08 junho 2023

Com ótimas batalhas, "Transformers - O Despertar das Feras" é uma boa pedida no cinema

O longa mantém as características da franquia, explorando o lado emocional de humanos e máquinas
(Fotos: Paramount Pictures)


Maristela Bretas


Com seis filmes, sendo um spin-off, a franquia "Transformers" estreia mais um longa nesta quinta-feira e pode agradar aos fãs. "Transformers - O Despertar das Feras" ("Transformers: Rise Of The Beasts") vem com ótimas batalhas entre as máquinas, grandes efeitos visuais e muito CGI, diversidade no elenco e belas locações, especialmente as imagens feitas no Peru.


Saindo das carinhas carimbadas de Hollywood, o sétimo filme da franquia aposta em novos rostos no blockbuster para serem os protagonistas. É o caso do norte-americano com ascendência porto-riquenha Anthony Ramos ("Nasce uma Estrela" - 2018). 

Ele entrega uma interpretação muito boa e carismática de Noah Diaz, um jovem de origem latina, que vive com a mãe e o irmão que sofre de uma doença incapacitante. Depois de alguns sufocos, Noah se torna amigo dos Autobots, papel que já foi vivido por Shia LaBeouf e Mark Wahlberg nos longas passados.


A parceira dele é a pesquisadora de objetos antigos e escrita arcaica, Elena Wallace, interpretada pela talentosa Dominique Fishback ("Power" – 2020 e o premiado “Judas – O Messias Negro” - 2021), que dá conta do recado e é bem simpática.

Já as máquinas receberam vozes originais de conhecidos atores/dubladores, como Peter Dinklage (o vilão Scourge), Ron Perlman (o gorila Optimus Primal), Michelle Yeoh (a águia Airazor), Pete Davidson (o autobot Mirage), Peter Cullen (Optimus Prime), John DiMaggio (o avião Stratosphere), Colman Domingo (Unicron, líder dos vilões), entre outros.


Na versão dublada para o português brilham Guilherme Briggs, novamente fazendo a voz de Optimus Prime, Douglas Silva, que dá ginga e diverte como Mirage, e Fernanda Paes Leme, como Arcee (a moto-robô).

O longa se passa em 1994 e mantém as características da franquia, explorando o lado emocional dos humanos e humanizando também as máquinas. Dos demais filmes da franquia, o longa é quase uma sequência do grande sucesso "Bumblebee" (2018). 


Também remete a outros filmes conhecidos como "Power Rangers" (2017) e a franquia "G.I. Joe" que, assim como os Transformers, tem brinquedos fabricados pela Hasbro. 

Os fãs da cultura geek vão perceber referências a games e blockbusters da época. Quem acompanhou estas produções vai entender o que estou dizendo.


Após 16 anos da estreia da franquia, "Despertar das Feras" explica um pouco da origem dos Autobots, porque vieram parar na Terra e a união com os humanos para defender o planeta de Unicron e seus seguidores Predacons e Terrorcons.

Apresenta também os Maximals, uma versão animal das máquinas, que também se transformam em veículos e guerreiros e vieram de Cybertron, mesmo planeta dos Autobots.


E são eles que dão início a esta nova história, a partir da destruição de seu planeta por Unicron. Os Maximals conseguem escapar levando um objeto que pode dar mais poder ao vilão alienígena. 

Pelo lado humano, temos Noah tentando ajudar no sustento da casa e no tratamento do irmão, mas que acaba se envolvendo no roubo de um carro diferente (Mirage). Após alguns sustos, ele se une aos Autobots e Maximals para tentar recuperar o tal objeto e salvar a Terra. 


Curiosidades da franquia

Shia LaBeouf estrelou os três primeiros filmes da franquia: "Transformers" (2007), "Transformers: A Vingança dos Derrotados" (2009) e "Tranformers: O Lado Oculto Da Lua" (2011). A partir de 2014, com "Transformers: A Era da Extinção" e "Tranformers: O Último Cavaleiro" (2017), Mark Wahlberg assume o papel principal.

Todos foram dirigidos por Michael Bay, que usou e abusou do IMAX nas quatro últimas produções, mas acabou desgastando a franquia e se tornando o mais do mesmo.


Quando os Transformers pareciam ter esgotado suas forças, especialmente após a produção de 2017, eis que a franquia ressurge sob a direção de Travis Knight e nos apresenta, um ano depois, "Bumblebee".

Protagonizado por Hailee Steinfeld, o longa superou quase todos os filmes anteriores e agrada tanto quanto o primeiro, de 2007.

Pena que Bumblebee, o mais carismático dos Autobots, tenha sido pouco aproveitado no novo longa. O diretor Steven Caple Jr. ("Creed II" - 2019) deixou o destaque para Optimus Prime, o gorila Optimus Primal e a águia Airazor.


Agora, o grande desafio de "Transformers: Despertar das Feras" é ser igual ou melhor que seu antecessor e manter a boa bilheteria da franquia, que arrecadou mundialmente cerca de US$ 4,8 bilhões entre 2007 e 2018. 

A produção é de alta qualidade, com locações em Cuzco, Machu Pichu, Tarapoto (Peru), Quebec e Montreal, Nova York, Los Angeles, Novo México, Londres e Islândia. Além de muita ação do início ao fim. Vale a pena ser conferida no cinema para aproveitar melhor os efeitos.


Ficha técnica:
Direção: Steven Caple Jr.
Produção: Paramount Pictures / Bay Films / Di Bonaventura Pictures / Skydance Productions
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h07
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: ação / ficção

04 junho 2023

"Boogeyman - Seu Medo é Real" é bom, mas demora a entregar o terror esperado

Baseado na obra de Stephen King, produção foca especialmente nas irmãs ameaçadas pelo bicho-papão 
(Fotos: 20th Century Studios)


Maristela Bretas


Baseado no conto "The Boogeyman", de Stephen King, está em cartaz nos cinemas o suspense/terror "Boogeyman - Seu Medo é Real", produção dirigida por Rob Savage que fica um pouco a desejar por ser originado da obra de um dos maiores escritores do gênero.

O filme se arrasta muito até começar a deixar público tenso. Passa muito tempo tentando explicar o drama da família Harper que vive o luto da perda da mãe. O pai, Will, interpretado por Chris Messina, não convence muito como psiquiatra. 


Já as filhas, a adolescente Sadie (Sophie Thatcher) e a pequena Sawyer (Vivien Lyra Blair), dão conta do recado, especialmente a mais nova. No restante do elenco, destaque para David Dastmalchian, que faz o misterioso Lester. 

É claro que o filme tem terror e quando acontece, cumpre sua proposta. Mas o roteiro é muito clichê nas aparições da figura monstruosa. Elas começam lentamente, como se ele estivesse absorvendo o medo e a fragilidade da família em luto. Para, no final, se mostrar quase que por completo. 


O longa explora mais o suspense, deixando nas mãos das duas irmãs o trabalho pesado de garantir as boas cenas. Uma dessas cenas, protagonizada por Sawyer, chega a lembrar a versão de "Poltergeist – O Fenômeno" (1982), produzida e roteirizada por Steven Spielberg. 

Bem feita também a caracterização da casa onde o tal "bicho-papão" habita, com iluminação à luz de velas e paredes cobertas por teias. O monstro tem semelhança com o da série "Stranger Things", sucesso da Netflix. 


A abordagem do luto gerando interpretações diferentes em cada personagem ficou interessante. Em "Boogeyman - Seu Medo é Real", Sadie está tentando lidar com a perda da mãe, ao mesmo tempo tendo que enfrentar uma presença maligna e bem assustadora que atormenta ela e Sawyer. 


Elas tentam convencer o pai de que um monstro saindo do armário com poderes sobrenaturais está tentando matá-las, mas ele não acredita nas filhas. Tudo começou após Wil receber a visita do estranho Lester, que teria matado os filhos e estaria possuído por esta entidade.


O filme se torna melhor da metade para o final, apesar de ser previsível. Conseguiu mesclar drama, suspense e terror, gêneros que o roteirista Scott Beck sabe conduzir bem, como mostrou no excelente "Um Lugar Silencioso" trabalho dividido com Bryan Woods em 2018.


Ficha técnica:
Direção:
Rob Savage
Produção: 20th Century Studios, 21 Laps Entertainment / Hulu / Madhouse Entertainment
Distribuição: 20th Century Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h39
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror / suspense