22 dezembro 2014

“Acima das Nuvens”: As estrelas também têm problema


Jean Piter Miranda

Será que as estrelas de Hollywood têm problemas? E se têm, será que são como os nossos? Se você já se perguntou isso, você precisa assistir “Acima das Nuvens” ("Clouds of Sils Maria"). O filme tem como personagem central Maria Enders (Juliette Binoche), uma atriz famosa e bem sucedida, na casa dos 40 anos de idade. Ela se vê em meio a uma série de acontecimentos que a deixam perturbada.

Tudo começa quando Maria vai à Suíça para receber um prêmio em nome de Wilhelm Melchior, autor de “A Serpente de Maloja”, filme que deu fama à atriz há 20 anos. Ela planejava aproveitar a viagem para visitar o autor, a quem considera um grande amigo. No caminho, ela recebe a notícia de que ele acabou de morrer.

Por sorte, Maria tem a seu lado a leal assistente pessoal Valentine (Kristen Stewart). A atriz enfrenta também um divórcio, com separação de bens e outras dores de cabeça.


Em meio a tudo isso, Maria recebe o convite, de um diretor renomado, para atuar no teatro, em uma releitura de “A Serpente de Maloja”. Só que dessa vez, ela deverá interpretar Helena, uma personagem secundária, e não mais a jovem Sigrid. Esse papel por sinal é oferecido a Jo-Ann Ellis (Chloë Moretz), a estrela teen hollywoodiana do momento.

Maria entra em um conflito interno ao ter que se desprender da personagem que lhe deu fama. Ela tem que aceitar que já não é tão bela e jovem quanto foi um dia. Tem que dividir o palco com uma novata e não ser mais o centro das atenções. Cumprir compromissos profissionais, avaliar novas propostas de trabalho e buscar novos desafios na carreira. Isso sem falar no reencontro com uma paixão do passado que partiu seu coração.





“Acima das Nuvens” estreia nos cinemas brasileiros no dia 1º de janeiro de 2015.

Atuações brilhantes

Juliette Binoche dá vida a uma Maria complexa, centrada, segura profissionalmente, que tem problemas como todo mundo, mas que não se descontrola. Uma atriz que já não se deslumbra com o sucesso e com o assédio da imprensa. Ela busca desafios em sua carreira e sentido em seu trabalho. Quer desafios. Quer se superar. Uma estrela que não quer viver como estrela, mas que também precisa alimentar o seu próprio ego. Uma atuação e tanto!

Kristen Stewart é uma coadjuvante que rouba a cena em vários momentos. Um papel bem comum e sem glamour. Talvez por isso, ela tenha se sentido tão à vontade, por não precisar ser bonita e sexy. Ela segura bem os diálogos reflexivos com Maria, dando naturalidade às cenas. Uma prova que ela tem talento e pode crescer muito na carreira.

E o que para muitos não chega a ser surpresa é o brilhantismo de Chloë Moretz. Ela faz uma estrela teen com uma arrogância realista, que não a impede ser amada. Ela consegue ser sarcástica, cordial, deslumbrada e inconsequente ao mesmo tempo, fugindo do clichê de uma adolescente superficial de Hollywood. É, sem dúvida, uma das melhores interpretações de sua carreira.

Ficha técnica:
Direção: Olivier Assayas
Produção: CG Cinéma / CAB Productions / Pallas Film / Arte France Cinéma
Distribuição: California Filmes
Duração: 2h04
Gênero: Drama
País: Suíça, França, Alemanha
Classificação: 14 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: Acima das Nuvens; Juliette Binoche; Kristen Stewart; Chloë Moretz; Olivier Assayas; California Filmes; drama; Cinema no Escurinho

14 dezembro 2014

A trilogia "O Hobbit" chega ao fim em seu melhor filme, numa batalha épica

Jean Piter Miranda

Há exatamente um ano, o mago Gandlf (Ian McKellen) convidava o pacato Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) para viver uma grande aventura em “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012)”. Agora, em “O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014)”, a expedição pela Terra Média chega ao fim, com uma batalha épica, como o próprio título indica.

No segundo filme, “O Hobbit: A Desolação de Smaug (2013)”, o dragão Smaug deixa a montanha de Erebor, onde dormia em cima de um tesouro amaldiçoado, e segue rumo à cidade dos homens. É nesse ponto que começa a nova história. Bard (Luke Evans) fica com a missão de enfrentar mais uma vez a fera. 

Enquanto isso, Thorin (Richard Armitage), o rei dos anões, ocupa a montanha com seu pequeno grupo para se apossar do local e da imensa quantidade de ouro e jóias lá depositada. Uma riqueza tamanha, mesmo em uma terra mágica, é claro, vai provocar discórdia.

A partir daí, o cenário está pronto: Elfos, anões e orcs ficam frente a frente pela disputa do tesouro e da montanha. Gandalf e Bilbo tentam de tudo para impedir a guerra.




Embora o filme tenha quase duas horas e meia de duração, a ação constante dá a impressão que o tempo passa bem rápido. Os elfos Legolas (Orlando Bloom) e Tauriel (Evangeline Lilly) têm seus momentos marcantes. Eles dão mais brilho à obra. Por outro lado, o personagem Alfrid (Ryan Gage) ganha um destaque questionável. Ele falha ao tentar trazer um pouco de humor para a história. Sua ausência no filme não seria percebida.

Pensando no que poderia ficar de fora e no que poderia ser suprimido, os mais exigentes poderão dizer que o segundo filme “A Desolação de Smaug” é desnecessário. Por outro lado, é compreensível que os estúdios queiram explorar ao máximo a franquia, até mesmo por se tratar de uma superprodução.

O diretor Peter Jackson acerta mais uma vez no uso dos recursos técnicos. Os cenários, quase sempre sombrios, são encantadores. Cidades em ruínas, fogo, neve, gelo, terras e montes exibem um belo visual que deixa os efeitos especiais bem realísticos. Esse talvez seja o ponto alto do filme.

Vale destacar também a amarração sob medida de “O Hobbit” com a trilogia “O Senhor dos Anéis”, que dá sequência à obra. Quando sobem os créditos na tela, a vontade que dá é de correr para o sofá para rever (ou ver) as aventuras vividas por Gandal e companhia na Terra Média em “O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel (2001)”, “O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (2002)” e “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (2003)”


GALERIA DE IMAGENS

Ficha técnica:
Direção: Peter Jackson
Produção: New Line Cinema/Metro Goldwyn Mayer (MGM)/ WingNut Films/3Foot7
Distribuição: Warner Bros.Pictures
Duração: 2h24
Gênero: Ação, Fantasia, Aventura
País: EUA/Nova Zelândia
Classificação: 12 anos
Nota: 4,0 (0 a 5)

Tags: Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos; Warner Bros. Pictures; ação; fantasia; aventura; Cinema no Escurinho