22 janeiro 2015

Uma breve história de superação

Eddie Redmayne dá um show de atuação como Stephen Hawking em "A Teoria de Tudo" (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Não será surpresa se algumas pessoas disserem que "A Teoria de Tudo" se resume à vida particular e afetiva do astrofísico Stephen Hawking, em detrimento de sua gloriosa carreira profissional da qual só não faz parte - ainda - um Prêmio Nobel. Mas é exatamente na intimidade da família e dos amigos que se revela a personalidade excêntrica do cientista, cujas descobertas mudaram o que se pensava até então sobre a origem do universo, o tempo, os buracos negros.

Histórias de superação resultam, em sua maioria, em filmes óbvios ou chatos. Não é o caso desse drama que retrata a vida de Hawking desde o seu tempo de estudante brilhante em Cambridge até sua maturidade, já numa cadeira de rodas, sem conseguir andar, falar ou comer sem ajuda. 

Acometido por uma doença motora degenerativa (Esclerose Lateral Amiotrófica - ELA) ainda na faculdade, aos 21 anos, quando vivia o auge de sua paixão por Jane Wide (Felicity Jones), ele superou todas as expectativas médicas e viveu o suficiente para assistir, inclusive, à filmagem de algumas cenas.




Dois aspectos da direção de James Marsh dão à "A Teoria de Tudo" os méritos e elogios que o filme tem recebido. O primeiro, a escolha de Eddie Redmayne como Hawking, que dá um show de atuação, ao mostrar um homem doente, alquebrado e dependente mas extremamente bem-humorado e mordaz.

O cientista consegue se manter produtivo e chega a escrever seu grande best seller, "Uma Breve História do Tempo - do big bang aos buracos negros". O bom-humor do personagem é, aliás, a segunda grande sacada de Marsh na condução da trama. Mesmo se tratando de uma história essencialmente triste, o filme tem uma leveza capaz de, em muitos momentos, enternecer e fazer rir o espectador.

Tags: A Teoria de Tudo; Eddie Redmayne; Felicity Jones; Stephen Hawking; astrofísico; James Marsh; biografia; drama; Esclerose Lateral Amiotrófica; Universal Pictures; Cinema no Escurinho

21 janeiro 2015

"Whiplash": A busca pela perfeição musical pode ser um pesadelo

Miles Teller faz uma interpretação de tirar o fôlego como o baterista Andrew Neyman, (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Jean Piter


Realizar um sonho requer, geralmente, um sacrifício. E quando se trata de um grande sonho, o custo pode ser bem alto, ou até alto demais. Em “Whiplash – Em Busca da Perfeição”, Andrew Neyman (Miles Teller) busca se tornar o maior músico de sua geração. Ele, um jovem baterista, quer ser uma lenda da música americana.

A seu favor, o rapaz tem o fato de ser aluno do principal conservatório dos Estados Unidos. O problema para tornar ambição em realidade é um só: o truculento maestro Terence Fletcher (JK Simmons).

Andrew é solitário. Quando não está no conservatório, está estudando em casa, ou no ônibus. Vive sozinho, parece não ter amigos, só vive para a música. Vez por outra, vai ao cinema com o pai, e nada mais. Sua dedicação e seu talento o levam a ter a chance de integrar a orquestra principal do conservatório. Mas, o que parece ser um sonho rumo à realização é na verdade o início de uma tormenta.




Que dupla!

Miles Teller faz uma interpretação de tirar o fôlego. Ele dá vida a um personagem obcecado, que se sacrifica física e emocionalmente. Um cara que tem histórico de problemas familiares e que, no decorrer do filme, perde a noção de tempo, de espaço, de risco e até de dignidade. Ele se aproxima de Nicole, a mocinha do cinema, interpretada pela bela Melissa Benoist, da série "Glee".

Mas, o possível namoro que poderia colorir um pouco sua vida logo passa a ser visto como mais um problema. JK Simmons interpreta um maestro bipolar que faz qualquer coronel mal humorado parecer uma fada. Por vezes, ele tem conversas mansas com seus alunos, como a de um pai amoroso para com um bom filho. 

Em outros momentos, ele distribui agressões físicas e verbais, com gritos e humilhações. Ele se diverte com isso e acredita estar fazendo o correto para extrair o melhor de cada um. Mais do que isso, ele espera descobrir uma lenda da música em seu conservatório. Uma atuação pra fazer história!

Pra ver e ouvir

O filme se passa, em grande parte, em cenários fechados; teatros, estúdios, salas de ensaio, palcos, casas, bares, etc. A fotografia tem um ar um tanto sombrio, o que compõe bem com as cenas dramáticas de repetições exaustivas de ensaios. É uma pressão que assusta e dá um bom ritmo aos acontecimentos. Há música durante todo o filme. Música boa! E nessa equação, o expectador fica sem saber se torce para que Andrew realize seu sonho ou para que ele se liberte desse “canto da sereia”.

Oscar 2015

“Whiplash” foi o grande vencedor do festival de Sundance em 2014. A produção também recebeu cinco indicações ao Oscar 2015, entre elas a de Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante para JK Simmons. O filme está em cartaz, em versões legendadas, nas salas 4, do Cineart Ponteio Lar Shopping (13h50 e 18h20), e 3 do Cinemark Diamond Mall (18h50 e 21h20).

Ficha técnica:
Direção: Damien Chazelle
Produção: Blumhouse Productions / Bold Films / Right of Way Films
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h47
Gênero: Drama, Musical
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 5,0 (0 a 5)

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