Joaquin Phoenix é o cafetão que explora a imigrante Marion Cotillard ( Fotos: Europa Filmes/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Escuro, lento, dramático, "Era uma vez em Nova York" não tem nada de carochinha. Pelo contrário, é quase trágico. A história da mocinha polonesa que, fugindo dos horrores da guerra, parte com sua irmã para a América já deve ter sido muitas vezes contada.
Mas não da forma como conta desta vez o diretor James Gray, que não divide os personagens em mocinhos e bandidos. São todos humanos em busca de sobrevivência e alguma felicidade, todos capazes de pequenos - e grandes - deslizes, dependendo das circunstâncias e das pressões a que forem submetidos.
Estamos em 1921, quando Ewa (Marion Cotillard, Oscar em 2007 por "Piaf") chega à América cheia de esperanças. Mas, já no controle da imigração, sua irmã Magda adoece e é confinada num sanatório.
E quem aparece para salvar a imigrante solitária e perdida é Bruno, cafetão vivido brilhantemente por Joaquin Phoenix, que a acolhe mas explora, assim como faz com outras mulheres. Ele também é um judeu sobrevivente na América.
"Era uma vez em Nova York" não é um filme como outro qualquer, exatamente porque surpreende quando o esperado é a bipolaridade entre bons e maus. A certa altura da trama surge um primo do cafetão, o bonzinho e mutreteiro mágico Orlando (Jeremy Renner) que, a princípio, aparece para fazer o contraponto e encantar a mocinha.
Sábios mesmo foram os tradutores do título original, "The Immigrant", que se recusaram a chamá-lo simplesmente de "A Imigrante". Em inglês, a palavra immigrant tanto pode ser masculina quanto feminina. E aí reside uma possível leitura do filme.
Há quem diga que "Era uma vez em Nova York" é o filme do ano até agora e pode ser visto nas salas do Cineart Ponteio Lar Shopping e Usiminas Cinema Belas Artes.
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