O filme "Cássia Eller" é uma homenagem à cantora, ao mesmo tempo tímida e transgressora (Fotos: H20 Films/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Documentários sobre personalidades e cinebiografias são sempre perigosos. Na maioria das vezes, tendem a ser chapa branca, exaltando qualidades e minimizando problemas e excentricidades dos biografados. Pois esse não é o caso de "Cássia Eller", onde Paulo Henrique Fontenelle foi além da homenagem à cantora, ao mesmo tempo tímida e transgressora, que morreu prematuramente em 2001 de uma maneira que, a princípio, parecia nebulosa. Prato cheio para a imprensa ávida por capas escandalosas.
Fontenelle tem experiência. É dele o elogiado "Loki", sobre Arnaldo Batista, que revelou curiosidades, segredos e idiossincrasias impensáveis do ex-mutante. E, quando muitos imaginavam que não havia nada de novo sobre Cássia Eller, ele vem mostrar que sim, que a cantora era dona de uma timidez quase doentia e que o furacão em que ela se transformava no palco não passava de arma, de defesa.
A música era seu jeito de se relacionar com o outro. Imagens inéditas do inicinho da carreira e depoimentos de figuras impensáveis como Oswaldo Montenegro revelam particularidades que fizeram - e fazem - a força da artista.
Fans e admiradores vão, certamente, se emocionar com apresentações históricas de Cássia Eller e rever suas entrevistas lacônicas, quase enigmáticas. E os apenas curiosos vão se deliciar com depoimentos preciosos de Nando Reis, Lan lan, Zélia Duncan e até uma engraçadíssima e debochada Ângela Rô Rô falando sobre a canção "Malandragem".
A companheira de Cássia, Maria Eugênia, os músicos que acompanhavam a cantora e empresários do show business não se negaram a falar. E não escondem assuntos como drogas, indisciplina, traições e a concepção e o nascimento de Chicão, filho de Cássia que comparece discretamente no filme. Classificação: 12 anos
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