Apesar de ter sido lançado há menos de um mês, “The Last of Us” está em terceiro lugar geral nas principais adaptações de videogames de séries de TV de todos os tempos. “Arcane”, o programa adaptado do jogo “League of Legends”, ocupa a primeira colocação.
Para filmes, “Uncharted” (clique para conferir a crítica no blog) lidera a lista desta semana. Curiosamente, ambos os filmes de “Sonic the Hedgehog” também fizeram parte da lista. Veja os gráficos abaixo dos Top 10 TV Show e Top 10 Movies, enviados pelo guia de streaming JustWatch, parceiro do blog Cinema no Escurinho.
Atuações do jovem Jules Lefebvre e do experiente Benoit Poelvoordesão destaques desta produção francesa (Fotos: Caroline Bottaro)
Mirtes Helena Scalioni
Para início de conversa, é difícil entender por que "As Histórias de Meu Pai" ("Profession du Pére") é classificado, inicialmente, como comédia. Não é. Embora o espectador possa até rir ao longo do filme, dirigido por Jean-Pierre Améris (“A Linguagem do Coração”- 2014), na maior parte do tempo, a produção francesa que entra em cartaz nesta quinta-feira (9) transmite mesmo é espanto diante da estranha relação entre pai e filho, intermediada por uma silenciosa omissão da mãe.
Logo no início, fica claro que André Choulans, magistralmente interpretado por Benoit Poelvoorde (“Mentiras Secretas” -2021), é um mentiroso compulsivo, um típico e perigoso mitômano que, com sua autoridade de pai, vai envolvendo o pequeno Emile, de 11 anos, em seus delírios e bizarrices.
Inocente, o menino parece ter adoração por aquele pai herói que diz já ter sido paraquedista, campeão de judô, amigo de Édith Piaf e até conselheiro do general Charles De Gaulle.
A história se passa em Lyon, na década de 1960, quando André, dizendo-se traído pelo presidente, envolve o filho num projeto para matar De Gaulle.
Afirmando ser membro de uma OAS, espécie de organização clandestina que se opõe à independência da Argélia, ele vai transformando o filho num agente secreto, a quem são dadas missões perigosas como colocar cartas anônimas nas caixas de correio de autoridades ou pichar muros da cidade.
Mas o grande trunfo do longa francês é, sem dúvida, a atuação de Jules Lefebvre como Emile. Inacreditável e encantadora a expressão do pequeno ator diante do “heroísmo” do pai, sua alegria e determinação diante das missões que tenta cumprir e até a aceitação submissa dos castigos que recebe quando o pai acha que ele não foi eficiente.
Chama atenção também a graça com que ele, fazendo ar de mistério, tenta cooptar seu colega de sala, Lucas (Tom Levy) para a organização secreta com o objetivo de eliminar o presidente da França.
Em seu papel de mãe que nada pode fazer para estancar as loucuras do marido, Audrey Dana, como Denise Choulans tem interpretação correta e na medida.
Ao final, quando a história dá um salto de cerca de 20 anos, o público pode, inclusive, compreender melhor sua omissão diante dos exageros do marido.
Mesmo não sendo comédia – talvez exatamente por isso – "As Histórias de Meu Pai" vale a pena ser visto, até para que se entenda o poder e a responsabilidade de um pai em sua relação com os filhos.
Também pode levar a alguma reflexão sobre os perigos que chegam a representar as ideias e ideologias extremistas, tão em voga no mundo de hoje.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Jean-Pierre Améris Produção: France 3 Cinéma Distribuição: Pandora Filmes Exibição: nos cinemas Duração: 1h45 Classificação: 14 anos País: França Gêneros: comédia, drama