Benedict Cumberbatch dá a carga de dramaticidade na medida certa em cada cena (Fotos: Diamond Films/Divulgação) |
Jean Piter
As histórias da Segunda Guerra Mundial parecem ser mesmo
inesgotáveis. E isso não é algo ruim. Não para o cinema, que todos os anos
lança filmes sobre o tema. “O Jogo da Imitação” é mais uma dessas obras que
chega ao Brasil. Ou melhor, não é só mais um, é um dos grandes lançamentos do
ano.
O filme é baseado na biografia do matemático britânico Alan
Turing (Benedict Cumberbatch). Durante a Segunda Guerra Mundial, ele se
candidata a ajudar o serviço de inteligência da Inglaterra a decifrar o código
indecifrável de mensagens dos nazistas: o Enigma. A máquina alemã transmitia
mensagens criptografadas em uma época em que ainda não existiam os
computadores.
Turing era um gênio no que fazia. Por outro lado, era um
completo antissocial. Tinha dificuldades em se relacionar com outras pessoas e
de conviver com sua homossexualidade reprimida, já que, na época, esse
comportamento era considerado crime na Inglaterra.
Benedict Cumberbatch interpreta Alan Turing de uma forma que impressiona e merece todos os elogios. Ele coloca a carga dramática na medida certa em cada cena. Em outros momentos, sua atuação é irritante de tão realista. Frases grosseiras e expressões frias o transformam em uma pessoa realmente problemática. Por vezes, lembra Russell Crowe em “Uma Mente Brilhante” (2002).
Montagem
A edição é outro ponto alto de “O Jogo da Imitação”. O filme
intercala passado e presente com cenas reais da Segunda Guerra. Algumas partes
mostram a adolescência de Alan Turing, nos tempos de escola, quando já se
mostrava uma pessoa nada popular. Ele contava apenas com a amizade de um colega
de classe enquanto todos os outros o submetiam a humilhações.
A linha principal do filme mostra o trabalho de pesquisa e as inúmeras tentativas de decifrar as mensagens nazistas. A fase conclusiva, pós-guerra, é sobre a investigação da polícia inglesa em relação à homossexualidade de Turing. A forma como essas fases são intercaladas, ao som da música de Alexandre Desplat, dão um ar dramático bem dosado à obra.
Keira Knightley interpreta Joan Clarke, uma colega de
trabalho de Turing. Ela é mais que uma coadjuvante. É uma personagem que
sustenta a bela atuação de Cumberbatch. Matthew Goode também chama a atenção
como Hugh Alexander, membro da equipe que tenta decifrar o Enigma. E Mark
Strong atua bem como o agente secreto Stewart Menzies.
Como acontece em quase todas as histórias heroicas do
cinema, os diálogos são preenchidos por frases feitas e sermões motivacionais.
Não são muitos, mas são desnecessários. Um ponto a menos que não tira a
grandeza do filme, nem mesmo depõe contra o brilhantismo da interpretação de
Cumberbatch.
Ficha técnica:
Direção: Morten Tyldum
Produção: Black Bear Pictures / Bristol Automotive
Distribuição: Diamond Films Brasil
Duração: 1h55
Gênero: Biografia, Drama, Guerra
País: EUA, Reino Unido
Classificação: 12 anos
Nota: 4,0 (0 a 5)
Tags: O Jogo da Imitação; Benedict Cumberbatch; Keira
Knightley; Alan Turing; Enigma; Segunda Guerra Mundial; Diamond Films; biografia;
drama; Cinema no Escurinho