"A Família Bélier" conta a história de um grupo de quatro pessoas das quais três são surdas (Fotos: Paris Filmes/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
A classificação não poderia ser mais correta: comédia dramática. "A Família Bélier" ("La Famille Bélier") destes filmes raros que costumam agradar, de cara, a maioria. Por mais que alguns críticos digam que o argumento não é original, a história da adolescente que descobre seu talento para o canto e fica em dúvida entre seguir carreira ou permanecer em casa tem sua originalidade exatamente no fato de a menina Paula ser especialmente imprescindível ao seu grupo familiar.
Explica-se: Paula, vivida pela estreante Louane Emera, vive na zona rural da França com o pai (François Damiens), a mãe (Karin Viard) e o irmão (Luca Gelberg), todos surdos. Ela é, portanto, a intérprete da turma, tanto nas relações com amigos e vizinhos quanto nas atividades comerciais que dão sustento à casa. Sua possível partida significa muito mais do que um afastamento natural de um dos elementos daquele grupo amoroso. Pode significar a inviabilidade da família.
O grande trunfo de "A Família Bélier" é exatamente a delicadeza com que o tema da deficiência auditiva é tratada. Como se tratam de pessoas que vivem numa fazenda, o que poderiam ser estereótipos de caipiras dão lugar a uma gente ruidosa - apesar da surdez - e, talvez para compensar a falta de sons, uma gente extremamente "barulhenta" quando se trata de abraços, beijos, afagos e carinhos. Daí o inevitável clima de comédia.
Embora não sejam surdos, François Damiens, Karin Viard e Luca Gelberg dão show de interpretação, quase esbarrando no exagero, mas sem comprometer a história. As canções que permeiam toda a trama, a partir do momento em que Paula descobre seu talento, completam o clima singelo do filme. A sessão lotada das 19 horas de sexta-feira, dia 9/01/15, no Cine Belas Artes, foi aplaudida no final. Fato raro. Classificação: 12 anos
Tags: A Família Bélier; comédia dramática; França; Paris Filmes; Cinema no Escurinho