17 julho 2014

"Pelo Malo" - miséria, imagem e preconceito

Destaque para Samuel Lange Zambrano no papel de Júnior (Fotos: Pyramide Distribution/Divulgação)

Mirtes Helena

Júnior tem nove anos e tem um sonho: alisar os cabelos para parecer bem na sua foto anual de escola. Mas o garoto é venezuelano e, como os brasileiros, mestiço. Por isso, topa fazer qualquer loucura para se parecer com os artistas brancos e de cabelos lisos. Sua mãe, Marta, é viúva, tem mais um filho bebê, luta para criá-los no meio da pobreza e tem um medo: seu filho pode ser gay. 




E como, muitas vezes, a miséria resulta em ignorância, ela vai fazer loucuras para que seu filho não se transforme num homossexual. O resultado é uma relação de poucas palavras, rude, quase cruel entre os dois.

O filme venezuelano "Pelo Malo" pode até fazer rir, como por exemplo diante das experiências do menino para alisar os cabelos, ou do desejo explícito de sua amiguinha de escola, que, mesmo gordinha, quer ser miss. Afinal, a história se passa na Venezuela, o país que mais produz rainhas da beleza no mundo. 


Pode ser cômica também a tentativa da avó bizarra de Júnior, Carmem, que quer transformá-lo em um cantor de sucesso. Mas o filme fala mesmo é de preconceito e discriminação. Por isso é triste.

São raros os filmes venezuelanos em nosso circuito. E é possível observar nele um jeito de interpretar que talvez seja similar a dos atores argentinos e brasileiros. Samantha Castillo, que faz a sofredora mãe do menino, é crua. Mulher acostumada ao subjugo, traz no rosto, no corpo, no olhar e até no andar os sinais de uma vida de humilhações. E faz isso com tanta naturalidade que choca. 

Aliás, um dos méritos de "Pelo Malo" está nas interpretações. É preciso aplaudir também, além da avó maluca (Nely Ramos), o protagonista, feito por Samuel Lange Zambrano. O menino é um show, grande achado da diretora Mariana Rondón.

Em tempo: a tradução literal de "Pelo Malo" é "Cabelo Ruim". Mas o título do filme não foi traduzido. Quem sabe para evitar nomear mais preconceitos e discriminações.

Tags: Pelo Malo; Mariana Rondón; venezuelano; Samuel Lange Zambrano; Samantha Castillo; drama; Cinema no Escurinho

14 julho 2014

"Transformers: A Era da Extinção" superprodução com direito a megacarros e dinossauros

Optimus Prime volta com mais poder e liderando os Autobots contra o novo ataque (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas

Não precisava ser tão longo - 2h45 de duração, mas como Michael Bay tenta se superar a cada novo filme, "Transformers - A Era da Extinção" ("Transformers - Age of Extinction") não poderia ser diferente. Mas nem por isso deixa de ser uma megaprodução, que enche os olhos e estreia nesta quinta-feira nos cinemas de BH, nas versões de 2D e 3D. Sobram explosões, tiros, ataques alienígenas e, principalmente, novos Autobots ainda mais poderosos.



Os inimigos não ficam atrás e batem com vontade e deixam as batalhas muito boas, tanto em Chicago (porque sempre querem destruir esta cidade?) quanto em Hong Kong. O que muda do último - "Transformers - O Lado Oculto da Lua"? Um Megatron que volta com nova roupagem, agora como Galvatron, assim como Optimus Prime, o líder dos Autobots, que ganha um destaque maior.

Ao contrário dos três primeiros filmes - "Transformers" (1986), "A Vingança dos Derrotados" (2009) e "O Lado Oculto da Lua" (2011), neste quarto Shia LaBeouf dá lugar a Mark Wahlberg (de "Dose Dupla"), que inicia uma nova fase da franquia.

Agora, os Autobots passam a ser caçados pelos humanos, que não os querem vivendo na Terra, temendo um novo ataque dos Decepticons. Eles vivem escondidos até que o cientista Cade Yeager (Wahlberg), um tipo Professor Pardal que junta sucata para seus inventos, encontra um velho caminhão abandonado. 


Ao reativá-lo, descobre que ele é Optimus Prime. Por ajudarem os Autobots, Cade, a filha Tessa (Nicola Peltz, de "Bates Motel") e o namorado dela, Shane Dyson (Jack Reynor, de "De Repente Pai") passam a ser perseguidos por autoridades americanas. 

Além de um grupo de exterminadores que trabalha para os novos robôs/carros Decepticons. Por sinal, a escolha dos carros foi excelente - um Pagani Huayra vermelho e uma Lamborghini Aventador preta.


Para completar, outro cientista e também dono de um grande complexo de pesquisas, Joshua Joyce (o ótimo Stanley Tucci, de "O Diabo Veste Prada"), usa peças de Autobots destruídos para construir o Galvatron. 

Cade se une ao novo grupo de Optimus Prime, que não fica atrás em beleza e potência -um Corvette Stingray verde, um Bugatti Veyron preto e azul e, claro, Bumblebee, o super Camaro amarelo, que volta reestilizado e ainda mais bonito.


Lançado em vários países, "Transformers - A Era da Extinção", que custou US$ 210 milhões, já faturou mais de US$ 750 milhões, superando "X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido" e "Capitão América 2: O Soldado Invernal". 

E para conquistar um mercado geralmente fechado para produções norte-americanas, o diretor Michael Bay gravou parte das filmagens na China. 


E com direito a destruição de uma cidade, como aconteceu em "Godzilla". De quebra, usou a atriz chinesa Li Bingbing, de "Resident Evil 5: Retribuição".

E se tudo isso não bastar para levar o público ao cinema, ainda restam os dinossauros mecatrônicos - os dinobots -, que cospem fogo igual a um dragão. Show! Boa pedida para quem quer ação e aventura.

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Ficha técnica:
Direção: Michael Bay
Produção: Hasbro, Inc. / Di Bonaventura Pictures
Distribuição: Paramount Pictures
Duração: 2h45
Gênero: Ação
País: EUA/China
Classificação: 12 anos
Nota: 4,8 (0 a 5)

Tags: Transformers: A Era da Extinção; Michael Bay; ação; Hasbro; Paramount Pictures; Mark Wahlberg; Cinema no Escurinho