenciadas. Elas protegeram o Reino do Daomé do final de 1600 até o final dos anos 1800 contra a escravidão, defendendo o rei Ghezo. Nanisca, enquanto treinava uma nova geração de recrutas, se preparava para a batalha contra um poderoso inimigo.


A cultura Daomé valorizava a significância das mulheres, contava com uma organização social única e progressiva para a época. Todos os cargos oficiais eram ocupados tanto por um homem quanto por uma mulher, que recebia do monarca o título de "Kpojito", ou Mulher Rei, com quem dividia o reinado. 


E sim, as Agojie existiram e a última faleceu em 1979 e recebeu como homenagem no filme a personagem Nawi, interpretada pela atriz sul-africana Thuso Mbedu, que apesar de seus 31 anos, tem cara e corpo de uma menina de 15. Dividir as cenas com a veterana foi um desafio, muito bem cumprido, a jovem brilhou. 

Nawi é uma jovem órfã que resistiu a todas as tentativas de seu pai adotivo de casá-la, até ser entregue por ele ao palácio para se tornar uma guerreira.


Em entrevista, Viola Davis diz que sempre sonhou em atuar em um filme como “A Mulher Rei”. Seu personagem envolve o público, provocando raiva e empatia pela mulher que não pode demonstrar emoção e luta por uma causa justa. 

“Senti que "A Mulher Rei" era uma história importante, porque me vi nela. Eu vi a minha feminilidade nela. Vi a minha escuridão nela. Vi uma parte muito importante da história nela. Eu sempre digo que qualquer parte da história é importante, mesmo as menores partes". A atriz se encantou tanto com a proposta do filme que também é uma das produtoras.




“Nesta história, temos a capacidade de redefinir o que significa ser mulher. Nós nunca vimos isso antes. Adoro histórias que podem reformular o que significa ser mulher, reformular a feminilidade, reformular seus poderes. Estas são mulheres reais que fizeram algo sobre-humano, mas não eram super-heroínas. Eu precisava levar essas mulheres às telas”, disse a diretora Gina Prince-Bythewood.


São quase 2h30 de filme que passam sem que o público perceba. As lutas das guerreiras são memoráveis, mais parecem uma dança, apesar da violência exposta na tela. A diretora carrega o peso na mão ao mostrar o sangue e os abusos sofridos por mulheres e homens africanos nos anos de 1800. 

E como as Agojie tratavam seus inimigos, a maioria homens de outras aldeias, que viviam do tráfico de escravos negros para os colonizadores.


No elenco de guerreiras, que deixam muito "Vingador" no chinelo, destaque também para a britânica Lashana Lynch (“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" – 2022, "007 - Sem Tempo Para Morrer" - 2021 e "Capitã Marvel" - 2019), como a poderosa Izogie, a mais valente e forte depois de Nanisca. E a atriz ugandense/britânica Sheila Atim, que trabalhou com Lashana em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura". Em "A Mulher Rei, ela faz o papel de Amenza que, além de brigar muito, é a guia espiritual da tribo e confidente de Nanisca. 

John Boyega ("Star Wars: A Ascensão Skywalke" - 2019) foi contemplado com o papel do rei Ghezo, uma figura histórica real que teve grande parte da sua história no filme extraída de acontecimentos verídicos.


Não bastasse a boa escolha do elenco, a diretora Gina Prince-Bythewood ainda abusou nas belas locações, explorando a beleza, a cultura e os costumes dos povos africanos. O figurino e a reconstituição de época também foram tratados com carinho especial, além do roteiro, baseado numa longa pesquisa da produtora Maria Bello em suas viagens à África Ocidental.

Quando você acha que já viu tudo, surge uma novidade que pode mudar o contexto. Imperdível, merece levar o Oscar em várias categorias. Na minha opinião, o melhor filme do ano até o momento.


Ficha técnica:
Direção: Gina Prince-Bythewood
Roteiro: Gina Prince-Bythewood e Dana Stevens
Produção: TriStarPictures / JuVee Productions
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h24
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, drama, histórico

11 dezembro 2018

Apesar do ótimo elenco e história, "As Viúvas" é longo e com pouca ação

Suspense reúne Viola Davis comandando um grupo de mulheres desesperadas num grande assalto (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Atores de primeira que entregam ótimas interpretações bem distribuídas ao longo da história, e a trilha sonora com a marca de Hans Zimmer, fazem de "As Viúvas" ("Widows") uma das boas opções em cartaz no cinema. Viola Davis ("Um Limite Entre Nós" - 2017), ótima como sempre, contracena com Liam Neeson ("O Passageiro" - 2018), e Colin Farrell ("O Estranho que Nós Amamos" - 2017). O filme peca, no entanto, na duração. Muito longo e com pouca ação, o roteiro esticou demais em alguns detalhes, deixando algumas cenas bem arrastadas.

Mas quando a ação acontece, elas são muito boas, principalmente pela atuação dos atores, sem desmerecer os efeitos especiais. Outro ponto positivo é a abordagem paralela da questão social, explorada por candidatos em campanha: o famoso esquema de tirar o máximo de proveito gastando o mínimo e explorando as necessidades das comunidades carentes. O diretor deixa bem claro que isso vale para os dois lados da disputa - para quem nasceu no bairro e quer unir o poder do tráfico de drogas ao do cargo político quanto para aqueles que sempre se alimentaram da política por gerações.

"As Viúvas" é dirigido pelo britânico Steve McQueen II (também um dos roteiristas e produtores), o mesmo de "12 Anos de Escravidão" (2014). Traz ainda um elenco de nomes famosos como Daniel Kaluuya ("Corra!" - 2017), Robert Duvall ("O Juiz" - 2014), Michelle Rodriguez (da franquia "Velozes e Furiosos"), Elizabeth Debicki ("Guardiões da Galáxia- Vol. II" - 2017) e Brian Tyree Henry ("Hotel Artemis" - 2018).

A partir de um assalto frustrado, quando Harry Rawlins (Liam Neeson) e sua gangue são mortos pela polícia e o dinheiro que roubaram destruído pelas chamas, as viúvas se tornam o alvo dos traficantes que perderam tudo. A viúva de Harry, Verônica (Viola Davis), passa a ser cobrada para que a quantia roubada pelo marido seja devolvida. 


Pressionada, ela encontra um caderno de anotações de Harry que prevê em detalhes aquele que seria seu próximo golpe. Verônica então decide realizar o roubo, tendo a ajuda das demais viúvas dos mortos no assalto frustrado - Linda (Michelle Rodriguez) e Alice (Elizabeth Debicki), além de Belle (Cynthia Erivo).

Elas se vêm envolvidas numa disputa política envolvendo Jack Mulligan (Colin Farrell) e o pai dele, Tom (Robert Duvall) contra Jamal (Brian Tyree Henry), chefe do tráfico na comunidade e forte candidato a acabar com a hegemonia na região família Mulligan. Para o "trabalho sujo", Jamal conta com Jatemme (Daniel Kaluuya), um homem violento, cruel, que sente prazer em matar. "As Viúvas" vale a pena assistir, em especial pelo elenco, mas o roteiro unindo suspense e drama errou ao deixar a ação em segundo plano.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Steve McQueen (II)
Produção: 20th Century Fox / New Regency Pictures / See-Saw Films
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h09
Gêneros: Suspense / Drama
Países: EUA / Reino Unido
Classificação: 16 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

Tags:#AsViuvas, #Widows, @ViolaDavis, @LiamNeeson, @ColinFarrell, @MichelleRodriguez, @DanielKaluuya, #RobertDuvall, #drama, #suspense, #EspacoZ, @cineart_cinemas, @cinemanoescurinho

12 novembro 2018

"Operação Overlord" - terror, guerra, muita ação e a marca de J.J.Abrams

Jovan Adepo e Wyatt Russell vão enfrentar supersoldados indestrutíveis criados por nazistas para vencerem o conflito (Fotos: Peter Mountain/Paramount Pictures)


Maristela Bretas


Misturar 2ª Guerra Mundial com terror (não confunda com atrocidades) é possível? Para o produtor J.J. Abrams e o diretor Julius Avery sim. E, de quebra, com muita ação e um elenco pouco estrelado que entrega um ótimo filme. Tudo isso está em "Operação Overlord", produção que em cartaz nos cinemas e que tem a invasão da Normandia (o conhecido "Dia D") como ponto de partida para virar a história e se tornar um ótimo filme de terror/ficção sobre as experiência científicas realizadas pelos nazistas em instalações secretas num vilarejo francês.

Usar a 2ª Guerra Mundial como tema de filme já está mais que manjado e cansativo, era preciso criar um viés completamente diferente, partindo para o terror com seres humanos servindo de cobaias para a criação, em um laboratório secreto, de supersoldados indestrutíveis, que serão usados pelos nazistas para vencerem o grande conflito e dominarem o mundo. Pode não ter sido desta forma, mas não são poucos os documentos encontrados pós-guerra abordando os experimentos do governo Hitler com esses objetivos.

Mesmo com alguns deslizes no roteiro, Avery e Abrams conseguiram entregar um bom filme, que provoca pulos na cadeira e arrepios com o quebrar de ossos. destaque para a atuação de Jovan Adepo ("Mãe!" e "Um Limite Entre Nós", ambos de 2017) que interpreta o soldado Boyce, e domina a ação, juntamente com Wyatt Russell, no papel do cabo Ford. As piadas e comentários sarcásticos ficam por conta de John Magaro, o soldado Tibbet, que não dispensa um chiclete.

Do lado dos vilões, e este assusta após se transformar, está Pilou Asbaek ("A Vigilante do Amanhã" - 2017), como o comandante alemão Wafner, que nas horas vagas corre atrás de Chloe, jovem francesa boa de tiro interpretada pela quase estreante Mathilde Ollivier.

Na história, uma tropa de paraquedistas norte-americanos é lançada atrás das linhas inimigas para uma missão crucial - explodir as comunicações dos alemães e facilitar o desembarque das tropas aliadas na Normandia. Apesar das muitas perdas, o pequeno grupo consegue chegar a seu destino, mas vai descobrir que a fortaleza nazista instalada numa igreja abriga mais que uma simples torre de transmissão e que coisas estranhas estão acontecendo com os habitantes do pequeno vilarejo onde ela está localizada.

Ambientação, trilha sonora, figurinos e reconstituição histórica da operação dos aliados estão ótimos. Mas é na maquiagem que a produção se supera, com um trabalho excelente de efeitos visuais de transformação assustadora de rostos e corpos deformados pelas experiências dos alemães.

Até mesmo os fãs de filmes de guerra vão gostar da linha adotada pelo diretor, que não dispensa a parte da guerra, com muitos tiros, explosões, tanques e metralhadoras, além dos medos dos soldados que estão indo para a batalha pela primeira vez, o racismo velado e o heroísmo dos norte-americanos (claro!). Vale muito a pena conferir.



Ficha técnica:
Direção: Julius Avery
Produção: Bad Robot / Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 1h50
Gêneros: Terror / Ação / Guerra
País: EUA
Classificação: 16 anos 
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #OperacaoOverlord, #JovanAdepo, #Wyat Russell, #JJAbrams, #JuliusAvery, #terror, #guerra, #ficçao, #ação, #ParamountPictures, #BadRobot, #espaçoz, #cinemas.cineart, #CinemaNoEscurinho

05 março 2017

"Um Limite Entre Nós" é dramático e impiedoso na forma de amar

Denzel Washington e Viola Davis estão perfeitos na interpretação do casal principal (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Viola Davis e Denzel Washington estão impecáveis em seus papéis na adaptação "Um Limite Entre Nós" ("Fences"). Ambos mereciam o Oscar de Melhores Atores. Mas somente ela faturou, mesmo assim como Coadjuvante. A história, interpretada com sucesso pelo casal e o mesmo elenco no teatro, manteve a mesma carga dramática no cinema. Mas trouxe um problema que já aconteceu com outras adaptações teatrais: a narrativa arrastada e diálogos longos, como o do início com Denzel. Ele fala como uma metralhadora, sem interrupção, chega a deixar a produção chata e sonolenta.

Mas à medida que o enredo vai se desenrolando, Troy Maxson (personagem de Denzel Washington) vai se revelando e as falas, anteriormente muito longas ganham ritmo e agilidade, mantendo a carga de frustração e desrespeito pelo casamento e pelas pessoas que estão ao seu redor. E o que ele recebe de volta é raiva e mágoa, como a do filho mais novo, que ele não consegue dominar mais. Denzel também diretor do filme exagerou um pouco no início e na duração da história para o cinema, que poderia ter sido contada em menos tempo.

O cenário de "Um Limite Entre Nós" também não sofre muitas variações, com quase tudo acontecendo dentro e, principalmente no jardim da casa de Troy e Rose (Viola Davis). Isso aproxima o público das relações vividas naquele espaço: amizade entre amigos, um casamento onde uma das partes se anula, frustrações, machismo, egoísmo, desprezo, o convívio de pai e filhos, sentimento de inferioridade por causa da cor da pele e vai por aí afora.

Na década de 1950, em Pittsburgh (EUA), Troy Maxson é um homem de 53 anos que na infância sonhava em se tornar um grande jogador de beisebol, mas que ele acredita nunca ter conseguido por ser negro. Frustrado, vive na periferia com a esposa, Rose e o filho mais novo, Cory (Jovan Adepo) e trabalha recolhendo lixo das ruas. Batalha para conseguir ocupar o posto de motorista do caminhão de lixo, mas se acha preterido ao cargo que só era passado a brancos.

Sua frustração e egoísmo o levam a impedir que Cory se torne um jogador de futebol americano e entre para uma universidade, o que acaba provocando uma disputa entre os dois, só separada quando a mãe intervém. Também não há carinho na relação dele com Lyons (Russell Hornsby), o filho mais velho do primeiro casamento, que só procura o pai por dinheiro. Sem contar o irmão Gabe (Mykelti Williamson, que está excelente no papel), um ex-combatente da Segunda Guerra que sofre de problemas mentais e constantemente se mete em problemas com a polícia.

Para equilibrar todo esse clima tenso está Rose, a esposa que se anula quase que por completo ao aceitar o jeito ignorante, prepotente e arrogante do marido. A atitude dela pode despertar a ira de algumas mulheres que forem ao cinema e que talvez não entendam como ela pode conviver com o que Troy lhe impõe e ao filho. Viola Davis dá um show de interpretação como a esposa submissa, mas de uma força incrível. E que ainda consegue amar o marido, apesar de tudo o que ele faz. Um Oscar mais que merecido.


Denzel não concorreu ao Oscar de Melhor Ator à toa. E era um dos merecia ter ganhado. Ele está brilhante como diretor e no papel principal, fazendo Troy ser odiado por cada atitude desprezível que toma. O personagem tem sua maneira de amar e de querer ser amado, insiste que negros não têm vez e que o filho não terá chance de crescer num time de brancos, cria sua própria ética de vida e não admite ser questionado. Mas é leal ao velho amigo Jim Bono (Stephen Anderson), o único a quem escuta às vezes.

O título do filme em português - "Um Limite Entre Nós" - não esclarece (como acontece muitas vezes) a ligação com a história. O original em inglês é "Fences" (cercas). Troy passa seus finais de semana construindo uma cerca para sua casa. Mas seu comportamento, sem que admita, vai levantando também cercas que o afastam das pessoas, mas as mantém dentro de seu controle. Um ótimo filme sobre relações, com um enredo simples que poderia ser mais curto. Mas o trabalho do elenco e a direção compensam. Mas vale conferir.


Ficha técnica:
Direção e produção: Denzel Washington
Produção: Bron Studios / Scott Rudin Productions / Paramount Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 2h19
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #umlimiteentrenos, #fences, #cercas, #Denzel Washington, #Viola Davis, #MykeltiWilliamson, #JovanAdepo, #RussellHornsby, #StephenHenderson, #drama, #ParamountPictures, #CinemanoEscurinho

27 fevereiro 2017

Após erro histórico, "Moonlight" desbanca "La La Land" e leva Oscar de Melhor Filme

"Moonlight: Sob a Luz do Luar" conquistou três estatuetas das oito indicações  (Fotos: Diamond Films/Divulgação)

Maristela Bretas


O mico cinematográfico do ano no Oscar ficou para a entrega do prêmio de Melhor Filme. Faye Dunaway e Warren Beatty fizeram o anúncio e entregaram a estatueta, encerrando a solenidade. Já no palco comemorando o prêmio e tendo encerrado seu discurso de vitória, Jordan Horowitz, um dos produtores de "La La Land: Cantando Estações", percebeu o erro e chamou a equipe de "Moonlight: Sob a Luz do Luar" para receber o prêmio. Deu Miss Universo no Oscar!


Final da entrega do Oscar 2017 (Foto AFP)
O clima ficou ruim, com a direção e produção dos dois filmes dividindo o espaço e tentando entender o que havia ocorrido. Até que o envelope certo foi mostrado, confirmando "Moonlight" como o vencedor. 

"La La Land: Cantando Estações" foi a estrela da noite, como já era esperado da 89ª edição do Oscar. Das 14 indicações, o filme dirigido por Damien Chazelle levou seis estatuetas, seguido por "Moonlight: Sob a Luz do Luar", com três, “Manchester à Beira-mar” e "Até o Último Homem", ambos com dois prêmios.


"La La Land" conta a história da aspirante a atriz Mia (Emma Stone) e do músico de jazz Sebastian (Ryan Gosling), que lutam por oportunidades em Los Angeles e acabam se apaixonando, num belo romance musical. 

Justin Timberlake entrou cantando no Teatro Dolby, em Los Angeles, com um grupo de bailarinos e fez vários convidados dançarem. Passando depois a bola para o apresentador oficial Jimmy Kimmel, que comandou o Emmy de 2012 e de 2016. 


Ele falou um pouco da política dos EUA, brincou com alguns dos indicados e homenageou Meryl Streep, que foi aplaudida de pé pelos presentes. Ela quebrou seu próprio recorde de categorias de atuação. Ela concorreu pela 20ª vez (com o filme "Florence"), mas não conquistou seu quarto Oscar.

A cerimônia, que começou na noite de domingo e terminou na madrugada desta segunda-feira teve como primeiro prêmio anunciado o de Melhor Ator Coadjuvante, que saiu para Mahershala Ali, por "Moonlight: Sob a Luz do Luar". Durante os anúncios, as três atrizes de "Estrelas Além do Tempo" - Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe - falaram do filme e apresentaram a única das especialistas ainda viva, a matemática Katherine Johnson, que foi interpretada por Henson. 

Shirley MacLaine foi também homenageada e entrou no palco com Charlize Theron para anunciarem o escolhido ao prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Venceu o iraniano "O Apartamento". O diretor Asghar Farhadi não compareceu mas enviou uma representante que leu seu discurso com duras críticas à política anti-imigrante de Donald Trump. Muitos atores e convidados usaram um laço azul a favor dos direitos humanos.

Um grupo de turistas foi levado à cerimônia e passeou entre os convidados, tirou fotos com indicados e alguns ganhadores de Oscar da noite. Um casal teve inclusive seu casamento oficializado por Denzel Washington. A solenidade contou, como em anos anteriores, com uma homenagem aos diretores, atores, produtores, roteiristas e pessoas que trabalham no cinema e que morreram neste ano. O diretor brasileiro Hector Babenco foi um dos citados.

Veja abaixo os ganhadores ao Oscar 2017:


Melhor Filme
"Moonlight: Sob a Luz do Luar"

Melhor Diretor
Damien Chazelle ("La La Land: Cantando Estações")

Melhor Ator
Casey Affleck (“Manchester à Beira-mar”)


Melhor Atriz
Emma Stone ("La La Land: Cantando Estações")

Melhor Ator Coadjuvante
Mahershala Ali ("Moonlight: Sob a Luz do Luar")


Melhor Atriz Coadjuvante
Viola Davis ("Um Limite Entre Nós")

Melhor Roteiro Original
Kenneth Lonergan ("Manchester à Beira-mar")

Melhor Roteiro Adaptado
Barry Jenkins ("Moonlight: Sob a Luz do Luar") 

Melhor fotografia
Linus Sandgren ("La La Land: Cantando Estações")


Melhor animação
"Zootopia - Essa Cidade é o Bicho"

Melhor filme em língua estrangeira
"O apartamento" – Irã

Melhor documentário
"O.J. Made in America"


Melhor edição
John Gilbert ("Até o Último Homem")

Melhor Design de Produção
"La La Land: Cantando Estações"

Melhor Cabelo a Maquiagem
Alessandro Bertolazzi, Giorgio Gregorini e Christopher Nelson ("Esquadrão Suicida")


Melhor Figurino
Colleen Atwood ("Animais Fantásticos e Onde Habitam")

Melhores Efeitos Visuais
Robert Legato, Adam Valdez, Andrew R. Jones e Dan Lemmon ("Mogli: O Menino Lobo")


Melhor Canção Original
"City of stars" ("La La Land: Cantando Estações"); música de Justin Hurwitz e letra de Benj Pasek e Justin Paul

Melhor Trilha Sonora
Justin Hurwitz ("La La Land: Cantando Estações")

Melhor Mixagem de Som
Kevin O'Connell, Andy Wright, Robert Mackenzie e Peter Grace ("Até o Último Homem")


Melhor Edição de Som
Sylvain Bellemare ("A Chegada")

Melhor Curta-Metragem
"Sing"

Melhor Curta-Metragem de Animação
"Piper"

Melhor Documentário em Curta-Metragem
"The White Helmets" ("Os Capacetes Brancos")





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